Sinopse
Renato Villar é um rico empresário, frio, ambicioso e sem escrúpulos, ávido por poder. Após haver remetido dólares para o exterior e participado do extermínio de um colaborador que punha em risco sua reputação, descobre que a Justiça está de posse de um dossiê de irregularidades em uma de suas firmas. Tenta então resolver o problema com a cumplicidade do amigo advogado Mário Liberato, um homem tão perigoso quanto ele.
Para cumprir seus objetivos, Renato se aproxima da bela Lúcia Brandão, uma juíza incorruptível, designada para julgar o seu caso. Sua intenção é seduzi-la e suborná-la, ou chantageá-la. Porém, Renato cai em sua própria armadilha: os dois acabam apaixonados. Lúcia, que sempre fora íntegra e honesta, passa a viver um dilema ético: como julgar o homem que ama? Principalmente depois de descobrir que ele está com os dias contados.
Renato recebeu a notícia de que tem um angioma inoperável no cérebro e pouco tempo de vida. O empresário promove então uma reviravolta: modifica radicalmente o seu comportamento e abandona a mulher, Carolina, para viver seu amor por Lúcia. Ao se redimir ante a doença terminal, impulsiona maquiavelicamente a eliminação de todos os cabeças que compunham o alto escalão de suas empresas, que o traíram.
Outro objetivo de Renato é conquistar o amor do filho Pedro, que nasceu de uma relação com Maura Garcez, ex-guerrilheira na juventude, hoje com traumas psicológicos causadas pelas torturas no porões da Ditadura Militar. Porém, Pedro tem ódio do pai, que nunca se preocupou com ele, e não acredita em suas boas intenções. Maura, por sua vez, está de volta, depois de anos no exterior, fazendo reacender sua paixão por Renato Villar.
TARCÍSIO MEIRA – Renato Villar
BRUNA LOMBARDI – Lúcia Brandão
EVA WILMA – Maura Garcez
RENATA SORRAH – Carolina D’Avila
CECIL THIRÉ – Mário Liberato
FELIPE CAMARGO – Pedro Garcez
ISABELA GARCIA – Ana Maria D’Avila
PAULO GOULART – Marcos Labanca
JOANA FOMM – Telma Rezende
OSMAR PRADO – Tabaco (Rosário Patané)
YARA CÔRTES – Joana Garcez
PERCY AIRES – General Hélio D’Avila
PAULO CASTELLI – Felipe D’Avila
HUGO CARVANA – Paulo Costa
CARLOS KROEBER – Werner Benson
CÁSSIO GABUS MENDES – Júnior (Celso Rezende Jr.)
LÚCIA VERÍSSIMO – Laís Brandão
IVAN CÂNDIDO – Anselmo Santos
CLÁUDIA MAGNO – Vera Santos
JAYME PERIARD – Roberto Labanca
RODOLFO BOTTINO – Gilberto Maia
MAYARA MAGRI – Helena D´Avila Villar
MÁRIO LAGO – Antônio Villar
CARLOS VERGUEIRO – Seu Brandão (Fernando Brandão)
GILBERTO MARTINHO – Gilson Góes
CLÁUDIO CURI – Jacinto Donato
CLÁUDIA ALENCAR – Patativa
INÊS GALVÃO – Bel (Isabel Tereza)
CARLA DANIEL – Marlene
SILVIA BANDEIRA – Alice Amaral
CRISTINA SANO – Fátima
NELSON DANTAS – Dr. Moysés Rodrigues
MARTA OVERBECK – Drª Beatriz Alves
BETH BERARDO – Nazaré
LUCIENE SANT´ANNA – Linda
WALTER MATTESCO – Milton
GERALDO CARBUTTI – Josias
e
ADELAIDE PALETTE (ADELAIDE CONCEIÇÃO) – Dona Adelaide (funcionária do bar de Joana)
ADRIANA FIGUEIREDO – Elizabeth (intérprete de alemão que trabalha para Renato)
ALENE ALVES DE ANDRADE – Carmem (empregada no apartamento do General Hélio)
ALICE SERRANO – Lena (empregada no apartamento de Lúcia)
ANTÔNIO GONZALEZ – um dos repórteres que cobrem o escândalo financeiro envolvendo Renato
ANTÔNIO VIANA – oficial de Justiça do escritório de Lúcia no fórum
BETTY PRADO como ela mesma, modelo em uma sessão de fotos com Laís
CAPITAL INICIAL como eles mesmos, tocam na festa de lançamento da bebida Keep Cooler
CARLO BRIANI – Dr. Guido Damiani (psiquiatra de Maura, na Itália)
CLÁUDIA COSTA – Elvira (mulher de Tabaco que aparece com os filhos no último capítulo)
CLÁUDIO ELISABETSKY como ele mesmo, fotógrafo em uma sessão de fotos com Laís
CLAUDIONEY PENEDO – pai de santo que Tabaco procura para saber com qual de suas mulheres deve se casar
DANTON JARDIM – Alcir (agente de modelos, amigo de Laís, arruma trabalho para ela)
DAVID LEROY – um dos repórteres que cobrem o escândalo financeiro envolvendo Renato
DENIS CARVALHO – locutor no rádio anunciando o assassinato de Paulo
DENIS DERKIAN – Luís Otávio Brito (colaborador de Renato, de São Paulo)
DENNY PERRIER – Sandro (editor do jornal Gazeta Carioca, chefe de Gilberto)
ÉDER DE SÁ – Delegado André Lima (encarregado do inquérito sobre o assassinato de Celso Rezende)
EDWIGES GAMA – funcionária do cartório de imóveis que dá informações a Antônio sobre o prédio onde vive Joana
ELY REIS – frequentador do bar de Joana
ESMERALDA HANNAH – Patrícia (secretária de Lúcia no fórum)
FÁBIO PILLAR – chefe de Ana Maria na agência de design
FERNANDO JOSÉ – homem que hostiliza Renato no restaurante
GUILHERME CORRÊA – Delegado Nil (encarregado do inquérito sobre os assassinatos de Benson e Paulo)
HEMÍLCIO FRÓES – padre que celebra o casamento de Pedro e Ana Maria
IVAN CORRÊA
IVAN SENNA – José Osvaldo (advogado de Renato)
JOEL SILVA – delegado que prende Tabaco após a tentativa de casamento com Patativa, Bel e Marlene
