Sinopse
“Sempre foram fatais aos Maias as paredes do Ramalhete.” A frase dita por Manuel Vilaça, antigo administrador da família, é uma síntese das tragédias que acompanharão os Maias ao longo dos anos, tendo como cenário principal a tradicional casa de Lisboa, datada de 1788.
É neste cenário que Pedro, filho do patriarca e viúvo Afonso da Maia, vive enclausurado em sua melancolia. Inseguro, criado pela mãe sob um catolicismo obtuso, Pedro conhece a felicidade ao se apaixonar por Maria Monforte. Este romance, porém, é rejeitado por Afonso por causa do passado nebuloso do pai da moça, Manuel, um negreiro que não pertence à alta roda da sociedade lisboeta. Apesar do desgosto de Afonso, Pedro se casa com Maria, tem dois filhos, Maria Eduarda e Carlos Eduardo, e “morre” para o pai.
Um acidente transforma a vida de Pedro e Maria: durante uma caçada, ele fere sem querer o príncipe italiano Tancredo e o convida para se recuperar em sua casa. Maria se apaixona por esse homem e resolve fugir com ele, levando consigo a filha e deixando o pequeno Carlos aos cuidados do pai. Este retorna à casa paterna, mas não aguenta o desespero e se mata. Afonso decide criar o neto de acordo com suas convicções em uma outra propriedade da família, a Quinta de Santa Olávia. Após uma infância feliz ao lado do avô, o rapaz vai estudar Medicina na Universidade de Coimbra.
Lá, Carlos tem suas primeiras experiências amorosas e conhece aqueles que farão parte de seu círculo de amizades, como o melhor amigo, João da Ega, e Teodorico Raposo. Aos olhos da tia Patrocínio das Neves – a Titi -, Teodorico é o maior beato do mundo, aquele que conhece todos os santos e é incapaz de fumar, beber ou ir para a cama com mulheres. Entretanto, ele adora um bom fado e é conhecido como o Raposão das Espanholas. A vida dupla que leva tem um objetivo: herdar a fortuna de Titi.
Recém-chegada a Lisboa, acompanhada da filha Rosa e do marido Joaquim Castro Gomes, a bela Maria Eduarda encanta o jovem médico Carlos, dando início a uma paixão que não tende a ter um final feliz. Seu passado, sua origem, tudo é um mistério. Não gosta de Castro Gomes, mas não consegue se separar dele por vários motivos: a pressão que ele exerce, o temor pelo destino da filha e até mesmo uma certa gratidão por ele tê-la ajudado em determinado momento de sua vida.
Quando Maria Eduarda conhece Carlos e se apaixona por ele, hesita diante do novo e inebriante sentimento, mas acaba rendendo-se a ele. Contra esse romance está Dom Afonso da Maia, que teme pelo futuro do neto, receoso de que esse envolvimento amoroso tenha o mesmo fim que o de seu filho Pedro.
FÁBIO ASSUNÇÃO – Carlos Eduardo da Maia
ANA PAULA ARÓSIO – Maria Eduarda
WALMOR CHAGAS – Dom Afonso da Maia
LEONARDO VIEIRA – Pedro da Maia
SIMONE SPOLADORE – Maria Monforte
MARÍLIA PÊRA – Maria Monforte (velha)
PAULO BETTI – Joaquim Castro Gomes
SELTON MELLO – João da Ega
MATHEUS NACHTERGAELE – Teodorico Raposo
MYRIAN MUNIZ – Titi (Patrocínio das Neves)
EVA WILMA – Maria da Cunha
OSMAR PRADO – Tomás de Alencar
OTÁVIO MÜLLER – Dâmaso Salcede
ELIANE GIARDINI – Condessa de Gouvarinho
OTÁVIO AUGUSTO – Conde de Gouvarinho
CECIL THIRÉ – Jacob Cohen
MARIA LUÍSA MENDONÇA – Rachel Cohen
MARIA CLARA FERNANDES – Encarnación
BRUNO GARCIA – Adelino
SÉRGIO VIOTTI – Padre Vásquez
FELIPE MARTINS – Eusebiozinho
EWERTON DE CASTRO – Manuel Vilaça
RITA ELMOR – Teresinha
RODRIGO PENNA – Artur Corvelo
ANTÔNIO CALLONI – Palma Cavalão
LEONARDO MEDEIROS – Taveira
DAN STULBACH – Craft
ILYA SÃO PAULO – Cruges
GISELLE ITIÉ – Lola
LUÍS DE LIMA – Monsieur Guimarães
MILA MOREIRA – Viscondessa de Gafanha
ARICLÊ PEREZ – Maria da Gama
CARLOS ALBERTO – Dom Diogo Coutinho
IVAN MESQUITA – Coronel Sequeira
