
Sinopse
Cidinha e Leda são amigas desde a infância, nasceram no mesmo dia e hora, no mesmo hospital. Mais tarde, na faculdade, disputaram o amor do mesmo homem, Belo, que engravidou as duas. Cidinha levou a melhor casando-se com ele. A toada das coincidências reunindo as duas amigas continuou quando elas tiveram os bebês também no mesmo dia, horário e hospital. Duas meninas.
A filha de Cidinha morreu. Belo trocou as crianças e Leda achou que foi ela quem perdeu o bebê. Neste ponto, as duas amigas se separaram, seguindo caminhos opostos. Cidinha virou uma dona de casa que jamais pensou em trabalhar fora. Leda tornou-se uma jornalista bem-sucedida que tem aversão a casamento e filhos. Embora satisfeitas com a opção que fizeram, de certa forma, uma sente inveja da outra.
Anos depois, Leda decide voltar ao Brasil. As amigas se reencontram e a disputa pelo mesmo homem reacende antigas rivalidades. Ao descobrir a troca das crianças, Leda passa a disputar com Cidinha o amor de Belo e a guarda da filha, a hoje adolescente Tuca, que vive um grande conflito ao saber que fora trocada na maternidade.
Paralelo ao drama de Cidinha e Leda, Belo se envolve com os negócios escusos da mafiosa família Torremolinos, uma organização de contrabando comandada pelos poderosos primos Dom Franco e Dom Branco Torremolinos. Para desbaratar os mafiosos, a atrapalhada equipe do delegado Venâncio entra em ação: os policiais Paulinho Pamonha, Teio, Giovanni, Johann, Romano e Joana.
VERA FISCHER – Cidinha (Maria Aparecida Falcão Belotto)
SILVIA PFEIFER – Leda Vallenari
MÁRIO GOMES – Belo (Antônio Belotto)
ALEXANDRE FROTA – Jaú
CASSIANO GABUS MENDES – Dom Franco Torremolinos
JOSÉ LEWGOY – Dom Branco Torremolinos
JOHN HERBERT – Cervantes Torremolinos
GUILHERME KARAN – Hector Torremolinos
BETH GOULART – Diana Torremolinos
CLÁUDIA LIRA – Manuela Torremolinos
NAIR BELLO – Gema Belotto
CARLOS KROEBER – Michelângelo Belotto
FLÁVIO MIGLIACCIO – Venâncio Falcão
NICETTE BRUNO – Vivian Bergman
TATO GABUS MENDES – Paulinho Pamonha
FRANÇOISE FORTON – Caroline
RÔMULO ARANTES – Teio (Otávio)
BIANCA BYNGTON – Teia (Stephanie)
IRVING SÃO PAULO – Johann Boll
GERSON BRENNER – Giovanni Barbieri
ALBERTO BARUQUE – Romano Garcia
FABIANA SCARANZI – Joana Carvalho
FELIPE MARTINS – João Maluco
SILVIA BUARQUE – Maria Doida
GUILHERME LEME – Anjo (Gabriel Fernandes)
ANA PAULA BOUZAS – Pimenta (Pirilena Silva)
ROSITA TOMAZ LOPES – Walkíria Souto Maior
CISSA GUIMARÃES – Zu
LEINA KRESPI – Dona Ambrósia Garcia
VICTOR BRANCO – PH (Pedro Henrique)
GIBRAN CHALITA – Flavinho
MÁRCIA DORNELLES – Mayara Mesquita
as crianças e adolescentes
NATÁLIA LAGE – Tuca (Andrea Belotto)
IGOR LOGULLO – Toninho (Antônio Belotto Filho)
ADRIANA TAUSZ – Zazá (Suzana Belotto)
TATIANNE GOULART – Marília
DEMIAN TEMPONI – Vitor
VIVIANE NOVAES – Patrícia
e
ANA MARIA BARRETO DE OLIVEIRA
ANA PAULA GRECCO
ANDRÉ FILIPPI – Dentinho
ANDRÉ SPÍNOLA – contato de Jaú nas transações misteriosas
ARAÚJO HULK
ARICLÊ PEREZ – promotora no julgamento de Cidinha
BIA SEIDL – advogada de Cidinha
CARLA TAUSZ
CARLOS GREGÓRIO – Sampaio (corregedor que avisa os policias das intenções de Venâncio)
CARLOS TAKESHI – cabeleireiro de Cidinha
CATALINA BONAKI – traficante que leva um tiro em uma perna
CHAGUINHA – operário
CHICA XAVIER – presidiária amiga de Cidinha
CININHA DE PAULA – Batista (presidiária)
CLEYDE BLOTA – mãe de Maria Doida
COSME DOS SANTOS – Puxeta (chefe de uma quadrilha que rouba veículos)
CRISTINA PEREIRA – funcionária na maternidade
ERNANI MORAES – presidiário
FABIANA MELO E SOUZA – governanta da família Torremolinos