JOSÉ DE ABREU – Adauto (namorado de Laís, no início)
KAZÉ AGUIAR – aluno de Lúcia na faculdade, no início
LEONARDO JOSÉ – advogado em uma audiência com Lúcia, no início
LEÔNIDAS AGUIAR – Samuca (vigia na entrada da mansão de Renato)
MARCELLA PRADO – acompanhante de Luís Otávio no casamento de Pedro e Ana Maria
MARCOS PALMEIRA – um dos dois rapazes que socorrem Renato após ele desmaiar na rodovia
MÁRIO PETRÁGLIA – segurança de Paulo
MICHAEL KEPP – Dr. Newman (médico que vem dos Estados Unidos para examinar Renato)
MOACIR PRINA – executivo esperando ser atendido por Renato na antessala de seu escritório
NORIVAL CHAVES – Gregório (um dos seguranças de Renato)
PAULETTE (PAULO BACELLAR) – coreógrafo do desfile organizado por Alcir na boate, assistido por Laís e Pedro
PAULO JOSÉ – Celso Rezende (marido de Telma, pai de Júnior, denuncia Renato e Benson, morre em seguida)
PAULO PINHEIRO – advogado de Mário, no último capítulo
REGINA MACEDO – Angelina (amiga de Maura na Itália)
RENATO COUTINHO – Dr. Spilman (primeiro médico procurado por Renato)
RENATO FIRMO – frequentador do bar de Joana
RENATO NEVES – funcionário do escritório de Mário
RICARDO LIMA
ROBERTO SCUDERO – um dos dois rapazes que socorrem Renato após ele desmaiar na rodovia
SONAIRA D´ÁVILA – uma das repórteres que cobrem o escândalo financeiro envolvendo Renato
TATI ALVES – Lili (empregada na casa de Telma)
THERESA AMAYO – ginecologista de Lúcia
VINÍCIUS MANNE como ele mesmo, modelo em uma sessão de fotos com Laís
WALDIR RODRIGUES – Waldir (um dos seguranças de Renato)
WALMIR GONÇALVES
Álvaro (capanga de Anselmo, o auxilia nos assassinatos)
Caju (frequentador do bar de Joana)
Cíntia (secretária de Maura na Fundação Renato Villar)
Dr. Jaime (médico que atesta para Mário que o resultado dos exames médicos de Renato são verdadeiros, no final)
Jeremias (amante de Bel)
Sandra (nova secretária de Paulo)
Tetsuko (irmão de Fátima)
– núcleo de RENATO VILLAR (Tarcísio Meira), presidente do Grupo Renato Villar, uma holding de empresas. Homem frio e inescrupuloso. Gosta de seduzir as mulheres, mas não se entrega a nenhuma delas. Com a esposa, mantém uma relação burocrática, de interesse econômico. Após haver remetido dólares para o exterior e participado do extermínio de uma testemunha que punha em risco sua reputação, descobre um dossiê de irregularidades em poder da Justiça. Aproxima-se da juíza designada para julgar o seu caso com a intenção de seduzi-la, mas acaba apaixonado. É quando recebe a notícia de que tem um angioma inoperável no cérebro e pouco tempo de vida. Promove então uma reviravolta: modifica radicalmente o seu comportamento e abandona a esposa para viver o seu amor. Ao se redimir ante a doença terminal, impulsiona maquiavelicamente a eliminação de todos os cabeças que compunham o alto escalão do Grupo Renato Villar e que o traíram:
a mulher CAROLINA D´AVILA (Renata Sorrah), de família tradicional e conservadora. Ciente do nome que ostenta e do status que possui, é uma mulher fina, orgulhosa e arrogante que cultiva as aparências. A família é, para si, o mais importante a preservar. Reúne pessoas influentes com o intuito de lançar a candidatura do marido à presidência da República. Quando Renato pede o divórcio, lutará para manter o casamento
a filha HELENA (Mayara Magri), estudante de Jornalismo. Tem um relacionamento difícil com os pais, por sentir-se negligenciada. Fica do lado da mãe quando o pai sai de casa
o pai ANTÔNIO VILLAR (Mário Lago), empresário que saiu do nada e construiu a base de seu sucesso. Hoje aposentado, tem uma boa relação com o filho, apesar de não concordar com várias de suas atitudes e lutar para manter o bom nome da família
o médico DR. MOYSÉS RODRIGUES (Nelson Dantas), responsável por acompanhar a sua doença
a secretária NAZARÉ (Beth Bernardo), eficiente e profissional
o mordomo MILTON (Wálter Mattesco)
o caseiro JOSIAS (Geraldo Carbutti), cuida de sua casa de praia, para onde se muda quando separa-se da mulher.
– núcleo de LÚCIA BRANDÃO (Bruna Lombardi), juíza bem-sucedida, trocou a advocacia pela magistratura para fazer prevalecer sua visão extremada da lei e da justiça. A princípio, deixa em segundo plano sua vida pessoal e amorosa, importando-se apenas com o trabalho, o pai e a irmã, pois no passado sofrera uma decepção com um casamento malsucedido. Vive um grande conflito quando seu caminho cruza com o de Renato Villar, já que apaixona-se por ele ao mesmo tempo em que recebe a incumbência de julgá-lo:
o pai FERNANDO, o SEU BRANDÃO (Carlos Vergueiro), aposentado, vive preocupado com as filhas, com as quais mora
a irmã LAÍS (Lúcia Veríssimo), vaidosa, voluntariosa e de personalidade forte. Diferente da irmã, é ambiciosa e sonha com os holofotes, um casamento rico e uma vida fútil. Após o noivado desfeito com um rapaz rico que não amava, aceita uma proposta para trabalhar como modelo no exterior.
