Heroínas

CESSAR-FOGO! Registros históricos de novelas que salvaram países em momentos guerra

Betty, a Feia e Kassandra entraram para a história dos livros de guerra como ponto de paz

Publicado em 25/02/2022

Clássico de Fernando Gaitán criado em 1999 e levado ao ar pela RCN, Yo Soy Betty la Fea (Betty, a Feia) teve papel importantíssimo no cessar-fogo de uma época nefasta para a Colômbia, onde o conflito das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) durante o governo de Andrés Pastrana entrou para a história como um dos mais difíceis.

Neste período, inclusive, o país de Pablo Escobar (o maior narcotraficante da história) era considerado o “patinho feio” da América Latina devido às problemáticas governamentais. O presidente, por sua vez, era publicamente apaixonado pela história de Betty, que num momento trágico para o país se tornou algo como válvula de escape, um respiro para os colombianos.

Ao descobrir que na reta final da novela a icônica personagem de Ana Maria Orozco iria aceitar propina para vender a qualquer custo os materiais da Ecomoda, fictícia empresa pano da fundo para a novela, Pastrana ligou para Gustavo Bell Lemus, que era vice-presidente da RCN, e pediu para que essa parte da história fosse alterada a fim de aliviar seu povo de uma má influência num período tão delicado.

Betty e o fogo cruzado

Cena da novela Yo Soy Betty la Fea (Reprodução: RCN)

Betty era naquele momento a única heroína e orgulho do país, e ele, que estava em negociações com as FARC, por gostar da novela não queria que a protagonista se envolvesse em corrupção. Por fim, Fernando Gaitán aceitou a proposta e mudou os rumos da trama.

Outro registro da época era que o sucesso de “Betty” era tremenda que quando ela começava na TV, era seguro que não haveria nenhum conflito. Era o momento de paz para os colombianos.

Kassandra, cigana do povo e salvadora da pátria

A Guerra da Bósnia foi um conflito armado que ocorreu entre abril de 1992 e dezembro de 1995 na região da Bósnia e Herzegovina. Era um momento em que as novelas latinas viviam o auge sem precedentes no mundo. A Venezuela, para se ter uma ideia, era uma potência a nível México e Brasil.

Kassandra, produzida em 1992 pela RCTV e que alçou para a fama mundial Coraima Torres e Osvaldo Rios, foi ponto importante no cessar-fogo de uma guerra desencadeada por território, onde povos de etnias diferentes se matavam, mas não durante a transmissão da novela.

O impacto da história escrita por Delia Fiallo foi tão grande que viciou não somente os grupos femininos como os homens, e por aí entende-se também atiradores que ficavam concentrados em edifícios e prédios prontos para atirarem contra populares nas ruas.

A interrupção da novela e uma descoberta absurda

Coraima Torres como Kassandra (Reprodução: RCTV)

Quando Kassandra entrava no ar, esse era o momento em que os bósnios se sentiam mais seguros e tinham a certeza de que poderiam passar por determinadas ruas sem serem alvejados por atiradores, porque os próprios paravam para assistir o capítulo da novela.

E mais que isso, quando a guerra apertou, além de outras coisas a exibição de Kassandra também se mostrou instável. A novela saiu do ar durante um forte conflito entre poderes controlavam emissoras de rádio e televisão. No meio disso, todo o material em fitas da novela se perderam.

Foi então que, preocupado com o que a ausência da novela pudesse provocar, o Departamento de Estado dos EUA queria que ela voltasse ao ar. Então, Antonio Paez, da Coral Pictures, se ofereceu para ajudar a trazer a novela de volta, mas ficou perplexo ao descobrir que a novela havia sio pirateada pela emissora de TV que a exibia, que sequer tinha dinheiro para comprar os 150 capítulos.

Quando a distribuidora sediada em Miami descobriu os problemas financeiros da estação, decidiu doar a novela completa. Kassandra voltou a ser transmitida, proporcionando aos espectadores uma fuga para se entreter do período obscuro.

As informações publicadas aqui partem de um levantamento feito através de fontes oficiais e extraoficiais como: CNN World News, Uzi Por Ai (YouTube), Metro Colômbia, Folha de S. Paulo e BBC.

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