Plumas e Paetês

– núcleo de MARCELA (Elizabeth Savala), moça sozinha no mundo. Trabalhava como dançarina em uma boate em Belo Horizonte, onde se apresentava como ROSELI. Em busca de vida nova e fugindo dos problemas, parte para São Paulo com a amiga JÚLIA (Cristina Aché, participação) e o noivo dela, OSMAR (Stepan Nercessian, participação). Porém, um acidente no caminho mata o jovem casal e Marcela é levada aos pais do rapaz, gente muito rica, que pensam que ela é a noiva do filho. Desamparada, Marcela se passa pela amiga planejando revelar a verdade em breve. Contudo, ela descobre que está grávida, o que leva todos a pensarem que o pai da criança é Osmar, e mantem a farsa. Sua filha nasce e é batizada de PAULINHA, recebendo toda a assistência dos supostos avós.

– núcleo de RENATO (José Wilker), que envolveu-se com Marcela em Belo Horizonte, para quem apresentou-se como PAULO. É o pai da filha de Marcela. Rapaz cínico, antissistema e de temperamento irrequieto. Aventureiro, desaparece de casa por longas temporadas, sem dar satisfação, tentando buscar um caminho a seguir na vida:
os pais: RAUL (Ary Fontoura), sócio em uma revendedora de motos. Exigente com o filho, não aceita o seu estilo de vida, o que gera atrito entre ambos,
e YARA (Cleyde Blota), redatora em uma agência de publicidade, tenta apaziguar os conflitos domésticos. Incentiva a liberdade dos filhos, mas sofre com a ausência de Renato, até que ele retorna para ficar
a irmã LÍDIA (Sura Berditchevsky), moça de personalidade forte. Trabalha como modelo, mas quase não consegue desfiles por ser baixa demais para a profissão, além de muito estabanada.

– núcleo de EDGAR (Cláudio Marzo), irmão de Osmar. Banqueiro, namora uma moça da sociedade, mas apaixona-se por Marcela quando a conhece. Logo rompe seu compromisso para ficar com Marcela. Ao mesmo tempo, tenta se desvencilhar de um caso amoroso secreto que mantinha:
os pais: GUSTAVO (José Lewgoy), aposentado, homem simpático e generoso, recebe Marcela de coração aberto,
e BRUNA (Neuza Amaral), mulher sisuda, fria e preconceituosa, recebe Marcela com desconfiança. Não simpatiza com ela e não aprova o interesse de Edgar pela moça. Com o nascimento de Paulinha, Bruna e Gustavo se enchem de amores pela criança, pensando tratar-se de sua neta
a irmã mais nova MELINA (Silvia Salgado), moça retraída. Torna-se modelo e, aparentemente, consegue trabalho com mais facilidade que Lídia, apesar de ser tão baixinha quanto ela. Nem desconfia que seu irmão está por trás da agência onde trabalha.

– núcleo da agência de modelos Star, secretamente financiada por Edgar para a sua amante gerenciar. As modelos da agência dividem um apartamento, onde Marcela vai morar em São Paulo:
as modelos: DORINHA (Mila Moreira), a mais experiente e sensata. Atua como instrutora das mais novas. Acha que não tem sorte na vida amorosa,
AMANDA (Maria Cláudia), namorada de Renato em São Paulo, mas sofre com a sua ausência. Fica amiga de Marcela, mas elas não desconfiam que amam o mesmo homem. Com o retorno de Renato, ele e Amanda planejam casamento, até que Renato reencontra Marcela,
e VEROCA (Lúcia Alves), irreverente e destrambelhada, fala o que pensa sem medir consequências. Ambiciosa, está mais interessada em levar vantagens. Até que cai apaixonada
os sócios de Edgar: LUÍSA (Maria Helena Dias), administra a agência. É amante de Edgar, para quem ele montou a agência impondo que tudo ficasse em segredo, inclusive o caso dos dois. Sofre por Edgar não querer assumi-la. Inconformada com a paixão dele por Marcela, descobre o passado dela e passa a chantageá-la,
e FRANCIS (Eduardo Conde), amigo pessoal de Edgar a quem ele ofereceu sociedade como forma de diminuir o poder de Luísa na agência. Aproxima-se de Luísa a pedido de Edgar, mas interessa-se mesmo por Dorinha.