STÊNIO GARCIA – Manuel Monforte
FABIO FULCO – Tancredo
JOSÉ LEWGOY – Abade Custódio
JANDIRA MARTINI – Eugênia Silveira
WÁLTER BREDA – Xavier
JUSSARA FREIRE – Amélia
THELMA RESTON – Vicência
RUTH BRENNAN – Miss Sarah
MARINA BALLARIN – Melanie
RENATA SOFFREDINI – Gertrudes
HÉLIO ARY – Batista
MARCOS FRANÇA – Domingos
GILLES GWIZDEK – Monsieur Théodore
PHILLIP CROSKIN – Mr. Brown
JACQUELINE DOLABONNA – D. Joana Coutinho
RONNIE MARRUDA – Mulato Julião
MÔNICA MARTELLI – Consuelo
MARIANA LEONI – Adélia
FRANCISCA QUEIRÓZ – Ana
as crianças
ISABELLE DRUMMOND – Rosa (Roseclair)
ALISSON SILVEIRA – Charles
SAMIR ALVES – Carlos (criança)
MARIA ISABEL QUINHÕES – Teresinha (criança)
ADRIANO LEONEL – Eusebiozinho (criança)
ANA CAROLINA HERQUET – Maria Eduarda (criança)
e
RAUL CORTEZ como Eça de Queiroz, o narrador
– núcleo de CARLOS EDUARDO DA MAIA (Fábio Assunção / Samir Alves), estudante de Medicina na Universidade de Coimbra. Rapaz belo, inteligente, de família aristocrata, amado pelas mulheres e admirado pelos amigos. Gosta de curtir os prazeres da vida:
os pais: PEDRO DA MAIA (Leonardo Vieira), foi um rapaz religioso e amargurado. Completamente apaixonado, casou-se contra a vontade de seu pai. Com a mulher teve dois filhos: Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Acabou abandonado pela mulher, que levou a menina consigo, deixando com ele o pequeno Carlos. Não resistiu ao sofrimento e cometeu suicídio,
e MARIA MONFORTE (Simone Spoladore / Marília Pêra), mulher bela e alegre, mas um tanto leviana. De personalidade forte, enfrentou a família do marido, que a renegou. Depois de casada, apaixonou-se por outro homem e abandonou Pedro e o filho Carlos, ainda criança, partindo com a filha
o avô paterno DOM AFONSO DA MAIA (Walmor Chagas), aristocrata português, homem prático, cético e de ideias liberais, porém orgulhoso e um tanto arrogante. Tinha uma relação difícil com o filho Pedro, a quem considerava um fraco. Foi contra a união dele com Maria Monforte. Quando o filho se matou, assumiu a criação e educação de Carlos de acordo com suas convicções. Tem uma forte ligação com o neto
a empregada GERTRUDES (Renata Soffredini), amável e bondosa, ajudou a criar Carlos, que a considera a mãe que ele não teve
os mordomos BATISTA (Hélio Ary) e DOMINGOS (Marcos França)
o chéf francês MONSIEUR THÉODORE (Gilles Gwizdek)
o seu professor inglês na infância MR. BROWN (Phillip Croskin).
– núcleo de Maria Monforte:
o pai MANUEL MONFORTE (Stênio Garcia), de origem humilde, enriqueceu com a exportação de escravos negros da África. Por isso é mal visto na alta sociedade lisboeta
o príncipe italiano TANCREDO (Fabio Fulco), rapaz belo e viril por quem se apaixonou e com quem fugiu, abandonando o marido Pedro e o filho Carlos.
– núcleo de MARIA EDUARDA (Ana Paula Arósio / Ana Carolina Herquet), filha de Pedro da Maia e Maria Monforte, criada pela mãe longe do irmão Carlos e da família do pai. Adulta, vai morar na França e lá tem uma filha. Une-se a um homem e juntos mudam-se para Lisboa. Maria Eduarda desconhece o passado de sua família. Em Lisboa, apaixona-se por Carlos Eduardo. O casal de amantes mantem um romance secreto, já que, para todos os efeitos, ela é casada. Desconhecem que são irmãos:
o marido JOAQUIM CASTRO GOMES (Paulo Betti), homem severo que não ama e com quem mantem uma relação conturbada, mas de quem não consegue se separar por uma série de convenções
a filha pequena ROSA (Isabelle Drummond), não é filha de Castro Gomes mas ele a cria como tal e tem carinho por ela
a preceptora inglesa de Rosa, MISS SARAH (Ruth Brenan), mulher autoritária e rígida
a criada francesa MELANIE (Marina Ballarin), amiga de brincadeiras de Rosa e fiel à patroa.
