Após longos meses e quase duzentos capítulos, finalmente a novela Cara e Coragem chegou ao fim. Um alento para quem não aguentava mais a trama capenga de Claudia Souto.
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Como não se bastasse a audiência aquém do esperado, a produção também teve baixa repercussão. Nem nas redes sociais fez tanto barulho, tampouco na reta final sem emoção.
Vale destacar que o público está acostumado com novelas ruins. Travessia, por exemplo, é péssima. Mas serve pelo menos para entreter, falar mal, dar risada. Nem esse papel Cara e Coragem foi capaz de cumprir.
O folhetim pecou por falta de história. Até os fãs (sim, eles existem) devem ter dificuldade em explicar do que a novela das sete se tratava: dublê, fórmula, protagonista ressuscitada… tudo sem nexo e nada amarrado.
Muitos problemas
Nada popular, Cara e Coragem confundiu desde o começo. Nem o mistério da falsa morte de Clarice (Taís Araújo) foi capaz de alavancar a trama. Na internet, teve quem perguntasse quem era Clarice.
O retorno da empresária, aliás, prometia uma grande virada. Todavia, além da demora para ela ressurgir, não mudou em nada a história. A protagonista podia se tornar uma justiceira, uma vingativa, mas virou uma chata. Anita, o contraponto, também não mostrou a que veio.
O casal protagonista, além da falta de química, teve conflitos “reais” apenas no fim. Mas nada tão incrível. Pat (Paolla Oliveira) e Moa (Marcelo Serrado) passaram grande parte da história amigões, sem nenhum abalo na relação de amizade e namoro.
Além de alguns personagens cativantes, como Rebeca (Mariana Santos), Ítalo (Paulo Lessa) e Dagmar (Guida Vianna), apenas os vilões tiveram bons momentos. Entretanto, a morte de Leonardo (Ícaro Silva) não agradou o público, que gostaria de ver o personagem redimido e namorado de Jéssica (Jeniffer Nascimento).
Não deixa saudades
Nem a reta final ajudou Cara e Coragem a se reerguer. A trama não beliscou nem os 25 pontos de audiência na Grande São Paulo, ao contrário da antecessora.
A novela deve ter uma média geral semelhante a Quanto Mais Vida, Melhor. Um índice péssimo, visto que a anterior foi ao ar totalmente gravada, sem chance de mudanças.
Além disso, fica perto dos fracassos Geração Brasil e Além do Horizonte, mas que pelo menos tiveram um final chamativo e interessante. Já o “grande” momento de Cara e Coragem aconteceu com Regina (Mel Lisboa) atirando em Clarice e a morte de Leonardo.
O esticamento da novela pode ter prejudicado, mas não é justificativa. Claudia Souto entregou uma trama ruim que não lembra em nada Pega Pega, seu primeiro trabalho solo na Globo.
Com boas tramas e personagens, a produção bombou na audiência e ganhou até uma reprise. Além disso, serviu uma das melhores cenas de último capítulo: a sequência em que os ladrões e vilões pagam por seus crimes na cadeia.
Fato é que a sucessora, Vai na Fé, terá trabalho para alavancar o horário. Mas, por ser popularesca, voltada a música e com uma história fácil de entender, com certeza deve se sair melhor. Infelizmente, Cara e Coragem termina sem deixar saudades, com sensação de “já vai tarde”.
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