Sinopse
A jornalista Paloma Gurgel, após longo período fora do país trabalhando como correspondente internacional, retorna à pequena cidade de Pilar, sua terra natal, onde é herdeira da fazenda Fênix. Seu retorno está ligado aos problemas de saúde de seu irmão gêmeo, Fred, que deixa para ela uma mensagem pedindo que abrevie sua vida caso seu estado seja irreversível.
Após uma cirurgia no cérebro, Fred entra em coma, sobrevivendo com o auxílio de aparelhos. Angustiada e compadecida do irmão ao vê-lo naquele estado, Paloma desliga um aparelho ocasionando a sua morte. É então acusada de cometer eutanásia e enfrenta uma batalha judicial com a cunhada Veridiana, que sofreu um aborto ao saber da morte do marido.
Enquanto isso, Paloma reencontra dois amigos de infância que lutarão pelo seu amor, os fazendeiros Fernando Lucas, dono da fazenda São Lucas e de uma companhia de laticínios, passando por uma má fase em seu casamento com Vânia; e o médico Chico Rubião, dono da deficitária fazenda Pelourinho, que, por causa de Paloma, rompe seu noivado com a apaixonada Helena.
A denúncia de eutanásia contra Paloma ganha repercussão nacional. O jovem repórter Polaco chega a Pilar diretamente do Rio de Janeiro para cobrir o caso. Ele vem acompanhado da namorada Renata, veterinária que faz amizade com Paloma, que, por sua vez, enxerga nela a mesma impetuosidade que tivera na juventude. Renata acaba se envolvendo com Fernando Lucas.
DINA SFAT – Paloma Gurgel
FRANCISCO CUOCO – Chico (Francisco Rubião)
TARCÍSIO MEIRA – Fernando Lucas
SUSANA VIEIRA – Veridiana Rossi Gurgel
JOANA FOMM – Vânia Lucas
MÁRIO LAGO – Antônio Lucas
LAURO CORONA – Polaco
LÍDIA BRONDI – Renata Garcia
VERA FISCHER – Helena Porto
MIRIAN PIRES – Eulália Gurgel
CASTRO GONZAGA – Amadeu Rossi
FLORA GENI – Ivone Rossi
NORAH FONTES – Matilde Rubião
ROGÉRIO FRÓES – Dr. Osvaldo
DENNY PERRIER – Murilo Prata
CARLOS GREGÓRIO – Padre Justino
JONAS MELLO – Delegado Victor
ÊNIO SANTOS – Milton
SOLANGE THEODORO – Cristina Oliveira
FÁBIO MÁSSIMO – Ciro Lucas
MAYARA NORBIN – Ana Campos Melo
ROFRAN FERNANDES – Jaime Campos Melo
LÚCIA ALVES – Maria Lúcia Jardim
CLEYDE BLOTA – Selma Garcia
PERRY SALLES – Novak
ÁTILA IÓRIO – Pedro Oliveira
ESTHER MELLINGER – Maria Oliveira
MILTON VILLAR – Zé (José Oliveira)
IVAN DE ALMEIDA – Eugênio Silva
JULCILÉA TELLES – Teresa Silva
BORGES DE BARROS – Onofre
MARCOS WAIMBERG – Salvador
NARDEL RAMOS – Cabo Romildo
ANA MARIA SAGRES – Creusa
e
AGUINALDO ROCHA – Aníbal
ALFREDO MARTINS – Dr. Harley Amaral (médico que dá um depoimento sobre eutanásia a Polaco)
ARDUÍNO COLASSANTI – Príncipe Renato Di Lorenzo (antigo namorado de Paloma na Itália)
CARLOS EDUARDO MONTEIRO – jurado no julgamento de Paloma
CLAUDE AMARAL PEIXOTO – jurada no julgamento de Paloma
CLÉA SIMÕES – mãe de santo que atrai Paloma ao seu terreiro com a força de seu pensamento
FRANCISCO MORENO – juiz no julgamento de Paloma
GILDA SARMENTO – Carminha
HEMÍLCIO FRÓES
HENRIQUE CÉSAR
HILDEGARD ANGEL – jurada no julgamento de Paloma
JOÃO BATISTA VIEIRA – Fred (criança)
JOÃO FLÁVIO LEMOS DE MORAES – jurado no julgamento de Paloma