– núcleo dos amigos de Carlos Eduardo:
os estudantes da Universidade de Coimbra: JOÃO DA EGA (Selton Mello), seu melhor amigo, um tipo filósofo, cético, mundano e amante de farra e mulheres,
TEODORICO RAPOSO (Matheus Nachtergaele), adora farras, bebida, carteado e mulheres,
TAVEIRA (Leonardo Medeiros), CRAFT (Dan Stulbach), CRUGES (Ilya São Paulo) e ARTUR CORVELO (Rodrigo Penna)
o poeta e filósofo TOMÁS DE ALENCAR (Osmar Prado), uma espécie de mentor dos estudantes
as prostitutas espanholas LOLA (Gisele Itié) e CONSUELO (Mônica Martelli).
– núcleo de Teodorico Raposo, farrista e arruaceiro que, diante da família, se faz de santo para herdar a fortuna de uma tia rica:
a tia rica que o criou PATROCÍNIO DAS NEVES, a TITI (Myrian Muniz), a quem vive bajulando com segundas intenções. Extremamente carola, ela tem o sobrinho como único parente. Acredita que ele é um rapaz religioso, reto, seguidor da moral e bons costumes
o PADRE VÁSQUEZ (Sérgio Viotti), o conhece desde criança e ajudou Titi a criá-lo dentro dos preceitos religiosos. Como Titi, nem desconfia de seu real caráter
a amante ENCARNACIÓN (Maria Clara Fernandes), uma prostituta espanhola
o cafetão de Encarnación, ADELINO (Bruno Garcia), que o chantageia
a empregada VICÊNCIA (Thelma Reston)
o pai XAVIER (Wálter Breda), homem miserável que morreu quando ele era criança
a amiga do pai, AMÉLIA (Jussara Freire), que o entregou à tia para que ela o criasse.
– núcleo de DÂMASO SALCEDE (Otávio Müller), um tipo pernóstico, afetado e pretensioso, é ridicularizado pelos estudantes. Venera e força uma intimidade com Carlos, por ele ser aristocrata, mas Carlos o abomina. Aproxima-se de Castro Gomes e deseja sua mulher, Maria Eduarda, a quem chega a assediar. Quando descobre o caso de Carlos com Maria Eduarda, passa a persegui-los e a chantageá-los:
a prima RACHEL (Maria Luísa Mendonça), amante de João da Ega, mesmo casada com o banqueiro judeu JACOB COHEN (Cecil Thiré), que nem desconfia da infidelidade da mulher
a aliada CONDESSA DE GOUVARINHO (Eliane Giardini), mulher da sociedade, “nova rica” casada com o CONDE DE GOUVARINHO (Otávio Augusto). Teve um caso com Carlos, mas, preterida, sentiu-se humilhada. Une-se a Dâmaso para desmoralizá-lo
o tio MONSIEUR GUIMARÃES (Luís de Lima), mora em Paris, mas está de visita a Lisboa. Reconhece Maria Eduarda e sabe do passado da mãe dela, Maria Monforte.
– núcleo de TERESINHA (Rita Elmor / Maria Isabel Quinhões), amiga de infância de Carlos Eduardo, com quem cresceu, sempre foi apaixonada por ele. Resignada, aceitou casar-se sem amor:
o marido MANUEL VILAÇA (Ewerton de Castro), administrador dos bens dos Maias, fiel à família, homem bom, correto e justo. Teresinha aceitou casar-se com ele, mesmo não o amando
o irmão EUSEBIOZINHO (Felipe Martins / Adriano Leonel), franzino e frágil desde criança. Cresceu com Carlos, de quem sempre sentiu inveja, por ele ser mais forte, bonito, popular e inteligente. Adulto, sofre nas mãos dos colegas da universidade, que o ridicularizam
a mãe EUGÊNIA SILVEIRA (Jandira Martini), amiga da família Maia. Religiosa e carola, nunca aprovou a educação que Dom Afonso dispendia ao neto Carlos
o ABADE CUSTÓDIO (José Lewgoy), criticava Dom Afonso por ele educar Carlos longe da igreja.
