Sinopse

Conhecido de todos, Tião Borges é um homem que enriqueceu rapidamente. Nordestino, chegou ao Rio de Janeiro muito jovem e sem dinheiro. Em poucos anos, tornou-se um empresário bem-sucedido. É extrovertido e falastrão, porém, orgulhoso e prepotente. Sua principal empresa, a Fertilit, fabrica fertilizantes e inseticidas poluindo o bairro onde está instalada e provocando a revolta dos operários e moradores da região.

Separado há cinco anos da personalística Talita, Tião Borges quer o divórcio para se casar com a jovem e virginal Sulamita Montenegro, de família tradicional carioca. Porém, Talita, mulher inteligente e determinada, nega-se a dar-lhe o divórcio. Jornalista, proprietária do jornal Folha do Rio, Talita empreende com mãos de ferro uma verdadeira campanha contra a empresa do ex-marido

Sulamita é uma bela jovem, criada dentro de rígida formação moral. Mantem o noivado com Tião Borges vigiado de perto pela mãe Melinda e as tias carolas Coló e Cotinha. Porém, Sula acaba envolvendo-se com Rudi Caravaglia, de quem engravida, escandalizando a família. Rudi chega até Tião Borges interessado em escrever o roteiro para um filme sobre sua vida, em parceria do recém-premiado diretor de cinema Chico Tibiriçá.

Os funcionários da Fertilit se rebelam contra a direção da empresa e organizam passeatas de protesto lideradas por Consuelo, uma operária, e Nilo Bastos, jovem idealista que mora no bairro, sem profissão definida e emprego fixo. Ele é casado com Vera, funcionária da Fertilit que precisa do emprego, por isso não se envolve nas passeatas. Porém, Nilo acaba apaixonado por Selma, professora de classe média que abraça a sua causa.

Globo – 22h
de 31 de julho de 1978
a 26 de janeiro de 1979
116 capítulos

novela de Dias Gomes
direção de Walter Avancini, Jardel Mello, Gonzaga Blota e Paulo Ubiratan
supervisão de Walter Avancini

Novela anterior no horário
O Pulo do Gato

Novela posterior
reprise de Gabriela

PAULO GRACINDO – Tião Borges
JARDEL FILHO – Rudi Caravaglia
VERA FISCHER – Sula (Sulamita Montenegro)
YONÁ MAGALHÃES – Talita Borges
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Chico Tibiriçá
RENATA SORRAH – Selma
EDUARDO CONDE – Nilo Bastos
BETE MENDES – Vera
ISABEL RIBEIRO – Consuelo
NELSON CARUSO – Norival
MILTON GONÇALVES – Rafa
RUTH DE SOUZA – Adelaide
ELZA GOMES – Henriqueta
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Lúcio Braga
DARY REIS – Azevedo
TAMARA TAXMAN – Geórgia
LUIZ ARMANDO QUEIRÓZ – Duda
SÔNIA REGINA – Martinha
PAULO GONÇALVES – Nicanor
ANA ARIEL – Constança
TONY FERREIRA – Padre Mauro
RUY REZENDE – Fumaça
VANDA LACERDA – Melinda
MARA RÚBIA – Cotinha
CARMEM SILVA – Coló
DORINHA DUVAL – Ofélia
ANTÔNIO GANZAROLLI – Teodoro
CLEMENTINO KELÉ – Sansão
JORGE BOTELHO – Bruno Martini
ROBERTO MURTINHO – Loiola
BETINA VIANY – Justina
LEILA CRAVO – Daisy
SAMIR DE MONTEMOR – Rocha
ANGELINA MUNIZ – Rita
DULCE CONFORTO – Lia
FERNANDO EIRAS – Mário
NEILA TAVARES – Roberta
ARTHUR COSTA FILHO – Souza
AUGUSTO OLÍMPIO – Rato
NENA AINHOREM – Júlia
NOIRA MELLO – Joana

as crianças
ROBERTO SILVEIRA FILHO – Tiãozinho (filho de Talita e Tião Borges)
FERNANDO MARCONDES – Carlinhos (filho de Nilo e Vera)
MÁRCIO SILVA – Miguel (filho de Selma, 1º intérprete)
PETER STUART – Miguel (filho de Selma, 2º intérprete)