JORGE GUINLE FILHO – jurado no julgamento de Paloma
LÍGIA RINELLI – Marli (ex-mulher Jaime, mãe de Ana)
LÍLIAN FERNANDES
LOLY NUNES – enfermeira do Dr. Murilo
LOUREIRO NETO – médico da equipe que opera Fred
LUÍS FELIPE DE LIMA – Fernando (criança)
LUÍS ORIONI – Dalmo
MARIA AUGUSTA – jurada no julgamento de Paloma
MAURÍCIO M. QUINTAS – Chico (criança)
MIGUEL ROSEMBERG – Mauro Cabral (jurista que dá um depoimento sobre eutanásia a Polaco)
MONIQUE CURI – Paloma (criança)
OTÁVIO AUGUSTO – promotor no julgamento de Paloma
PÁDUA MOREIRA – Fred (Frederico Gurgel Filho, irmão de Paloma no primeiro capítulo, apenas a voz)
ROBERTO DE CLETO – Frederico Gurgel (pai de Paloma e Fred, marido de Eulália, em flashback)
ROGACIANO DE FREITAS – Dr. Atiê (médico de Fred)
RUTH ALMEIDA PRADO – jurada no julgamento de Paloma
VINÍCIUS SALVATORE – Donato (testa de ferro de Novak, paga Pedro para atear fogo nos pastos da fazenda de Fernando)
WALDIR SANTANA – radialista
WELLINGTON BOTELHO
– núcleo de PALOMA GURGEL (Dina Sfat), mulher independente, passional, de personalidade forte. Jornalista na Itália, onde trabalha como correspondente internacional. Retorna à cidadezinha de Pilar, sua terra natal, onde é herdeira da fazenda Fênix, a mais próspera da região. Sua volta é motivada pelos problemas de saúde do irmão gêmeo, FRED (Pádua Moreira, participação, apenas a voz), que passou por uma cirurgia no cérebro e entrou em coma. Ao ouvir uma fita deixada por ele, pedindo que abrevie sua vida caso seu estado seja irreversível, Paloma compadece-se de seu sofrimento e desliga o aparelho que o mantinha vivo. É acusada pela cunhada de eutanásia e vai a julgamento:
os pais: FREDERICO GURGEL (Roberto de Cleto, participação), já falecido, tinha a aviação como hobby,
e EULÁLIA (Mírian Pires), mulher doce e resiliente
o amigo MURILO PRATA (Denny Perrier), médico em Pilar, ama-a em segredo
o advogado OSVALDO (Rogério Fróes), que a defende no caso da denúncia de eutanásia
a empregada na fazenda CREUSA (Ana Maria Sagres).
– núcleo de VERIDIANA ROSSI GURGEL (Susana Vieira), viúva de Fred, cunhada de Paloma. No início, grávida de cinco meses, sofreu um aborto quando soube da morte do marido. Temperamental e inconformada, torna-se a principal antagonista de Paloma: move um processo contra ela, acusando-a de ter praticado eutanásia:
os pais: AMADEU ROSSI (Castro Gonzaga), prefeito de Pilar. Ambiciona controlar a Fazenda Fênix, da família Gurgel, e apoia a instalação na cidade de uma multinacional do ramo de laticínios
e IVONE (Flora Geny), mulher submissa ao marido.
– núcleo de CHICO RUBIÃO (Francisco Cuoco), dono da deficitária fazenda Pelourinho e médico da cidade. É amigo de infância de Paloma, por quem sempre fora apaixonado. Com o retorno dela, rompe um noivado por sua causa:
a mãe MATILDE (Norah Fontes), mulher simples e carinhosa
a noiva HELENA PORTO (Vera Fischer), professora de inglês. Ama-o profundamente. Sente-se ameaçada com a chegada de Paloma
os funcionários da fazenda: EUGÊNIO SILVA (Ivan de Almeida), capataz, e sua mulher TERESA (Julciléa Telles), empregada da casa.
