Vale Tudo (2025)

– núcleo de RAQUEL (Taís Araújo), mulher simples, honesta, franca e comunicativa. Separada, vivia com o pai e a filha em Foz do Iguaçu, no Paraná, onde trabalhava como guia de turismo. Após a morte do pai, a filha vendeu a única propriedade da família, a casa, e fugiu com o dinheiro para o Rio de Janeiro. Raquel foi ao seu encalço e acabou se estabelecendo na cidade. Para sobreviver, passou a vender sanduíches na praia. Pouco a pouco, foi expandindo seu negócio até tornar-se dona de uma bem-sucedida cadeia de restaurantes. Rompida com a filha, vive em conflito por ela ser mau-caráter e alpinista social:
a filha MARIA DE FÁTIMA (Bella Campos), é o seu oposto: interesseira e dissimulada, só pensa em se dar bem na vida com o mínimo esforço, nem que para isso precise roubar, mentir e ludibriar. Cansada da vida sem perspectivas de luxo em Foz do Iguaçu, vende a casa da família e foge com o dinheiro para o Rio, onde pretende tentar a carreira de modelo e influencer digital ou arranjar um marido rico que a sustente. A mãe a reencontra, mas as duas não conseguem se acertar
o pai SALVADOR (Antônio Pitanga, participação), funcionário da Receita Federal em Foz do Iguaçu. Poderia ter uma ótima situação financeira, se fosse corrupto. Porém, é um homem íntegro e honesto, qualidades herdadas pela filha Raquel, mas não herdadas pela neta Fátima. Morre no início da trama
o ex-marido RUBINHO (Júlio Andrade, participação), músico boêmio e sonhador, mas sem especial talento. Vive de tocar piano em bares e restaurantes do Rio de Janeiro. Morre no início da trama, quando estava prestes a realizar o sonho de conhecer Nova York e trabalhar na cidade
a protegida GILDA (Letícia Vieira), garota de comunidade que teve poucas oportunidades na vida, usando de pequenas e médias contravenções para sobreviver. Sua vida muda quando conhece Raquel, que a acolhe e lhe oferece trabalho.

– núcleo de IVAN (Renato Góes), homem charmoso, sagaz e um tanto cético. Começa a trama desempregado, em uma situação financeira difícil. Sustenta a ex-mulher e um filho, além de ajudar o pai. Estava tendo dificuldades para conseguir emprego, por ter um ótimo currículo, e acaba omitindo ser tão bem graduado. Assim, aceita trabalhar em um cargo inferior na TCA, uma empresa de aviação. Ambicioso, aos poucos vai mostrando seu talento e galgando melhores posições até chegar a um cargo de executivo. Conhece Raquel por quem se apaixona, apesar de às vezes discordarem em suas visões de mundo. Quando ele e Raquel encontram, por acaso, uma mala com um milhão de dólares, Ivan deseja ficar com o dinheiro, enquanto Raquel quer devolvê-lo. Começa o conflito maior entre ambos. Fátima rouba a mala e Raquel, sem saber disso, pensa que Ivan se apossou do dinheiro, minando assim a relação dos dois. Eles se separam, apesar de ainda se amarem. Ivan acaba se casando com outra mulher, rica:
a ex-mulher LEILA (Carolina Dieckmann), insegura, nunca trabalhou e depende financeiramente dele. Mora com o ex-sogro por comodismo. Diante da necessidade de trabalho, arruma um emprego de secretária. Tem dificuldade em se relacionar com os homens
o filho BRUNO (Miguel Moro), pré-adolescente
o pai BARTOLOMEU (Luís Melo), homem íntegro, culto, boa praça. Jornalista “das antigas”, tem dificuldade para adaptar-se ao atual mundo tecnológico. Acaba demitido, por ser considerado “velho” demais. Quando Raquel ascende profissionalmente, ela o convida para trabalhar consigo
a madrasta EUNICE (Edvana Carvalho), segunda mulher de Bartolomeu. Simpática, é uma costureira requisitada pelo mundo da moda e do audiovisual
a filha de Eunice, NANDA (Ramille), enteada de Bartolomeu. Aluna dedicada, é estudante de Veterinária, apaixonada por cavalos
a amiga de Nanda, FLÁVIA (Ywyzar Tenteha).