e
AGNALDO TIMÓTEO como ele mesmo, em uma apresentação na Fertilit para os funcionários da empresa
ANUAR WEBER – delegado que investiga o linchamento de Luciano, falecido marido de Selma
ARLINDO THADEU BARRETO – Luiz (namorado de Martinha)
BRANDÃO FILHO – Polidoro Gonçalves (maestro aposentado, vizinho de Talita)
CARLA NEIL
CARMEM LÚCIA – secretária de Rudi na Folha do Rio
CECÍLIA SIMÕES – Clarisse (secretária de Lúcio na Folha do Rio)
CLÁUDIO FONTES – advogado
ED HEATH – engenheiro
FERNANDO JOSÉ – Júlio Moura (chefe de reportagem da Folha do Rio)
HELENA RÊGO
JOÃO BATISTA RIBEIRO FILHO – advogado
JURANDIR SILVA – segurança
LÉA ALVES – secretária de Talita na Folha do Rio
LUÍS ORIONI – delegado que investiga o atentado contra Tião Borges
MACEDO NETO – Ademar (patrão de Nilo na concessionária)
MANFREDO COLASSANTI – Giuseppe Mazzola (ex-dono da Fertilit que tenta matar Tião Borges)
MARCOS DE VASCONCELLOS como ele mesmo, arquiteto, dando um depoimento sobre a questão ecológica
MARIA LÍGIA – madre
MÁRIO PETRAGLIA – Luciano (falecido marido de Selma, motorista de ônibus morto no primeiro capítulo)
MURILO NERY – Dr. Moreira (advogado de Tião Borges)
NELSON BROOK – procurador
NELSON FREITAS – chefe de segurança da fábrica
OSCAR NIEMEYER como ele mesmo, arquiteto, dando um depoimento sobre a questão ecológica
RAFAEL VIZARRO
RENATO RESTIER
RUTH CHRISTIE como ela mesma, Coordenadora da Campanha Popular de Defesa da Natureza, dando um depoimento sobre a questão ecológica
SÓLON DE ALMEIDA
VANDA COSTA
WALTER AVANCINI – entre os homens que lincharam Luciano, no primeiro capítulo (figuração)

– núcleo de TIÃO BORGES (Paulo Gracindo), nordestino de 60 anos, natural de São Luiz do Quitunde, Alagoas. Chegou ao Rio de Janeiro muito jovem e sem dinheiro e, em poucos anos, tornou-se um empresário bem sucedido. Extrovertido e falastrão, porém orgulhoso, narcisista, ganancioso e prepotente. Sua principal empresa, a Fertilit, que fabrica fertilizantes e inseticidas, polui o bairro onde está instalada, provocando a revolta dos operários e moradores da região. Separado da primeira mulher, com quem vive em conflito, é noivo de uma jovem bela e virgem, de família tradicional e rica:
a governanta HENRIQUETA (Elza Gomes), mulher enigmática. Considera-se a dona da casa por direito e fidelidade ao patrão
o mordomo TEODORO (Antônio Ganzarolli)
a secretária particular GEÓRGIA (Tamara Taxman), fã do patrão
o segurança SANSÃO (Clementino Kelé).

– núcleo da Fertilit, empresa de Tião Borges:
o gerente AZEVEDO (Dary Reis)
o advogado DR. MOREIRA (Murilo Néri), defende os interesses da empresa
o diretor técnico ROCHA (Samir de Montemor)
a recepcionista RITA (Angelina Muniz).

– núcleo de TALITA (Yoná Magalhães), ex-mulher de Tião Borges. Inteligente, de personalidade forte, é jornalista, proprietária do jornal Folha do Rio. Nega-se a conceder o divórcio ao ex-marido e empreende uma verdadeira campanha contra a empresa dele:
o filho pequeno TIÃOZINHO (Roberto Silveira Filho), de seu casamento com Tião Borges
a amiga e secretária JUSTINA (Betina Viany)
a governanta JOANA (Noira Mello).