– núcleo de FERNANDO LUCAS (Tarcísio Meira), dono da fazenda São Lucas e de uma fábrica de laticínios, que dirige com o pai. Amigo de Chico, também fora amigo de infância de Paloma. Com o casamento em crise, fica balançado com a volta da amiga. Passa a disputá-la com Chico:
a esposa VÂNIA (Joana Fomm), mulher conservadora, luta para salvar o casamento
o filho adolescente CIRO (Fábio Mássimo)
o pai ANTÔNIO LUCAS (Mário Lago), velho teimoso, resistente a modernidades. Luta contra a Eltsen, multinacional que se instala na cidade, ameaçando a fábrica de laticínios de sua família
o empregado ONOFRE (Borges de Barros), cúmplice de Antônio em suas confusões.
– núcleo de POLACO (Lauro Corona), jovem jornalista que chega a Pilar para cobrir o caso de eutanásia na cidade, que ganhou repercussão nacional. Vai trabalhar no jornal local:
a namorada RENATA (Lídia Brondi), veterinária que segue com ele para Pilar e acaba se estabelecendo lá. Fica muito amiga de Paloma, que enxerga nela a mesma impetuosidade que tivera na juventude. Com o fim do namoro com Polaco, terá um caso com Fernando
a mãe de Renata, SELMA (Cleyde Blota), de quem ela depende financeiramente, apesar de hostilizá-la por ela ser muito despachada
o patrão MILTON (Ênio Santos), dono do jornal de Pilar. É conquistado pelo profissionalismo de Polaco.
– núcleo de JAIME CAMPOS MELLO (Rofran Fernandes), gerente da única agência bancária de Pilar:
a ex-mulher MARLI (Lígia Rinelli), que há mais de uma década estava longe. Retorna a Pilar disposta a conquistar o amor da filha, que abandonou no passado
a filha ANA (Mayara Norbin), namorada de Ciro. Garota carente e cheia de problemas. Criada longe da mãe, sente ódio dela por acreditar que foi abandonada. Tem ciúmes do pai e não aceita sua namorada
a namorada MARIA LÚCIA (Lúcia Alves), bem mais jovem que ele, com quem acaba se casando. Tem uma péssima relação com Ana.
– núcleo de PEDRO OLIVEIRA (Átila Iório), capataz da Fazenda São Lucas:
a mulher MARIA (Esther Mellinger)
a filha CRISTINA (Solange Theodoro), que se apaixona por Polaco
o irmão ZÉ (Milton Villar), trabalha na fábrica de laticínios da fazenda.
– demais personagens:
PADRE JUSTINO (Carlos Gregório), pároco de Pilar, jovem consciente do seu papel de evangelizador
VICTOR (Jonas Mello), delegado de Pilar, envolve-se com Selma
CABO ROMILDO (Nardel Ramos), auxiliar do delegado Victor
NOVAK (Perry Salles), executivo da Eltsen, multinacional do ramo de laticínios que se instala em Pilar. Ambiciona comprar a fábrica da família Lucas
SALVADOR (Marcos Waimberg), dono do Bar Senadinho, onde todos se reúnem.
Novela protelada
Pela sequência dos autores do horário das oito da Globo, na época, ao final de Dancin´ Days (de Gilberto Braga), seria a vez de Lauro César Muniz apresentar uma novela, que estrearia em janeiro de 1979.
Porém, o autor adoeceu e seu retorno foi protelado. Janete Clair foi acionada e escreveu Pai Herói, substituindo-o. Lauro retornou após a novela de Janete, com Os Gigantes.
Rejeição
A eutanásia foi pela primeira vez abordada como entrecho folhetinesco em uma telenovela. O tema foi apresentado para o público e discussões sob o ponto de vista científico, ético e religioso foram levantadas.
A novela começou falando de doença, dor, hospital, tensão, passou por aborto, brigas familiares e processos judiciais, e culminou com o suicídio da protagonista.
Os Gigantes foi tachada de depressiva e acabou por se tornar uma das novelas mais polêmicas de nossa Teledramaturgia. O clima excessivamente passional provocou o desinteresse no público, a exaustão do autor e a sua demissão antes de a novela terminar.
Em sua biografia (*), Lauro César Muniz contou que, para piorar ainda mais a situação, a temperamental Dina Sfat tornou público o seu descontentamento com a novela e os dois chegaram a romper publicamente. Ele, por sua vez, também deu declarações aos jornais externando sua decepção com os rumos que Os Gigantes tomara.
Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes, o autor revelou:
“Era uma novela mórbida, pesada, infeliz. (…) Dina Sfat rompeu comigo. Ela chegava no estúdio, pegava o script, jogava no chão e sapateava em cima: ‘Não vou fazer essa droga de jeito nenhum’, ela gritava.”
Outro problema ainda maior: o ataque às multinacionais que a história desenvolvia não foi bem aceito pela emissora, que falhou em não notar esse particular na sinopse. Dessa vez, a pressão não veio do Governo (o país vivia a ditadura do Regime Militar), mas dos próprios patrocinadores, que não gostaram de se verem criticados na televisão. A questão acabou esquecida na trama.
O alvo da crítica era a companhia suíça Nestlé. Na trama, uma multinacional chamada Eltsen tentava se instalar em Pilar, cidadezinha fictícia da novela, o que iria desbancar a empresa de laticínios de Fernando Lucas (Tarcísio Meira). Na época, poucos perceberam que “Eltsen” era Nestlé de trás para frente. O autor entregou em uma cena em que um funcionário aparecia no espelho e o nome Nestlé surgiu refletido.
A novela também chegou a insinuar um interesse homossexual entre as personagens Paloma e Renata (Dina Sfat e Lídia Brondi), que não foi adiante.
Demissão do autor
Lauro César Muniz afirmou em sua biografia (*) que Boni (diretor artístico da Globo na época) fez o possível para segurá-lo na emissora, mas não teve jeito. Demitido, o novelista foi contratado para escrever para a TV Bandeirantes. Benedito Ruy Barbosa foi então convocado para terminar Os Gigantes. Porém, como Benedito estava desgostoso com a Globo (que não aceitara produzir sua novela Os Imigrantes) e, em solidariedade ao amigo Lauro, se negou a concluir a trama, e entregou sua própria carta de demissão (foi também contratado pela Bandeirantes).
O último capítulo foi escrito por um autor cujo nome não foi revelado na época. Lauro havia deixado pronto o desfecho de sua história, que acabou completamente alterado. Em sua biografia, o autor revelou que, apenas muitos anos depois, e por acaso, é que descobriu que havia sido Walter George Durst o redator do capítulo final de sua novela.
Lauro César Muniz também relatou ter tido problemas com Régis Cardoso, o diretor, já que na relação houve novos pontos de atrito ocasionados pelas mudanças necessárias na condução da narrativa, solicitadas pela Globo ou impostas pela Censura Federal, além de queixas do elenco, especialmente de Dina Sfat, que recaíam sobre ambos. No decorrer do trabalho, Jardel Mello assumiu a direção da novela, além de Roberto Talma e Paulo Ubiratan. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)
O diretor Régis Cardoso narrou em seu livro “No Princípio Era o Som”:
“A novela de Lauro César tinha momentos de grande dramaticidade e momentos de situações embaraçosas, em que tanto os atores quanto eu ficávamos sem uma saída. Os personagens, constantemente, agiam sem lógica. Dina Sfat, protagonista, várias vezes, olhou para mim e perguntou: ‘E agora, o que eu faço?’ E eu: ‘Só falta você levitar.’ (…) A novela não foi bem, não fez sucesso.”
Maria Adelaide Amaral, estreando como roteirista de televisão, colaborou com Lauro César Muniz, mas nem conta sua experiência em Os Gigantes como válida. Ela retornou às novelas apenas onze anos depois, em 1991, como colaboradora de Cassiano Gabus Mendes em Meu Bem Meu Mal.
Elenco
A emissora pretendia trazer Eva Wilma, que atuava na TV Tupi, para estrear na Globo, como a protagonista. Com o adiamento da novela, Eva continuou na Tupi naquele momento (a atriz veio para a Globo, finalmente, em 1980). Quando Os Gigantes começou a ser produzida, Dina Sfat foi escalada para viver a protagonista Paloma.
Apesar de todos os problemas que teve com a novela, Dina Sfat, por sua atuação, foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor atriz de 1980 (empatada com Dercy Gonçalves, pela novela Cavalo Amarelo).
Tarcísio Meira e Francisco Cuoco, os dois maiores galãs de novelas da década de 1970, atuaram juntos. Anteriormente, a união dos astros em uma mesma produção havia ocorrido, na Globo, apenas uma vez: em O Semideus, em 1973-1974.