– núcleo de REBECA (Eva Wilma), mulher bela e rica que já passou dos quarenta anos. Com a morte do marido, decidiu administrar a tecelagem que herdou, que fabrica os jeans da grife Kalamazu. Teve uma experiência ruim no casamento e sente-se solitária. Divide suas atenções entre os lucros de sua fábrica e o filho único, a quem vigia de perto:
o filho JORGE LUÍS (Paulo Guarnieri), playboy inconsequente e irresponsável, além de mulherengo incorrigível. A mãe até tenta fazê-lo trabalhar ao seu lado, mas não obtém sucesso. É alvo da paixão platônica de Melina, mas ele a vê apenas como uma amiga de infância. Envolve-se com uma copeira da fábrica e, ao mesmo tempo, com Veroca, para o desespero de Rebeca, absolutamente contra esses relacionamentos. Veroca fica perdidamente apaixonada por ele, mas Jorginho a trata apenas como um passatempo
a amiga e confidente ZENAIDE (Lídia Mattos), mora em sua mansão
o sobrinho de Zenaide, KURLAN (Edson Celulari), que vem de Santa Catarina para tentar a vida em São Paulo. Apaixona-se por Melina.

– núcleo de MÁRCIO (John Herbert), diretor da empresa de Rebeca. Viúvo, é apaixonado pela patroa, fazendo tudo para chamar a sua atenção. Na maioria das vezes, porém, acaba ignorado. É síndico no prédio onde moram vários personagens:
os filhos: ZECA (Heraldo Galvão), rapaz boa-praça. Gosta de música, compõe e toca violão. No início, é apaixonado por Amanda, mas, com a chegada de Renato, desiste de investir nela. Nem percebia que Dorinha estava interessada nele,
e SANDRA (Elizângela), moça geniosa. Gosta de cantar e pensa em seguir carreira artística com o irmão. Aos fins de semana, eles apresentam-se em shows, sem a autorização do pai, que desaprova a carreira dos filhos. Ao levar um fora do namorado, que a trocou por outra, faz tudo para melar a relação dos dois.

– núcleo de GINO (Paulo Goulart), chefe da segurança na tecelagem de Rebeca, apaixonado pela patroa. Italiano simples, romântico e de bom coração. Mora com a irmã no edifício onde também residem as modelos e as famílias de Márcio e Raul. Rebeca começa a sentir-se atraída e interessada por Gino e, aos poucos, vence seu preconceito social:
a irmã BIANCA (Myrian Pérsia), balzaquiana romântica e solteirona, vendedora da artigos femininos a domicílio. Tem uma paixão platônica por Márcio, que nem repara nela.

– núcleo de CLÁUDIA (Angelina Muniz), moça rica, modelo amiga de Melina, Dorinha, Amanda e Veroca. A princípio tranquila e cordata, é namorada de Edgar, mas ele termina o namoro quando se apaixona por Marcela. A partir daí, Cláudia muda seu comportamento, tornando-se rebelde e namoradeira, para o desespero de seus pais:
os pais: CRISTIANO (Mário Lago), empresário bem-sucedido. Homem espirituoso, um tanto cínico e debochado. Revolta-se contra a filha quando ela muda seu comportamento,
e IRENE (Monah Delacy), dondoca, amiga de Bruna e de Rebeca.

– núcleo da família de Amanda, gente humilde e simplória:
os pais: CLÓVIS (Felipe Carone), propagandista de remédios, passa o dia andando pelas ruas e está sempre cansado. Reclamão, conservador e antiquado, não gosta da ideia de Amanda ser modelo e de ela ter saído de casa. Vive tendo ideias mirabolantes para abrir seu próprio negócio,
e ZENI (Eloísa Mafalda), mulher expansiva e trabalhadora. Tem um salão de beleza improvisado na sala de sua casa
os irmãos: ÂNGELO (Mário Gomes), rapaz bonito, mas sonso, volúvel e interesseiro. Namorado de Sandra no início, termina com ela para ficar com Lídia, o que deixa a ex inconformada, principalmente por ela achar que ele se vendeu ao aceitar trabalho do pai de Lídia. Porém, Ângelo cai apaixonado por Cláudia, que apenas o usa,
e NADIR (Solange Theodoro), moça tímida e retraída, se acha feia e sem graça. Copeira na tecelagem de Rebeca, é alvo do assédio de Jorge Luís e fica apaixonada por ele, que lhe promete casamento. Os dois precisam enfrentar a oposição de Rebeca e o cerco de Veroca, interessada no rapaz.