– núcleo da Folha do Rio, jornal de Talita:
os chefes de redação: LÚCIO BRAGA (José Augusto Branco), inteligente, simpático e muito íntegro,
e JÚLIO MOURA (Fernando José)
o repórter BRUNO MARTINI (Jorge Botelho), muito eficiente
o gerente administrativo LOIOLA (Roberto Murtinho)
a secretária de Lúcio, CLARICE (Cecília Simões)
a secretária de Talita (Léa Alves).

– núcleo de RUDI CARAVAGLIA (Jardel Filho), roteirista de cinema, quarentão boêmio e paquerador. Procura Tião Borges interessado em traçar seu perfil e escrever um roteiro para um filme sobre sua vida:
o amigo CHICO TIBIRIÇÁ (Carlos Eduardo Dolabella), recém-premiado diretor de cinema em início de carreira. Alia-se a Rudi no projeto do filme sobre Tião Borges
a namorada de Chico, DAISY (Leila Cravo), mulher inconsequente. Bonita, mas pouco inteligente
a vizinha OFÉLIA (Dorinha Duval), que nutre um amor platônico por Rudi.

– núcleo de SULAMITA MONTENEGRO, a SULA (Vera Fischer), jovem bela e virgem, de família tradicional carioca, criada dentro de uma rígida formação moral. Mantem um noivado com Tião Borges, vigiado de perto pela mãe e as tias carolas. Só aceita entregar-se após o casamento. O noivado é criticado por Talita, com quem Sula entra em conflito. Contudo, ela acaba envolvendo-se com Rudi, de quem engravida, escandalizando a família:
a mãe MELINDA (Vanda Lacerda), viúva de um pastor protestante e filha de um juiz de Direito. Muito austera, domina a filha
as tias COLÓ (Carmem Silva) e COTINHA (Mara Rúbia), irmãs de Melinda, solteironas e castas. Vestem-se sempre de branco e parecem figuras do século passado.

– núcleo de NILO BASTOS (Eduardo Conde), jovem rebelde e idealista, sem profissão definida e emprego fixo. Mora no bairro onde está situada a Fertilit, que causa poluição, e luta na campanha contra ela. No início, insuflou a discussão em um ônibus que resultou no linchamento do motorista:
a mulher VERA (Bete Mendes), trabalha como contadora na Fertilit e, ao contrário dele, aceita sua condição, pois precisa do trabalho para criar o filho pequeno, já que o marido não para em emprego
o filho pequeno CARLINHOS (Fernando Marcondes)
os sogros: NICANOR (Paulo Gonçalves), operário na Fertilit, faz tudo para manter seu emprego,
e CONSTANÇA (Ana Ariel), dona de casa abnegada
a cunhada MARTINHA (Sônia Regina), irmã caçula de Vera, trabalha na Fertilit e estuda à noite. Tem anseios de libertar-se e tornar-se independente.

– núcleo de SELMA (Renata Sorrah), professora, viúva, recém-chegada do Sul. Traumatizada com a morte do marido, que foi linchado injustamente, sente-se assustada com a violência da cidade grande. Envolve-se com Nilo e abraça a sua causa, sem desconfiar que ele fora o responsável indireto pela morte de seu marido:
o marido LUCIANO (Mário Petraglia, participação), motorista de ônibus, morre linchado no início
o filho pequeno MIGUEL (Márcio Paixão / Peter Stuart)
a vizinha ROSA (Nena Ainhoren).

– núcleo de CONSUELO (Isabel Ribeiro), operária na Fertilit. Combativa, lidera o movimento no bairro proletário contra a poluição causada pela empresa de Tião Borges. Encontra apoio no jornal de Talita, que faz ataques constantes contra a Fertilit:
o marido NORIVAL (Nelson Caruso), não concorda com a mulher em sua luta contra a poluição
os amigos RAFA (Milton Gonçalves) e ADELAIDE (Ruth de Souza), operários como ela, companheiros no movimento contra a poluição causada pela Fertilit.

– núcleo de DUDA (Luiz Armando Queiroz), rapaz mau-caráter, cínico e arruaceiro. Envolve-se em vários incidentes policiais:
os amigos LIA (Dulce Conforto), MÁRIO (Fernando Eiras) e ROBERTA (Neila Tavares).