Última novela da atriz Norah Fontes, mãe do diretor Régis Cardoso, que aposentou-se em seguida.
Primeira novela da atriz Monique Curi, com 10 anos na época.
Primeiro trabalho na Globo do ator Perry Salles.
Único trabalho na Globo do ator e dublador Borges de Barros.
O ator Jonas Mello, egresso das novelas da TV Tupi, fazia sua estreia definitiva na TV Globo, com trabalhos seguidos no início da década de 1980. Dez anos antes, ele participara da novela A Cabana do Pai Tomás, uma produção da Globo paulista.
Título e abertura
Na primeira sinopse que o autor Lauro César Muniz apresentou à Globo, a novela tinha o título provisório de Fênix – a ave que renasce das cinzas, de acordo com a famosa lenda. Fênix era o nome de uma das fazendas que serviu de ambientação para a história e tinha uma simbologia direta com a protagonista Paloma, vivida por Dina Sfat.
Outro título pensado foi Paloma, o nome da protagonista, que quer dizer “pomba” em espanhol. No final da história, Paloma comete suicídio ao sobrevoar a sua fazenda em um avião até a gasolina acabar. Paloma morre carbonizada, como a lendária Fênix, cumprindo seu destino.
Paloma acabou servindo como elemento para a abertura da novela, que exibia imagens de Dina Sfat revezadas com imagens de uma pomba branca (e com fotos de Francisco Cuoco e Tarcísio Meira).
Contudo, a direção da Globo optou por Os Gigantes, título escolhido mais pela força do vocábulo do que por alguma relação direta com a temática da novela. O nome foi tirado do livro “Os Quatro Gigantes da Alma”, de Mira Y Lopez, que cita o medo, o amor, o dever e o ódio como os tais gigantes, referenciados como sentimentos de Paloma nas chamadas de estreia da novela – “Dentro de nossa alma, o medo, o amor, o dever, o ódio… Gigantes acima de nossas forças” -, justificando assim o título.
O título também tem um caráter mercadológico ao associar a novela a três grandes nomes da Globo na época: Dina Sfat, Francisco Cuoco e Tarcísio Meira, três gigantes da emissora que viviam o trio de protagonistas da trama – inclusive destacados na abertura da novela.
O título pode ainda ser associado à firma multinacional que na história se instala na cidadezinha ameaçando desbancar a empresa brasileira familiar, uma minúscula frente à gigante concorrente.
(jornal O Globo, 20/08/1979, pesquisa Sebastião Uellington Pereira)
Técnicas cinematográficas
Uma câmera portátil, que permitia enquadramentos diferentes dos tradicionalmente usados em televisão e facilitava a tomada de imagens próximas às do cinema, foi o segredo do diretor Régis Cardoso para explorar ao máximo as expressões dos atores. O equipamento foi apelidado pela equipe de produção de “Paloma”, nome da personagem de Dina Sfat, por estar sempre nas mãos do diretor em busca do ângulo perfeito – muitas vezes tão próximo que somente os olhos da protagonista eram focalizados, deixando transparecer toda sua angústia. (**)
A equipe de sonoplastia, coordenada pelo maestro Guerra Peixe, montou um estúdio especial para realçar os sons e utilizou ruídos para identificar os ambientes, uma técnica cinematográfica inédita em televisão. Até então, as gravações eram feitas com som direto, absorvendo ruídos externos. (**)
Locações e tema de abertura
As primeiras cenas da novela foram gravadas na cidade de Vassouras, no interior do estado do Rio de Janeiro. (**)
O tema de abertura, composto especialmente para a novela por Sérgio Mendes, Paulo Sérgio Valle e Guto Graça Mello, era “Horizonte Aberto”, gravado por Sérgio Mendes com a participação vocal de sua esposa Gracinha Leporace. No entanto, a música ouvida na abertura era diferente da do disco, gravada mais tarde com outra letra.
“Minha Lídia”
O escritor Marcelo Rubens Paiva citou a novela em seu best-seller “Feliz Ano Velho”, narrando que a assistia no período em que ficou hospitalizado após o acidente que sofreu. Porém, as recordações de Os Gigantes não foram das melhores:
“Era uma novela boba do Lauro César Muniz que, para o meu azar, era das piores já passadas no horário das oito. Tinha uma tal de Paloma (Dina Sfat), que dividia seu amor por dois canastrões (Chico Cuoco e Tarcísio Meira). Única coisa de excitante na novela é que trabalhava a Lídia Brondi, minha Lídia.”