– núcleo de MAURA GARCEZ (Eva Wilma), teve um romance com Renato no passado, relação que gerou um filho. Porém os dois seguiram caminhos opostos. Ela optou pela participação política na esquerda durante a Ditadura Militar, entre as décadas de 1960 e 1970. Ele, em construir sua grande fortuna. Maura foi presa e Renato conseguiu tirá-la do país. Contudo, os sofrimentos e torturas na prisão levaram-na ao desequilíbrio psicológico, culminando na sua internação em uma clínica na Itália. Recuperada, Maura volta para o Brasil, fazendo reacender sua paixão por Renato:
o filho PEDRO (Felipe Camargo), com a ausência do pai e, em seguida, da mãe, exilada, transformou-se em um rapaz revoltado, indolente e debochado. Tem uma relação difícil com Renato e é rejeitado por toda família dele, que o vê como um marginal. O filho culpa o pai pelos seus infortúnios, enquanto o pai vê o filho bastardo como um estorvo. Renato, ao descobrir sua doença e em processo de redenção, tenta uma aproximação com Pedro, mas é rejeitado e percorre um longo caminho até conquistar a sua confiança
a mãe JOANA (Yara Côrtes), viúva, criou o neto praticamente sozinha com o seu bar. De origem espanhola, é uma mulher de personalidade forte e decidida
o velho amigo de Joana, GILSON (Gilberto Martinho), apaixonado por ela. Ex-jogador de futebol, bate cartão no bar da amada. Vai disputar as atenções de Joana com Brandão
o amigo de Pedro, GILBERTO (Rodolfo Bottino), mora com Gilson. Jornalista, é encarregado por Renato de escrever um livro sobre sua vida. Para isso, passa longas horas entrevistando-o. Envolve-se com Helena. Ao final, publica um livro intitulado “Roda de Fogo”
a funcionária do bar de Joana, FÁTIMA (Cristina Sano), de origem japonesa, moça criada nas tradições orientais
a psiquiatra DRª BEATRIZ ALVES (Marta Overbeck), cuida de sua doença.
– núcleo de MÁRIO LIBERATO (Cecil Thiré), advogado de Renato, por quem nutre uma admiração exagerada. Homossexual de gosto refinado e exótico. Frio e calculista, é um profissional competente, mas capaz de atos violentos e requintes de sadismo. Seu trabalho é encontrar as brechas da lei e fazer a fundamentação jurídica para garantir os interesses de seu cliente. Em determinado momento, Renato se volta contra ele e os dois se tornam inimigos:
os comparsas: PAULO COSTA (Hugo Carvana), diretor de uma das empresas do Grupo Renato Villar, homem prático e realista. Governista na época da ditadura, sonha voltar à política, mas, sem o apoio de Renato, não consegue eleger-se para a Assembleia Constituinte de 1986,
e WERNER BENSON (Carlos Kroeber), anglo-alemão, representante no Brasil do Transeuropean Bank, ligado ao Grupo Renato Villar. Um tipo calculista, mas um tanto aparvalhado, tratado com desprezo por Renato, que refere-se sempre a ele como “asno”
o mordomo JACINTO DONATO (Cláudio Curi), também copeiro, chofer e secretário particular. Seu homem de confiança, com quem sugere-se ter uma relação mais próxima do que se aparenta. Foi o torturador de Maura no passado.
– núcleo do GENERAL HÉLIO D´AVILA (Percy Aires), tio de Carolina, remanescente do Governo Militar que se vangloria do passado e da sua posição e influência. Homem conservador, reacionário, preconceituoso, arrogante e de moral rígida, vive a evocar os valores da tradição, família e propriedade, sem perceber que cai no ridículo. Considera-se “terrível”:
os netos, sobrinhos de Carolina: FELIPE (Paulo Castelli), diretor de uma das empresas do Grupo Renato Villar. Rapaz prepotente, namora Laís no início, mas ela está mais interessada no status que essa relação lhe proporciona. Os dois ficam noivos, mas ela rompe a relação. Envolve-se com negociatas da empresa e vê-se obrigado a ficar contra o tio para salvar a própria pele,
e ANA MARIA (Isabela Garcia), jovem bonita e romântica, controlada pelo avô. Apaixona-se por Pedro, o que balança as estruturas familiares, pois o rapaz é repudiado pela família D´Avila por ser filho bastardo de Renato.
– núcleo de MARCOS LABANCA (Paulo Goulart), juiz de prestígio, titular da vara onde Lúcia atua. Tem o poder de decisão nos processos que ela cuida. Homem de muita integridade e firmeza. Mentor de Lúcia, tem uma relação de amizade fraternal com ela. Mesmo aposentado, luta para incriminar Renato e repreende Lúcia quando ela se envolve com ele:
o filho ROBERTO (Jayme Periard), rapaz com paraplegia. Segue a carreira do pai, mas muitas vezes não compreende suas atitudes, o que gera conflitos. No início, é apaixonado por Lúcia, que o trata apenas como amigo. Buscando sua independência, sai de casa para morar sozinho e passa a advogar.
– núcleo de CELSO REZENDE (Paulo José, participação), diretor financeiro do Grupo Renato Villar. No início da trama, denuncia as negociatas nas quais Renato e Benson estão envolvidos. Morre em seguida, afogado na piscina de sua casa. Com o tempo descobre-se que esse suposto acidente doméstico foi criminoso:
a mulher TELMA (Joana Fomm), cujo casamento está há tempos em crise. Enquanto o marido estava no exterior a trabalho, mantinha um caso secreto com Paulo Costa. Fica perturbada quando Renato lhe revela que foi responsável pela morte de seu marido, o que a faz afastar-se de Paulo, já que ele era um dos cúmplices. Desperta o interesse do juiz Marcos Labanca
o filho JÚNIOR (Cássio Gabus Mendes), estudava na Inglaterra, mas, com a morte do pai, retorna ao Brasil. Não aceita a versão oficial do acidente que culminou com a morte dele. Descobre que a mãe tinha um caso com Paulo e a condena, tratando-a sempre com desdém e ironia
a amiga de Telma, ALICE AMARAL (Silvia Bandeira), dona de uma loja de perfumes. Teve um caso com Renato no passado, mas sentiu-se humilhada ao ser descartada e deseja vingar-se dele. Une-se a Mário contra Renato.
– núcleo de ANSELMO SANTOS (Ivan Cândido), faz o “serviço sujo” para Mário Liberato. No passado, foi policial do Esquadrão da Morte, com execuções e assassinatos nas costas. Hoje, tenta redimir-se do passado, mas é sempre chamado para novos “serviços” pelo patrão. É o assassino de Celso Rezende, cumprindo a ordem vinda de Renato e Mário:
a filha VERA (Cláudia Magno), estudante, não tem consciência das atividades criminosas do pai. Primeiro apaixona-se por Júnior, mas o pai proíbe o namoro, já que o rapaz é filho de uma de suas vítimas. Envolve-se com Roberto quando começa a trabalhar para ele.