– demais personagens:
PADRE MAURO (Tony Ferreira), auxilia os moradores de sua paróquia na causa contra a poluição provocada pela Fertilit
FUMAÇA (Ruy Rezende), vendedor ambulante, explora os males causados pela poluição vendendo óculos escuros para proteger os olhos e máscaras de oxigênio, entre outros apetrechos
SOUZA (Arthur Costa Filho), dono do boteco na vila operária
RATO (Augusto Olímpio), detetive particular insatisfeito com a profissão. Sua falta de vocação leva-o a uma série de insucessos.

Nem repercussão, nem audiência

Última novela do núcleo das 22 horas da Globo. Não conseguiu repercussão, nem audiência. Em parte pela deterioração do horário. Outra pela entrada no ar – entre setembro e novembro de 1978 – do horário gratuito concedido ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), o que obrigou a emissora a apresentar a novela às 23 horas.

O autor Dias Gomes contou com a ajuda informal do amigo e poeta Ferreira Gullar, que nos anos 1990 seria seu colaborador em outros trabalhos na televisão. (“A Globo, Hegemonia: 1965-1984”, Ernesto Rodrigues)

Dias deixou a novela antes do fim para dedicar-se ao projeto de séries brasileiras (lançado em 1979). Walter George Durst foi então convocado para substituí-lo, a partir do capítulo 89, tendo escrito os 28 capítulos finais. (jornal O Fluminense, 28/09/1978 **)

Apesar de não ter sido um sucesso de público, Sinal de Alerta foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor novela de 1978. Eduardo Conde ganhou o prêmio de ator revelação (juntamente com Lauro Corona, pela novela Dancin´ Days).

O Grande Homem foi o título provisório da novela. (O Globo, 09/05/1978 **)

Fim do horário das dez

Após Sinal de Alerta (no final de janeiro de 1979), a Globo exibiu no horário uma reprise da novela Gabriela (de 1975) e, na sequência, lançou os seriados nacionais, que passaram a ocupar a faixa das dez da noite: Malu Mulher, Plantão de Polícia e Carga Pesada, além, de programas da linha de shows.

Em 1983, com a estreia de Eu Prometo, de Janete Clair, às 22 horas, ventilou-se que a TV Globo estivesse reativando a faixa das dez da noite para novelas. Na verdade, a emissora estava realizando o desejo da autora de escrever sua última novela. Janete faleceu em novembro de 1983, Eu Prometo foi concluída por Glória Perez e foi a única novela das dez da noite na ocasião.

Em 1990, para reconquistar a audiência, a Globo lançou Araponga (escrita por Dias Gomes, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar) em um horário alternativo, às 21:30, concorrendo com o fenômeno Pantanal, da TV Manchete.

A partir de 2011 (com o remake de O Astro), a Globo reativou seu quarto horário de novelas – 23 horas -, que estendeu-se pela década de 2010.

Poluição e violência urbana

Não era a primeira vez que Dias Gomes abordava em uma novela os temas Ecologia, poluição do meio-ambiente e violência urbana. O autor já tratara desses assuntos em O Espigão, em 1974.

Para escrever Sinal de Alerta, o autor recebeu o apoio da Fundação Estadual da Engenharia do Meio Ambiente, que forneceu subsídios para que os dados sobre poluição citados na novela fossem reais. (jornal O Fluminense, 28/09/1978 **)

Ao jornal O Globo de 30/07/1978 (véspera da estreia da novela), Dias Gomes explicou: “A poluição é tratada como uma forma de violência numa cidade violenta, em que existem outras violências, que também são tratadas, como o tráfico de drogas, os assaltos, a falta de perspectiva da classe média, de humanidade, solidariedade e respeito à natureza. São formas de violência que partem sobretudo de um sistema violento.” (**)

Ao atacar a poluição e a vida dura dos proletariados, Dias Gomes ganhou a antipatia dos poderosos, que se identificaram com o empresário Tião Borges (Paulo Gracindo), dono da fábrica poluidora e vilão da história.

