A Globo prepara o resgate de uma novela polêmica, nunca reprisada e marcada por expulsão de atores: Pátria Minha, exibida entre julho de 1994 e março de 1995.
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Escrita por Gilberto Braga, a produção entra no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming da emissora, a partir do dia 9 de outubro.
Polêmicas e problemas
Estrelada por Tarcísio Meira, Pátria Minha começava a todo vapor com temas espinhosos. O aclamado ator interpretava o inescrupuloso empresário Raul Pellegrini, responsável por um atropelamento testemunhado pela jovem Alice (Cláudia Abreu).
Honesta e idealista, a moça vira a pedra no sapato do vilão, sem imaginar que se trata de seu avô biológico. Na verdade, Alice é filha de Gustavo (Kadu Moliterno), filho de Raul.
Na outra ponta da história, Pedro (José Mayer) retorna ao Brasil após um tempo como imigrante ilegal nos Estados Unidos. Ao lado da esposa, Ester (Patrícia Pillar), ele vive o dilema de voltar a morar no país de origem, principalmente ao ver o pai instalado em uma favela.
Pedro é ex-namorado de Lídia Laport (Vera Fischer), uma alpinista social que acaba com o casamento de Raul e consegue se casar com o vilão, mas vive uma relação fútil e infeliz.
Com tantas histórias fortes e um elenco estrelar que tinham tudo para conquistar o público, Pátria Minha começou a ser prejudicada por alguns problemas. O principal envolveu as constantes brigas entre Vera Fischer e Felipe Camargo, que eram casados na época e trabalhavam juntos na produção.
Eles se conheceram e se envolveram na novela Mandala, 1987, e tiveram um filho. Entretanto, a relação ficou marcada por uma série de brigas por causas de ciúmes – que infelizmente respigaram na novela.
“A gente se batia de tapa, jogávamos umas coisas, uma vez joguei um cinzeiro. Outra vez, ele quebrou o meu braço. Uma vez, ele foi parar no hospital. Tudo ciúme. Como a gente é ignorante quando sente ciúme!”, contou Vera em uma entrevista à revista Quem, em 2009.
Em meio a agressões no casamento e problemas com drogas, Vera Fischer foi afastada da novela. Voltou depois de um tempo, mas nada mudou. A atriz chegou até a ofender Tarcísio Meira, seu par na trama, publicamente.
O clima insustentável obrigou a Globo a expulsar Vera e Felipe de Pátria Minha. Eles foram demitidos da novela e seus personagens morreram em um incêndio. Para o lugar da atriz, foi escalada Luiza Tomé, para viver Isabel, uma nova personagem. Em uma entrevista após o ocorrido, Vera disse que “pediu a conta” e que ia trabalhar “no SBT ou no exterior”.
A partir daí, ajustes foram feitos na obra, mas os 203 capítulos viraram um martírio para o autor. Vale destacar que, no começo da novela, Gilberto Braga brigou com o diretor Luiz Fernando Carvalho, que deixou a produção e foi substituído por Denis Carvalho. Com tanto infortúnio, o próprio dramaturgo considerava Pátria Minha uma de suas novelas mais problemáticas.
Em meio a essas e outras polêmicas, como o racismo e ofensas a minorias, proferidos sem filtro algum pelo vilão Raul, o folhetim sofreu muitas críticas. Tudo isso refletiu na audiência.
Pátria Minha terminou com média de 45 pontos, derrubando oito pontos em relação à antecessora, Fera Ferida. Sobrou para a substituta, A Próxima Vítima, recuperar o horário nobre da Globo.