– núcleo de Arthur Corvelo, rapaz pretensioso, é perdidamente apaixonado por Rachel Cohen, que apenas o usa:
o amigo jornalista PALMA CAVALÃO (Antônio Calloni), seu comparsa na tentativa de dar um golpe em Jacob Cohen.
– núcleo dos amigos aristocratas de Dom Afonso da Maia:
MARIA DA CUNHA (Eva Wilma), que fora apaixonada por ele na juventude, uma mulher de ideias avançadas para seu tempo
MARIA DA GAMA (Ariclê Perez), carola, preconceituosa e fofoqueira, o oposto de Maria da Cunha
DOM DIOGO COUTINHO (Carlos Alberto)
CORONEL SEQUEIRA (Ivan Mesquita)
a VISCONDESSA DE GAFANHA (Mila Moreira).
Adaptação
Além do romance original de Eça de Queiroz, que dá nome à minissérie, a adaptadora Maria Adelaide Amaral usou tramas e personagens de duas outras obras do autor português: “A Relíquia”, com o núcleo de Teodorico Raposo e Titi (Matheus Nachtergaele e Myrian Muniz), e “A Capital”, com o núcleo de Artur Corvelo (Rodrigo Penna).
Ritmo lento
A minissérie Os Maias (coprodução com a emissora portuguesa SIC, Sociedade Independente de Comunicação) tinha tudo para dar certo. O elenco era de primeira linha. A Rede Globo investiu alto na produção: cada capítulo teve um custo de R$ 200 mil. E ainda levou parte do elenco para gravar durante cinco semanas em Portugal.
Porém, todo o aparato montado para a produção acabou não despertando o interesse do público. Ao longo de sua trajetória, a minissérie obteve uma média de 15 pontos no Ibope na Grande São Paulo. Chegou ainda a dar 9, muito abaixo dos 35 esperados pela alta cúpula da Globo.
O diretor Luiz Fernando Carvalho talvez tenha pecado pelo ritmo lento que aplicou à produção – ele utilizou praticamente duas semanas para a apresentação dos personagens da primeira fase. Sobre sua relação com o diretor, Maria Adelaide Amaral confidenciou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:
“Entramos em rota de colisão em alguns momentos, porque o meu foco principal é o texto.”
A autora, por sua vez, seguiu fielmente o linguajar original utilizado por Eça de Queiroz no livro: o texto ficou excessivamente erudito.
Outro detalhe que também comprometeu o andamento da minissérie foi o horário de exibição, principalmente nas quartas-feiras, quando a Globo exibia futebol: Os Maias chegou a ir ao ar depois da meia-noite. Ao contrário de outras minisséries bem-sucedidas na emissora, esta produção não conseguiu manter a fidelidade do público até altas horas.
Por outro lado, Luiz Fernando Carvalho, mais uma vez, abusou da arte cênica para incrementar a produção: fotografia, cenários, figurinos e direção de arte impecáveis.
Elenco
Algumas atuações destacaram-se: Walmor Chagas, perfeito como o aristocrata Dom Afonso da Maia; Matheus Nachtergaele, como o dúbio Teodorico Raposo; e Fábio Assunção, seguro em seu personagem, Carlos da Maia. Raul Cortez teve uma participação especial, narrando a história em off, como se fosse o próprio autor, Eça de Queiroz.
Três atores estrangeiros participaram da história: os ingleses Philip Croskin (Mr. Brown) e Ruth Brennan (Miss Sarah) e o italiano Fabio Fulco (Tancredo). Além disso, a minissérie lançou a atriz curitibana Simone Spoladore (Maria Monforte), com quem anteriormente o diretor Luiz Fernando Carvalho havia trabalhado em seu filme Lavoura Arcaica.
Alguns meses antes do início das gravações, o elenco e a equipe participaram de palestras feitas por especialistas na obra de Eça de Queiroz, realizadas no Projac.
Revolta de fãs
Publicado em 1888, o livro “Os Maias” é um retrato da decadência da aristocracia portuguesa na segunda metade do século 19. O romance é apresentado em três fases, indo de 1850 a 1875, e chegando ao ano de 1888.
Um dos destaques da minissérie foi a tentativa de dar um tom realista à trama.