– núcleo de TABACO (Osmar Prado), motorista de Renato Villar. Sujeito trabalhador e fiel ao patrão, mas relapso nas relações afetivas. Mulherengo, não perde um rabo de saia. Mantem três namoradas “oficiais”, o que exige malabarismos para que uma não descubra a existência da outra. Não consegue decidir-se com qual delas ficar definitivamente, pois cada uma tem particularidades que o encantam. Também assedia Fátima, prometendo-lhe casamento, e Alice:
as namoradas, que descobrem umas sobre as outras e cobram um posição do amado: PATATIVA (Cláudia Alencar), costureira de vestidos de noiva. Geniosa, de temperamento forte e estourado,
BEL (Inês Galvão), telefonista em um hotel de luxo. Mulher prática e extremamente ciumenta,
e MARLENE (Carla Daniel), empregada na mansão Villar. Romântica, seu maior sonho é casar-se na igreja de véu e grinalda
a amiga de Bel, LINDA (Luciene Sant´Anna), com quem ela trabalha. Um tanto sonsa, também envolveu-se com Tabaco.
No capítulo 137 (em 30/01/1987), Mário e Carolina unem-se para ter a maioria das ações do Grupo Renato Villar. Ele muda-se para a mansão Villar com seu mordomo Jacinto. Em uma recepção, Carolina anuncia a todos o casamento com Mário. Renato parte para cima dele e acerta-o no rosto com um soco. Com Mário na presidência do grupo, inicia-se a série de assassinatos orquestrada por Renato, contra os que o traíram. Renato não mata, apenas induz Mário a cometer os crimes. Sabe dos assassinatos, mas nada faz para impedi-los.
Werner Benson – capítulo 142 (05/02/1987)
Mário, em posse do dossiê contra Renato e Benson, entrega-o ao juiz Labanca, que denuncia os envolvidos formalmente à Procuradoria Geral da República. Benson decide ir embora do Brasil e, sentindo-se traído por Mário, vende a Renato sua parte nas ações do grupo. Renato liga para Mário e mente que Benson possuía cartas de Celso Rezende que os incriminavam (Renato e Mário, o que os colocaria como suspeitos da morte de Celso) e que as entregaria à polícia como uma vingança pessoal. Mário então ordena que Jacinto mate Benson. Ele é assassinado em sua casa, com um tiro no peito, quando estava prestes a ir para o aeroporto.
Jacinto Donato – capítulo 148 (12/02/1987)
Ao matar Benson, Jacinto deixou uma coroa de flores junto ao seu corpo, o que levou a polícia descobrir que foi ele o assassino. Renato avisou Mário e este, sentindo-se ameaçado, ordenou que Anselmo matasse seu mordomo. Álvaro, capanga de Anselmo, saiu com Jacinto de carro e apontou uma arma para sua cabeça. Jacinto tentou fugir, mas foi encurralado pelo automóvel e acabou atropelado contra um muro. Procurado pela polícia, Jacinto foi dado como desparecido.
Felipe D´Avila – capítulo 155 (20/02/1987)
Paulo Costa deduz que Mário mandou matar Benson e que pode ser a próxima vítima. Convoca então uma reunião dos acionistas e consegue eleger-se vice-presidente do grupo com o apoio da maioria, inclusive de Renato e de Carolina (ela por causa de Renato). Paulo contrata Anselmo para matar Mário. O matador titubeia, mas aceita o trabalho. Ligando os fatos, Mário faz uma contraproposta a Anselmo: uma quantia maior para ele matar Paulo.
Felipe, sentindo-se ameaçado, decide ir embora para Paris, mas antes avisa Paulo de que ele corre perigo de vida. Mário descobre que Felipe está partindo e o atrai para seu apartamento. Felipe acaba morto por Anselmo e Álvaro, que somem com seu corpo. Álvaro embarca para Paris no lugar de Felipe, com documentos falsos. Como Felipe não dá mais notícias para a família, é dado como desaparecido pela polícia.
Paulo Costa – capítulo 167 (06/03/1987)
Pressionado por Renato e por Telma (que quer sair do país), Paulo – cada vez mais amedrontado, sem saber em quem confiar, Renato ou Mário – desiste do poder no Grupo Renato Villar e decide vender suas ações a Renato. Mário então arquiteta o assassinato de Paulo para incriminar Renato. Na noite em que Renato vai à casa de Telma para Paulo lhe vender suas ações, Mário atrai Telma até a mansão de Carolina, deixando Paulo sozinho para receber Renato.
Mário suborna o segurança de Paulo para que ele o mate. Quando Telma chega em casa, encontra Paulo boiando na piscina, da mesma forma que encontrou seu marido, Celso, no início da novela. Como Renato foi o último a estar com Paulo, se tornaria o principal suspeito. Porém, Mário não contava que Renato fosse à casa de Telma acompanhado de Lúcia, que testemunha a favor de seu amado (pondo, assim, fim à sua carreira de juíza).
Mário Liberato – último capítulo, 179 (20/03/1987)
Renato revelou a seus familiares e amigos que está com os dias contados por causa do angioma, inclusive a Carolina, que, farta de Mário, o expulsa de sua mansão. Renato pressiona Anselmo para que ele lhe revele onde os corpos de Felipe e Jacinto estão enterrados, prometendo proteção longe dali. Anselmo revela, mas afirma que matará quem o denunciar à polícia, se Renato ou Mário. Renato envia uma carta aos policiais incriminando Mário e indicando onde os corpos estão enterrados.
Enquanto isso, Renato atrai Mário para sua casa, para obrigá-lo a vender-lhe suas ações. Porém, Renato tem uma síncope e desmaia. Os policiais chegam à casa de Renato e encontram Mário no local, que afirma que Renato passou mal e desmaiou. Para surpresa de Mário, o corpo de Renato desapareceu. Mário é processado pelos crimes, mas consegue se safar. Denuncia Renato e Anselmo, mas os dois estão desaparecidos. No dia em que Mário é inocentado, acaba assassinado por Anselmo, que vai preso.
Passaram-se alguns meses. Renato continua desaparecido e ninguém sabe se está vivo ou morto. Ele fugiu para uma ilha paradisíaca (no Pacífico ou no Caribe). Antes, armou para que o Grupo Renato Villar ficasse nas mãos de sua família, o que obrigaria seus filhos, Pedro e Helena, a se unirem. Lúcia, grávida de Renato, recebe uma mensagem dele, pedindo sigilo, e parte em seu encontro na ilha. Renato morre nos braços de Lúcia, enquanto Pedro e Helena finalmente se entendem. Fim.
