Grande sucesso do horário das seis da Globo na década de 1990, Sonho Meu nunca mereceu uma reprise na emissora. Mas o Viva supriu esta demanda ao escalar a produção para a faixa das 12h40. A volta da novela reacendeu a lembrança de seu autor, Marcílio Moraes, que reclamou das interferências da alta cúpula da emissora ao seu enredo na época da produção.
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Em entrevista a Fabia Oliveira, colunista do Em Off/Ig, Marcílio relembrou que precisou alterar a trajetória de Cláudia (Patrícia França), protagonista da trama. Em Sonho Meu, a heroína toma atitudes drásticas para reaver a guarda da filha Laleska (Carolina Pavaneli), e se casa com Lucas (Leonardo Vieira), mesmo já sendo casada com o violento Geraldo (José de Abreu), pai da menina.
“Fiquei triste e me voltou o sentimento de revolta com a interferência estúpida que a novela sofreu. Já contei, mas é bom repetir que os figurões da Globo, naquela época, vieram com o papo de que a emissora estava recebendo cartas de protesto dos espectadores contra a bigamia da personagem Cláudia”, lamentou o novelista.
“O pior é que o Lauro [César Muniz], supervisor da novela, entrou no papo deles, ficou do lado dos dos mandachuvas e a interferência – violência, melhor dizendo – se consumou. O resultado pode ser visto nesta segunda fase da novela”, afirmou.
O autor se refere ao atual momento da reprise de Sonho Meu, na qual Cláudia já foi desmascarada e, agora, apenas “sofre” pelo fato de estar separada de Lucas, seu grande amor. Com o fim da farsa da bigamia, a história principal da novela perde força.
“Aquela força da história, aquela vitalidade dramática da protagonista, enfrentado Deus e o mundo para preservar sua dignidade de mulher e salvar a filha, se perdeu. A trama se tornou quase um vaudeville de intriguistas típicas de novelinha das seis”, reclamou Marcílio Moraes.