Sinopse

A marroquina Luana Camará volta ao Brasil para tentar recuperar sua fortuna roubada pela família Rivoredo. No passado, Antônio Rivoredo passou para o seu nome os bens dos pais de Luana, quando eles foram obrigados a se exilar por problemas políticos. O patrimônio da família Camará, no entanto, nunca foi devolvido. Tião Bento, braço direito de Antônio, fora o mentor das trapaças contra os Camará. Após a morte do velho, Tião ambiciona a direção das empresas e o dinheiro da família, tornando-se o principal antagonista de Luana. De caráter dúbio e sedutor, ele tem uma curiosa mania: guarda um pé de sapato de cada mulher que seduz.

Porém, Tião Bento enfrenta a oposição de Sandra Rivoredo, a filha mais velha de Antônio, preparada para substituir o pai nos negócios. Ela é a presidente das indústrias da família e faz tudo para afastar Tião da direção da empresa. Bom-caráter e responsável, Sandra chega a abdicar de sua vida pessoal em prol dos negócios. Outro Rivoredo cruza o caminho de Luana: Rudi, irmão de Sandra, por quem ela se apaixona. Porém, o caminho não está livre, pois ele é casado com a possessiva Helenice. Rudi também fica balançado por Luana, o que acaba piorando sua relação com a mulher. Desmotivada em meio a tantos obstáculos, Luana decide voltar para o Marrocos.

Luana, que já manifestava sinais de paranormalidade, como visões de situações futuras, acaba sofrendo uma transformação radical: mediunicamente ela assume a personalidade da falecida atriz italiana Priscila Capricce e reaparece no Brasil, causando espanto em todos. Extrovertida, sensual e esfuziante, Priscila não lembra Luana em nada, a não ser fisicamente. Seu espírito possui o corpo de Luana com a intenção de encontrar sua filha desaparecida e cobrar uma promessa feita em uma encarnação passada das duas. Priscila consegue seduzir Tião Bento e os dois acabam se casando. Em determinados momentos, porém, o espírito de Priscila deixa o corpo de Luana.

Tião Bento não compreende as repentinas mudanças de comportamento de sua mulher, que ele acredita ser Priscila. Ao descobrir que Priscila Capricce falecera e que sua mulher, na realidade, é Luana Camará, Tião mostra-se disposto a ajudá-la, revelando que sempre amou Luana, tornando-se seu maior aliado e protetor. Para reaver seus bens, Luana conta com a ajuda de Danilo Mendes, que consegue acesso a documentos que provam que a família Camará é proprietária legítima do patrimônio dos Rivoredo e entra com uma ação reivindicando os bens de Luana. No dia do julgamento, Luana volta a ser Priscila e o depoimento de Tião Bento dá ganho de causa a Luana.

Globo – 20h
de 29 de março a 8 de outubro de 1982
166 capítulos

novela de Janete Clair
direção de Roberto Talma, Jorge Fernando e Guel Arraes
direção geral de Roberto Talma

Novela anterior no horário
Brilhante

Novela posterior
Sol de Verão

REGINA DUARTE – Luana Camará / Priscila Capricce
FRANCISCO CUOCO – Tião Bento (Sebastião Bento Vilaça)
CARLOS ALBERTO RICCELLI – Rudi Rivoredo
NATÁLIA DO VALLE – Sandra Rivoredo
CLÁUDIO CAVALCANTI – Danilo Mendes
EVA TODOR – Santinha Rivoredo
ARMANDO BÓGUS – Vavá (Valério Ribeiro)
FERNANDO TORRES – Harold Bargman
OTÁVIO AUGUSTO – Jorge Palmeira
TAMARA TAXMAN – Gisa Rezende
ADRIANO REYS – Jean-Piérre Renard
MYRIAN PÉRSIA – Mapy Hilder
BETH GOULART – Helenice Ramalho de Melo
EDNEY GIOVENAZZI – Horácio Sampaio
SÔNIA CLARA – Diana Borges
SEBASTIÃO VASCONCELOS – Elísio Mendes
NICETTE BRUNO – Sara Mendes
NEUZA CARIBÉ – Uiara Mendes
FERNANDO EIRAS – Henrique Palmeira
PAULO GUARNIERI – Tony Rivoredo
PATRÍCIA PHEBO – Cris (Cristina Hilder)
MIRIAN PIRES – Carolina
LIZA VIEIRA – Érika Rezende
EDWIN LUISI – Rubens
TÂNIA BÔSCOLI – Alba Maria Rezende
ÊNIO SANTOS – Tomaz Rezende
HELOÍSA HELENA – Augusta
JACQUELINE LAURENCE – Célia
REYNALDO GONZAGA – Gilson Pratini
JACYRA SILVA – Pérola Sales
JONAS BLOCH – Jaime Borges
RUTH DE SOUZA – Jerusa
LAJAR MUZURIS – Domingos
CÁSSIA FOUREAUX – Ângela
IRMA ALVAREZ – Vanda
LÍCIA MAGNA – Olga