Fragmentos
Os Gigantes foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 18/03/2024, dentro do Projeto Fragmentos, com os 2 únicos capítulos que restaram no acervo da TV Globo: o primeiro e o último.
(*) “Lauro César Muniz Solta o Verbo”, Hersch W. Basbaum.
(**) Site Memória Globo.
Trilha sonora nacional
01. GOSTOSO VENENO – Alcione
02. TÔ VOLTANDO – Viva Voz (tema de Paloma)
03. SUPERHOMEM, A CANÇÃO – Gilberto Gil (tema de Fernando)
04. SOB MEDIDA – Simone
05. OUTUBRO – Milton Nascimento
06. TROCANDO EM MIÚDOS – Emílio Santiago (tema de Fernando e Vânia)
07. HORIZONTE ABERTO – Sérgio Mendes (participação de Gracinha Leporace) (tema de abertura)
08. FORÇA ESTRANHA – Gal Costa (tema de Paloma)
09. PASSAGEIRO – Riberti (tema do triângulo Fernando-Paloma-Chico)
10. JARDIM DA SOLIDÃO – Clara Nunes (tema de Veridiana)
11. CAFÉ DA MANHÃ – Sergio Endrigo
12. MEU NOME É NOITE VADIA – Vanusa (tema do triângulo Fernando-Paloma-Chico)
13. LILI – Chico Batera
14. PASSIONAL – Fátima Guedes
Sonoplastia: Guerra Peixe Filho
Direção de produção: Guto Graça Mello
Produção musical: Geraldo Vespar
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider, João Mello e Ezequiel Neves
Trilha sonora internacional
01. GOOD TIMES – Chic
02. I’LL NEVER LOVE THIS WAY AGAIN – Dionne Warwick (tema de Vânia)
03. RISE – Herb Alpert (tema de Paloma)
04. SULTANS OF SWING – Dire Straits
05. STILL – Commodores (tema de Helena e Chico)
06. MAGIC LADY – Sérgio Mendes
07. I JUST FALL IN LOVE AGAIN – Anne Murray (tema de Veridiana)
08. L’ULTIMA NEVE DI PRIMAVERA – Franco Micalizzi (tema de Paloma e Fernando)
09. SHE BELIEVES IN ME – Kenny Rogers (tema de Paloma e Chico)
10. DANCE WITH YOU – Carrie Lucas
11. LOVE TAKES TIME – Orleans (tema de Renata)
12. PUT IT WHERE YOU WANT IT – Destination
13. PALOMA – Sunday (tema de Paloma)
14. NOUS (DONNA, DONNA MIA) – Hérve Villard
Tema de abertura: HORIZONTE ABERTO – Sérgio Mendes, participação de Gracinha Leporace
Um pássaro
Que voa a procura de um caminho
Cortando o céu
Pra ser feliz
Não vou fugir do rumo
Eu tenho
Um horizonte aberto em minha vida
Me iluminar
Eliminar o medo
E se afinal é esse o meu destino
Que seja assim
Até o fim…
Um pássaro
Que traça em vôo livre o seu caminho
Seguindo o sol
Pra ser feliz
Não vai perder o rumo
Eu tenho
Um horizonte aberto em minha vida
Eu quero amar
Me dividir sem medo
E se afinal eu faço o meu destino
Que seja assim
Até o fim…
Pena que só tem dois capítulos. Mas eis um bom enredo para um remake, abrangendo mais os assuntos ali propostos. Se não na TV aberta, ao menos pelo streaming.
A disponibilização de apenas dois capítulos de uma novela promissora é decepcionante na globo play, principalmente quando acompanhada por uma trilha sonora internacional incrível. Os fãs anseiam por mais conteúdo, esperando que futuros lançamentos preencham essa lacuna e proporcionem uma experiência completa e satisfatória.
Dina Sfat dando como sempre um show de interpretação!!