Painel critico do país
Apesar do roteiro folhetinesco, com alguns personagens vivendo paixões dilacerantes, Roda de Fogo revelou-se uma grata surpresa em seu encaminhamento, tornando-se uma das melhores já escritas para televisão. A novela fugiu do esquema melodramático ao traçar um interessante painel do país de então, com forte teor crítico.
Havia casaizinhos em dilemas românticos, mas a trama central girava em torno de personagens cinquentões engravatados em luta pelo poder. A direção segura (de Denis Carvalho e Ricardo Waddington), o elenco bem escalado, a trilha sonora pontuada com instrumentais de suspense e a iluminação de luz e sombra imprimiram uma atmosfera noir à produção.
O maior mérito de Roda de Fogo foi retratar, no subtexto, o país em tempos de Nova República, recém-estabelecida, com vestígios da Ditadura Militar, ainda latente na memória. Era 1986, Tancredo Neves havia morrido no ano anterior e o povo vivia a expectativa pelas Diretas (eleições diretas para presidente da República, que aconteceram em 1989).
A novela girava em torno do capitalismo selvagem dominante no país, marcado pela ganância da elite, empresários e políticos corruptos, e pelos conchavos, negociatas e “crimes do colarinho branco”, referenciando inclusive personagens decadentes do Regime Militar – entre os quais um general reformado (Hélio D´Avila/Percy Aires), um torturador (Jacinto Donato/Cláudio Curi) e um ex-policial do Esquadrão da Morte (Anselmo Santos/Ivan Cândido).
Roda de Fogo foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor novela de 1986. Tarcísio Meira levou o prêmio de melhor ator e Felipe Camargo, de “pessoa do ano”.
Autoria
Roda de Fogo foi escrita por Lauro César Muniz e Marcílio Moraes a partir de um argumento criado por roteiristas da Casa de Criação Janete Clair. Formada por Dias Gomes, Ferreira Gullar, Euclydes Marinho, Luiz Gleiser, Joaquim Assis, Marília Garcia e Antônio Mercado, a Casa de Criação Janete Clair foi instituída em 1985, por Dias Gomes, com o objetivo de selecionar e elaborar roteiros para as produções da TV Globo. (Site Memória Globo). Porém, durou pouco tempo: em 1987, foi encerrada após a polêmica (e o processo jurídico) envolvendo a sinopse da novela O Outro, de Aguinaldo Silva.
Lauro César Muniz afirmou: “Marcílio tinha uma sinopse. Com minha experiência e o talento dele, fizemos a novela. Para mim é uma novela coletiva, não a fiz sozinho como as que costumava fazer.” (Folha de São Paulo, junho de 2021, por ocasião da disponibilização da novela na plataforma Globoplay)
Marcílio Moraes comentou em seu blog pessoal sobre a autoria da novela:
“Eu criei a primeira sinopse. Como era um iniciante na TV – só tinha feito um trabalho, Roque Santeiro – foi chamado o Lauro César Muniz para assumir a novela. Sob o comando dele, fizemos algumas modificações na história. Mas os primeiros capítulos que o Lauro escreveu foram questionados pela direção da Globo, que então me pediu para tentar outro caminho. Eu retomei a minha sinopse original, e escrevi um novo primeiro capítulo, que agradou. Foi a partir deste capítulo que desenvolvemos a novela. Os créditos que, de início, seriam ‘Novela de Lauro César Muniz, colaboração de Marcílio Moraes’, passaram para ‘Novela de Lauro César Muniz, escrita por Marcílio Moraes e Lauro César Muniz’. (…) Escrevi no sufoco [o primeiro capítulo], porque a estreia já estava marcada e eu não podia errar. Foi uma verdadeira Prova de Fogo (aliás, o primeiro título cogitado) para mim: tinha que mostrar que sabia fazer.”
Renato Villar
Apesar do relevante sucesso e repercussão final, Roda de Fogo custou a “pegar” em seu início. O público torceu o nariz quando deparou-se com o “galã” Tarcísio Meira no papel de um vilão extremamente frio e cruel.
A novela conquistou a audiência quando o protagonista Renato Villar humanizou-se, ao descobrir sua doença terminal (um angioma no cérebro). Ficaram famosas as cenas em que o personagem tinha crises de fortes dores na cabeça e levava a mão à testa, com uma sonoplastia contundente. Aos poucos, Renato Villar foi ganhando a simpatia dos telespectadores, que o perdoaram e passaram a torcer por ele.
A trajetória redentora – de vilão a herói – do protagonista levou os autores e a alta direção da Globo ao impasse de sua morte no fim da novela. O público não queria que o personagem morresse, desejo manifestado nas pesquisas de opinião e nas cartas que a produção recebia. Na véspera do último capítulo, a capa do caderno Ilustrada (da Folha de São Paulo) noticiava “Público quer Renato Villar vivo”. Uma pesquisa Datafolha feita com moradores de São Paulo apontava que 65% dos que seguiam a novela queriam um final feliz — Renato vivo, terminando com a amada Lúcia. Enquanto 32% preferiam que o personagem morresse.
“O herói não era um príncipe encantado, mesmo depois que fica bonzinho, não dá colher de chá para ninguém”, disse Marcílio Moraes em entrevista à Folha em junho de 2021. “Mas o público sabia que, no fundo, ele tinha uma boa intenção, e não o renega.”
Daniel Filho, então diretor artístico da emissora, afirmou: “Não podíamos começar uma novela prometendo que o camarada vai morrer e ele não morrer. Batalhei violentamente para ter essa morte.”
“Ia ficar muito feio se Renato não morresse”, defendeu Marcílio. No último capítulo, Renato e Lúcia se abraçam e ele desfalece, derramando uma taça de vinho tinto. “Ficou uma coisa metafórica, o espectador não o viu morto”, finalizou Marcílio Moraes. (Folha de São Paulo, junho de 2021)
Elenco e figurinos
A trama da luta pelo poder e a onda de assassinatos fez brilhar o vilão Mário Liberato – um dos melhores momentos de Cecil Thiré na televisão. Contudo, entidades de direitos dos homossexuais não gostaram de ver na novela um gay que era vilão e cuja sexualidade era citada de forma depreciativa pelos demais personagens. Era uma época em que gays na teledramaturgia eram geralmente retratados de maneira estereotipada, alvo de ironias e deboche, ou como um tipo problemático que precisasse de ajuda ou que devesse ser corrigido ou punido.