– demais personagens:
PADRE CLODOVIL (Nestor de Montemar), frequenta a casa de alguns personagens. Glutão, sempre aparece à hora das refeições
SEU CHICO (Walter Stuart), porteiro do prédio ondem moram vários personagens. É um senhor lerdo e meio surdo que vive errando nomes e trocando os recados dos moradores, causando confusão
DONA CAROLINA (Elza Gomes), moradora do prédio, velha fofoqueira e reclamona.

Inspirações

A espinha dorsal de Plumas e Paetês – a trama de Marcela (Elizabeth Savala), que se infiltra em uma família rica assumindo outra identidade – era claramente inspirada no romance “Casei-me com um Morto”, de Cornell Woolrich (sob o pseudônimo William Irish), que tinha o mesmo ponto de partida. Publicado em 1948, o livro rendeu várias adaptações no cinema, sendo a mais famosa o filme No Man of Her Own, em 1950, de Mitchell Leisen, com Barbara Stanwyck. Também rendeu a novela A Intrusa, em 1967, na TV Tupi, adaptada por Geraldo Vietri e estrelada por Dina Sfat.

A trama tinha como pano de fundo o mundo da moda e dos desfiles. Ao tratar do dia a dia das modelos – “manequins” ou “manecas”, como se falava na época -, o autor Cassiano Gabus Mendes revelou suas intenções ao jornal O Globo de 07/09/1980:
“Resolvi falar dessas mulheres, da vida que levam. Conheci vários manequins e sei de seus problemas, que são enormes. Problemas de família, de idade, dos assédios constantes que geram conflitos amorosos. Vou tentar traçar um painel, mostrando suas dificuldades, seu trabalho, sua luta. E um tema rico de elementos a serem explorados.”

O primeiro título pensado para a novela foi Carrossel de Ilusões. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)
Outro nome cogitado: Passarela. (O Globo, 07/08/1980 *)

Troca de autor

Plumas e Paetês não ia lá muito bem no Ibope quando Cassiano Gabus Mendes sofreu um enfarte, ficando impossibilitado de levar a novela adiante. O autor passou por uma cirurgia para a implantação de três pontes de safena e não retornou à sua obra. (O Globo, 14 e 18/01/1981 *)
As datas do enfarte divergem: o jornal O Fluminense informou que teria ocorrido no dia 11/01/1981, enquanto O Globo noticiou que foi no dia 13/01/1981. (*)

Cassiano foi então eficazmente substituído por Silvio de Abreu, que provocou algumas alterações na trama e concluiu Plumas e Paetês alavancando a audiência da novela. Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo), Silvio narrou que Cassiano, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, indicou-o para continuar a novela. Ele se reuniu então com sua esposa, Maria Célia, em um fim de semana e o casal leu os mais de cem roteiros para se inteirar (eles não assistiam à novela). Em uma semana, Silvio entregou 6 capítulos à produção.

Ao livro “Autores”, Silvio de Abreu afirmou que teria assumido o texto de Plumas e Paetês a partir do capítulo 103, o que é impossível visto que este capítulo foi ao ar no dia 08/01, antes do enfarte de Cassiano.
O crítico Artur da Távola informou no jornal O Globo de 21/01/1981 que os primeiros capítulos escritos por Silvio iriam ao ar por volta do dia 20/02 (neste dia foi exibido o capítulo 137).
De fato, Silvio assumiu a novela no capítulo 138, exibido em 21/02/1981. (O Globo, 22/03 e 05/04/1981 *)

O diretor geral, Gonzaga Blota, também enfartado, foi afastado antes da estreia da novela, sendo substituído por Jardel Mello. Gonzaga, entretanto, continuou na produção, como supervisor. (O Globo, 08/09/1980 *)

Elenco

Primeira novela inteira na Globo de John Herbert e estreia na emissora de Eva Wilma e Paulo Guarnieri.
Paulo Goulart voltava à Globo após sete anos – a última novela foi Uma Rosa Com Amor, em 1973.
Todos egressos das novelas da TV Tupi (que encerrara suas atividades pouco antes, em 18/07/1980).