FÁBIO SABAG – Dom Federico Visconti (mafioso e padrinho de Dom Branco Torremolinos)
FAUSTO GALVÃO
FERNANDA MUNIZ – Irina
FLÁVIO COLATRELLO – Baby Face (mafioso com negócios com os Torremolinos)
FLORIANO PEIXOTO – Capitão (jogador de futebol, amante da mãe de Maria Doida no passado)
HILTON COBRA – operário
IARA JAMRA – Tina (moça tímida que contrata João Maluco para acompanhá-la a um baile)
ILYA SÃO PAULO – Robles
INÊS GALVÃO – Joaninha (policial que entra temporariamente no lugar de Joana)
ISABELA GARCIA – Violeta (prostituta contratada por Venâncio para incriminar Teio, Giovanni e Johann)
IVAN CÂNDIDO – Souza (padrasto de Maria Doida)
IVAN CORRÊA
JAMAICA MAGALHÃES
JOÃO PHELIPE – Tatá
JOÃO VITTI – Jonathan (namorado de Maria Doida, no início)
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – juiz no julgamento de Cidinha
KARLA SABAH
LEANDRA RIBEIRO
LEZZER
LUÍS MAGNELLI – Raimundo
MARA MANZAN – senhoria do quarto onde João Maluco mora antes de ir para a casa de Cidinha
MARCELO VALL
MÁRCIA REGO MONTEIRO
MARIA ALVES – funcionária do presídio onde Cidinha é presa acusada de ter atirado em Belo
MARIANNE VICENTINI – enfermeira de Dom Franco Torremolinos
MARINA LIMA como ela mesma, disputada para uma entrevista por Leda e Cidinha
MÁRIO LAGO – Garcia (mafioso rival da família Torremolinos)
MARTA BERARDO
NELSON DANTAS – Delegado Palhares
NICOLE PUZZI – Irma
NORTON NASCIMENTO – bombeiro
PAULO CARVALHO
PAULO REZENDE
RAUL CORTEZ – cartomante que prevê o futuro de Leda
RAUL GUTIERREZ
REJANE ZILLES
RODOLFO BOTTINO – Garciazinho (Rodrigo Garcia, filho de Garcia)
ROSIMAR MELLO – Aerovelha
ROBERTO SANTANNA
SÉRGIO DIRELL
TATIANA TOFFOLI – Bia
VITOR HUGO – Caco
WAGNER FERRARA
WALDIR RODRIGUES
XÊNIA D´AVILA – Alice (amiga de Leda)
– núcleo de CIDINHA (Vera Fischer), dona de casa esforçada, ingênua e ansiosa, naturalmente atrapalhada. Faz força para tudo dar certo, mas acaba fazendo tudo errado ou, pelo menos, não conseguindo agradar a todos ao mesmo tempo. Anulou sua personalidade para ser só esposa e mãe. Adora o marido e os filhos, mas não está realizada no casamento. Morre de inveja de uma amiga do passado, porque as duas fizeram juntas uma prova para conseguir um estágio em um jornal e a amiga ficou com a vaga. Porém, Cidinha ficou com o marido, como se o destino distribuísse dois prêmios, um para cada uma:
o marido BELO (Mário Gomes), que Cidinha pensa trabalhar com negócios de importação e exportação de uma rica e poderosa família, mas ele não passa de um empregado da máfia, levando uma vida dupla. Esconde de Cidinha que trabalha com contravenção porque o pai dela é policial. Não deixa faltar nada em casa, ama os filhos e está sempre pronto para o amor com a mulher, mas é narcisista e infiel, com várias namoradas. Fica balançado com a volta de uma antiga namorada. Pego em flagrante por Cidinha, tem sua vida virada de cabeça para baixo
os filhos: TUCA (Natália Lage), menina brilhante, percebe o quanto a mãe é maltratada pelas exigências do pai. Construiu uma personalidade de menino, que recusa um pouco o lado feminino. Sempre critica a mãe, embora seja sua amiga e conselheira, e fica transtornada quando descobre que não é sua filha legítima,
TONINHO (Igor Logullo) e ZAZÁ (Adriana Tausz), os menores
o pai VENÂNCIO (Flávio Migliaccio), homem duro e, ao mesmo tempo, carinhoso. Ex-militar, muito honesto, é um delegado de polícia do tipo implacável, que não livra a cara de ninguém. Cidinha acha que o pai é um amigão e que vai protegê-la para o resto da vida, mas essa ilusão é logo desfeita. Tem um filho cuja relação foi interrompida quando ele tinha dez anos e fugiu de casa, sob a acusação de ter acidentalmente matado a mãe, um assunto doloroso na família