Renata Sorrah esbanjou talento e marcou sua presença na trama. Para a caracterização da elegante e altiva Carolina D´Avila, a atriz escureceu os cabelos e usou megahair. O penteado, com franja, variava: ora solto, ora trançado ou preso com laço ou presilha.
Destaque também para Eva Wilma em um trabalho sensível como a ex-militante política Maura Garcez, mulher com distúrbios psicológicos resultantes das torturas sofridas nos tempos de repressão da Ditadura Militar.
Bruna Lombardi estava em evidência na época, por sua atuação nas minisséries Grande Sertão: Veredas e Memórias de um Gigolô (entre 1985 e 1986).
A atriz havia abandonado os cabelos longos e louros para fazer as minisséries. Em Memórias de um Gigolô, além dos cabelos curtinhos, estava morena. Na pele da juíza Lúcia Brandão de Roda de Fogo, Bruna continuou com os cabelos mais escuros, em um corte chanel.
Os tailleurs, roupas de seda, brincos de argolas grandes e bracelete de metal marcaram o look sofisticado da personagem – trabalho da figurinista Helena Gastal – e ganharam as ruas. (Site Memória Globo)
Felipe Camargo, em sua primeira novela, viveu Pedro, o filho desajustado do protagonista. Em sua fase rebelde, Pedro ficou marcado pelo figurino despojado, de roupas largas, e um indefectível taco de golfe, que carregava e com o qual ameaçava seus desafetos. Outra peça notória do guarda-roupa de Pedro era o macacão branco inspirado no figurino do personagem rebelde de Malcolm McDowell no filme Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick.
Destacou-se também o ator Percy Aires, como Hélio D’Ávila, um general linha-dura conservador, reacionário, arrogante e de moral rígida, que evocava os valores da tradição, família e propriedade bradando o bordão “Eu sou terrível!” Na verdade um tipo caricato com o qual os autores criticavam ironicamente os “viúvos do Regime Militar”. Marcílio Moraes, em entrevista à Folha de São Paulo (em junho de 2021), revelou a inspiração:
“O general [Hélio] era o [João Baptista] Figueiredo, que tinha sido o último presidente [militar] e era parecido com aquele general grosseirão, amante de cavalos.”
Primeira novela da atriz Cristina Sano e dos atores Cláudio Curi e Felipe Camargo (revelado na minissérie Anos Dourados).
Primeira novela na Globo da atriz Cláudia Alencar.
Único trabalho na televisão do veterano ator Carlos Vergueiro.
No capítulo 163, exibido em 02/03/1987 – segunda-feira de Carnaval -, o ator Mário Lago, em uma cena com Tarcísio Meira e Rodolfo Bottino, cantou o mais famoso samba de sua autoria: “Ai, Que Saudade da Amélia”, composto em 1942 em parceria com Ataulfo Alves. Na cena, o personagem do ator, Antônio Villar, comentava saudoso sobre os carnavais do passado quando começou a entoar a música.
Ator, compositor e poeta, Mário Lago escreveu várias canções com ícones da música brasileira de seu tempo. Faleceu em 30/05/2002, aos 90 anos, de enfisema pulmonar.
Demissão de atriz
Após constantes atrasos para gravações e uma falta, a atriz Lúcia Veríssimo foi demitida pelo diretor artístico Paulo Ubiratan. Em entrevista ao Jornal do Brasil de 17/03/1988, Ubiratan declarou:
“Na época, havia um movimento sindical por um máximo de seis horas de trabalho. É um direito legal, mas o ator tem o dever de chegar na hora e saber o texto. A Lúcia atrasava todo dia. Eu reclamava e ela atrasava de novo. Aí, eu a suspendi, e sabe o que ela fez? Faltou para passar o fim de semana em Los Angeles. Aí eu demiti. Qual é?”
A atriz deixou a novela após a metade da trama – o último capítulo em que apareceu foi o 123, exibido em 14/01/1987. A saída de sua personagem, Laís, irmã de Lúcia Brandão (Bruna Lombardi), foi explicada com uma viagem para o exterior, a trabalho, sem volta. E tudo ficou por isso mesmo.
Alívio cômico
O alívio cômico de Roda de Fogo ficou por conta de Tabaco, vivido por Osmar Prado, um chofer malandro e mulherengo, mas boa-praça, que mantinha relacionamentos com três mulheres, além de assediar outras. Quase uma reedição de seu personagem no telerromance Seu Quequé, da TV Cultura, de 1982.
Uma das cenas mais marcantes de Tabaco foi o seu casamento, não realizado, exibido no capítulo 103 (em 22/12/1986). Com cada noiva, ele marcou a data para o mesmo dia, mas em períodos diferentes: Patativa (Cláudia Alencar) de manhã, Bel (Inês Galvão) à tarde e Marlene (Carla Daniel) à noite. Porém, Tabaco foi surpreendido na igreja logo pela manhã quando, junto a Patativa, entraram Bel e Marlene. Elas sabiam das intenções do noivo e se juntaram para lhe pregar uma peça.
Censura
A Censura do Governo Federal, ainda vigente no país em 1986-1987, ficou incomodada com algumas passagens no roteiro da novela. Documentos guardados por Marcílio Moraes dão conta de que, em janeiro de 1987, os censores teriam pedido cortes nos capítulos 124, 125 e 128, em cenas em que Tabaco (Osmar Prado) reclamava estar sofrendo com impotência sexual. No capítulo 138, novo pedido de corte, no diálogo entre Mário Liberato (Cecil Thiré) e seu mordomo Jacinto (Cláudio Curi), que evidenciava a homossexualidade de Mário. (Folha de São Paulo, junho de 2021)
O Jornal do Brasil de 15/12/1986 noticiou que um advogado de 74 anos de Miracema (RJ) pediu na Justiça a proibição da exibição da novela, alegando que ela feria a dignidade e constituía “achincalhe ao Poder Judiciário, além de ridicularizar a nobre função do juiz”. O que constrangeu o advogado foi, sobretudo, uma cena de sexo entre a juíza Lúcia e Renato Villar (Bruna Lombardi e Tarcísio Meira), “em deplorável intimidade”, dizia o advogado em sua petição.
Locações
O primeiro capítulo teve gravações em Brasília, com os atores Tarcísio Meira, Renata Sorrah, Hugo Carvana e Percy Aires. A intenção foi ambientar o telespectador em uma das discussões centrais da novela: a luta pelo poder e sua manutenção.