Cassiano Gabus Mendes juntou mais uma vez a dupla Eva Wilma e John Herbert, do antigo seriado Alô, Doçura!, que ele mesmo escreveu e dirigiu na TV Tupi, entre 1953 e 1964 (época em que os atores eram casados). À dupla, uniram-se Paulo Goulart e Myrian Pérsia, formando um divertido quadrilátero amoroso.

Eva Wilma havia sido inicialmente reservada para a novela das oito Coração Alado, enquanto Irene Ravache iria para Plumas e Paetês viver a personagem Rebeca. Como Coração Alado estrearia antes e Eva tinha compromissos com teatro, a Globo a deixou para a novela das sete, substituindo Irene Ravache. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)

Maria Cláudia havia perdido para a atriz Débora Duarte o papel de Catucha, uma das protagonistas de Coração Alado. Como consolação, Maria Cláudia ganhou Amanda, uma das modelos protagonistas de Plumas e Paetês.

José Wilker voltava a atuar em novelas após um hiato de quatro anos. A última havia sido Anjo Mau, em 1976, também de Cassiano Gabus Mendes, na qual o ator tivera problemas com o diretor (Régis Cardoso).

De acordo com o balanço final da novela publicado na revista Amiga (em abril de 1981), o ator Cláudio Marzo – “o eterno insatisfeito” conforme a matéria – criticou o seu personagem, Edgar, durante todo o decorrer do trabalho. (*)

Um destaque foi Lúcia Alves, como a divertida modelo Veroca, que chamou para si toda a atenção dos telespectadores ao disputar com a simplória Nadir (Solange Theodoro) o amor do playboy mulherengo Jorge Luís (Paulo Guarnieri).

Lídia Brondi foi convidada para interpretar a modelo Cláudia, mas declinou. Em seu lugar, foi escalada Angelina Muniz. (jornal O Fluminense, 09/07/1980, pesquisa: Mauricio Gyboski)

A atriz e ex-modelo Mila Moreira, do elenco da novela, prestou uma assessoria informal a Cassiano Gabus Mendes sobre assuntos relacionados ao universo das passarelas.
“Sempre pedia ao Cassiano para incluir os bastidores dos desfiles e não esquecer que os modelos devem ser sindicalizados”, explicou a atriz ao Jornal do Brasil em 16/03/1996.

Único trabalho na Globo do então ator e músico Heraldo Galvão, irmão de Fábio Jr., pai do ator Guilherme Boury (de seu casamento com a a atriz e novelista Margareth Boury).

O ator Felipe Carone, recém-saído da novela anterior no horário, Chega Mais, emendou com Plumas e Paetês, a produção seguinte.

Laerte Morrone foi escalado para viver o Padre Clodovil, mas uma hepatite o afastou da produção. O ator foi substituído por Nestor de Montemar. (O Globo, 23/08/1980 *)

O nome do padre da novela, obviamente, era uma referência ao costureiro Clodovil Hernandes, então um habituée das novelas de Cassiano Gabus Mendes, tendo feito participações especiais em Te Contei? e Marron Glacé. Clodovil também apareceu em Plumas e Paetês, no último capítulo. Na época da novela, o costureiro tinha um quadro no programa TV Mulher.

O último capítulo terminava com um desfile na Gallery, sofisticada casa noturna de São Paulo, com a presença, entre outros, de Clodovil Hernandes. Ao final, o cantor e bailarino Ronaldo Resedá cantou a música-tema de abertura da novela enquanto as modelos do elenco desfilavam.

Locações e cenografia

Foi a primeira vez que Cassiano Gabus Mendes conseguiu desenvolver, na Globo, uma trama em sua terra natal, São Paulo. Suas novelas anteriores, por imposição da emissora, se passavam no Rio de Janeiro.

Não foi a primeira ocasião que uma novela das sete da Globo foi ambientada na capital paulista. Porém, foi a primeira vez em que locações paulistanas foram fartamente usadas em uma novela das sete, uma prática que se tornou comum na faixa a partir de então. Serviram de locação para Plumas e Paetês vários lugares que estavam na moda na capital paulista e que revelavam os padrões da sociedade de consumo da época.
Entre as locações, o parque do Ibirapuera, os shoppings Iguatemi e Center 3, o Conjunto Nacional, o Terraço Itália e os bairros elegantes do Morumbi e Jardim Europa. (O Globo, 10/08/1980, *)

O autor comentou sobre as gravações na cidade ao jornal O Globo de 07/09/1980:
“Vou explorar bem os ambientes paulistas. Restaurantes, boates, lugares da moda, pontos de encontros dos jovens. E também os bairros e locais pitorescos, tirando a imagem de São Paulo como uma cidade séria, onde só se trabalha.”