os sogros, pais de Belo: MICHELÂNGELO (Carlos Kroeber), homem apagado pela exuberante mulher, GEMA (Nair Bello), uma legítima mamma italiana. Foi muito pobre e isso a irrita profundamente. Jamais gostou da nora e a acusa de ser incompetente. Acha o marido um “zero à esquerda” e se comporta como viúva de filho único. Dá força para Belo ficar com a ex-namorada e largar Cidinha, só para separar o filho. Mais tarde, reconhece que a nora fazia bem a ele
a vizinha ZU (Cissa Guimarães), amiga, mas folgada. Sente atração por Belo, mas não considera isso uma traição, já que só quer “tirar uma casquinha”.
– núcleo de LEDA (Sílvia Pfeifer), ex-melhor amiga de Cidinha. Mulher sofisticada, chique, inteligente, prática e sarcástica. Independente, frequentemente solitária, parece ter tudo, mas sente falta de amar, de não dividir nada com ninguém. Jornalista respeitada, retorna dos Estados Unidos disposta a resolver o que deixou para trás: o amor de Belo. Faz a linha durona, que não chora e foge da emoção o tempo todo. Porém, sua aparência de mulher resolvida é pura fachada e a aversão que tem por marido e filhos é consequência de ter sido preterida por Belo, que escolheu Cidinha, e perdido o bebê que esperava dele. Descobre que sua filha está viva: é Tuca, criada por Cidinha, que nunca soube que ela fora trocada na maternidade por Belo:
a governanta WALKÍRIA (Rosita Thomaz Lopes), mulher fina, de bom gosto, com quem conversa sobre tudo. De vez em quando, quebra a rigidez da patroa com bons e divertidos conselhos. Conhece-a profundamente
o ex-namorado PEDRO HENRIQUE, o PH (Vitor Branco), editor do jornal onde trabalha. Com inveja do casamento de Belo e Cidinha, Leda o pede em casamento, mas ele esquece que a bajulou a vida inteira e diz que não está a fim de casar
a amiga MAYARA (Márcia Dornelles), colega de profissão.
– núcleo de DOM FRANCO TORREMOLINOS (Cassiano Gabus Mendes), velho de 99 anos, ainda lúcido, mas que só anda em cadeira de rodas. É o patriarca da rica e poderosa família Torremolinos, mafiosos que comandam uma organização de contrabando, para a qual Belo trabalha. Ladino, safado e perigoso, exige muito respeito por parte dos filhos e os deixa inseguros porque ainda não escolheu seu sucessor, mas demonstra uma clara preferência pelos empregados. Tarado pela enfermeira, vive fazendo estripulias em sua cadeira de rodas:
os filhos: CERVANTES (John Herbert), não tem índole de gangster, mas briga com o irmão pela sucessão familiar. Contudo, todos sabem que se os negócios caíssem em suas mãos, toda a família iria à falência na semana seguinte,
e HECTOR (Guilherme Karam), frio e ambicioso, totalmente infiel ao pai e ao irmão. Consegue ludibriar todo mundo e roubar a própria família. Tem uma relação sadomasoquista com a esposa
a nora DIANA (Beth Goulart), mulher de Hector. Perua perigosa, bebe sem parar e passa o tempo tentando chamar a atenção do marido. Deixa claro que está entediada com a vida que leva ao lado dele. Sugere que casou por dinheiro, mas, no fundo, é apaixonada por Hector
a neta MANUELA (Cláudia Lira), filha de Cervantes. Moça mimada, vive andando de lingerie pela casa, clamando por repreensão. Parece uma irrecuperável “filhinha de papai”
o marido de Manuela, FLAVINHO (Gilbran Chalita), seu capacho
o primo DOM BRANCO TORREMOLINOS (José Lewgoy), praticamente o substitui quando morre
o empregado JAÚ (Alexandre Frota), que trabalha para os Torremolinos juntamente com Belo. O que complica o seu trabalho é a atração que sente por Manuela, com quem mantem um caso. Envolve-se com Leda.