De acordo com o diretor Denis Carvalho, a produção viajou para Ilha Grande, na costa de Angra dos Reis (RJ), para gravar as cenas finais da novela, em que Renato recebe a amada Lúcia e, depois, morre em seus braços. Na trama, Renato refugiou-se em alguma ilha paradisíaca (no Pacífico ou no Caribe). Especialmente para este capítulo, a Globo comprou os direitos de execução da música “Homeless”, de Paul Simon e Joseph Shabalala (do grupo sul-africano Ladysmith Black Mambazo), sucesso mundial lançado em 1986.
Uma das principais locações de Roda de Fogo era a mansão da família Villar, uma imponente residência com vasto jardim situada na Estrada da Gávea Pequena, 1077, no Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro.
Essa mansão ficou famosa por ter servido de fachada ou locação para várias outras novelas ao longo dos anos: foi a casa da família Newman em Brilhante (1981-1982), dos Abdala em Sassaricando (1987-1988), da família de Isabela Garcia em O Sexo dos Anjos (1989-1990), dos Torremolinos em Perigosas Peruas (1992), da clínica de José Mayer em História de Amor (1995-1996), da família de Zazá em Zazá (1997) e dos San Marino em Andando nas Nuvens (1999). Também foi vista nas novelas Perdidos de Amor (1996-1997), Brida (1998), Como uma Onda (2004-2005), Boogie Oogie (2014-2015), Volta por Cima (2024) e outras.
Outra fachada notória de Roda de Fogo era a casa de praia de Renato Villar, situada na Av. Lúcio Costa, 15.646, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro.
Abertura e trilha sonora
A abertura exibia as letras da palavra “fogo” incandescentes, por onde passavam um tigre (letra F), uma ave de rapina (O), um cavalo (G) e, finalmente, um homem nu (O). Um detalhe peculiar na transição pelas letras agregava simbolismo à proposta da vinheta: enquanto os animais, até então petrificados, ganhavam movimento e vida ao passar pelas chamas, o contrário acontecia com o ser humano, que se transformava em uma estátua de pedra ao ultrapassar a roda de fogo – o que servia para lembrar que a frieza, ou dureza, podem dominar o homem em sua tentativa de superar obstáculos e atingir objetivos. (colaboração André Luiz Sens, blog Televisual)
Composta por Marina Lima e Antônio Cícero, a música-tema da abertura, “Pra Começar” – que servia como uma luva para o perfil do protagonista Renato Villar – foi extraída do álbum “Todas ao Vivo”, de Marina, lançado em 1986 pouco antes da estreia da novela. Por a canção ter sido originalmente gravada “ao vivo”, Marina foi especialmente para estúdio gravá-la para a abertura de Roda de Fogo.
Todavia, o fonograma em estúdio nunca foi lançado comercialmente – nem no LP nacional da novela – e sua execução era limitada à abertura. As rádios só tocavam a versão ao vivo, do álbum de Marina e do disco da novela. Decepcionou-se quem comprou o LP Roda de Fogo nacional e esperava ouvir a música que tocava na abertura.
A banda Capital Inicial, com o sucesso “Música Urbana” na trilha da novela, participou nos capítulos 149 e 150 (em 13 e 14/02/1987) tocando na festa de lançamento da bebida Keep Cooler, divulgada na trama.
Apesar de recheada de hits das FMs da época, e de ocupar a sétima posição entre os discos de novela mais vendidos (1.151.075 cópias), a trilha sonora internacional de Roda de Fogo foi uma das mais desperdiçadas da história das novelas. Todas as faixas foram ouvidas nas cenas dos próximos capítulos, porém apenas três tocaram dentro da novela, para personagens: “You Can’t Get Out of My Heart” (Mike Francis), para Renato e Lúcia; “Why Worry” (Dire Straits), para Pedro e Ana Maria; e “Ancora Con Te” (Peppino di Capri), para Maura.
A trilha incidental da novela, de nomes como Waltel Branco, Geraldo Vespar e Dori Caymmi, se destacou pelo tom eletrônico e exagerado. Muitas vezes, era ela que impunha o tempo da cena e puxava o zoom dramático, como nas famosas sequências em que Renato Villar sofria com fortes dores de cabeça e levava as mãos à testa. (Folha de São Paulo, junho de 2021)
Repetecos
Reapresentada entre 21/05 e 06/07/1990, Roda de Fogo foi a novela mais picotada do Vale a Pena Ver de Novo: a reprise teve apenas 34 capítulos, contra 179 da apresentação original.
Por ter sido tão bruscamente editada, essa reprise é uma das mais controversas da história do Vale a Pena Ver de Novo, gerando uma série de teorias. A mais aceita é que sua escolha tenha servido exclusivamente para cobrir o período da Copa do Mundo da Itália, já que seu horário de exibição era entre dois jogos vespertinos. A novela estreou em 21 de maio, duas semanas antes do início do campeonato, e terminou (em 6 de julho) exatamente com o fim da Copa. Reforçando essa teoria, está o fato da novela destoar do padrão do Vale a Pena de então, que optava por comédias ou tramas românticas. Roda de Fogo é considerada uma novela muito “masculina”, adequada para fisgar o público que terminava de assistir um jogo e aguardava o próximo.
Em 1987, após o término da novela, chegou às bancas a versão romanceada de Roda de Fogo, lançada na coleção “Campeões de Audiência”, da Editora Globo: 12 adaptações de novelas de sucesso em livretos.
A novela foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 26/04/2021. Infelizmente, sem o capítulo 90, que a Globo afirmou não ter localizado. Em seu blog pessoal, Marcílio Moraes publicou o roteiro do capítulo extraviado.
E mais
Em 1988, o humorístico TV Pirata apropriou-se do título e da abertura de Roda de Fogo como inspiração para sua novela Fogo no Rabo, uma sátira escrachada ao gênero telenovela, exibida dentro do programa. No entanto, a trama de Fogo no Rabo nada tinha a ver com Roda de Fogo – a não ser o personagem Reginaldo (Luiz Fernando Guimarães), levemente inspirado em Renato Villar (Tarcísio Meira), mas puxado para o escárnio.
Não confundir Roda de Fogo com a novela homônima produzida pela TV Tupi em 1978, escrita por Sérgio Jockyman e Walther Negrão. Com tramas completamente diferentes, uma produção nada tem a ver com a outra. O único ponto em comum entre a Roda de Fogo da Tupi e a da Globo é a presença, nos elencos das duas novelas, da atriz Eva Wilma – em personagens distintas, logicamente.