Em seu livro “Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes foi enfático na crítica à novela:
“Houve outros problemas. O maior deles: Paulo Gracindo como capitão de indústria, mas ao estilo dos seus coronéis já conhecidos. Ou serão as sufocantes cenas da vila esfumaçada (que Dias queria editadas em preto e branco)? Além do mais, personagens como Consuelo (Isabel Ribeiro), que liderava movimentos contra a poluição, ou Vera (Bete Mendes), operária da fábrica, ficariam melhor em uma Fertilit do ABC (parque industrial paulista) que em praças cariocas.”

O diretor Daniel Filho não guardou boas recordações da novela: “Eu me lembro que Sinal de Alerta não foi bem. (…) Ao procurar ser bastante crítica, a novela ficou sufocante para o espectador. Era uma novela em que todo mundo, praticamente, tossia, todo mundo estava coberto de poluição.” (“A Globo, Hegemonia: 1965-1984”, Ernesto Rodrigues)

A trama da novela foi ambientada em um bairro do Rio de Janeiro, mas a inspiração para Dias Gomes veio do bairro Veleiros, na Zona Sul de São Paulo, onde, segundo pesquisa do autor, havia uma vila operária na época que sofria com poluição causada por fábricas.
De acordo com entrevista de Dias Gomes ao jornal O Globo de 31/07/1978, o subúrbio onde a Fertilit estava instalada não era mencionado na novela “para não desvalorizá-lo, pois este é o problema que enfrentam os moradores do bairro paulista que pesquisei”.

O capítulo exibido em 07/11/1978 contou com as participações especiais dos arquitetos Oscar Niemeyer e Marcos de Vasconcellos e de Ruth Christie, então coordenadora da Campanha Popular de Defesa da Natureza, que deram depoimentos para a novela sobre a questão ecológica e a importância da preservação do ecossistema. (O Globo, 05/11/1978 **)

Elenco

Em 1976, Dias Gomes brigou para ter Paulo Gracindo em sua novela Saramandaia, mas o ator acabou escalado para a próxima novela das oito, O Casarão, de Lauro César Muniz.
Em 1978, nova disputa: Gracindo foi sondado para viver Alberico em Dancin’ Days, de Gilberto Braga. Dessa vez, Dias ganhou a parada e o ator protagonizou Sinal de Alerta, como Tião Borges.

Vera Fischer atuou grávida, de sua filha Rafaela com o ator Perry Salles. Consequentemente, sua personagem, Sula, também engravidou.

Sandra Bréa e Renée de Vielmond foram nomes cogitados para viver Selma, personagem que ficou com Renata Sorrah. (Jornal dos Sports, 09/06/1978 **)
José Wilker, Cláudio Cavalcanti ou Carlos Augusto Strazzer seriam o galã rebelde Nilo Bastos, mas o personagem acabou nas mãos do estreante em novelas Eduardo Conde.
Outras escalações que não se concretizaram foram: Rofran Fernandes como Dr. Moreira (o papel ficou com Murilo Nery), Francisco Di Franco como Luciano (Mário Petraglia), Pepa Ruiz como Coló (Carmem Silva) e o menino Carlos Poyart como Tiãozinho (Roberto Silveira Filho). (O Globo, 27/05, 03/06, 06/06 e 26/06/1978 **)

O menino Márcio Paixão, que vivia Miguel, filho de Selma (Renata Sorrah), contraiu catapora durante a novela e foi afastado da produção, sendo substituído pelo garoto Peter Stuart, que, por sua vez, já havia tido catapora. (O Globo, 13/10/1978 **)

Ao final da novela, Luiz Armando Queiroz não escondeu o descontentamento com seu personagem, o mau-caráter Duda. À revista Amiga (de 07/02/1979), o ator declarou: “Foi a maior frustração de minha vida. Foi o meu pior trabalho, o que eu menos gostei de fazer. (…) De hoje em diante, não faço mais mau-caráter. Quanto à novela, foi muito boa em termos gerais.” (**)

Primeira novela das atrizes Angelina Muniz e Dulce Conforto e dos atores Eduardo Conde e Fernando Eiras (este, anteriormente, fez pequenas participações em novelas). Primeira novela na Globo da atriz Betina Viany.

Primeira novela em que Paulo Ubiratan foi creditado como diretor, tendo trabalhado com Walter Avancini, Jardel Mello e Gonzaga Blota.