O edifício que serviu de fachada para o prédio onde moravam vários personagens era o Condomínio Mirante do Sumaré, localizado na Rua André Dreifus 109, no bairro do Sumaré, em São Paulo.

A equipe de produção também esteve nas cidades de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para realizar gravações para os primeiros capítulos.

Nas paredes dos cenários, muitas reproduções de obras de pintores brasileiros, como “Do Círculo ao Quadrado”, de Ubi Bava, “Planos em Superfície”, de Lygia Clark, “Formas”, de Ivan Serpa, e “Clarovermelho”, de Aloísio Carvão, entre outras. Ubi Bava, inclusive, enviou uma carta ao Jornal do Brasil (publicada em 12/01/1981) reclamando que não autorizara a reprodução de sua obra para ser exposta na novela. (*)

Figurinos

O figurinista Marco Aurélio se preocupou em criar estilos bem diferentes para as personagens da novela. Dorinha (Mila Moreira) tinha uma personalidade forte e suas roupas tinham um toque engraçado e original. Já Lídia (Sura Berditchevsky) sofria por não ser alta e ter pouco jeito para desfilar, dando margem a um lado mais cômico: ela acabava escolhendo tudo o que estava na moda, mesmo sem saber se combinava com seu tipo físico. Amanda (Maria Cláudia) seguia uma linha exuberante, enquanto Veroca (Lúcia Alves) tinha um visual mais sensual e arrojado – seu rabo de cavalo preso na lateral fez sucesso.

Dona de uma fábrica de jeans, Rebeca (Eva Wilma) representou o universo de confecção e produção de moda. A executiva se vestia com roupas clássicas, práticas, com peças básicas incrementadas por toques de sofisticação. (Site Memória Globo)

Merchandising

Antes mesmo da estreia de Plumas e Paetês, a TV Globo fechou um contrato de publicidade com o fabricante de jeans Staroup, que lançou, por meio da novela, uma nova marca, a Kalamazu. Na trama, Rebeca (Eva Wilma) era a dona da confecção que fabricava os jeans da Staroup.

Visando faturar com sua novela, Cassiano Gabus Mendes criou outros personagens que pudessem ser aproveitados para merchandising. Yara (Cleyde Blota) era redatora de uma agência de publicidade, assim apareceu criando campanhas para a ração de cachorros Purina e para o brinquedo Genius, da Estrela. Raul (Ary Fontoura) iniciou a trama como gerente de uma revendedora de automóveis, porém nenhuma montadora interessou-se em usá-lo como garoto-propaganda. A partir do capítulo 30, o personagem trocou de emprego e passou a vender motocicletas, já que a Globo fechara uma publicidade com a Honda.

Outros personagens, como Cristiano (Mário Lago) e Gustavo (José Lewgoy), iniciaram a novela sem uma profissão definida, aguardando anunciantes em que pudessem ser encaixados. (revista Veja, 24/09/1980)

Anunciaram também na novela, entre outros: cerveja Antárctica e, depois, cerveja Brahma; refrigerantes Coca Cola; massas Adria; shake emagrecedor Bio Norm; toalhas Santista; e sandálias Melissa, da Grendene (um grande sucesso da época).

Abertura e trilha sonora

Ronaldo Resedá voltava a embalar a abertura de uma novela de Cassiano Gabus Mendes, repetindo seu estilo alegre e jovial na tentativa de emular o sucesso do ano anterior, da abertura de Marron Glacé. A música “A Última Moda” – rebatizada de “Plumas e Paetês” por causa da novela – foi composta, especialmente para a produção, por Eduardo Dussek e Luís Carlos Góes.

Antes de se lançar como atriz, Silvia Pfeifer foi uma modelo de sucesso. Silvia e as manequins Carla Pádua, Mira Fonseca, Márcia Taylor e Estela Sepreny apareceram na abertura de Plumas e Paetês, fazendo poses, caras e bocas em um sofisticado editorial de moda eletrônico. (pesquisa: Danilo Monzillo)
As fotos das modelos na abertura eram do renomado fotógrafo de moda Miro (Azemiro de Souza), creditado no encerramento dos capítulos.

