Para este ano, depois de exibir nos últimos tempos “aperitivos” do programa para sentir a receptividade do público, o SBT promete disponibilizar em sua plataforma de streaming, o +SBT, uma nova adaptação do Sítio do Picapau Amarelo, clássico infantojuvenil criado por Monteiro Lobato. No fim de 2023, as redes sociais foram inundadas de críticas ao uso de “dancinhas” do TikTok, por exemplo, artifício pensado para estabelecer elos com o público atual. A propósito, nada contra.
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Com as presenças da veterana Patrícia Mayo como Dona Benta e de Débora Gomez no papel da boneca Emília, esse novo Sítio do Picapau Amarelo bem que poderia ocupar uma vaga no horário nobre do SBT, há mais de 10 anos dedicado em boa medida às crianças e jovens. Ainda que não se esperasse para isso o término de A Infância de Romeu e Julieta, atual novela do canal, escrita por Íris Abravanel.
Em 1977, a TV Globo lançou uma bem-sucedida e premiada versão do Sítio do Picapau Amarelo, com Zilka Salaberry (Dona Benta), Jacyra Sampaio (Tia Nastácia), Samuel dos Santos (Tio Barnabé), André Valli (Visconde de Sabugosa) e as atrizes Dirce Migliaccio, Reny de Oliveira e Suzana Abranches, respectivamente e ao longo dos anos, como Emília. Fora Rosana Garcia e Júlio César como Narizinho e Pedrinho, depois substituídos por outras crianças. O programa foi produzido até o começo de 1986, e reprises foram exibidas nos anos 1990, além de mais recentemente, no Canal Viva.
A emissora voltaria a apostar na obra entre 2001 e 2007, com Nicette Bruno, Suely Franco, Bete Mendes, Dhu Moraes, Rosa Marya Colin, João Acaiabe, Gésio Amadeu, Isabelle Drummond, Tatyane Goulart, Lara Rodrigues, César Cardadeiro e outros.
Sem falar em outras versões, como a clássica da TV Tupi de São Paulo nos anos 1950, com Lúcia Lambertini no papel de Emília, Edy Cerri como Narizinho e David José como Pedrinho; da versão da Tupi do Rio de Janeiro, que teve Daniel Filho como o Visconde de Sabugosa, na mesma época; de uma adaptação da TV Bandeirantes feita no fim dos anos 1960 pelos mesmos responsáveis da época da Tupi, Tatiana Belinky e Júlio Gouveia, com Isaura Bruno como Tia Nastácia; e de uma breve produção pela TV Cultura de São Paulo, em 1964, com Lúcia Lambertini repetindo o papel de Emília e liderando a equipe.
Depois de histórias como a muito longa As Aventuras de Poliana – que, somada a sua sequência Poliana Moça contabiliza cerca de 900 capítulos – e de A Infância de Romeu e Julieta, quem sabe o Sítio do Picapau Amarelo exibido como novela – intenção que a própria Globo teve nos anos 1970 – não ajuda o horário a reencontrar os bons índices de audiência? Hoje, estes andam na casa dos 3 pontos, pouco para quem já esteve perto dos 20 com produtos feitos para o mesmo nicho.
Há décadas os personagens de Monteiro Lobato garantem repercussão e conquistam novas gerações de admiradores, justamente por se adaptarem às mudanças dos tempos sem deixar de propor fantasia e estimular a imaginação. Além do mais, se a questão é manter o mesmo projeto no ar por bastante tempo, os livros de Lobato, mais histórias originais que possam ser criadas com os personagens, rendem assunto para meses, anos até. Versões anteriores atestam isso. Pensem com carinho, amigos do SBT.
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