Em outubro de 1978, o diretor Gonzaga Blota deixou a novela das oito, Dancin’ Days, para dirigir Sinal de Alerta, substituindo Jardel Mello, que havia pedido demissão. (O Globo, 01/10/1978 **)

O diretor geral Walter Avancini fez figuração no primeiro capítulo de Sinal de Alerta, como um dos homens que lincham o motorista de ônibus Luciano (Mário Petraglia). (O Globo, 03/08/1978 **)

Grito com atriz

De acordo com seu relato, Vera Fischer, então com 25 anos, em seu segundo trabalho na televisão, grávida, passou maus bocados com os métodos do diretor Walter Avancini.

Em uma cena que demandavam lágrimas da atriz, quando a voz e o tom ameaçadores de Avancini reverberaram no sistema de som do estúdio com “CHORA!”, a resposta de Vera pegou muitos de surpresa no estúdio:

– Não sei chorar. Eu nunca chorei na minha casa. Não precisava, porque a gente aprende. Na família alemã, você aprende a não demonstrar as suas dores, suas coisas, em praça pública. Você vai para o seu quarto. (…) E aí, como fazer? Então, vem cá, seu diretor, me ensina. Como é que faz pra chorar? Explica pra mim.”

Na lembrança de Vera, Avancini não deixou o switcher para ir ao encontro dela: “Ele gritou, gritou, gritou. E era uma moda, mesmo, diretor gritar naquela época.”

No final da discussão no estúdio, a resposta de Vera Fischer ao diretor acabaria valendo para ela, Walter Avancini, Dias Gomes, Paulo Gracindo e todos os que, de alguma maneira, participaram de Sinal de Alerta, incluindo os telespectadores: “Esquece.” (“A Globo, Hegemonia: 1965-1984”, Ernesto Rodrigues)

Semelhanças com O Espigão

Sinal de Alerta remete a O Espigão não apenas pela abordagem à preservação do meio ambiente, mas também pelos perfis de alguns personagens.

No início, o personagem Tião Borges causou estranheza devido à semelhança com outro personagem criado por Dias Gomes e vivido por Paulo Gracindo: Odorico Paraguaçu de O Bem-Amado (1973). Apesar de Tião ser um tipo urbano, ele e Odorico tinham sotaque nordestino e perfil de velho coronel autoritário e ganancioso, cada qual interessado em um mulher jovem e bela.

Porém, Tião revelou-se mais parecido com Lauro Fontana, o protagonista de O Espigão, vivido por Milton Moraes. Ambos eram homens que vieram de baixo e ficaram ricos por meio de seus trabalhos. Ambiciosos, de caracteres dúbios, usavam de meios ilícitos para atingir seus objetivos e travavam uma batalha contra um grupo que preservava a natureza e ia contra os seus interesses.

Tião e Lauro ainda enfrentavam mulheres vingativas com quem se relacionaram no passado: Elka (Rosamaria Murtinho), em O Espigão, e Talita (Yoná Magalhães), em Sinal de Alerta.

Consuelo (Isabel Ribeiro) e Nilo (Eduardo Conde), de Sinal de Alerta, eram uma síntese do idealista Léo (Cláudio Marzo), de O Espigão, com perfis e trajetórias em comum.

Selma (Renata Sorrah) de Sinal de Alerta lembrava muito Dora (Débora Duarte) de O Espigão: mulheres que ficaram sozinhas após a morte de seus maridos, com filho pequeno para criar, envolvendo-se com homens sonhadores e defensores da natureza (Nilo e Léo).

A família Camará de O Espigão, tradicional, conservadora e reprimida sexualmente, também teve o seu correspondente em Sinal de Alerta: a família de Sula (Vera Fischer) – inclusive com uma mesma atriz, Vanda Lacerda, nas duas novelas.