– núcleo de CÉSAR RIBEIRO (Cauã Reymond), bonito, atlético, sedutor, mas sem caráter. Foi um modelo de sucesso, hoje em fim de carreira. Capaz de qualquer coisa por dinheiro fácil. Torna-se amante de Fátima e seu parceiro de golpes:
o amigo OLAVO (Ricardo Teodoro), cúmplice de suas armações. Sonhava em ser fotógrafo de moda, mas acabou como fotógrafo de quinta categoria. Mora no estúdio onde faz suas sessões.

– núcleo de ODETE ROITMAN (Débora Bloch), mulher rica, elegante, arrogante e autoritária. Desde a morte do marido, é a presidente do grupo Almeida Roitman, cuja principal empresa é a TCA, a companhia de aviação onde Ivan trabalha. Morava em Paris, mas retorna ao Brasil para resolver problemas em suas empresas e acaba ficando. É uma “devoradora de homens” com predileção por rapagões. Faz questão de odiar tudo que é popular e nutre um desprezo pelo Brasil, que julga um país subdesenvolvido. Tem conflitos com a filha alcoolista, a quem não perdoa por sua fraqueza. Manipula a vida dos filhos e humilha os subordinados e todos que estão em posição inferior. Aceita Fátima em sua família, quando ela casa-se com seu filho, já que existe cumplicidade entre as duas. É amante de César e não desconfia que ele é ligado a Fátima. Acaba assassinada:
os filhos: HELENINHA (Paolla Oliveira), artista plástica talentosa, mas com a carreira ameaçada pelo vício em álcool. Mulher frágil e carente, há anos enfrentando uma crise pessoal. Pensa que foi a responsável pela morte do irmão mais velho, Leonardo, quando dirigia alcoolizada. Separada, perdeu a guarda do filho, a quem ama profundamente, mas um acordo com o ex-marido permitiu o convívio novamente. Tem uma relação difícil com o ex e com a mãe, que não a aceita. Apaixona-se perdidamente por Ivan, que acaba casando-se com ela quando a relação dele com Raquel degringola. Porém Ivan está mais interessado na ascensão social que esta união promove. O casamento fracassa, o que acarreta uma nova crise em Heleninha,
e AFONSO (Humberto Carrão), que a mãe espera que a suceda na presidência das empresas. Humanista e generoso, tem métodos e personalidade diferentes da mãe, o que gera conflitos entre ambos. É envolvido por Fátima, que mira nele o marido rico com quem sempre sonhou. Os dois acabam casando, com o apoio de Odete
a irmã CELINA (Malu Galli), o seu oposto: é bondosa, justa e generosa. Não aprova as atitudes da irmã, mas não critica para não gerar atrito. Viúva rica, sem filhos, deu aos sobrinhos o amor que Odete nunca os proporcionou e faz questão de que eles morem consigo, em sua mansão. É onde Odete se estabelece quando chega ao Brasil
o mordomo na mansão de Celina, EUGÊNIO (Luís Salém), devotado à família
a empregada na mansão de Celina, MARINA (Fernanda Botelho).

– núcleo de MARCO AURÉLIO (Alexandre Nero), vice-presidente do grupo Almeida Roitman. Ex-marido de Heleninha, que sofreu muito em sua mão. Mau-caráter, desonesto, inescrupuloso e arrogante, trata mal seus empregados e faz qualquer coisa para se dar bem. Envolve-se com Leila e os dois acabam casando. Desvia um milhão de dólares da empresa de Odete, quantia que guarda em uma mala. Porém, acaba perdendo esta mala, que é encontrada por acaso por Raquel. Após o dinheiro parar nas mãos de Fátima, tenta um acordo com ela. Ao final, Odete descobre o seu roubo e cobra-lhe satisfações. É quando ela é assassinada e Marco Aurélio foge do país levando consigo o dinheiro, Leila e o filho dela, Bruno:
o filho com Heleninha, THIAGO (Pedro Waddington), mora com o pai, mas os dois tem uma relação difícil. Marco Aurélio é autoritário e desconfia que o filho seja homossexual, por ele ser um rapaz muito sensível, amante das artes e da música clássica. Thiago se apaixona por Nanda, que não é aceita pela avó Odete, por ser de família humilde
o primo RENATO FILIPELLI (João Vicente de Castro), mora em seu apartamento. Homem simpático, moderno, diretor de uma das maiores agências de conteúdo do país, a Tomorrow. Apaixona-se por Leila no início, e os dois chegam a namorar, mas Marco Aurélio a “rouba” do primo. Já Leila, interesseira, fica com Marco Aurélio por ele ser mais rico e poderoso
o secretário na TCA, FREITAS (Luís Lobianco), um grande puxa-saco. Submisso por estratégia de sobrevivência, sempre leva desaforo para casa, mas não se incomoda e se faz de bobo
a empregada em seu apartamento DEISE (Fátima Patrício).

