
Sinopse
Tendo escolhido o então povoado de Juazeiro, no Ceará, para cumprir sua missão religiosa, o Padre Cícero conquista uma legião de seguidores com seu trabalho pastoral, que inclui noções de higiene, nutrição e cultivo da terra. Ao padre também é atribuída a cura de fiéis. Contudo, seu poder e influência desagradam às autoridades eclesiásticas.
Seu maior antagonista é Dom Joaquim, que, temendo que seja criada uma nova corrente religiosa, o acusa de desobedecer as normas da Igreja. Com o aval do Monsenhor Alexandrino e o apoio do Cardeal Arcoverde, decidem enfraquecer os padres do sertão que, para eles, colocam em perigo a supremacia da Igreja Católica.
A beata Maria de Araújo, que venera o padre, é protagonista de um suposto milagre: a hóstia por ele proferida vira sangue em sua boca. O pano manchado com o sangiue da beata vira objeto de adoração pelos fieis. Com ajuda do jornalista José Marrocos, surge uma mobilização fanática pela cidade em favor de Padre Cícero.
Um dossiê sobre o padre é enviado ao Vaticano, que exige que o clérigo renuncie publicamente aos milagres a ele atribuídos. Em sua defesa, forma-se um verdadeiro exército de fieis. Como se recusa a obedecer, Cícero tem seus direitos sacerdotais suspensos e, impedido de atuar como religioso, intensifica sua atuação política.
STÊNIO GARCIA – Padre Cícero Romão Batista
DÉBORA DUARTE – Maria de Araújo
RODRIGO SANTIAGO – José Marrocos
CARLOS VEREZA – Simas
RUBENS DE FALCO – Floro Bartolomeu
LÚ MENDONÇA – Angélica
CLÁUDIO CAVALCANTI – Bispo Dom Joaquim José Vieira
HELBER RANGEL – Monsenhor Alexandrino de Alencar
CLÁUDIA ALENCAR – Lígia / Gringa
ROBERTO BONFIM – Bugre
DIOGO VILELA – Gildo
SEBASTIÃO VASCONCELOS – Major Hermenegildo Bezerril
CACILDA LANUZA – Senhora
NÍVEA MARIA – Adélia
HERVAL ROSSANO – Adolfo
JORGE CHERQUES – Cardeal Arcoverde
ADEMILTON JOSÉ – Irmão Bernardo
IVAN SETTA – Encourado
MARIA GLADYS – Ifigênia
e
ALDO DE MAIO – eclesiástico que solicita a excomunhão do Padre Cícero
CÁSSIA KISS – freira que cuida Maria quando ela está a serviço do Monsenhor Alexandrino
CLAUDE HAGUENAUER – Padre Chevalier (entre os eclesiásticos que interrogam o Padre Cícero)
DIAS JOSÉ
DOC COMPARATO – Macedo (comerciante do Crato que conversa com Dom Joaquim)
EDELMA MORENO
EVANDRO LEANDRO – homem que tenta esfaquear o Padre Cícero
FÁTIMA MALHEIROS
FERNANDO DE SOUZA
FERNANDO JOSÉ – Antônio Nogueira Accioli (governador do Ceará)
FRANCISCO MILANI – narrador
JOFRE SOARES – Padre Pergo (beato fanático na região de Juazeiro)
JOMBA – Vital de Araújo (pai de Maria)
JOSÉ DUMONT – Coronel Marcos Franco Rabelo (derrota o Governador Accioli e assume o seu lugar)
LEÔNIDAS AGUIAR – conduz Padre Cícero até Juazeiro, em seu retorno
LUÍS VASCONCELLOS
LUIZ MENDONÇA
MANFREDO BAHIA
MÁRIO LAGO – núncio apostólico, discute o destino do Padre Cícero com outros eclesiásticos
NEWTON MARTINS – novo pároco de Juazeiro
NILDO PARENTE – Dr. Madeira (médico do Crato)
PAULO ALENCAR
Enredo cansativo e mal explicado
Confusa união de fatos reais com ficção e que teve o maior erro no desdobramento em arrastados e exaustivos vinte capítulos. Com enredo cansativo e mal explicado, a proposta dos autores Aguinaldo Silva e Doc Comparato acabou perdida. (*)
No levantamento de material sobre a figura de Padre Cícero, os autores se conscientizaram de que não seria possível ser extremamente fiel à história. Assim, muitos personagens da minissérie são inteiramente ficcionais, enquanto outros são inspirados em personagens reais. (**)
Eles confessaram honestamente: “Afora o Padre e Maria de Araújo, os demais personagens são ou inteiramente ficcionais ou personagens sínteses. A história do Padre Cícero só interessa à dramaturgia até o exílio.” (*)
Aguinaldo Silva também externou seu descontentamento com a minissérie no livro “Meu Passado Me Perdoa”:
“Embora as figuras históricas e as tramas e os dramas que resultaram na ascensão do padre Cícero Romão Batista à condição de líder espiritual nordestino estejam todos lá, a verdade é que a minissérie, depois de pronta, ficou longe de mostrar todo esse processo com clareza. Hoje atribuo isso aos problemas de escalação do elenco: grandes atores correndo desesperadamente atrás de personagens que não lhes diziam respeito. Dirigida por Paulo Afonso Grisolli, Padre Cícero tem alguma coisa tosca, esquisita mesmo, cuja origem não está no texto e não consegui identificar até hoje.”
