O anúncio da morte da rainha Elizabeth 2ª, aos 96 anos de idade, foi feito na tarde desta quinta-feira (8) pelas redes sociais da monarquia britânica.
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Tida como a mais longeva monarca da história da Inglaterra, Elizabeth viveu altos e baixos, assim como fatos bem controversos em seu legado. Porém, ela conseguiu o difícil feito de manter o Estado e a nação unidos e com a economia sempre estável.
Tal qual Lady Di, a Rainha teve sua trajetória pessoal escancarada pela mídia. No Brasil, aliás, onde ela esteve somente uma vez, tornou-se objeto de contextualização na icônica novela Senhora do Destino, escrita por Aguinaldo Silva e exibida originalmente entre 2004 e 2005.
Como Elizabeth 2ª apareceu em Senhora do Destino
Exibida no horário nobre da Globo, Senhora do Destino usou como pano de fundo para o drama de Maria do Carmo (Susana Vieira) e as atrocidades de Nazaré (Renata Sorrah), a luta dos estudantes e dos jornalistas contra a censura e a favor da liberdade de imprensa durante a ditadura militar brasileira (1964 e 1985).
A trama histórica foi conduzida sobretudo por Josefa de Magalhães Duarte Pinto, filha de tradicional família carioca e dona do fictício Diário de Notícias. Interpretada por Marília Gabriela, a personagem realmente existiu e era uma das mais odiadas pelos militares. Mas na vida real, chamava-se Niomar Moniz Sodré Bittencourt e liderava o Correio da Manhã, opositor do governo à época.
Voltando à ficção, super prestigiada pela alta sociedade, dona Josefa e seu jornal se mantiveram seguros até o decreto do AI-5.
Com isso, ela vivia sendo chamada para solenidades importantes, como a visita da rainha Elizabeth 2ª no Brasil. Na trama de Aguinaldo Silva, a figura falecida neste dia 8 foi representada por Deidre Loys Jordan e na cena em questão comparecia a uma homenagem dos brasileiros a ela, chegando a cumprimentar a personagem de Marília Gabriela.
Na cerimônia, dona Josefa ainda encontra figuras como a baronesa Laura (Maria Amélia) e o barão Pedro Correia de Andrade Couto (Raul Cortez), além do general Bandeira (Rogério Froes), um “amigo” informante da dona do jornal. O evento, vale dizer, foi o último antes de Josefa ser exilada do país.
No que a novela errou?
Um erro – bem perceptível, mas também perdoável – ao retratar diversos eventos históricos deste mesmo ano aconteceu na novela Senhora do Destino.
Originalmente, a visita da Rainha da Inglaterra ao Brasil aconteceu em novembro de de 1968, ponto alto da ditadura militar.
Essa estada da monarca no país rendeu a inauguração do Masp e da ponte Rio-Niterói; entrega da taça de um amistoso para Pelé; e até mesmo a presença dela em shows de Wilson Simonal, Jair Rodrigues e Elza Soares.
Acontece que Senhora do Destino retratou em um intervalo de uma só semana, a passeata dos Cem Mil, ocorrida em 26 de junho de 1968, a fatídica visita de Elizabeth 2ª, em novembro e o Ato Institucional nº 5, que aconteceu somente em 13 de dezembro do mesmo ano.
A licença-poética permitiu que esses momentos fossem mostrados ao público em poucas cenas para contextualizar a trama de Josefa, levando-a a Maria do Carmo, a protagonista da história de Aguinaldo Silva.
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