– núcleo de SOLANGE DUPRAT (Alice Wegmann), diretora de criação da agência Tomorrow. Bonita, inteligente, moderna, decidida, competente e independente. Na época em que namorava Afonso, conheceu e ficou amiga de Fátima, que lhe roubou o namorado depois de várias armações para separar o casal. Sonha em ter um filho, mas sozinha, uma “produção independente”. Em uma noite em que Afonso estava bêbado (depois de casado com Fátima), eles têm uma recaída e ela acaba grávida. Nasce sua filha, mas ela esconde de todos a paternidade da menina. Só ao final Afonso fica sabendo que é o pai e os dois reatam:
o amigo SARDINHA (Lucas Leto), com quem divide moradia, assistente de produção da Tomorrow. Gente boa, espirituoso, de ótimo caráter e eficiente no que faz
o novo diretor da Tomorrow MÁRIO SÉRGIO (Thomás Aquino), com quem, a princípio, vive às turras, por antipatia gratuita recíproca. Porém, acabam apaixonados e têm um envolvimento
as funcionárias na Tomorrow: MARIETA (Cacá Ottoni), secretária, e SUZANA (Bruna Aiiso), assistente de produção.

– núcleo de ALDÁLIO (Matheus Nachtergaele), sujeito pateticamente bondoso, simples e boa praça. Por só ver o lado bom das coisas, é chamado de POLIANA. Ajuda Raquel quando ela chega ao Rio e torna-se seu grande amigo e confidente. No início, dono de um botequim, convida Raquel para trabalhar consigo e, juntos, prosperam até montarem uma bem-sucedida cadeia de restaurantes, a Paladar:
a irmã ALDEÍDE (Karine Teles), moça simpática e divertida. Veste-se para chamar a atenção, mas sem vulgaridade. É secretária-assistente da diretoria da TCA. Sempre humilhada pelo chefe Marco Aurélio, acaba perdendo a paciência e pede demissão. Vai casar-se com um português rico, mudando completamente de vida. É quando consegue realizar seu maior sonho: ficar famosa
a faxineira LUCIMAR (Ingrid Gaigher), trabalha em casas e apartamentos em Vila Isabel, onde moram vários personagens. Luta para dar uma boa educação ao filho pequeno
o porteiro VASCO (Thiago Martins), do prédio onde mora Rubinho, com quem Lucimar teve um breve namoro que resultou em um filho. Pagodeiro nas horas vagas, gasta boa parte de seu dinheiro com música ou jogo, enquanto deixa de cumprir suas responsabilidades como pai. Perde o emprego e passa por dificuldades para pagar a pensão a Lucimar
o filho de Lucimar e Vasco, JORGINHO (Rafael Fuchs).

– núcleo de CONSUELO (Belize Pombal), vizinha de Poliana, amiga de Aldeíde. Também secretária na TCA, diretamente subordinada a Marco Aurélio. Morre de medo do chefe e de perder o emprego. Eficiente e correta em tudo que faz, é uma mulher conservadora que gosta de seguir as tradições:
o marido JARBAS (Leandro Firmino), motorista de aplicativo que vai trabalhar como motorista dos Roitman. Bom sujeito, mas um tanto acomodado
os filhos: ANDRÉ (Breno Ferreira), rapaz com problemas típicos de sua idade Trabalha como professor na escolinha de pônei da hípica, onde conhece Nanda, por quem se apaixona,
e DANIELA (Jéssica Marques), moça responsável e estudiosa, cursa Direito em uma faculdade pública. Vai trabalhar com Raquel
o namorado de Daniela, LUCIANO (Licínio Januário), que foi colega de trabalho de Ivan no início, quando ele foi admitido na TCA
o amigo de André, CARLOS (Felipe Ricca).