Trilogia não concretizada (**)
Os autores pretendiam realizar a segunda parte de uma trilogia nordestina enfocando três grandes mitos do Nordeste.
Iniciada com Lampião e Maria Bonita, em 1982, a trilogia seria fechada com uma minissérie sobre o empreendedor Delmiro Gouveia, o que não se concretizou.
Caracterização (**)
Para compor seu personagem, o ator Stênio Garcia usou lentes de contato azuis. O incômodo da lente, aliado ao forte calor e à poeira do sertão, deixaram seus olhos levemente avermelhados. Para o ator, a irritação e dificuldade que teve para permanecer com as lentes fortaleceram ainda mais o olhar do personagem, reforçando sua expressão.
A ideia de usar lentes azuis surgiu após o ator ter feito uma pesquisa sobre a história de Padre Cícero. Ao se deparar com inúmeras fotografias do religioso, Stênio Garcia conta que ficou impressionado com seus olhos azuis, muito marcantes, diferente do brasileiro característico.
Locações (**)
As gravações foram realizadas em pouco mais de três meses, com uma equipe de 130 pessoas, entre as quais 25 atores, no povoado de Minuim, município de Santa Brígida, sertão de Alagoas. Foi criada uma infraestrutura – 5 caminhões e 1 ônibus – que possibilitava o deslocamento da equipe para as demais locações, em Alagoas, na Bahia e em Pernambuco.
Ficção x realidade
A presença da equipe de produção e do elenco nas cidades que serviram como locação para a minissérie impactou de tal forma a população desses vilarejos, que Stênio Garcia passou a ser tratado como se fosse o próprio Padre Cícero. O ator, que andava pelas ruas de batina, caracterizado como seu personagem, recebeu diversos presentes dos moradores locais, que lhe atribuíam o milagre da chuva na região após um longo período de estiagem. Além de receber de presente cágados, bodes, jumentos e engradados de cachaça, muitas pessoas levavam seus filhos para serem batizados pelo “Padre Cícero’. (**)
A atriz Débora Duarte ficou chocada quando a população local começou a confundir ficção com realidade na gravação de uma cena de milagre:
“Na hora em que Padre Cícero punha a hóstia na boca da Maria de Araújo, ela começava a sangrar. Então, todo mundo falava: ‘Milagre! Milagre!’ E eu lembro de quando estávamos gravando essa cena, na hora em que ele pôs a hóstia, começou a chover. E o povo, os figurantes, eram ali da caatinga. Foi um tal de me agarrar e me chamar de minha santinha! Eles acreditaram”. (“A Globo, Hegemonia: 1965-1984”, Ernesto Rodrigues)
Globoplay
Padre Cícero foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 08/07/2024.
* “Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes.
** Site Memória Globo.
Tema de abertura: THE DESERT / THE WRAITH – Dori Caymmi
Terra vermelha
Dedo do cão
Quando o sol cai
Cada centelha
Queima o chão
Virgi Maria
És um cristão
Orai por mim
Oh, meu Padin
Ciço Romão…
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