O Documento Verdade da última quinta-feira (19) registrou a melhor audiência desde sua estreia: 1.5 de média, pico de 2.3 e share de 2.4%. Com pouco mais de dois meses de exibição, o jornalístico tem conquistado o público com temas políticos, sociais e culturais e já soma 60% de crescimento em audiência desde então.
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No programa de ontem, que abordou o sistema carcerário e os bastidores do crime no Brasil, foi ao ar a primeira entrevista de um dos mais temidos matadores do país a um canal de TV aberta.
Aldidudima Salles, o “Ligeirinho”, um dos fundadores do Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio de Janeiro, foi condenado a 300 anos de prisão por tráfico de drogas, formação de quadrilha, assaltos e assassinatos, mas passou apenas 10 anos atrás das grades. Na conversa com o repórter Edie Polo, ele revelou que “matava por prazer” e relembrou suas habilidades para o crime. “Eu gastava quatro minutos para roubar um banco e 45 segundo para roubar um carro com alarme”, conta. “Eu jogava uma laranja pra cima e antes que ela caísse, acertava no ar. Isso não é qualquer pessoa que acerta com um 38 não”, completa.
Traficante, homicida, frio e calculista, Aldidudima entrou para o crime na adolescência e matou pela primeira vez aos 13 anos. Foi levado para uma unidade de internação de menores infratores, de onde conta ter saído formado para o crime. “Entrei como aprendiz da maconha e saí formado, com doutorado, em cocaína”.
Na entrevista, negociada durante dois meses pela produção do Documento Verdade, o ex-traficante se dispôs a dar detalhes do que acontecia nos bastidores dos crimes cometidos pelo Comando Vermelho ao repórter Edie Polo, esclarecendo como presos entram para a organização que ajudou a criar. “O criminoso é preso hoje. Então, o Comando Vermelho se reúne e paga bons advogados para tirá-lo da cadeia. Quando ele sai, vai roubar para pagar o que o Comando Vermelho pagou para ele. (…) Ele vai praticando o crime e volta praticando o crime. É um caminho sem retorno”. Aldidudima falou ainda sobre o significado das diversas tatuagens espalhadas por seu corpo e a relação de cada uma com os crimes que cometeu, ressaltando que o Comando Vermelho não tolera estupradores.
Sobre as ações dentro da organização criminosa, o atual pastor explicou como funciona o tribunal do crime e as táticas terroristas que desenvolveu. “Uma das coisas que criei e que hoje é muito conhecida no Rio de Janeiro e São Paulo é o microondas. Não esse que fazemos comida em casa, não. Os microondas são os pneus. Colocava pneu, jogava gasolina ou álcool e tacava fogo ali dentro, com a pessoa viva”, afirmou ele, que defendia a necessidade de dar o exemplo aos outros ‘traidores’.
A conversão ao evangelho veio no dia em que Aldidudima planejava cometer seu maior crime. “Dez ficam na portal principal, dez ficam comigo. E eu dei uma ordem para meus colegas: ‘Ninguém faz nada e, quando eu der a ordem, vocês podem matar”. Eu vou ficar na história do Brasil. Posso morrer hoje, mas vai ser o dia que eu mais vou matar gente” contou ele, que, no momento, estava prestes a disparar tiros numa igreja com mais de 1000 pessoas, mas acabou tocado pelas palavras do pastor. “Foi naquele dia que eu troquei as drogas por uma bíblia sagrada, vi uma transformação, uma mudança de vida”, revelou.
O programa mostrou ainda a rotina atrás das grades e a vida após a prisão de ex-detentos, que trouxeram relatos sobre a readaptação e o preconceito que sofrem na sociedade. O jornalístico também contou a história de inocentes que pagaram por crimes que não cometeram.
Com apresentação de Augusto Xavier, Documento Verdade vai ao ar todas as quintas-feiras, às 22h45, pela RedeTV!.