Eu assisti aos dois capítulos e achei a novela bem sombria, densa e com uma energia pesada. Logo de início, temos a questão da eutanásia praticada por Paloma, mas ficamos sem assistir ao desfecho por motivos óbvios. O último capítulo tem um ar estranho, pois desde o início nota-se que a personagem estava ali para cometer suicídio, algo que ela já havia tentado anteriormente, como evidenciado nas chamadas da novela com a cena de Paloma com as mãos enfaixadas e sangue respingado na parede. A narração do personagem de Lauro Corona deu um tom bastante melancólico ao trágico desfecho da personagem.
“Os Gigantes” seria uma novela cult de grande sucesso nos dias atuais se estivesse completa, mais pela curiosidade do que pela qualidade da história. Lauro Cesar Muniz foi corajoso em abordar o tema da eutanásia, porém pareceu que ele queria provocar a todos, principalmente um dos anunciantes: a Nestlé. Apesar de ser uma novela triste e pesada para o horário das 20h/21h, fiquei com o sabor de quero mais no meu paladar. Se os boatos, ou lenda urbana, que dizem que a RBS grava e arquiva as novelas desde 1978 forem verdadeiros, seria possível assisti-la.
A Globo errou ao colocar essa novela nesse horário. Ela deveria ter sido exibida no horário das 22h/23h, mais adequado para novelas mais pesadas e inovadoras. Acredito que aqueles que assistiram na época não tenham sentido saudades da trama, pois é perceptível que pelos dois capítulos disponibilizados “Os Gigantes” é uma novela um tanto indigesta. Mesmo assim, é uma pena que a TV Globo tenha descartado a novela apagando-a de seu arquivo.
Acho que a novela começou do ponto de partida errado. Explico: Se esfregar doença, morte e tentativa de suicídio na frente do público hoje em dia é pesado, repleto de gatilhos, que dirá em 1979, em que a rede de divulgação sobre valorização da saúde mental era quase inexistente. Ainda por cima, jogar tudo isso, em cenas pesadíssimas (como as que o Globo play disponibilizou, e as cenas avulsas e chamadas que existem pela internet) logo na primeira semana torna tudo mais punk. Poderia ter começado após a morte do Fred, focando, no começo da trama, no triângulo amoroso entre Dina-Cuoco-Tarcísio, mantendo suspense até o meio da novela sobre porque a personagem da Dina voltou da Itália e se meteu de novo ali, tendo o comportamento que tem. Algo mais folhetinesco, como “qual é o segredo de Paloma?” talvez tivesse tido uma aceitação melhor, pois já havia dado certo o “Quem matou Salomão Hayala” dois anos antes em “O Astro”. Não que fosse isso a transforma-la num primor de novela, mas talvez a tornasse mais digerível. Essas questões todas não desmerecem, todavia, o talento do Lauro tampouco abala a genialidade de seu texto.
Eu vi esses dias no X( Twitter) a cena em que Paloma desliga o aparelho. . Eu amei os capítulos disponibilizados.
Assisti quando passou pela primeira vez, mas eu era criança e pouco me lembro. Vi o fragmento e achei interessante o primeiro capítulo. Mas nós sabemos que houve muitos problemas no decorrer da trama.
Assisti aos capítulos disponibilizados pelo projeto “Fragmentos” e adorei. De fato, a trama é melancólica e pesada. Minhas impressões:
– Embora não tenha gostado tanto do final, acho que o suicídio de Paloma fez um certo sentido, considerando que a personagem era impulsiva. Há ainda a analogia entre “Fênix” (fazenda de Paloma) e a lenda do renascimento a partir do fogo. Ainda assim, preferia que o desfecho fosse outro. Não acho que Paloma merecia a morte;
– O último capítulo foi um tanto “didático”, com personagens enfatizando a suposta neurose de Paloma. Parece que a intenção foi justificar ao grande público as atitudes da protagonista, que suscitaram muita polêmica.
Qdo era criança minha mãe assitia por causa do Tarcísio e do Cuoco.Qdo saiu em Fragmentos assisti,mas eh bem estranha mesmo,chega a ser sinistra e sombria.
No final fica uma sensação estranha!
Tentei assistir aos dois capítulos, mas achei o tema deveras pesado.
Adiantei um pouco para os pontos chave….
Sombria, pesada, triste…daquelas produções que merecem o arquivo.