– núcleo de JOÃO MALUCO (Felipe Martins), irmão de Cidinha, filho de Venâncio. Vive sozinho e traz um traço de autodestruição, resultante do trauma sofrido na infância. Acreditou na versão do pai sobre a morte da mãe e, sentindo-se culpado, voltou-se totalmente para si mesmo. É calado, ressabiado, mal encarado, um “bicho do mato”. É brigado também com Cidinha porque, ao flagrar Belo traindo a irmã e contar para ela, foi tratado como intrigueiro:
MARIA DOIDA (Sílvia Buarque), menina “descolada” com quem vive uma grande paixão
ANJO (Guilherme Leme), ex-palhaço, professor de dança de Cidinha
PIMENTA (Ana Paula Bouzas), golpista, pensa que é a “rainha da cocada”, mas, no fundo, é uma moleca romântica. Fica louca de amores por Anjo e o persegue. Vai envolver-se com João Maluco.
– núcleo de VIVIAN (Nicette Bruno), escriturária da delegacia, amante do Delegado Venâncio. Mulher solar, voluntariosa, vaidosa. Com a sensualidade de uma vedete, usa roupas justas para valorizar o corpo e chamar a atenção. Paparica as filhas e acha os genros uns fracassados:
as filhas: CAROLINE (Françoise Forton), inferniza a vida do marido. Esteticista ambiciosa e perigosa,
e TEIA (Bianca Byington), metida e ambiciosa como a irmã, mora com o marido na casa da mãe. Bate nele na frente de todos, mas é apaixonada
os genros: PAULINHO PAMONHA (Tato Gabus Mendes), marido de Caroline. Policial competente, mas desacreditado, passa horas na delegacia investigando crimes por meio da avaliação do lixo dos suspeitos. Faz o estilo estudioso, que trabalha na polícia porque gosta de desvendar mistérios, não porque aprecie violência, já que é tímido e inseguro. Apaixona-se por Cidinha,
e TEIO (Rômulo Arantes), marido de Teia. Também policial, trabalha com Vivian e Paulinho. No trabalho, faz a linha “durão”, que resolve tudo na base da força, mas em casa apanha da mulher. Atrapalhado como seus companheiros da delegacia, disputa com eles os elogios do Delegado Venâncio
os netos: PATRÍCIA (Viviane Novaes) e VITOR (Demian Temponi), crianças, filhos de Caroline e Paulinho.
– núcleo da delegacia onde atuam Venâncio, Paulinho Pamonha e Teio, cuja principal missão é desbaratar as ações da família Torremolinos:
GIOVANNI (Gerson Brenner), policial fortão, grosso, ignorante e trapalhão. Descendente de italianos, é bem-humorado, daqueles que perdem um amigo mas não perdem a piada
JOHANN (Irving São Paulo), investigador ligado em técnicas de relaxamento e filosofia zen. Tem jeito de menino abandonado, que precisa de colo, mas, na verdade, sabe usar a timidez a seu favor
ROMANO (Alberto Baruque), o mais incompetente. Não consegue escrever direito e só prende marginal inofensivo. Complementa seu parco salário vendendo esfirras no serviço
JOANA (Fabiana Scaranzi), policial eficiente, de ótima pontaria, especialista em lutas marciais. Porém um tanto ingênua, não consegue conciliar a vida pessoal com a violência em torno do trabalho
DONA AMBRÓSIA (Leina Krespi), mãe de Romano. Tem um casarão no bairro da delegacia, que transformou em pensão para garantir a sobrevivência. Faz as esfirras que o filho vende.
Inspirações
Agitada e divertida comédia impulsionada com a mesma vivacidade que o autor, Carlos Lombardi, impingiu a Bebê a Bordo (1988-1989), seu trabalho anterior. Com uma boa linha folhetinesca, Lombardi conseguiu movimentar a novela com novidades a cada semana. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
Carlos Lombardi teve a ideia de escrever uma história sobre rivalidade feminina quando ouvia a conversa de sua mulher com três amigas, todas da geração chamada pós-feminista e na faixa dos 30 aos 40 anos. Percebeu que tinham em comum uma dupla expectativa perante a vida: a de se tornarem excelentes profissionais, e provarem sua competência para o mundo, e a de serem premiadas pelo destino com um casamento harmonioso, um marido exemplar e filhos bem educados. O que, para o autor, faz com que as mulheres se sintam duplamente pressionadas.