Uma pequena intervenção de Maria Adelaide Amaral na obra causou a revolta dos aficionados por Eça de Queiroz. É que, no livro, quem dá a trágica notícia a Carlos Eduardo da Maia de que ele é irmão de sua amada Maria Eduarda é Manuel Vilaça (Ewerton de Castro), velho amigo da família. Porém, Maria Adelaide resolveu trazer de volta Maria Monforte, a mãe, para dar ela mesma a notícia. Marília Pêra foi chamada para fazer a interpretação. A cena, uma das mais belas, é quase um trecho de ópera. Não só pela interpretação dos atores, como pela imagem conseguida por Luiz Fernando Carvalho.
A junção de dois outros romances de Eça de Queiroz à trama de Os Maias também foi duramente criticada por alguns amantes mais puristas da obra do escritor português. Maria Adelaide Amaral disse em depoimento ao livro, “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, em 2008:
“Existem núcleos queirozianos fanáticos em vários países. Há um núcleo em São Paulo muito ortodoxo, ao qual pertence Beatriz Berrini, professora da PUC de São Paulo, doutora em letras pela USP, que protestou muito. (…) Fiz interferências insignificantes, mas essas pequenas intervenções foram acidamente criticadas. Enquanto Elza Miné, professora ds PUC de São Paulo, e Carlos Reis, queiroziano ilustre e, na época, diretor da Biblioteca de Lisboa, defendiam a popularização da obra de Eça, outros núcleos, mais fundamentalistas, eram totalmente contra qualquer interferência. Quando estes perceberam que “A Relíquia” estava presente na minissérie, levantou-se um protesto transoceânico contra a adaptação.”
Locações e cenografia
Seguindo sua proposta realista, as gravações da minissérie tiveram início em várias regiões de Portugal, estendendo-se por cinco semanas, sendo a primeira produção a passar tanto tempo fora do Brasil.
Os locais de Portugal usados como locações foram o Vale do Douro, ao norte do país, onde foram gravadas as sequências das colheitas de milho e vinho. Na estação de trem de Vargelas foi gravado o embarque de Carlos da Maia para Coimbra. Ainda ao norte, quase na fronteira com a Espanha, está a vila de Monção, onde fica o Palácio da Brejoeira, que na ficção serviu para a Quinta de Santa Olávia. Lá foi realizado o enterro de Pedro da Maia e é onde Afonso cria Carlos. Sintra, distrito situado a meia hora de Lisboa, serviu de cenário para o passeio de Pedro, Maria e Manuel ao Castelo dos Mouros. Também em Sintra, foram gravadas as fachadas da Quinta da Regaleira e da Quinta da Riba Fria, esta, cenário da casa de Maria Monforte.
Já a praça do Palácio Real foi adaptada ao século 19. Em Óbidos, distrito de Leiria, com características de vila medieval, foi realizada uma procissão da qual participaram cerca de 250 figurantes, recrutados em Lisboa e em Óbidos. Em Lisboa, diversos locais serviram de cenário para a minissérie. A tradicional casa dos Maias, conhecida como “o Ramalhete”, teve como fachada um antigo casarão abandonado de 1788. Também foram gravadas cenas nas ruelas estreitas e sinuosas de Alfama, que ainda conserva o aspecto castiço – neste cenário, Maria Monforte encontra-se às escondidas com Tancredo. No Palácio Nacional de Queluz, foi realizado o suntuoso baile de um príncipe com o qual Maria Monforte dança a primeira valsa. Já no Museu do Traje, foi simulado um espaço público.
A fachada do Teatro São Carlos foi acoplada às cenas de interior gravadas no Teatro Municipal do Rio. E a praça de touros Campo Pequeno, em Lisboa, abrigou uma grande figuração para as cenas em que Pedro conhece Maria, durante uma tourada. Por fim, em Coimbra foram feitas as cenas da vida acadêmica de Carlos da Maia. Como cenários, a Universidade Velha de Coimbra; a biblioteca da Universidade; o Jardim Botânico; e o Largo da Sé Velha.
As cenas de interior foram gravadas no estúdio Renato Aragão, em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio. Alguns locais do Rio de Janeiro foram usados para a realização de cenas externas, como o Teatro Municipal; o Palácio do Catete; a antiga Casa da Moeda, no centro da cidade (locação do fictício cortiço da trama); o Museu do Açude; a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói; e o Museu da Cidade, no Parque da Cidade. Uma estação de trem na cidade mineira de São João Del Rey também serviu de cenário para a trama.
Trilha sonora
A trilha sonora, com produção de André Sperling, contou com a gravação especial de uma peça sinfônica inédita, feita pelo maestro John Neschling, que regeu uma orquestra de 90 integrantes.