O alfabeto que originou o logotipo da novela é criação de Hans Donner e de sua ex-mulher Sylvia Trenker, artistas gráficos – ele, responsável pelas aberturas dos programas da TV Globo. O desenho da capa do LP “Plumas e Paetês Internacional” é de Sylvia, que, com o seu estilo e traço característicos, criou na época vários desenhos replicados em vinhetas da Globo – como as vinhetas de carnaval e do programa TV Mulher.

A partir de um determinado momento, os nomes dos quatro atores protagonistas – Elizabeth Savala, Maria Cláudia, José Wilker e Cláudio Marzo – passaram a alternar diariamente a ordem de aparição na abertura.

O cantor, compositor e produtor musical americano Davitt Sigerson, então no Brasil aproveitando a repercussão de sua música “I Never Fall in Love” (da trilha internacional da novela), fez uma participação em Plumas e Paetês, cantando seu hit em uma festa na casa de Rebeca (Eva Wilma), no capítulo 85, exibido em 15/12/1980.

Exibição

Por causa de problemas com a produção da novela seguinte (O Amor é Nosso!), Plumas e Paetês precisou ser espichada, totalizando 191 capítulos em quase oito meses de exibição, uma das mais longas novelas do horário das sete na época.

Por causa do Mundialito de Futebol de 1980, não houve exibição de capítulos da novela nos dias 30/12/1980 e 1, 3, 6, 7 e 10/01/1981.

Plumas e Paetês terminou no mesmo dia em que também chegava ao fim, na TV Bandeirantes, a novela O Meu Pé de Laranja Lima.

Plumas e Paetês foi reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo, de 03/01 a 02/09/1983. A novela praticamente não foi editada para essa reprise, o que era raro naquele tempo. Dos 191 capítulos originais, teve cerca de 180 na faixa vespertina.

A novela foi também reprisada no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo), a partir de 20/01/2025, às 14h40.

Remake

Em 2010, Maria Adelaide Amaral adaptou Ti-ti-ti, novela de Cassiano Gabus Mendes de 1985-1986, em uma nova versão desta história. Às tramas da Ti-ti-ti original, juntaram-se personagens e tramas de Plumas e Paetês – as duas novelas têm em comum o universo da moda como pano de fundo.

De Plumas e Paetês, a autora retirou a história de Marcela-Renato-Edgar e também a trama do casal Rebeca e Gino. No remake, estes personagens foram vividos por Ísis Valverde, Guilherme Winter, Caio Castro, Christiane Torloni e Marco Ricca, respectivamente.

E mais

O mundo da moda também serviu de pano de fundo para outras produções, como as novelas Ti-ti-ti (1985-1986 e 2010), Top Model (1989-1990), Razão de Viver (1996), Um Anjo Caiu do Céu (2001), Desejos de Mulher (2002) e Verdades Secretas (2015), e a minissérie Sex Appeal (1993).

Assumir a identidade de outra pessoa – desaparecida ou dada como morta – é um filão já bastante explorado em nossa Teledramaturgia. Além de Plumas e Paetês: A Intrusa (1967), Hospital (1971), O Semideus (1973-1974), Vida Roubada (1983-1984), O Outro (1987), Cara e Coroa (1995-1996), Pérola Negra (1998-1999), Esplendor (2000), Duas Caras (2007) e outras.

* Pesquisa: Sebastião Uellington Pereira.

Trilha sonora nacional

01. NOSSO ESTRANHO AMOR – Marina e Caetano Veloso (tema de Renato e Amanda)
02. NOVA MANHÃ – 14 Bis (tema de Jorge Luís e Nadir)
03. QUEM TEM A VIOLA – Boca Livre (tema de Renato)
04. QUERO QUERO – Cláudio Nucci (tema de Gino)
05. DE ONDE VEM – Black Rio (tema de Veroca)
06. SEMENTE DO AMOR – A Cor do Som (tema geral)
07. A MESMA PORTA – Gilson
08. PRÊT-À-PORTER – Robson Jorge e Lincoln Olivetti (tema geral e tema das vinhetas de intervalo)
09. MEU AMIGO, MEU HERÓI – Zizi Possi (tema de Marcela, depois tema de Bianca)
10. FRACASSO – Gilliard
11. AROMA – Lúcia Turnbull (tema de Sandra)
12. MELÔ DE AMOR – Luiz Maurício (Lulu Santos) (tema de Zeca)
13. TE DEI DEMAIS – Felipe Neto (tema de Marcela e Edgar)
14. PLUMAS E PAETÊS (A ÚLTIMA MODA) – Ronaldo Resedá (tema de abertura)

