O BBB Arthur Aguiar, ator e cantor de 32 anos, entrou no programa com a estratégia de “limpar a sua imagem” que estaria queimada por trair 16 vezes sua mulher, a ex-BBB e influencer Mayra Cardi.
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A avaliação é de Mariana Munis, professora de Marketing e Comportamento do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.
De acordo com a especialista, goste-se ou não de Arthur, o fato é que ele tem usado estratégias para reposicionar a sua marca, o que é chamado no segmento de marketing como reposicionamento ou rebranding.
Ela explica: “É quando uma marca quer mudar a forma com a qual clientes percebem as ofertas disponíveis no mercado. Ou seja, ocorre quando uma empresa quer ressignificar a sua imagem perante seu público-alvo”.
Para Mariana Munis, antes de entrar na casa mais vigiada do Brasil, Arthur foi muito bem assessorado e entrou com uma narrativa bem definida.
“Ele sempre tenta se colocar como vítima dentro do jogo”, ela aponta.
A professora lembra que, em suas falas, Arthur sempre alega estar jogando sozinho e sustenta a narrativa de que tem adversários.
“Sabendo que joga para conquistar o público, o ator sempre externa muito bem o que pensa e sente no jogo da discórdia”, diz Mariana.
Ela destaca que, ao entrar numa briga, para passar sua nova imagem doce, Arthur nunca levanta seu tom de voz e nem faz gestos bruscos.
Para a professora, a identificação ocorre, pois os brasileiros acolhem as vítimas no jogo e odeiam as pessoas que se mostram mais soberbas porque têm a tendência a se colocar sempre do lado mais fraco.
“Nós nos reconhecemos nas pessoas que passam por situações de vítima”, afirma Mariana.
A explicação para ela passa pelo que é chamado viés de afinidade, ou seja: a tendência de se dar uma avaliação melhor para quem ou o que é parecido conosco.
“Nota-se que muitas vezes nos reconhecemos nas histórias das personagens cheia de virtudes e defeitos retratadas no BBB, principalmente na narrativa da vítima”, conclui a professora.
Mariana Munis remete à neurociência nessa avaliação, citando os chamados “neurônios-espelho”.
Ela detalha: “Ao assistirmos ao Arthur sendo vítima, tendemos a sentir muito do que ele sente, nos colocando no lugar dele.”
Storytelling
Segundo a professora, além de tudo, Arthur utiliza uma técnica muito potente para seu reposicionamento: o storytelling.
“Ao se moldar num personagem de bom moço, Arthur sabe contar uma história que o conecta com o público fora da casa”.
Para ela, a narrativa que Arthur escolheu é poderosa e cativante ao seu público.
Outra arma poderosa de reposicionamento que ela aponta é a escolha de um arquétipo, de acordo com as definições do psicólogo Carl Jung (1875-1961).
No seu rebranding, Arthur escolheu arquétipos que reforçam a imagem do bom moço, como o inocente e o sujeito comum, para ganhar proximidade com o público.
Ela ainda chama a atenção para as roupas usadas por ele, que são sempre regatas e looks simples, nada que se destaque da multidão.
“Muitas vezes, Arthur utiliza-se do arquétipo do bobo da corte, quando se permite comer muito nas festas, de maneira engraçada, indo contra a dieta estabelecida por sua mulher e, mais uma vez, reforçando o papel de vítima traçado por ele”, afirma a professora.
Para a especialista, este reposicionamento de Arthur ensina que um rebranding deve ser muito bem planejado e estudado antes de ser posto em prática.
De acordo com Mariana Munis, “quem acha que não pode aprender nada com um programa de entretenimento, muito menos com o ranço ou amor que conquistou por Arthur Aguiar, está muito enganado”.