e
ALESSANDRA DE MELO – Luana (criança)
ÂNGELA LEAL
CARLOS KROEBER – Antônio Rivoredo (falecido marido de Santinha)
CLEMENTINO KELÉ
DAVID PINHEIRO – Padre Gustavo (pároco de Pedra Linda)
FABIANA ROCHA – filha de Danilo
ISABELA BICALHO – Cila (filha de Priscila)
ÍSIS DE OLIVEIRA – ex-namorada de Tião Bento
JOSÉ MARIA MONTEIRO – Aldo Taglianetti (acusa Priscila do roubo de suas joias)
MARALISE – Arminda (empregada de Helenice)
MARIA DELLA COSTA – Juliana (ligada ao passado de Tião Bento, internada num manicômio, recebe sempre a visita dele, que faz de tudo para reanimá-la)
MARIA SANTOS QUIRINO – Bia (tia de Lenita)
MONIQUE ALVES – Rosinha (enfermeira de Tião Bento assediada por ele)
NILSON ACIOLY – Kico
ROBERTO FARIAS como ele mesmo, na casa de Santinha
ROSAMARIA MURTINHO
SILVIA BANDEIRA – paquera de Tião Bento
TEREZINHA SODRÉ – Rita (ex-mulher de Danilo)
YOLANDA CARDOSO – Carla Taglianetti (mulher de Aldo Taglianetti)
Agenor Camará (pai de Luana)
Armando (advogado de Tião Bento)
Bárbara (mulher ligada ao passado de Tião Bento)
Borges (agiota que cobra dívida de Tião Bento)
delegado Braga
Brito (funcionário de Tião Bento)
Camaiura (índio pai de Uiara)
Da Matta (produtor de cinema que encomenda um roteiro de filme para Danilo)
Flaviano (amigo de Célia)
Gusmão (diretor nas Indústrias Catarina envolvido no sequestro de Cila)
Hilda (diretora da escola onde Luana trabalhou)
Isabel (filha de Mapy)
Laura (moradora de Pedra Linda que briga com Gisa)
Lenita (menina cega salva por Luana)
Liberace (empresário de Priscila)
Marly (paquera de Tião Bento)
dr. Paulo (diretor nas Indústrias Catarina envolvido no sequestro de Cila)
Paula (filha de Mapy)
Penha
Regina (filha de Mapy)
Rudinho (filho de Rudi e Helenice)
Sebastião (filho de Luana e Tião Bento)

– núcleo de LUANA CAMARÁ (Regina Duarte), de raízes brasileiras, mora em Casablanca, no Marrocos. Vem ao Brasil reaver seus bens apossados ilegalmente pela família Rivoredo. Possui poderes paranormais, tem visões do futuro e, no decorrer da trama, se envolve com outros fenômenos parapsicológicos. Em determinado momento, incorpora o espírito da atriz italiana PRISCILA CAPRICCE, que havia sido assassinada, e com quem assume o compromisso de reencontrar sua filha desaparecida. De espírito alegre e efusivo, Priscila é o oposto de Luana, uma mulher mais reservada e introspectiva:
o advogado GILSON PRATINI (Reynaldo Gonzaga),procurador de Priscila. Aproxima-se de Luana por causa de seus poderes paranormais
a parapsicóloga CÉLIA (Jacqueline Laurence), a auxilia nas possessões de Priscila
a mãe de Priscila, AUGUSTA (Heloísa Helena)
a filha desaparecida de Priscila, a menina CILA (Gabriela Bicalho)
a amiga do conservatório onde Priscila atua, PÉROLA (Jacyra Silva), que se casa com Pratini.

