Indicação de ‘Ainda Estou Aqui’ ao Oscar eleva bilheteria do filme em 100% nos EUA em 80% no Brasil

Publicado em 28/01/2025

Com três indicações ao Oscar e um Globo de Ouro nas mãos, o filme “Ainda Estou Aqui” ganhou um impulso ainda maior nas bilheterias do mundo todo e também no Brasil, onde o longa-metragem de Walter Salles Jr. já está em cartaz desde novembro passado.

Nos Estados Unidos, a expansão do filme de 5 para 17 salas de cinema coincidiu com o anúncio das indicações ao Oscar e resultou em um crescimento de mais de 100% na renda, na comparação com o desempenho do título no fim de semana anterior.Nas próximas semanas, o enredo baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva sobre a trajetória de sua mãe, Eunice Paiva, estará em mais de 500 salas do circuito norte-americano, um recorde de alcance para um título brasileiro no país de Trump.

A aprovação do público e da crítica nos EUA tem como termômetro os índices do Rotten Tomatoes, agregador de opiniões sobre produções audiovisuais, onde “Ainda Estou Aqui” garantiu a melhor avaliação entre os dez indicados a Melhor Filme (95% de aprovação crítica especializada e 99% do público).

Em Portugal, o filme se manteve como líder de bilheteria pelo segundo fim de semana consecutivo.

No Brasil, “Ainda Estou Aqui” está em cartaz em 750 salas e viu sua ocupação crescer cerca de 80% no último fim de semana em relação ao fim de semana anterior. O filme voltou a ocupar a liderança brasileira das bilheterias em termos de renda, estando já em sua 12ª semana de exibição no país, assegurando também a vice-liderança de público, à frente de blockbusters internacionais.

Mais de 3,8 milhões de espectadores brasileiros já assistiram à produção que narra a jornada de Eunice Paiva após a morte do marido, o ex-deputado Rubens Paiva, assassinado por agentes da ditadura militar no Brasil, em 1971.

Selton Mello vive o ex-deputado Rubens Paiva, morto por agentes da ditadura, que sumiram com seu corpo / Divulgação

PREMIAÇÕES

A lista de indicações a prêmios de “Ainda Estou Aqui” ganhou duas novas linhas nesta semana, com a divulgação dos concorrentes ao ICS Award. O longa de Walter Salles concorre nas categorias de Melhor Atriz, representado por Fernanda Torres, e de Melhor Roteiro Adaptado, com Heitor Lorega e Murilo Hauser. A premiação é concedida pela Sociedade Internacional de Cinéfilos (ICS), formada por cerca de 170 profissionais da indústria audiovisual — entre jornalistas, acadêmicos, historiadores e demais profissionais que cobrem eventos de cinema pelo mundo — e traz o também brasileiro “Baby” na disputa pelo título de Melhor Ator Coadjuvante, com Ricardo Teodoro.

Vencedores do prêmio de roteiro adaptado no Festival de Veneza, Heitor Lorega e Murilo Hauser comemoraram a nova indicação: “é uma alegria imensa ver a história de Eunice conquistando o público internacional depois do enorme sucesso que tem feito no Brasil. Cada indicação e cada prêmio celebram essa heroína e é uma honra imensa para nós e toda a equipe do filme.”

Nesta segunda-feira, 27, “Ainda Estou Aqui” também conquistou nova vitória ao ser eleito o Melhor Longa-Metragem Brasileiro pela Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine), tendo faturado o mesmo troféu pela APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, na semana passada, que contemplou ainda Fernanda Torres como melhor atriz do ano em Cinema.

“Ainda Estou Aqui” marcou a história do cinema brasileiro ao ser o primeiro representante do país a receber uma indicação na categoria de Melhor Filme no Oscar, competindo ainda como Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. O longa também é finalista ao BAFTA (maior premiação do cinema britânico, concedida pela Academia Britânica de Cinema e Televisão) pelo prêmio de Melhor Filme em Língua Não Inglesa, no Dorian Awards (premiação concedida pela Associação LGBTQ de Críticos de Entretenimento), pelo título de Melhor Filme em Língua Não Inglesa do Ano, e No Gold Derby Film Awards, em quatro quesitos: Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernanda Torres), Melhor Roteiro Adaptado (Murilo Hauser e Heitor Lorega) e Melhor Filme Internacional.