– núcleo de LAÍS (Lorena Lima), amiga de Celina e Heleninha, é dona de uma charmosa pousada em Paraty, em sociedade com sua companheira:
a companheira CECÍLIA (Maeve Jinkings), irmã de Marco Aurélio, com quem ela tem uma relação muitas vezes difícil por ele não aceitar a sua homossexualidade. Advogada ambientalista, atua em apoio às causas ecológicas que envolvem terras de reservas e tráfico de animais
a filha adotiva SARITA (Luara Telles).

Expectativa e especulações

Remake, 37 anos depois, de Vale Tudo, um dos maiores clássicos da teledramaturgia nacional, novela criada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères em 1988 – agora adaptada por Manuela Dias. A produção foi lançada como o carro-chefe para as comemorações dos 60 anos da TV Globo.

A confirmação pela emissora, no segundo semestre de 2023, de que faria um remake de Vale Tudo causou surpresa e uma enxurrada de manifestações nas redes sociais, ora criticando a iniciativa, ora especulando quais atores seriam escalados para os personagens ou quais diferenças poderiam ser feitas para ajustar a trama à atualidade.

A escalação do elenco foi o que mais gerou expectativa – e críticas. A começar por Bella Campos, jovem atriz pouco experiente (duas novelas no currículo: o remake de Pantanal e Vai na Fé) para um dos principais papeis da história: a vilã Maria de Fatima, vivida por Glória Pires em 1988.

Outra escalação muito aguardada foi a da icônica vilã Odete Roitman, imortalizada por Beatriz Segall na novela original. Vários nomes foram levantados. O de Fernanda Torres foi o que gerou maior repercussão, porém a atriz estava comprometida com a divulgação internacional do filme Ainda Estou Aqui e, com isso, não teria tempo para se dedicar à novela. A Globo então confirmou Débora Bloch para interpretar a personagem.

Como Odete Roitman só entra em Vale Tudo com quase um mês de novela, no capítulo 24, Débora Bloch gravou uma sequência especialmente para a primeira chamada de estreia. Para a chegada da personagem na trama, a Globo reservou uma data especial: 26 de abril (um sábado), data do aniversário de 60 anos da emissora.

Atualizações

O remake apresenta diversas atualizações na abordagem de temas e em desdobramentos da trama, desde tecnológicas até morais e comportamentais. Entre elas, o desejo de Maria de Fátima (Bella Campos) ir para o Rio de Janeiro para tornar-se modelo foi atualizado para tornar-se uma digital influencer. Para tanto, a agência que ela procura, a Tomorrow, deixa de ser uma agência de modelos e passa a ser uma agência de conteúdo para internet.

“Estamos fazendo a novela para o público de hoje. Para quem assistiu à primeira versão e para quem vai conhecer a história. Tivemos que acomodar as transformações, algumas discussões evoluíram. Hoje, ressignificamos e aprendemos muita coisa. Acatamos as mudanças desejosos de ter uma obra contemporânea, mas a história estará lá na íntegra”, afirmou o diretor artístico Paulo Silvestrini.

Repercussão negativa

Cinco meses antes da estreia, a entrevista da adaptadora Manuela Dias ao jornal Folha de São Paulo (publicada em 13/10/2024) repercutiu mal, gerando uma enxurrada de críticas e uma grande antipatia e má vontade do público das redes sociais com a produção.

Questionada sobre quais mudanças previstas na atualização da trama, Manuela deu a entender que não havia mais sentido falar mal ou criticar o país como se fazia no final da década de 1980:
“Vale Tudo foi a novela da volta da democracia e, naquele momento, falar mal do Brasil, ou poder falar mal, era resistência, era revolucionário, era novo. Hoje não é mais. Estamos saturados. O novo é encontrar maneiras de transformação.”
“Com essa postura hipercrítica, Gilberto [Braga] estava mostrando a cara do Brasil naquele momento. Mas a cara do Brasil mudou, então ela não faz mais sentido.”