– núcleo de TIÃO BENTO (Francisco Cuoco), homem de caráter duvidoso que luta pelo poder nas indústrias da família Rivoredo. Defensor dos interesses das empresas, é o principal antagonista de Luana, por quem guarda uma paixão secreta. Quando Luana surge como Priscila, os dois se envolvem amorosamente e chegam a se casar:
a amiga CAROLINA (Mirian Pires), mulher de personalidade forte e, por vezes, extravagante
a secretária VANDA (Irma Alvarez), adora o chefe e procura resolver todos os seus problemas
a empregada OLGA (Lícia Magna).

– núcleo de SANTINHA RIVOREDO (Eva Todor), dona das indústrias da família. Fútil e sofisticada, já fez muitas plásticas e tem horror de envelhecer. Sente verdadeira adoração pelos filhos e luta contra todos para defender seus interesses:
o primeiro marido ANTÔNIO (Carlos Kroeber), falecido. No passado, se apossou ilegalmente dos bens da família Camará
os filhos: SANDRA (Natália do Valle), presidente das indústrias, faz tudo para que Tião Bento não ocupe o seu lugar. Executiva dinâmica e responsável, cuida dos problemas da família, chegando a abdicar de sua vida pessoal em função dos negócios,
RUDI (Carlos Alberto Riccelli), esportista famoso, dedica-se a pesquisas submarinas. Em crise no casamento, conhece Luana com quem terá um forte envolvimento,
e TONY (Paulo Guarnieri), inveja o irmão mais velho, curte divertir-se com os amigos, é meio inconsequente e mulherengo
o segundo marido, VALÉRIO RIBEIRO, o VAVÁ (Armando Bógus), ator medíocre, nunca passou de coadjuvante. Após o casamento, sua carreira ganha um impulso a mais, graças aos financiamentos de filmes feitos pela mulher. Guarda um segredo do passado que o atormenta
o executivo nas empresas JORGE PALMEIRA (Otávio Augusto), almeja alcançar a vice-presidência. Casa-se com Sandra por interesse. Sua ambição o colocará em conflito permanente com Tião Bento
a governanta JERUSA (Ruth de Souza), elegante, educada, é uma pessoa de confiança da família
o copeiro DOMINGOS (Lajar Muzuris), fofoqueiro
a empregada ÂNGELA (Cássia Foureaux), envolve-se com Tony.

– núcleo de DANILO (Cláudio Cavalcanti), melhor amigo de Luana. Jornalista, escritor e cineasta, fez um filme que foi premiado e busca patrocínio para o segundo. Envolve-se Sandra, apesar do gênio difícil dos dois:
os pais: ELÍSIO MENDES (Sebastião Vasconcelos), um dos operários mais antigos das indústrias dos Rivoredo. Homem íntegro, foi líder sindical. Vive para a família,
e SARA (Nicette Bruno), foi operária e sofreu as consequências de sua luta contra o poder. Teme até hoje o desemprego e se preocupa em garantir o futuro dos filhos
a irmã de criação UIARA (Neuza Caribé), de origem indígena, é envolvida por Tony
a primeira mulher RITA (Terezinha Sodré).

