
O Globoplay passa a oferecer em seu catálogo nesta segunda-feira (22) a novela Esperança, de Benedito Ruy Barbosa, cartaz da faixa nobre da TV Globo entre junho de 2002 e fevereiro de 2003. A direção-geral foi de Luiz Fernando Carvalho e Carlos Araújo.
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Benedito criou a história, que serviu em parte como uma continuação de Terra Nostra (1999-2000), ou ao menos era essa a ideia inicial. O novelista não gostou de ver a época que desejava abordar, a segunda metade dos anos 1940, como foco da minissérie Aquarela do Brasil, de Lauro César Muniz, dirigida por seu parceiro em Sinhá-Moça (1986), Pantanal (1990) e Terra Nostra, Jayme Monjardim, e por isso fez Esperança ter início na década de 1930.
Com problemas de audiência e atraso na entrega dos capítulos, devido a problemas de saúde seus e de sua mãe na ocasião, Benedito foi afastado da novela e Walcyr Carrasco, autor de Terra e Paixão, aprovado pelo criador da história, assumiu Esperança por volta do capítulo 150, no início de dezembro de 2002, com a colaboração de Thelma Guedes. Embora a informação oficial divulgada à imprensa fosse de que o afastamento de Benedito não era definitivo, se não era, tornou-se; o autor não voltou mais a redigir os roteiros.
Benedito ficou à disposição de Walcyr, bem como suas filhas Edmara Barbosa e Edilene Barbosa, que eram suas colaboradoras – na sugestão de fatos e de como conduzir o enredo, não exatamente na redação dos textos. No entanto, o novo autor, que começou a acompanhar a novela mais de perto algumas semanas antes de assumi-la, não recorreu ao colega e seguiu por sua própria cabeça.
Entre outras modificações em perfis de personagens, Walcyr tornou mais sensual e menos sofredora a prostituta Justine (Gabriela Duarte), amada do estudante Marcos (Chico Carvalho), e transformou o proprietário rural boa-praça Anacleto Farina (Paulo Goulart) num grande vilão, capaz de matar sem remorso, o que coloca a vida de sua esposa Francisca (Lúcia Veríssimo) e dos filhos dela em risco.
Além disso, surgiram na história personagens como o revolucionário Jacobino (Osmar Prado), de quem Toni se aproxima na luta contra os integralistas, e a dupla formada por Amália (Jussara Freire) e sua afilhada Adelaide (Luciana Braga). A primeira é tia de José Manoel (Nuno Lopes), o português chamado de Murruga, apelido que ele detestava. A família do jovem não aprovava seu casamento com Nina (Maria Fernanda Cândido), e Adelaide era a alternativa que os agradava.
Com a entrada de Walcyr, Esperança deixou de ter problemas na entrega dos capítulos, além de terem sido verificados índices de audiência um pouco melhores com o passar das semanas – o que não a livrou de uma média geral abaixo dos 40 pontos, o que à época era insatisfatório para o horário.
Benedito não gostou das mudanças implementadas por Walcyr, e chegou a dizer que, se o encontrasse, o agrediria fisicamente, em entrevista a André Bernardo e Cíntia Lopes para o livro ‘A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo’ (Panda Books, 2009).