Repetecos
O DVD da minissérie, lançado em 2004, contem apenas a história central dos Maias. Os núcleos equivalentes aos romances “A Relíquia” e “A Capital” foram suprimidos da edição em DVD.
Os Maias foi reapresentada no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo) entre 06/03 e 02/05/2012, às 23h15.
A minissérie foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 15/03/2021.
01. PRELÚDIO – John Neschling (participação da Orquestra Sinfônica)
02. FADO – John Neschling (participação da Orquestra Sinfônica)
03. O PASTOR – Madredeus (tema de abertura)
04. RAMALHETE – André Sperling
05. AS ILHAS DOS AÇORES – Madredeus
06. TEMA DE INFÂNCIA – John Neschling (participação da Orquestra Sinfônica)
07. FADO – Dulce Pontes
08. TEMA DE AMOR – John Neschling (participação da Orquestra Sinfônica)
09. HAJA O QUE HOUVER – Madredeus
10. POEMAS D’AMOR – André Sperling
11. VALSA – John Neschling (participação da Orquestra Sinfônica)
12. O VELHO – John Neschling (participação da Orquestra Sinfônica)
13. POR TI – André Sperling
14. MATINAL – Madredeus
15. TRISTES DIAS – André Sperling
Sonoplastia: Aroldo Barros
Produção musical: André Sperling
Direção musical: Mariozinho Rocha
Direção artística: Hélio Costa Manso
Assessor musical: Thomas Hansen
Tema de abertura: O PASTOR – Madredeus
Ai que ninguém volta
Ao que já deixou
Ninguém larga a grande roda
Ninguém sabe onde é que andou
Ai que ninguém lembra
Nem o que sonhou
E aquele menino canta
A cantiga do pastor
Ao largo ainda arde
A barca da fantasia
E o meu sonho acaba tarde
Deixa a alma de vigia
Ao largo ainda arde
A barca da fantasia
E o meu sonho acaba tarde
Acordar é que eu não queria…
Apesar de alguns pontos muito bem destacados (o texto excessivamente erudito e o ritmo lento impresso pela direção), é uma bela minissérie, daquelas para se acompanhar com atenção. Grandes momentos de Myrian Muniz, Walmor Chagas, Fábio Assunção e Matheus Nachtergaele. Acho que a modificação da autora, trazendo Maria Monforte de volta na pele de Marília Pêra, foi um golaço! Conferiu uma dramaticidade importante à adaptação.
Então … É bonita a série , mas não dá pra torcer pra um casal que você sabe que são irmãos .
Deixar o clima romântico entre eles é de lascar
Série maravilhosa. A construção dos personagens as locações e cenários divinos ! E principalmente Teodorico e dona Patrocinio, que tinham tudo pra ser um velha beata sovina e.seu cínico sobrinho trambiqueiro, mas os artistas deram um show de interpretação tal que os tornaram tão protagonistas quanto qualquer outro !
Teodorico e sua Titi roubaram a cena!!!!
Uma obra-prima da nossa teledramaturgia. Produção impecável, ótimo elenco, trilha sonora belíssima. Eu não perdia um capítulo dessa minissérie maravilhosa.
Obra-prima televisiva. Reconstituição de época impecável. Atuações primorosas. Todas as minisséries de Maria Adelaide Amaral, exibidas nos anos 2000, foram excelentes e uma aula de história e teledramaturgia.
Como sou luso brasileiro eu não poderia deixar de amar essa minissérie, uma obra prima <3
Nem a abertura da minissérie consta no dvd. Poderia ter sido colocada nos extras, já que a minissérie foi duramente editada.
Belíssima minissérie em todos os sentidos.
Grande elenco uma história forte.
Caro Nilson,
na minha opinião, a principal diferença (para pior) na adaptação foi a mudança do caráter de Carlos Eduardo da Maia. Nesta, ele foi retratado como um homem virtuoso, cuja única fraqueza foi ter relações íntimas com Maria Eduarda uma única vez depois de descobrir que era sua irmã. No original, ele cede amplamente ao desejo. E, para culminar sua pusilanimidade, encarrega seu amigo João da Ega de providenciar o “sumiço” de Maria Eduarda.
Como colocado no início do seu texto, a obra retrata a decadência da sociedade portuguesa naquele tempo. Mas isso ficou bem distorcido e atenuado, no original percebe-se melhor o ócio que grassava. Carlos Eduardo praticamente se converteu num herói!, totalmente ao contrário da obra original.