– núcleo de HAROLD BARGMAN (Fernando Torres), irmão mais velho de Santinha, é o grande incentivador das loucuras de Rudi e Tony. Milionário, é arqueólogo e tem uma companhia de pesquisas submarinas, que resgata navios afundados. Não tem filhos e adora os sobrinhos, exercendo sobre eles enorme influência:
o sobrinho HENRIQUE (Fernando Eiras), filho de uma irmã falecida. Bonito, tímido e introvertido, toca violoncelo e evita namorar jovens garotas, participar de farras e brincadeiras típicas de sua idade. Tem fascinação por mulheres mais velhas, o que preocupa Harold. Apaixona-se por Carolina. Acaba se casando com Uiara
o amigo JAIME BORGES (Jonas Bloch), supervisor de mergulhos de Rudi
a mulher de Jaime, DIANA (Sônia Clara), professora de piano no conservatório. Separa-se do marido para casar-se com Harold, interessada em sua fortuna. Envolve Henrique em uma intriga para tirá-lo do testamento.

– núcleo de JEAN-PIÉRRE RENARD (Adriano Reys), médico de Santinha, é o único que consegue controlar suas crises de temperamento. Mulherengo, acaba assassinado:
a namorada MAPY HILDER (Myrian Pérsia), amiga de Sandra. Foi colunável por muito tempo, mas acabou perdendo sua posição na sociedade, o poder aquisitivo e até o carinho das filhas, que moram com seu ex-marido. Entregou-se ao vício da bebida. Ao final, revela-se que ela matou Renard por ciúmes
a filha de Mapy, CRISTINA (Patrícia Phebo), a única que tem algum contato com a mãe, embora não perdoe o fato de ela ter abandonado o pai. Estuda piano e tem muito talento, mas aprontará muitas confusões por ser rebelde e ardilosa. É apaixonada por Tony.

– núcleo de GISA (Tamara Taxman), bonita e atraente, é motorista de caminhão. Romântica, está em busca do homem ideal, mas acaba se envolvendo em situações complicadas por ser extremamente franca. Envolvida por Renard, se apaixona por ele:
o pai TOMAZ (Ênio Santos), jardineiro de Santinha Rivoredo, tem adoração pelas plantas e por suas três filhas
as irmãs: ALBA (Tânia Bôscoli), professora, faz amizade com Luana. Vive brigando com Gisa
e ÉRIKA (Liza Vieira), teve poliomielite na infância e ficou com um defeito na perna, o que a obriga a usar um sapato ortopédico. Inteligente, estudou muito e torna-se o braço-direito de Sandra
o cego RUBENS (Edwin Luisi), por quem Érika se apaixona.

– núcleo de HELENICE (Beth Goulart), mulher de Rudi que acaba se separando dele após se cansar de lutar pelo casamento fracassado. É dona de uma loja de objetos de decoração:
o advogado HORÁCIO SAMPAIO (Edney Giovenazzi), trabalha para Tião Bento e para ela, com quem acaba se envolvendo
a empregada ARMINDA (Maralise)
o filho com Rudi, RUDINHO.

O duplo

Janete Clair voltava a um tema recorrente em sua obra: o duplo. Desde sua primeira telenovela diária (O Acusador, TV Tupi, 1964), a autora brincou com gêmeos, sósias, trocas de personalidades, influenciada por “Os Irmãos Karamazov” de Dostoievsky.

Foram assim Lara e Diana – e ainda Márcia – (Glória Menezes) em Irmãos Coragem (1970-1971), Simone Marques e Rosana Reis (Regina Duarte) em Selva de Pedra (1972), e Hugo Leonardo e Raul de Paula (Tarcísio Meira) em O Semideus (1973-1974). Em Sétimo Sentido, Regina Duarte era a paranormal Luana Camará, que encarnava o espírito da atriz italiana Priscila Capricce.

Infelizmente, desta vez, Janete não foi a fundo nas tramas paralelas, centrando todos os seus trunfos nas presenças de Luana, Priscila, Tião Bento (Francisco Cuoco) e Rudi (Carlos Alberto Riccelli). (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

A primeira metade da novela transcorreu morna. A trama só começou a despertar a atenção da audiência a partir da segunda parte, quando entrou em cena Priscila Capricce.