Trilha sonora nacional
01. EM FLOR (TOO YOUNG) – Simone (tema de Maura)
02. VOCÊ – Os Paralamas do Sucesso (tema de Laís)
03. TEMA DE ANA MARIA – Clock
04. VOCÊ SE ESCONDE – Rádio Táxi (tema de Pedro)
05. VIVER É DEIXAR ROLAR O SENTIMENTO – Wando (tema de Vera)
06. PRA COMEÇAR – Marina (tema de abertura *)
07. TRANSAS – Ritchie (tema de Renato e Lúcia)
08. ALGUÉM – Kiko Zambianchi (tema de Tabaco)
09. FACHO DE ESPERANÇA – Marçal (tema de Gilson e Joana)
10. SEGREDO – Djavan (tema de Telma)
11. NEM UM TOQUE – Rosana (tema de Helena)
12. MÚSICA URBANA – Capital Inicial (tema geral)
Sonoplastia: Aroldo Barros
Produção musical: Mariozinho Rocha
Trilha sonora internacional
01. SWEET FREEDOM – Michael McDonald
02. WITH YOU ALL THE WAY – New Edition
03. INVISIBLE TOUCH – Genesis
04. COLORS ON MY BLUES – Reno Scott
05. NEW YORK, RIO, TOKYO – Trio Rio
06. YOU CAN’T GET OUT OF MY HEART – Mike Francis (tema de Renato e Lúcia)
07. SLEDGEHAMMER – Peter Gabriel
08. HOLDING BACK THE YEARS – Simply Red
09. THE FINEST – The S.O.S. Band
10. ANCORA CON TE – Peppino di Capri (tema de Maura)
11. SAHARA NIGHT – F. R. David
12. WHY WORRY – Dire Straits (tema de Ana Maria e Pedro)
13. IT WON’T BE THE SAME OLD PLACE – James Warren
14. IF LOOKS COULD KILL – Heart
Gerente do produto: Toninho Paladino
Seleção de repertório: Sérgio Motta
Ainda
12:01 A.M. – Bryan Ingram (tema de Renato)
HOMELESS – Paul Simon and Ladysmith Black Mambazo (tema de Renato no último capítulo)
RISE – Bryan Ingram (tema de suspense)
Tema de abertura: PRA COMEÇAR – Marina
Pra começar
Quem vai colar
Os tais caquinhos
Do velho mundo
Pátrias famílias
Religiões e preconceitos
Quebrou não tem mais jeito
Agora descubra de verdade
Quem você ama
Que o mundo pode ser seu
Se tudo cair
Que tudo caia
Pois tudo raia
E o mundo pode ser seu
Pra terminar, quem vai colar
Os tais caquinhos do velho mundo…
* A versão da música tema de abertura apresentada na novela era diferente da que foi gravada no disco: na abertura era em estúdio, e no disco, uma versão ao vivo.
Uma ótima novela, que teria sido uma excelente minissérie. A trama perde fôlego em vários momentos, onde os acontecimentos se resumem aos personagens comentando sobre fatos ja ocorridos ou confabulando sobre acoes futuras. Sao cenas e cenas de hesitações, reflexões, discussoes sem maiores consequências, com o visível propósito de preencher espaço suficiente para render 179 capítulos. A historia dos documentos que incriminam Benson e Renato se arrasta por meses. A trama do motorista Tabaco, o suposto alivio comico da trama, talvez tivesse graca em 1986, mas não da pra assistir em 2024 nem com todas as licenças poéticas. Apesar disso tudo, um programao: ótimas atuações (com destaque para Tarcisio Meira, protagonista absoluto da trama, Cecil Thire, Renata Sorry, Percy Aires, Joana Fomm, Eva Wilma, Yara Cortez, Felipe Camargo), diálogos bem escritos, personagens bem desenvolvidos, reviravoltas marcantes, direcao caprichada e, acima de tudo, uma historia forte e bem amarrada.
Tive o prazer de assistir esse ano, completa. Uma verdadeira jóia da nossa teledramaturgia. Grandes atuações, um texto maravilhoso, trilha, perfeita. Uma pérola.
Roda de Fogo é uma das grandes novelas dos anos 1980, com um texto muito inspirado do Lauro césar Muniz e Marcílio Mendes e ótimas atuações, porém ela é um produto datado, que refletia a realidade dos anos 1980, sem remakes, por favor, que estragariam a obra, melhor rever a original!!!
E uma trilha internacional com Holding Back the Years, Sledgehammer, Invisible Touch, Heart, entre outros, a novela desperdiça tudo isso tocando Pepino di Caprie Mike Francis à exaustão?
Uma trilha sonora internacional que é uma perfeição e, no entanto, completamente deixada de lado na novela. Que desperdício!
Uma das melhores novelas já feitas na TV brasileira. Uma joia!
Estou assistindo no globoplay. Que novela excelente. Nostalgia.
Adoro essa novela. Saudades foi época novelas boas.
Acabei de ver a trama pelo Globoplay. Que novela incrível. Das melhores que já assisti. Envolvente, texto magnífico, personagens fortes e carismáticos, atuações e direção no tom exato. Pra mim, uma das melhores. Imperdível para quem gosta de uma boa novela.
Estava servindo ao Exercito em 1987,portanto não consegui assistir a vários capítulos, especialmente os últimos. Posso atestar o clima pós ditadura vividos no país, mas ao mesmo tempo pude verificar pessoalmente o quanto o roteiro, a performance dos atores e a dinâmica da trama, envolviam o público a cada capítulo. Destaque para Tarcísio Meira e Cecil Thyré… atuações brilhantes. Estou assistindo na plataforma de streaming Globoplay, esta sendo uma oportunidade incrível rever esta obra.
Incrível como a abertura e as vinhetas dos intervalos dessa novela davam um clímax bom para ter vontade de continuar vendo. Maratonando roda de fogo, pensava em assistir 2 capítulos por dia e quando eu dava conta tinha assistido 5 ou 6. Considero a melhor novela do Tarcísio Meira e uma das melhores de todos os tempos. Não se faz mais novelas desse nível e acredito que se fosse feita hoje seria um fracasso. O povo não consegue mais pensar diante de uma novela. Eram cenas longas, pausas impensadas hoje em dia.