Walter Salles aplaude Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva no final do filme / Divulgação

Selecionado para mais de 50 festivais internacionais, o reconhecimento da crítica e dos júris de festivais se traduz em 26 premiações no Brasil e no mundo, com uma lista de troféus que até aqui inclui os seguintes méritos:

  • Melhor Longa-metragem Brasileiro – Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine)
  • Melhor Atriz em Drama – Fernanda Torres no Satellite Awards 2025
  • Prêmio APCA – Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernanda Torres)
  • Melhor Filme de 2024 pela Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ)
  • Prêmio da Associação de Críticos de Porto Rico – Melhor Longa-Metragem Internacional
  • Festival de Cinema de Palm Springs – Melhor Longa-Metragem Internacional (FIPRESCI)
  • Pingyao International Film Festival – Crouching Tiger Hidden Dragon East – West Award
  • Philadelphia Film Festival – Masters Of Cinema (Prêmio do Público – Menção Honrosa)
  • Globo de Ouro 2025 – Melhor Atriz em Filme de Drama (Fernanda Torres)
  • Prêmio F5 – Melhor Filme, Infanto Juvenil (Cora Mora), Atuação (Fernanda Torres)
  • ⁠New Mexico Critics Awards 2024 – Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Roteiro Adaptado (Runner-up 2 lugar)
  • ⁠National Board of Review (NBR Awards) – Top Cinco Filmes Internacionais
  • Prêmio Arcanjo de Cultura – Cinema (“Ainda Estou Aqui”)
  • Festival international du film d’histoire de Pessac – Prix du Public, Prix Danielle Le Roy du Jury Étudiant
  • Miami Film Festival – Prêmio do Público
  • ⁠Mostra Internacional de Cinema de São Paulo – Melhor Filme Nacional de Ficção
  • Mill Valley Film Festival – Favorito do Público
  • ⁠Vancouver International Film Festival – Prêmio do Público
  • Critics’ Choice Association – Celebration of Latino Cinema & Television: Melhor Atriz Internacional (Fernanda Torres)
  • ⁠Festival Internacional de Cinema de Veneza – Melhor Roteiro, SIGNIS Award, Green Drop Award

O filme foi um dos 20 títulos selecionados pela BBC para a prestigiosa lista de melhores filmes de 2024, foi escolhido por um júri de 100 jornalistas como o Melhor Filme de 2024 pela Revista Exame no Brasil, e foi reconhecido pela revista Hollywood Reporter – importante publicação americana sobre a indústria do entretenimento – como um dos 10 melhores filmes de 2024.

“Ainda Estou Aqui” também foi indicado a Melhor Filme pela Internacional Utah Film Critics Association, e Melhor Filme em Língua Estrangeira no North Carolina Film Critics Association Awards. E recebeu as indicações de Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz em Filme de Drama, para Fernanda Torres, no Satellite Awards, premiação concedida pela Academia Internacional de Imprensa.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família, “Ainda Estou Aqui” é uma coprodução Brasil-França, e é o primeiro filme Original Globoplay, produzido por VideoFilmes, RT Features e Mact Productions, em coprodução com ARTE France e Conspiração, e tem distribuição nacional da Sony Pictures.

Para o diretor Walter Salles, o maior prêmio de todos tem sido a grande receptividade ao filme, com oportunidade de levar o conhecimento de milhões de pessoas, especialmente no Brasil, episódios da nossa história que carecem de memória e devem ser permanentemente lembrados para que tragédias como a de Rubens Paiva não se repitam. Levado da própria casa por agentes da ditadura à paisana, sob o pretexto de responder a um interrogatório, Paiva jamais voltou. A busca da viúva, Eunice, mãe de cinco filhos, pela verdade e pelo corpo do marido, se estenderia por décadas.

No mesmo dia em que as três nomeações do filme ao Oscar foram anunciadas, a certidão de óbito de Rubens Paiva sofreu uma correção no Cartório da Sé, em São Paulo. No novo documento, consta que a morte dele foi “violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”. A alteração atende a uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aprovada em 13 de dezembro do ano passado.

O documento anterior, de 1996, emitido após uma batalha judicial liderada por Eunice Paiva, mulher do ex-deputado, indicava apenas o desaparecimento do político, cassado em 1964.

A retificação faz parte de um esforço mais amplo para corrigir as certidões de óbito de 202 pessoas mortas durante a ditadura, conforme reconhecido pela Comissão Nacional da Verdade. Outros 232 desaparecidos terão seus registros emitidos, atestando oficialmente que foram vítimas da violência do Estado. Ao todo, a comissão apontou 434 mortes e desaparecimentos ao longo do regime militar, que foi de 1964 a 1985, com seu pior período compreendido entre 1968 e 1979.

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