Substituída na surdina

Faltando uns 40 capítulos para o término da novela, Janete descobriu uma doença e teve de ser operada. Para não criar alarde acerca do afastamento da autora, a Globo providenciou um autor substituto na surdina. E, assim, ninguém ficou sabendo na época que foi Silvio de Abreu quem terminou de escrever Sétimo Sentido. Janete orientava e depois revisava o que Silvio escrevia.

Silvio redigia um capítulo, terminava, levava para Janete em sua casa, ela corrigia o que achasse necessário e enviava o texto para a emissora. Conforme os dois definiam como seria o próximo, ele se atirava à sua criação. E assim foi até o penúltimo capítulo.

É de praxe entre os autores de novela escrever sozinho o capítulo final, fechar a seu gosto aquela obra que teve início em sua cabeça. Porém, em um ato de generosidade e gratidão, Janete disse a Silvio que eles dividiriam a escrita do fim da novela. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)

Censura e críticas

Desde seu primeiro capítulo, a novela sofreu diversos cortes impostos pela Censura Federal. Na época, a autora reclamou pela imprensa que a arbitrariedade dos cortes deixava a trama “sem pé nem cabeça”.

Janete teve de driblar imposições absurdas, como a proibição de beijos entre Luana e Rudi, somente porque ele era casado na trama. Já o público acusou injustamente – por meio de pesquisas realizadas pela emissora – a falta de sensualidade no romance entre Rudi e Luana, na fase inicial da história, ainda sem saber que todas as cenas em que o casal se beijava tinham sido tesouradas em Brasília.

Estudiosos do Espiritismo criticaram a trama, alegando que é impossível a possessão de um espírito sobre uma pessoa da forma como foi mostrada na novela. Janete Clair, além da assessoria da parapsicóloga Thelma Tablada, afirmou ter estudado durante um ano temas relativos a Paranormalidade, Parapsicologia e Espiritismo.

Elenco

Regina Duarte declarou em depoimento ao livro “Nossa Senhora das Oito” (de Cleodon Coelho e Mauro Ferreira):
Sétimo Sentido foi uma aventura linda e estimulante. Eu adorava as duas personagens. A Priscila, aliás, a meu ver, é precursora da Porcina [da novela Roque Santeiro]. (…) Uma grande personagem!”

Entre outros personagens marcantes, estava a caminhoneira Gisa, vivida por Tamara Taxman. Bonita e extremamente franca, ela entrou para a lista de “mulheres do povo” criadas por Janete Clair em suas novelas, como Chica Martins (Dina Sfat) de Fogo sobre Terra (1974), Leda Maria (Betty Faria) de Duas Vidas (1976-1977), Lili (Elizabeth Savalla) de O Astro (1977-1978), Ana Preta (Glória Menezes) de Pai Herói (1979) e Maria-Faz-Favor (Aracy Balabanian) de Coração Alado (1980-1981).
Na época, Janete Clair afirmou que sentia necessidade de ter em seus enredos uma espécie de porta-voz feminina do povo, aquela personagem que diz o que todas as mulheres gostariam de dizer. (*)

Sétimo Sentido marcou a volta do ator Carlos Alberto Riccelli à Globo, após um hiato de oito anos, com passagens pelas novelas das TVs Tupi e Bandeirantes.

Primeira novela de Nicette Bruno na Globo. Primeiro trabalho da atriz Tânia Bôscoli na TV.

Sequências memoráveis

No penúltimo capítulo, a novela mobilizou o público para o julgamento de Luana Camará, centrando o debate sobre paranormalidade e o fenômeno da dupla personalidade. O primeiro título pensado para a novela foi A Sensitiva.

No capítulo 148, a cena de uma regressão espiritual explicou a ligação de Luana com o espírito de Priscila. Em 1910, em uma vida passada, elas foram a gêmeas Luciana (Luana) e Maria Pia (Priscila). Maria salvara a vida de Luciana, criando uma dívida de gratidão que seria resgatada no presente.

Vale destacar duas outras sequências memoráveis: a atriz Priscila Capricce no palco, interpretando Branca Dias de “O Santo Inquérito”, peça de Dias Gomes – personagem que Regina Duarte havia de fato defendido no teatro; e a deslumbrante cerimônia de casamento de Priscila e Tião Bento, em um ritual cigano.