“Cada protagonista é uma metade dessa expectativa contraditória. A novela vai trafegar nessa inveja cheia de afeto que existe entre elas”, disse Lombardi. (O Globo, 09/02/1992, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Para retratar a rotina de uma delegacia e a vida e os negócios de mafiosos, Lombardi afirmou ter buscado inspiração nos livros do escritor de histórias policiais Ed McBain. Só que no caso da novela, esta trama ficava muito mais próxima de uma comédia pastelão do que uma história policial. “É lógico que só pode virar piada. No Brasil, os bandidos estão melhor aparelhados que a polícia”, justificou o autor. (Jornal do Brasil, 09/02/1992, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
O título Perigosas Peruas vinha do tom de comédia policialesca da trama. De acordo com Carlos Lombardi, “perua” é o sinônimo mais engraçado para o sexo feminino, enquanto “perigosa” vinha do fato de as protagonistas se encontrarem no mundo do crime e porem em risco a vida dos que estavam por perto. (O Globo, 09/02/1992, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Novela adiada
Perigosas Peruas estava cotada para estrear no segundo semestre de 1990. Seria a substituta de Mico Preto no horário das sete e chegou a ser noticiada pela imprensa como a nova novela da faixa. Nessa altura, Lua Cheia de Amor seria a novela das seis.
Em outubro, os jornais começaram a anunciar que Lua Cheia de Amor entraria às sete. Perigosas Peruas acabou protelada, indo ao ar somente em 1992, após Vamp, a sucessora de Lua Cheia de Amor.
Problemas
Lauro César Muniz era – oficialmente – o supervisor de texto, mas, por problemas pessoais (a doença do filho Renato, que faleceu naquele ano), teve uma participação pequena no acompanhamento da trama. (*)
Porém, estranha o fato de Carlos Lombardi, um autor já experiente, estar sujeito à figura do supervisor de texto quando, na época, este cargo estava arrolado a autores iniciantes.
O autor revelou, em 2008, ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo), que o momento mais difícil de sua vida profissional ocorreu enquanto escrevia Perigosas Peruas:
“Minha mulher entrou em trabalho de parto no quinto mês de gravidez. Nasceram duas meninas antes da hora. Uma nasceu morta, a outra sobreviveu poucas horas. Vi minha mulher com hemorragia, sentado em frente de meu computador. Fui até o hospital e, na manhã seguinte, tive que voltar para o computador para trabalhar.”
Vera Fischer, que viveu uma das protagonistas, quase ficou de fora da novela. Brigas com seu então marido Felipe Camargo teriam levado a atriz a faltar algumas das primeiras gravações. A intempéries foram contornadas e a substituição de Vera, cancelada. No auge do conflito, o alto comando da Globo sondou Natália do Valle, Bruna Lombardi e Maria Zilda Bethlem para o papel de Cidinha, mas nenhuma delas aceitou assumir às pressas, já com capítulos adiantados. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)
No início, Perigosas Peruas enfrentou forte concorrência com o jornalístico Aqui Agora, do SBT. Lombardi comentou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”:
“Foi uma das primeiras vezes em que vimos como era difícil concorrer com esse tipo de programa apelativo, que explora o crime, a tragédia e outras coisas inacreditáveis. Mas a direção da Globo foi calma o suficiente para lidar com isso e, no segundo mês de exibição, a novela pegou.”
Duas mudanças foram feitas no texto original: a tentativa de suicídio da menina Tuca (Natália Lage), de 13 anos, cortada pela direção da emissora; e o final escrito para Belo (Mário Gomes), que deveria morrer por volta do capítulo 100. Como Belo tinha grande popularidade entre os telespectadores, preferiu-se manter o personagem vivo. (*)
Elenco
Carlos Lombardi gosta de subverter a imagem que os atores têm diante do público. Assim como contou com Tony Ramos fazendo comédia em sua novela Bebê a Bordo, em Perigosas Peruas fez com que a “deusa” Vera Fischer fosse para o tanque, em uma personagem de apelo cômico. (*)
Além do trio central Vera Fischer (Cidinha), Silvia Pfeifer (Leda) e Mário Gomes (Belo), foram destaques Natália Lage (Tuca, a filha de Belo), Tato Gabus Mendes (como o atrapalhado Paulinho Pamonha), Nair Bello (como a italianíssima Gema, a mãe de Belo), e o casal vivido por Rômulo Arantes e Bianca Byngton (Teio e Teia).