Animais em cena

Os animais de estimação dos personagens determinavam a ordem de gravação de algumas cenas. Os cachorros de Talita (Yoná Magalhães) e Consuelo (Isabel Ribeiro) não podiam entrar no estúdio depois que os gatos de Coló (Carmem Silva) e Cotinha (Mara Rúbia) passavam por lá: com o cheiro dos felinos no estúdio, a equipe de produção não conseguia segurar os cães. (*)

Locações e cenografia

As gravações externas foram realizadas na cidade de Petrópolis, região serrana do estado do Rio de Janeiro, e em vários bairros da capital fluminense: na Lagoa ficava a fachada da casa de Talita (Yoná Magalhães); no Jardim Botânico, a casa da família de Sula (Vera Fischer); em Ipanema, o prédio onde morava Rudi (Jardel Filho); no Catumbi, o jornal Folha do Rio, no prédio onde funcionava a Rio Gráfica Editora; e no Andaraí ficavam a Fertilit e a vila operária, na antiga fábrica de tecidos Confiança. (O Globo, 01/08/1978, **)

A parte externa da mansão de Tião Borges (Paulo Gracindo) era um casarão no estilo colonial brasileiro localizado em Petrópolis, à Rua Professor Stroeller 1276, no bairro Quarteirão Brasileiro. Com extensos gramados, a construção contava com três entradas independentes e 280 metros de jardim em sua frente. (*)
A mesma fachada serviu ainda para a mansão da família Prado na novela Ciranda de Pedra (1981) e para a mansão da família Alvaray no início de Brega e Chique (1987).

O fictício jornal Folha do Rio era produzido especialmente para a novela, assim como os telejornais que anunciavam os acontecimentos relativos à trama. A produção desses telejornais era cuidadosa. Gravados no estúdio de jornalismo da TV Globo, eram editados, revertidos para videocassete e exibidos nos televisores de cena, durante as gravações dos capítulos. (*)

A mobília da casa do protagonista Tião Borges (Paulo Gracindo), um homem muito rico, mas pouco sofisticado, foi adquirida pela Globo em um leilão do espólio do ex-presidente da República João Goulart. (O Globo, 17/8/1978 **)

Figurinos e caracterizações

Os núcleos pobre e rico tiveram diferenças bem demarcadas. Os ricos vestiam roupas claras ou coloridas, enquanto os pobres só vestiam tons escuros. Os cabelos das personagens ricas eram bem penteados e cuidados, e os das pobres tinham aparência maltratada. A intenção era sublinhar os danos da poluição no dia a dia dos operários da fábrica poluente. (O Globo, 07/08/1978 **)

Os personagens de Jardel Filho e Carlos Eduardo Dolabella tinham aparência descontraída, de moradores de Ipanema. As personagens de Carmem Silva, Mara Rúbia e Vanda Lacerda viviam presas ao passado, por isso seus figurinos pareciam de época.
Tião Borges, rico industrial vivido por Paulo Gracindo, usava terno risca de giz, enquanto sua ex-mulher Talita (Yoná Magalhães), dona de um jornal, era vestida como uma executiva, em uma caracterização inspirada na personagem de Faye Dunaway no filme Rede de Intrigas (1976).

Vera Fischer usava os cabelos quase sempre presos. A ideia era conferir à personagem um ar romântico, de figura de camafeu. Já o contestador e rebelde personagem de Eduardo Conde ostentava uma vasta cabeleira. (O Globo, 20/06/1978 **)

Trilha sonora e abertura

A música inicialmente escolhida para a abertura de Sinal de Alerta era “Salve o Verde”, samba-rock de Jorge Benjor gravado pelo Quarteto Em Cy. (O Globo, 07/07/1978 **)

No entanto, optou-se por uma inovação: não havia uma música-tema na abertura, mas uma sonoplastia especial para ilustrá-la, com sons e ruídos. A intenção era mostrar o caos urbano a que se propunha a trama.

Na realidade, usou-se música concreta, uma técnica experimental de composição, criada pelo francês Pierre Schaeffer, a partir da edição de áudio unida a fragmentos de sons naturais e/ou industriais, evitando instrumentos tradicionais e substituindo-os por sons produzidos por objetos variados, de baldes a serras elétricas, ou advindos da natureza, como água corrente no rio, vento nas folhas e trovões. A música concreta pode ser percebida, por exemplo, em “Revolution 9”, dos Beatles.