Manuela Dias também destacou uma mudança no perfil da vilã Odete Roitman – falas pelas quais foi mais criticada:
“Odete não aponta caminhos, mas será diferente. Não só ela. Torcíamos para Heleninha beber, dançar e quebrar tudo. Hoje, sabendo que ela é uma doente, vamos torcer?”
“O autor também fala através de seus personagens, e sinto que falar que o Brasil é uma porcaria não traz nada hoje em dia. (…) Me interesso por um Brasil mais unido e busco isso.”
“Quem quer ver Beatriz Segall como Odete pode ver no Globoplay. Não faria sentido mimetizar o original, porque ele pode ser revisto.”

Os oponentes de Manuela Dias justificavam que a crítica ao país era a razão de ser da novela original e que o grande diferencial de Odete Roitman era justamente os absurdos que ela falava referindo-se ao Brasil e aos brasileiros, o que sustentava a crítica social a que a novela se propunha.

Logo depois, em entrevista ao apresentador Marcelo Tás no programa Provoca, da TV Cultura (exibido em 19/11/2024), Manuela Dias explicou que a personagem jamais deixaria de ser vilã: “Entenderam que Odete não seria uma vilã. As pessoas ficaram muito revoltadas, e elas estão certas. Eu sou dramaturgia, imagina se eu ia abrir mão de uma vilã como Odete Roitman!”

Briga de atores

Bella Campos e Cauã Reymond – Fátima e César na trama – tornaram pública uma briga que ganhou os holofotes. De acordo com matéria publicada pela revista Veja em 14/04/2025, Cauã Reymond teria discutido com Bella Campos no estacionamento dos Estúdios Globo. Ele teria criticado a atuação dela em uma das cenas e, por conta disso, Bella teria feito uma reclamação ao diretor artístico Paulo Silvestrini e ao setor de compliance da Globo, acusando o ator de machismo.

Além disso, Bella não seria a única a ter problemas com Cauã nos bastidores. Outra reclamação vazada é de que ele teria discutido também com Humberto Carrão, por ter tocado nele enquanto conversavam.

A Globo optou por não se pronunciar publicamente sobre a polêmica. Além disso, Cauã afirmou (em nota ao jornal Folha de São Paulo), que procurou a direção para conversar e tudo havia sido esclarecido. Porém, no dia 17/04/2025, as gravações de alguns blocos de cenas foram suspensas após Bella ter tido uma crise de choro e ter se recusado a contracenar com Cauã e a se pronunciar a favor dele, levando a situação ao diretor dos Estúdios Globo, Amauri Soares.

Após rodadas de reuniões para conciliação, e com boatos de comportamento abusivo de Cauã Reymond em produções anteriores, além dos pedidos não atendidos para deixar a novela, o diretor Paulo Silvestrini decidiu assumir as rédeas da situação e passou a dirigir ele mesmo as cenas dos dois atores, fazendo a dupla voltar a contracenar, no dia 22 de abril.

Cenografia e produção de arte

Dos 17 cenários da novela, três são fixos e construídos dentro dos Estúdios Globo: a parte interna da casa de Celina (Malu Galli), o apartamento de Marco Aurélio (Alexandre Nero) e a empresa de aviação TCA.

A cidade cenográfica, com 7.800 m², representa as zonas sul e norte da cidade, com os cenários que compõem, respectivamente, a agência Tomorrow e o núcleo de Vila Isabel, onde vivem Consuelo (Belize Pombal) e Aldeíde (Karine Telles) e onde ficam o bar de Poliana (Matheus Nachtergaele) e o prédio de Rubinho (Júlio Andrade).

Um dos cenários mais vivos e dinâmicos da novela, a Tomorrow foi pensada em uma estética industrial que refletisse o ritmo intenso do mundo da produção de conteúdo. Dividido entre estúdios de gravação e áreas comuns, o espaço possui dois pátios, além de árvores dentro da sua construção.
“Usamos como referência prédios de empresas e escritórios de coworking que têm uma decoração alternativa”, contou o cenógrafo Fábio Rangel.