Em uma participação especial, o novelista Cassiano Gabus Mendes, então com 62 anos, voltava a atuar após quase quarenta anos, interpretando em Perigosas Peruas o mafioso Dom Franco Torremolinos, caracterizado como um idoso de 99 anos de idade. Na trama, Dom Franco morre – por volta do capítulo 40 – após um ataque de riso, uma irônica homenagem de Carlos Lombardi ao seu mestre – ele foi colaborador de Cassiano em Elas por Elas (1982), um de seus primeiros trabalhos na televisão. (Jornal do Brasil, 23/02/1992, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Cassiano Gabus Mendes faleceu um ano após o término de Perigosas Peruas, em 18/08/1993, aos 64 anos, vítima de um enfarte no miocárdio, após completar o trabalho em sua novela O Mapa da Mina.
A família Torremolinos da novela era uma alusão aos Corleone, a família de mafiosos da trilogia de filmes O Poderoso Chefão (1972, 1974 e 1990), de Francis Ford Coppola.
Perigosas Peruas foi o único trabalho como atriz da então modelo e hoje jornalista e apresentadora Fabiana Scaranzi. Após a novela, ela migrou para o telejornalismo.
Vivendo na trama a policial Joana, Fabiana Scaranzi foi afastada da novela por um tempo por causa de um acidente nos bastidores. Ao coçar a perna com o cano de um revólver de festim, a arma disparou, ferindo-a. Afastada, a atriz foi substituída por Inês Galvão, que entrou como Joaninha, uma nova policial. (O Globo, 27/02/1992, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Também a primeira novela dos atores Ilya São Paulo e Ana Paula Bouzas.
No início dos trabalhos, Flávio Colatrello acumulou as funções de diretor da novela e ator, vivendo o personagem Baby Face, que participou da trama até por volta do capítulo 40.
Algumas escalações anunciadas pela imprensa e que não se concretizaram: Silvia Pfeifer viveria Cidinha, mas trocou de papel, vivendo a outra protagonista, Leda, enquanto Vera Fischer foi escalada para Cidinha; Marcos Paulo seria Belo, mas o personagem ficou com Mário Gomes; e Walter Forster seria Michelângelo, que acabou nas mãos de Carlos Kroeber. (O Globo, 17/10/1991, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Falso gancho
Inspirado por Glória Perez, e referenciando-a, Carlos Lombardi repetiu em Perigosas Peruas a cena dos tiros à queima-roupa que não atingem a pessoa alvo, que a autora criou para sua novela Carmem (1987-1988).
No final de um determinado capítulo de Carmem, uma personagem disparou seis tiros contra o marido. A cena terminou no auge da ação, como gancho. No capítulo seguinte, porém, o telespectador percebeu que nenhum tiro havia atingido seu alvo, recurso conhecido no jargão novelístico como “falso gancho”, já que os tiros não tiveram consequência alguma na trama. “Os seis tiros de Carmem” tornou-se o mais notável falso gancho de nossas novelas.
Carlos Lombardi homenageou o falso gancho de Glória Perez em tom de comédia, repetindo a cena dos tiros que não acertaram o alvo em Bebê a Bordo (1988-1989), Perigosas Peruas (1992), Kubanacan (2003-2004) e Bang Bang (2005-2006).
Reclamações
Os funcionários do Banco do Brasil revoltaram-se com a cena de Perigosas Peruas em que o personagem Hector (Guilherme Karam) disse algo assim a um bandido: “Por que você não troca a vida de crime e faz concurso para o Banco do Brasil? Lá, trabalha-se pouco e o salário é excelente!”
Líderes dos empregados do BB de vários estados ligaram para Brasília pedindo resposta imediata da direção do banco. E entupiram as centrais telefônicas da Rede Globo com reclamações. O então presidente do Banco do Brasil, Lafaiete Coutinho, defendeu a instituição: “Não ganhamos muito e também não trabalhamos pouco.”
