"Reflexo do caos"

Funcionário demitido revela bastidores dramáticos do Chega Mais no SBT

"A televisão, ao contrário da internet, demanda tempo para construir audiência e fidelizar público, algo que está sendo ignorado na atual gestão"

Publicado em 08/12/2024

O site Bastidores da TV recebeu uma carta de um produtor do Chega Mais, do SBT, revelando os bastidores do programa durante os nove meses em que permaneceu no ar.

A atração, que estreou em 11 de março e chegou ao fim nesta sexta-feira (6), saiu do ar devido aos baixos índices de audiência e baixo faturamento.

Além dos três apresentadores, Regina Volpato, Michelle Barros e Paulo Mathias, o Chega Mais tinha uma uma equipe de produção com 70 pessoas. Estima-se que o programa custava cerca de R$ 2 milhões por mês para ir ao ar, entre salários dos funcionários e verba de produção.

Leia na íntegra a carta do funcionário, que pediu para não ter o nome identificado

“Após a morte de Silvio Santos, o SBT passou a ser comandado pelas filhas do comunicador, mas a gestão da emissora tem levantado preocupações devido a decisões questionáveis e mudanças abruptas na grade de programação, gerando instabilidade e um ambiente de trabalho tóxico. Tudo começou quando decidiram colocar no comando do programa Chega Mais alguém sem experiência em dirigir um programa do zero. Era um risco evidente, mas, ainda assim, as filhas optaram por seguir esse caminho. Quando perceberam que o resultado estava longe do esperado, recorreram ao Marcelo, que, ao invés de trazer soluções, agravou ainda mais os problemas. Marcelo criou um ambiente de trabalho caótico, com gritos descontrolados na suíte de direção e pressão extrema sobre os produtores, a ponto de muitos saírem do trabalho chorando.

A situação começou a melhorar com a chegada do diretor Ariel, que conseguiu alinhar o programa às expectativas das filhas, alcançando audiências acima de 2,4 pontos e tornando o Chega Mais um dos poucos programas novos rentáveis da emissora. Contudo, em um movimento inesperado e polêmico, Ariel foi demitido, supostamente após uma “puxada de pano”, e seu assistente de direção assumiu o comando. Para a surpresa de todos, o assistente conduziu o programa de forma brilhante até o seu encerramento.

Enquanto a instabilidade na gestão era evidente, os bastidores da emissora se tornaram um reflexo do caos. Há relatos de que vários funcionários do Chega Mais ficaram doentes devido à pressão, e alguns chegaram a ser hospitalizados. As horas extras constantes não eram remuneradas, e, ao perceberem que não conseguiriam pagar, os cortes foram feitos abruptamente, deixando os trabalhadores ainda mais insatisfeitos. Além disso, a implementação de práticas questionáveis, como instalar um telão nos corredores para exibir “perdedores” e “ganhadores” entre os funcionários, criou um ambiente altamente competitivo e desrespeitoso.

Apesar de toda essa desordem, as notícias de que Regina Volpato era odiada pelos colaboradores são completamente falsas. Na realidade, no seu último dia na emissora, havia fila de funcionários esperando para falar com ela. Sempre tratou todos com respeito e profissionalismo. A culpa pelos problemas não recai sobre ela, mas sim sobre uma gestão que já demonstrou ser péssima e da qual, infelizmente, não há muito o que esperar.

Recentemente, a situação se agravou com a demissão de todos os radialistas do programa Chega Mais e a realocação dos jornalistas para o Tá Na Hora. Somente nos últimos meses, mais de 300 funcionários foram demitidos, evidenciando a dificuldade da emissora em lidar com as mudanças. Entre os rumores, comenta-se que o SBT planeja abrir espaço para uma grande líder evangélica, que seria apoiada pelo pastor da família Beyruti. A influência direta da matriarca nas decisões evidencia a falta de planejamento a longo prazo, com mudanças de grade acontecendo de forma abrupta, como se a televisão funcionasse no mesmo ritmo da internet.

Exemplos como o sucesso do programa de Virgínia Fonseca, sustentado pelos patrocínios da marca We Pink e pelo público já consolidado na internet, mostram que estratégias de longo prazo são essenciais. Porém, parece que as filhas de Silvio Santos não têm esse entendimento. A televisão, ao contrário da internet, demanda tempo para construir audiência e fidelizar público, algo que está sendo ignorado na atual gestão.

Muitos funcionários e críticos apontam que as decisões tomadas pelas filhas após a morte do pai são precipitadas e demonstram falta de respeito pelo legado que Silvio Santos construiu ao longo de décadas. As mudanças drásticas e as condições de trabalho precárias levantam a questão: o que será do SBT sob essa gestão? Essa situação é um alerta sobre a importância de liderança qualificada, planejamento estratégico e respeito pelos profissionais que fazem a emissora acontecer diariamente. Silvio Santos deixou um império televisivo, mas seu futuro parece cada vez mais incerto nas mãos das filhas.”

Procurada pelo site Bastidores da TV, a assessoria de imprensa do SBT não se pronunciou até o fechamento desta matéria.

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