A entrevista com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) levada ao ar na noite da última sexta-feira (31), no Programa do Ratinho, também faz refletir o quanto o apresentador Carlos Massa com suas opiniões disfarçadas de perguntas e completamente descabidas da proposta do encontro, tocou em pontos cruciais que ferem a profissão jornalista e que descredibiliza todo o departamento da própria emissora que ele trabalha há mais de 20 anos.
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Dos maiores equívocos da entrevista, Ratinho tratou como achismo da imprensa informações sobre o atraso na compra da vacina para o Brasil, esquecendo totalmente que, diferente dele, jornalista não serve nenhuma causa, a não ser a causa de informar. O comentário proferido foi bem tendencioso e irresponsável.
Certamente, qualquer repórter da casa que fosse escalado em seu lugar, faria uma entrevista muito mais imparcial, direta e útil. Cabe aqui esclarecer, que em recente depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid em maio, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, confirmou que as declarações do presidente Jair Bolsonaro resultaram na paralisação por três meses das negociações para a compra da vacina CoronaVac.
Segundo Covas, se não tivesse ocorrido essa interrupção no processo, teria sido possível entregar 100 milhões de doses do imunizante desenvolvido em parceria com o laboratório chinês Sinovac até maio deste ano.
Em outra, Ratinho desdenhou de jornalistas ao dizer que nenhum profissional faria ao presidente uma pergunta sobre Cuba. A pauta em questão era o saldo devedor do país, incluindo, Venezuela e alguns países da África com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Um novo comentário bem subjetivo, injurioso de muita má fé, ao qual Ratinho, do alto de sua prepotência, deveria repensar. Já a entrevista, claramente feita por causa de interesses pessoais e coleguismo, foi mais uma pura panfletagem para um governo cambaleante e cheio de falhas graves.
Fico imaginando com que olhos Ratinho vê o jornalismo do SBT e vice-versa. Jornalismo que, por sinal, em uma recente pesquisa encomendada pelo Instituto Reuters, ocupou o topo do ranking e foi tido por 67% dos entrevistados como “confiável”.
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