O autor Carlos Lombardi ficou indignado e considerou fascista a choradeira, por ignorar que novela é uma obra de ficção e o perfil de personagem nem sempre pode agradar a todos: “Imagine um personagem racista que não possa ser preconceituoso?” (Jornal do Brasil, 15/02/1992, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Locações
Ambientada em São Paulo, a novela teve cenas externas gravadas na capital paulista. No início dos trabalhos, uma pequena equipe também foi a São Francisco, na Califórnia (EUA), gravar cenas com a protagonista Leda (Silvia Pfeifer). (Jornal do Brasil, 29/12/1991, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Uma das principais locações da novela era a mansão da família Torremolinos, cuja fachada era uma imponente residência com vasto jardim situada na Estrada da Gávea Pequena, 1077, no Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro.
Essa casa ficou famosa por ter servido de fachada ou locação para várias outras novelas ao longo dos anos: foi a casa da família Newman em Brilhante (1981-1982), a casa de Renato Villar em Roda de Fogo (1986-1987), da família Abdalla em Sassaricando (1987-1988), da família de Isabela Garcia em O Sexo dos Anjos (1989-1990), da clínica de José Mayer em História de Amor (1995-1996), da família de Zazá em Zazá (1997) e dos San Marino em Andando nas Nuvens (1999). Também foi vista nas novelas Perdidos de Amor (1996-1997), Brida (1998), Como uma Onda (2004-2005), Boogie Oogie (2014-2015), Volta por Cima (2024) e outras.
Abertura
A abertura da novela foi assinada pelo cartunista Miguel Paiva (da personagem Radical Chic), que calculou ter produzido cerca de 400 ilustrações, das quais algumas foram selecionadas para apenas 1 minuto e 10 segundos no ar. (Jornal do Brasil, 07/01/1992, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
A música-tema da abertura, gravada pelas Frenéticas, foi composta por Nelson Motta, Renato Ladeira, Roberto Lly, Julinho Teixeira e Boni – José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então vice-presidente de operações da TV Globo.
Globoplay
Perigosas Peruas foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 13/01/2025.
(*) Site Memória Globo
Trilha sonora nacional
01. PERIGOSAS PERUAS – Frenéticas (tema de abertura)
02. EU NÃO SEI DANÇAR – Marina (tema de Cidinha)
03. SÁBADO – Os Paralamas do Sucesso (tema de Tuca)
04. SERÁ – Simone (tema de Leda)
05. TÔ INDO EMBORA – Sandra de Sá (tema de João Maluco)
06. COISAS DA PAIXÃO – Emílio Santiago (tema de Teio e Teia)
07. TORREMOLINOS – Nova Era (tema da família Torremolinos)
08. EU TE AMO – Zezé di Camargo e Luciano (tema de Cidinha)
09. SITUAÇÃO MÁGICA – Instrumental
10. FÊMEA – Fábio Jr. (tema de Jaú)
11. GLÓRIA – Silvia Patrícia (tema de Leda)
12. SENTADO A BEIRA DO CAMINHO – Erasmo Carlos (tema de Paulinho Pamonha)
13. PROFISSIONAL DA NOITE – Rômulo Arantes (tema de Teio)
14. BAILA BAILA MANUELA – Espírito Cigano (tema de Manuela)
15. SAGA – Nova Era
16. ESSE MUNDO – Vange Leonel (tema de Maria)
17. RITMO QUENTE – Instrumental
Sonoplastia: Guerra Peixe Filho
Produção musical: Paulo Henrique e Iuri Cunha
Direção musical: Mariozinho Rocha
Trilha sonora internacional
01. ALL TOGETHER NOW – The Farm (tema de Hector)
02. SPENDING MY TIME – Roxette (tema de Cidinha)
03. I’M TOO SEXY – Right Said Fred (tema de locação: Rio de Janeiro)
04. SENZA UNA DONNA – Zucchero featuring Paul Young (tema de Tuca)
05. CHANGE – Lisa Stansfield (tema de Manuela)
06. I JUST WANNA HAVE YOU – Megabeat (tema romântico geral)
07. GIVE IT AWAY – Red Hot Chilli Peppers (tema do núcleo da delegacia)
08. MILONGA – Julio Iglesias (tema de Venâncio)
09. SLIPPING AWAY – Information Society (tema de Leda)
10. GET READY FOR THIS – 2 Unlimited (tema de locação: boates)
11. TEARS IN HEAVEN – Eric Clapton (tema de Teio e Teia)
12. HOLD ON MY HEART – Genesis (tema de Diana)
13. JUST YOU AND ME – Gary Thorts (tema de Vivian e Venâncio)
14. INNOCENCE – Deborah Blando (tema de João Maluco e Pimenta)
Seleção de repertório: Sérgio Motta
Tema de abertura: PERIGOSAS PERUAS – Frenéticas
Perua!