O cenário da TCA traduz poder e controle. Com uma paleta neutra e linhas modernas, o ambiente é um reflexo do espírito corporativo frio e implacável que permeia o Grupo Almeida Roitman. Composta por uma grande mesa com 20 lugares, a imponente sala de reunião da empresa conta com uma parede formada por um painel de leds, que projeta imagens da vista de um prédio comercial do Centro do Rio de Janeiro.

A novela buscou referências internacionais, como as séries Industry (2020-2022), Succession (2018-2023) e The Crown (2016-2023), como inspiração para criar ambientes que referenciassem poder, sofisticação e tradição, além dos diretores de cinema David Fincher, Luca Guadagnino e Yorgos Lanthimos para compor atmosferas visuais que equilibram grandiosidade e intimidade.

A mansão de Celina (Malu Galli) tem como locação uma construção na zona central do Rio nunca usada pela TV Globo. Para a escolha do lugar, o cenógrafo Fábio Rangel explicou a opção pelo símbolo das casas tradicionais ricas da cidade:
“Escolhemos um luxo tradicional, mais inspirado nas construções portuguesas, e achamos uma casa que nunca havia sido usada como locação por nós. Trata-se de uma construção colonial com ares de uma quinta ou uma residência na Toscana com um clima europeu e tradicional”.

Locações

A produção viajou para gravar em Foz do Iguaçu, no Paraná, marcando o início das gravações da novela. No total, foram 11 dias de gravação em 10 locações, entre elas o Parque Nacional do Iguaçu, que foi cenário das primeiras cenas, em que Raquel (Taís Araújo) apresenta a força e a beleza das Cataratas para dezenas de turistas que a acompanhavam.

As cerca de 30 cenas gravadas na cidade paranaense tiveram como cenário a Ponte da Amizade, onde Salvador (Antônio Pitanga) atuava como fiscal na alfândega, além do Parque das Aves e do Marco das Três Fronteiras, entre outros lugares. Alguns hotéis da região serviram de cenário para o encontro de César (Cauã Reymond) e Fátima (Bella Campos).

Para a casa de Salvador, a produção buscou por uma casa na região. Na decoração, foram utilizados objetos adquiridos na cidade, como peças de antiquários, louças, roupas de cama, porta-retratos, panos de prato com estampas turísticas de Foz do Iguaçu e até ímãs de geladeira.

Também houve gravações em Angra dos Reis e em Paraty, no Rio de Janeiro. Durante cerca de 20 dias, entre janeiro e fevereiro de 2025, equipe e elenco viajaram para gravar um total de 70 cenas, incluindo a que Fátima encontra seu pai Rubinho (Júlio Andrade) em Paraty, em um evento da Tomorrow.

Entre elenco e equipe, foram cerca de 85 pessoas envolvidas nas gravações das cenas que tiveram como cenário uma casa na Ponta do Algodão e a Ilha dos Coqueiros, em Angra. Já em Paraty, foram gravadas cenas em diversos locais do Centro Histórico, no Saco do Mamanguá, e no interior de uma pousada da região.

Figurinos e caracterizações

Os fãs de Vale Tudo reconhecerão a versão original não só na essência da trama, mas em referências à primeira exibição. “Preparamos algumas entregas gostosas para os fãs que já conhecem a trama, muito focadas em cada personagem, como as ombreiras que a Odete usa e os laços e arcos da Solange, que continuam sendo tendência. Vamos ter esse leve sabor vintage”, adiantou Marie Salles, figurinista da novela.

Essa influência dos anos 80 também é observada de forma sutil na caracterização de alguns intérpretes. A personagem Solange Dauprat (Alice Wegmann), por exemplo, tem a icônica franja usada pela personagem da versão original. “Vamos trazer os anos 80, mas com uma releitura, com uma cara mais atual”, disse o caracterizador Marcelo Dias.

