Bastidores
Antecedentes
1951. A televisão brasileira havia inaugurado há um ano: TV Tupi de São Paulo, em 18/09/1950. Por vontade de seu então diretor artístico, Cassiano Gabus Mendes, a televisão deveria seguir uma direção assemelhada à do cinema, ou à dramaturgia. Foi criado então o Grande Teatro Tupi e o TV de Vanguarda, ambos fortemente apoiados em textos célebres, de escritores importantes, tendo sido adaptados os maiores nomes da literatura universal. (*)
Walter Forster foi o primeiro a falar em “telenovela”, uma versão para televisão da radionovela, que era sucesso na época. O formato começou acanhado, apresentado ainda ao vivo, duas vezes por semana. A princípio, um produto menor, foi crescendo com o passar do tempo e tomou a proporção que tem hoje. (*)
A primeiríssima
Famosa por ter sido a primeira telenovela brasileira, Sua Vida Me Pertence estreou em dezembro de 1951, mas ainda não era diária – a primeira telenovela diária só foi ao ar doze anos depois: 2-5499 Ocupado, exibida na TV Excelsior em 1963.
Sua Vida Me Pertence foi transmitida em quinze capítulos, com vinte minutos de duração cada, duas vezes por semana – terças e quintas-feiras, às 20 horas.
Nas palavras de Walter Forster, “a história básica [da trama] era um homem que estava apaixonado por uma mulher e ela não dava bola para ele. E ele, então, disse a ela: eu vou te conquistar e você vai me amar porque a sua vida me pertence!” (*****)
Patrocinada pela Coty e produzida pela agência J. W. Thompson (****), a novela contou com dois cenários: um reproduzindo um quarto e o outro, um jardim de uma praça. (**)
O primeiro beijo
Nessa produção, ocorreu o primeiro beijo da telenovela brasileira, um verdadeiro tabu na época, o que gerou muita discussão. Porém, não era um beijo como estamos acostumados a ver. Na verdade, não passou de um inocente “selinho” entre os protagonistas, vividos por Walter Forster e Vida Alves.
O beijo era tabu não apenas para o público, mas também entre os artistas. “Antigamente, não se beijava no teatro, cinema, na televisão, nem no jardim de casa quando o pai saía”, lembrou Vida Alves. Para a cena acontecer, o autor e protagonista Walter Forster foi pessoalmente conversar com o marido de sua colega de elenco (Vida), um engenheiro italiano que não se opôs à ousadia de sua mulher, depois de ouvir todas as explicações, ter a garantia de que não haveria ensaio e de que os movimentos durante a cena seriam absolutamente técnicos. (***)
(*) Revista PRÓ-TV, edição nº 96, dezembro de 2011.
(**) “De Noite Tem… Um Show de Teledramaturgia na TV Pioneira”, Mauro Gianfrancesco e Eurico Neiva.
(***) “Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci.
(****) “Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa.
(*****) “Como a Ficção Televisiva Moldou um País”, Lucas Martins Néia.
VIDA ALVES
WALTER FORSTER
LIA DE AGUIAR
JOSÉ PARISI
NÉA SIMÕES
DIONÍSIO AZEVEDO
LIMA DUARTE
JOÃO MONTEIRO
TÂNIA AMARAL
ASTROGILDO FILHO
Lima Duarte estava na primeira novela do Brasil e faz novelas até os dias atuais. Acho incrível! Eu imagino a saudade que o Lima deve sentir dessa época e dos colegas de elenco. O ator mineiro nasceu em 29 de março de 1930 e em 2024 completou 94 anos.
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