Tira e bota, troca-troca, sai da toca
Perua!
Lava, passa, enxágua, enxuga
Molha, seca, enruga
Sobe, desce, veste, despe
Cuidado!
Perua!
Ohhhhh! Perua!
Põe e tira, vira-gira, pira-pira
Perua!
Bate, leva, estica e puxa
E a festa continua
Tá na sua, tá na lua
Perigo!
Perua!
Morde, assopra, agita e usa
Rala e rola, enxágua, enxuga
Tira e bota, bota e tira, vira-vira
Perua!
Bole-bole, senta e rola
Chic-chic, checo-checo
Tira pouco, nheco-nheco
Bela sinopse! eu não lembrava direito dessa novela.
Novela divertida, era legal na época, não sei se revendo hoje seria o mesmo…
É complicado julgar a novela de 92 nos tempos de hoje! Acho até injusto, pois óbvio que naqueles anos 90 o machismo, infelizmente, era o que havia, a submissão da mulher etc, coisas da época. Clamo pra que o Viva ainda a reexiba e não fique só em novelas tidas como sucessos, pois há histórias ótimas também pra ser reassistidas, bem como Gente Fina, O Sexo dos Anjos, Pacto de Sangue, Salomé, Vira Lata, Salsa e Merengue, Quem é Você, que nunca tiveram reprises e estão pra cair no esquecimento. Então cada novela a sua época, sem comparações!
Eu gostava dessa novela. Achava que tinha fracassado. Mas o casal Téio e Téia era inesquecível, era lindo. Num meio de um jogo de futebol, que ele participava, ela ovula e eles transam apaixonadamente no banheiro. Depois ele voltava pro jogo. Era um amor lindo mas eles se desentendiam muito. Mas era lindo.
Novela muito bem bolada, eu amava, arrancava várias risadad!
Eu era bem criança em 1992 e vendo alguns capítulos agora no YouTube constatei o tom extremamente machista do protagonista e o perfil altamente submisso da personagem da Vera Fischer, desmerecendo completamente as mulheres donas de casa. Fora uma cena explícita da bunda do Alexandre Frota em pleno horário das 19h! Tudo impensável nos dias de hoje.
Na época, demorei a me acostumar. A pegada era bem diferente da antecessora, “Vamp”. Mas, aos poucos, fui assistindo e curtindo cada vez mais. Principalmente, quando começaram a tocar as músicas da trilha internacional, lá pros idos de junho/julho 1992. Essa trilha foi um fenômeno de vendas. Todo mundo queria ter. A minha fita K7, eu adquiri no dia 17/07/1992, uma sexta-feira. Só mega hits do ano de 1992, com destaque para “Give It Away” do Red Hot Chili Peppers. Última faixa do lado A. Além de “Tears In Heaven”, do Eric Clapton. 4ª faixa do lado B. Música linda e que arrebatou vários Grammys. Torço muito para uma reprise. Seria ótimo poder matar saudades de um dos melhores anos que vivi. 1992.
Eu acho que foi um bom entretenimento, embora nao goste muito do CL, por isso mesmo, esta eu achei melhorzinha. Ela ja foi cogitada certa vez para o VPVN, mas passou do ponto cronológico de reprise. No Viva?? E alguma novela do CL volta no Viva depois do que fizeram com Bebê???
Qdo criança, eu adorava. Hj eu creio que eu a acharia absurda. Mas rever os saudosos Rômulo Arantes e Nair Bello, valeria muito a pena.
Muito chatinha, eu era um menino e não tinha muito sendo crítico mas se ela fosse boa teria reprisado. Passando no Viva eu poderia ver, por causa da Nair Belo, sempre um espetáculo, e nomes como Gerson Brena e o próprio autor, que tinha um personagem na trama. A abertura era legal, assim como a trilha sonora também foi, porém acho o conjunto da obra um degrau abaixo no entre Vamp e Deus nos Acuda. Bebê a Bordo foi um sucesso mas foi recusada no Viva então vai que de repente ela agradasse. Voltando eu assistiria.