A novela mergulhou em diversas referências para compor os diferentes núcleos da trama. Para a criação dos Roitman, que seguem o conceito quiet luxury, estilo de vida e tendência da moda que valoriza a qualidade e a discrição, Marie Salles inspirou-se em séries internacionais, como Industry (2020-2022) e Succession (2018-2023), e na minissérie Anatomia de Um Escândalo (2022). Para compor Marco Aurélio (Alexandre Nero) e a TCA, a inspiração foi o filme Wall Street – Poder e Cobiça (1987).

Parte central desse núcleo, Odete Roitman (Débora Bloch) exigiu um minucioso estudo das equipes de figurino e caracterização. “A gente estudou muitas mulheres fortes e personagens marcantes, desde a Miranda de O Diabo Veste Prada, passando por Costanza Pascolato, Carolina Herrera, até Catherine Deneuve. Mas a grande referência é a própria Odete Roitman. Pelo texto da Manuela [Dias], a gente consegue entender essa personalidade e imprimir na roupa que ela veste e joias que usa”, disse Marie Salles.

Para compor o guarda-roupa da personagem, Marie Salles recorreu a brechós de luxo em São Paulo, além de contar com a parceria de estilistas brasileiros, como Alexandre Herchcovitch, Mateus Cardoso, Sandro Barros e Vitor Zerbinato, que fizeram looks exclusivos para Odete. A vilã usa desde peças vintage de marcas de luxo, como Valentino e Christian Dior, até itens garimpados de outras marcas nacionais e internacionais. A personagem também usa réplicas de joias Isabella Blanco, Dassa Danna, entre outras joalherias, além de uma bolsa Prada.

Outra personagem que usa quase que exclusivamente roupas de brechó é Solange (Alice Wegmann). “Ela é muito ligada ao meio ambiente, à sustentabilidade. Com essas características, a gente achou bacana fazer uma personagem que usa 90% das peças de segunda mão. As roupas dela foram compradas em brechós, tanto de luxo como de igrejas, feiras. Ela tem um pouco de tudo, é uma roupa bem ressignificada”, disse a figurinista.

Para a caracterização dos personagens de Vila Isabel, o núcleo mais popular da novela, a inspiração foram os próprios moradores do bairro da Zona Norte do Rio.“Cada personagem tem a ver com uma pessoa que a gente fotografou nas várias idas a Vila Isabel. Tem a ver com os lugares, com os bares, com a escola de samba, com a [rua] 28 de Setembro, enfim com todos os lugares do bairro”, concluiu Marie Salles.

BARATO TOTAL – Gal Costa (tema de Cecília e Laís)
BRASIL – Gal Costa (tema de abertura)
CERTAS COISAS – Lenine
CHAT DANS LA NUIT – Dopamoon featuring Romain Muller (tema de Odete)
DINDI – Tom Jobim (tema de Rubinho)
ET SI TU N’EXISTAIS PAS – Iggy Pop
FAZ PARTE DO MEU SHOW – Cazuza (tema de Solange e Afonso)
GENTE – Xande de Pilares
HOURGLASS – Balthazar
I LIED, I’M SORRY – Chloe Qisha (tema de Fátima)
ISTO AQUI O QUE É – Caetano Veloso (tema de Raquel)
LA FAMA – Rosalía featuring The Weeknd
LONELY SOUL – Unkle
LUNCH – Billie Eilish
MODERN LOVE – Zaho de Sagazan (tema de Solange)
NOBODY’S SOLDIER – Hozier
NOSSA RESENHA – Os Garotin
OLHA – Maria Bethânia (tema de Raquel e Ivan)
PIMP – Bacao Rhythm & Steel Band (tema de César)
QUEM TEM UM AMIGO (TEM TUDO) – Emicida
SOLTERA – Shakira
SUPER GRAPHIC ULTRA MODERN GIRL – Chappell Roan (tema de Fátima)

Tema de abertura: BRASIL – Gal Costa

Não me convidaram pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver toda essa droga
Que já vem malhada antes d’eu nascer

Não me ofereceram nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha

Brasil! Mostra a tua cara!
Quero ver quem paga prá gente ficar assim
Brasil! Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim!

Não me sortearam a Garota do Fantástico
Não me subornaram, será que é meu fim
Ver TV a cores na taba de um índio
Programada pra só dizer sim

Grande pátria desimportante
Em nenhum instante eu vou te trair…