Sonoplastia: Paulo Ribeiro
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Lulu Santos

Trilha sonora internacional

01. I NEVER FALL IN LOVE – Davitt Sigerson (tema de Ângelo)
02. GIVE ME THE NIGHT – George Benson
03. SHADOW IN THE SUN – Sylvia Mason
04. NEVER KNEW LOVE LIKE THIS BEFORE – Stephanie Mills
05. THE STRANGERS – Dschinghis Khan
06. NO NIGHT SO LONG – Dionne Warwick (tema de Marcela e Edgar)
07. MODERN GIRL – Sheena Easton
08. SURE SHOT – Crown Heights Affair
09. MAGIA – Pippo e Monica (tema de Rebeca e Gino)
10. GOODNIGHT MY LOVE – Mike Pinera (tema de Renato com Amanda e com Marcela)
11. NOW’S THE TIME – Stephan
12. SUN OF JAMAICA – Goombay Dance Band
13. SPECIAL LADY – Ray, Goodman and Brown
14. DO RIGHT – Paul Davis (tema de Jorge Luís e Nadir)

Trilha sonora complementar: Temas instrumentais das novelas Coração Alado e Plumas & Paetês

01. TAKE FIVE – Quartet (tema de Coração Alado)
02. PRÊT-À-PORTER – Robson Jorge e Lincoln Olivetti (tema geral e tema das vinhetas de intervalo de Plumas e Paetês)
03. YOU´LL NEVER KNOW – Golden (tema de Coração Alado)
04. SQUASH – Robson Jorge (tema de Plumas e Paetês)

Ainda
A MEDIA LUZ – ESTA NOCHE ME EMBORRACHO – Orquestra Nacional (quando Márcio imagina Rebeca e Gino dançando)
AQUA MARINE – Santana
FRÜHLINGSSTIMMEN OP. 410 – Vienna Volksoper Orchestra & Peter Falk (quando Márcio imagina Rebeca e Gino dançando)
GYMNOPEDIE Nº 1 – Sky
LAST CALL – The Crusaders
LIGHT AS A FEATHER – Azymuth
LIGHTNING IN THE SKY – Santana
MARATHON – Santana
PAPILLON (HOT BUTTERFLY) – Chaka Khan (na festa de Rebeca)
TEMA DE GAFIEIRA – FLOR DE LIZ – Raul de Barros (quando Márcio imagina Rebeca e Gino dançando)
THE BATTLE OF HOLLYWOOD (FROM “1941”) – John Williams (tema de suspense)
(THEME FROM) NEW YORK NEW YORK – Frank Sinatra (Rebeca põe a música para dançar com Gino)
THIS EXISTS – Azymuth
WHERE OPPOSITES MEET – Sky (tema de suspense)

Tema de abertura: PLUMAS E PAETÊS (A ÚLTIMA MODA) – Ronaldo Resedá

Você sabe? Você sabe?
Qual é a última moda da Terra
Você sabe? Você sabe?
O que é o grito, o que choca, o que berra!

Meu bem, agora o corte é profundo
Essa é a nova moda do mundo
Trocar de roupa é como trocar de marido
Pois o amor não vale mais que um vestido

Muito quepe, muita touca, muita boina
Mas por favor, não seja doidona
De se esquecer e de marcar
É na cabeça que se tem que usar

Você sabe? Você sabe?
Qual é a última moda da Terra
Você sabe? Você sabe?
O que é o grito, o que choca, o que berra!

Saias largas com pouca costura
Já que a última é a abertura
E se torture naquele macacão
Já que o quente é a ilusão

Muita boca, muita cara de modelo
Senão você acaba nua em pelo
E vê se faz aquela pose ao desfilar
Talvez assim você se torne superstar
E vê se faz aquela pose ao desfilar
Talvez até você se torne superstar…