Locações, cenografia e figurinos

Sétimo Sentido teve cenas gravadas em Casablanca, no Marrocos. A equipe de produção, no entanto, encontrou algumas dificuldades durante as gravações devido a uma lei que proibia a filmagem de lugares públicos. A solução foi viajar a lugarejos próximos da cidade para fazer algumas externas. (*)

A equipe do cenógrafo Raul Travassos projetou uma piscina de vidro que reproduzia o fundo do mar, de onde podia-se gravar as cenas em que Rudi (Carlos Alberto Riccelli) praticava pesca submarina. (revista Contigo, 17/12/1982, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)

A equipe de figurino, liderada por Marco Aurélio, caprichou no visual de Regina Duarte para mostrar a diferença radical entre as duas personagens que a atriz interpretava. A discreta Luana Camará usava roupas simples e poucos acessórios, ao contrário da exuberante Priscila Capricce, que parecia estar sempre pronta para uma festa.
A maquiagem também ajudou a marcar a diferença entre as duas personalidades. Quando Luana se transformava em Priscila, entravam em cena cílios postiços, batons de cores fortes e muito blush. (*)

E mais

Sétimo Sentido encerrou-se com seguinte texto de Janete Clair, que tornou-se célebre: “Eu gostaria que o ser humano acreditasse que existe uma força capaz de mudar sua vida. É bom confiar em si mesmo e esperar um novo amanhecer”, usado também no encerramento da próxima e última novela da autora, Eu Prometo (em 1984), que ela não viu acabada, como homenagem póstuma.

(*) Site Memória Globo.

Trilha sonora nacional

01. ESOTÉRICO – Gilberto Gil
02. JEITO DE AMAR – Ney Matogrosso (tema de Tião Bento)
03. A CADA MOMENTO – Maurício Gasperini (tema de Rudi)
04. SER, FAZER, ACONTECER – Gonzaguinha
05. CHARME DO MUNDO – Marina (tema de Sandra)
06. AS VITRINES – Chico Buarque (tema de abertura)
07. ATLÂNTIDA – Rita Lee (tema de Henrique e Harold)
08. COISA LINDA – Vinícius Cantuária (tema de Luana)
09. FALTANDO UM PEDAÇO – Djavan (tema de Luana e Rudi)
10. ATIRASTE UMA PEDRA – Maria Bethânia (tema de Gisa)
11. DISSE ALGUÉM – João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil
12. MAGIA – MPB4
13. ENTÃO TÁ – Cauby Peixoto

Sonoplastia: Guerra Peixe Filho

Trilha sonora internacional

01. EMPTY GARDEN – Elton John (tema de Érika e Rúbens)
02. ANYONE OUT THERE – Duran Duran
03. CASTLES IN THE AIR – Don McLean (tema de Ângela e Tony)
04. THE OTHER WOMAN – Ray Parker
05. WALK AWAY – Udo Jürgens (tema de Luana e Rudi)
06. GIGOLO – Mary Wells
07. SILENZIO – Bianco (tema de Tião Bento)
08. CHARIOTS OF FIRE – Spirits (tema das vinhetas de intervalo e tema dos transes de Luana)
09. CLASSIC – Adrian Gurvitz (tema de Danilo e Sandra)
10. YOU GOT THE POWER – War
11. HOW LONG – Rod Stewart
12. MEGATRON MAN – Patrick Cowley
13. MAKE IT EASY ON YOURSELF – Michael Henderson
14. TRISTESSE – Danielle (tema de Priscila Capricce)

Supervisão musical: Sérgio Motta

Tema de abertura: AS VITRINES – Chico Buarque

Eu te vejo sumir por aí
Já avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão
Olha prá mim
Não faz assim
Não vai lá não

Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão
Frouxa de rir

Já te vejo brincando
Gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines
Te vendo passar na galeria

Cada clarão
É como um dia
Depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão…

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Selva de Pedra (1972)

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Coração Alado

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Pai Herói