Em entrevista ao site Pop Fantasma (publicada em 24/08/2020), Rudi Böhm, um dos criadores, explicou como foram gravados os sons para a abertura (o resultado final não consta no LP da novela):
“Gravamos os trechos de ruídos no estúdio da Rita Lee, no Leblon. Guto Graça Mello foi responsável pelo gerenciamento técnico. Depois trouxe o material para São Paulo via fita magnética de 17 1/2 e montei na moviola as bandas sonoras. Depois misturamos e mixamos no Estúdio Álamo na Vila Madalena. Uma cópia em som óptico foi desenvolvida e uma redução para 16mm foi feita com o internegativo de 35mm. Naquela época, a Globo ainda não possuía um telecine de 35mm que transferia o filme para o vídeo.”

Já as imagens da abertura remetem ao estilo gráfico das animações de Terry Gilliam para a série Monty Phyton’s Flying Circus (1969-1974). De acordo com Rudi Böhm, o material básico era fotografia de stop-motion e filmagens de time-lapse em fotografia.

Exibição

No mesmo dia da estreia de Sinal de Alerta na Globo (31/07/1978, segunda-feira), a TV Tupi lançou uma nova novela: o remake de O Direito de Nascer, no horário das 19h30.

Os três primeiros capítulos de Sinal de Alerta foram reprisados no dia 06/08/1978, primeiro domingo após a estreia, às 22 horas, depois do Fantástico. (O Globo, 06/08/0178, **)

Com o fim da exibição obrigatória do horário político (que empurrava a novela para as 23 horas), foi exibido um compacto, em dez capítulos, do que tinha acontecido na novela do começo até então (nos 72 capítulos anteriores). Ou seja, assim que a novela voltou para as 22 horas, durante duas semanas, entre 13 e 24/11/1978, não houve exibição de capítulos inéditos. (O Globo, 12/11/1978 **)

No mesmo dia em que foi exibido o último capítulo de Sinal de Alerta (26/01/1979, sexta-feira), chegava ao fim também, na Globo, a atração das oito da noite, Dancin´ Days, de Gilberto Braga.

Sinal de Alerta foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 14/07/2025, dentro do Projeto Fragmentos, com os seis capítulos que restaram nos arquivos da Globo.

* Site Memória Globo.
** Pesquisa: Sebastião Uellington Pereira.

Trilha sonora nacional

01. MEDO DE AMAR Nº 2 – Simone (tema de Rudi e Talita)
02. PANORAMA ECOLÓGICO – Erasmo Carlos
03. RITA BAIANA – Zezé Motta
04. ANOITECEU – Francis Hime
05. LERO-LERO – Edu Lobo (tema de Chico)
06. SALVE O VERDE – Quarteto Em Cy
07. TIRO CRUZADO (CROSSFIRE) – Sérgio Mendes (tema dos embates entre Tião Borges e os operários)
08. O SILÊNCIO É DE OURO – Sá & Guarabira (tema de Nilo)
09. DOS CRUZES – Ney Matogrosso (tema de Selma)
10. OS OUTROS QUE SE DANEM FOOTBALL CLUB – Nelson Gonçalves (tema de Tião Borges)
11. NÓS OS GRANDES ARTISTAS – Marília Medaglia
12. CAIS – Nana Caymmi

Sonoplastia: Paulo Ribeiro e Adilson dos Santos
Direção musical: Otávio Augusto e Júlio Medaglia
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider
Arranjos: Waltel Branco, Gui de Moraes e Radamés Gnatalli

Trilha sonora internacional

01. A DISTANT TIME – Freya Crane (tema de Sula)
02. BOOGIE OOGIE OOGIE – Black Symphony
03. LOVE ME AGAIN – Rita Coolidge
04. LOVE’S IN YOU, LOVE’S IN ME – Giorgio Moroder & Chris Bennett
05. LAY DOWN SALLY – Eric Clapton
06. TIMES ARE CHANGING – Danyel Gerard
07. TI SENTO – Nicola Di Bari
08. FOOL (IF YOU THINK IT’S OVER) – Chris Rea
09. STILL THE SAME – Bob Seger & The Silver Bullet Band
10. SHADOW DANCING – Andy Gibb
11. GOODBYE GIRL – David Gates
12. MIDNIGHT SUN – Shaun Cassidy
13. THE LONELIEST MAN ON THE MOON – David Castle
14. LEI ERA – Willy Morales

Veja também

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Carga Pesada (1979)