Sinopse
Autor de livros que se tornaram best-sellers, Plínio Pompeu vive recluso em sua ilha particular, quando recebe a visita de seres alienígenas provenientes de Gama Y-12, um planeta fora do sistema solar onde reina a paz absoluta.
Ao descerem à Terra, a intenção dos estranhos extraterrestres é ajudar os humanos a disseminar o amor e a resolver problemas como a raiva, o ciúme e outros sentimentos pouco nobres.
EDSON ARANTES DO NASCIMENTO, o PELÉ – Plínio Pompeu
REGINA DUARTE – Melissa
ROSAMARIA MURTINHO – Dionéia
CARLOS ZARA – Horácio Galvão
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Radamés
GIANFRANCESCO GUARNIERI – Bernardo
STÊNIO GARCIA – Daniel
MÁRCIA DE WINSOR – Walkíria
ÁTILA IÓRIO – Caleb
SERAFIM GONZALEZ – Mendonça
MÁRCIA REAL – Ofélia
VIDA ALVES – Irene
CLEYDE BLOTA – Marta
JOÃO JOSÉ POMPEO – Tibério
ROBERTO MAYA – Emanoel
OSMAR PRADO – Tony
SILVIO DE ABREU – Dr. Valentim
VERA NUNES – Mimi
CLEYDE BLOTA – Marta
LUCY MEIRELLES – Judite
LÍDIA COSTA – Madalena
OSMANO CARDOSO – Plautus
MARCUS TOLEDO – Décio
MÁRIO GUIMARÃES – Jonas
ALEXANDRE ARAÚJO – Alexandre
JOSMAR MARTINS – Baltazar
ANA MARIA NEUMANN
Discos voadores
Mais uma vez Ivani Ribeiro exibia seu estilo inquietante ao buscar temas para suas novelas. Na ocasião, o assunto espacial estava em voga com as viagens do projeto Apolo rumo à Lua (o homem finalmente pisou na Lua em julho daquele ano, 1969), e com o sucesso do livro “Eram os Deuses Astronautas?”, de Erich von Däniken, lançado em 1968; dos filmes 2001, uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, e Barbarella (1968), de Roger Vadim; e das séries Perdidos no Espaço (1965-1968) e Jornada nas Estrelas (1966-1969).
Explicou a autora: “Uma fantasia, que projetava o interesse em torno do controvertido fenômeno dos discos voadores, tese de cientistas e ficcionistas.” (“Ivani Ribeiro, a Dama das Emoções”, Carolline Rodrigues)
Pelé
O maior chamariz para a novela foi a presença no elenco, como ator, do craque do futebol Pelé (Edson Arantes do Nascimento), que participou da produção de maneira a conciliar as gravações com os treinos e jogos. Para não se comprometer muito, o jogador tinha pouco texto e seu personagem não se apaixonou por ninguém. Dessa forma, se precisasse se ausentar, seria mais fácil resolver possíveis contratempos.
A ideia de convidar para o elenco o maior jogador de futebol de todos os tempos partiu do executivo da TV Excelsior e locutor esportivo Edson Leite. Em 1967, o craque havia feito um tremendo sucesso com uma participação especial na série humorística Família Trapo, na TV Record.
Pelé estava no auge de sua carreira e popularidade: brilhava no Santos Futebol Clube, havia sido campeão do mundo pelo Brasil duas vezes – em 1958, na Copa da Suécia, e em 1962, na Copa do Chile – e estava às vésperas de marcar seu milésimo gol. Em 1969, o Santos foi tricampeão paulista e Pelé foi o artilheiro do campeonato, com 26 gols. A novela terminou em agosto e em novembro aconteceu a festa pelo gol número 1.000.
“Pelé tinha uma força midiática muito grande. A Excelsior quis explorar esse carisma junto à imprensa. Ele sempre soube dialogar, se comunicar bem com a mídia – algo que era raro entre os jogadores da época. Isso reforçava o craque como um grande mito, que se dedicava bastante em todas as áreas”, narrou Elmo Francfort, pesquisador e diretor do Museu da TV.
Pelé foi bem recebido pelo elenco nos estúdios da TV Excelsior. O novelista Silvio de Abreu, que era ator na época e atuava na novela, comentou sobre sua participação: “Havia muita tietagem. Apesar de Pelé sempre se colocar como um de nós, era inegável a admiração à sua volta. (…) Tinha muitas cenas de ação, o que para ele, que foi um atleta maravilhoso, era um presente.”
Segundo matérias em revistas, o ator Stênio Garcia, que contracenava com Pelé, era seu “professor de arte dramática”, ajudando-o a memorizar os roteiros: “Ele se esforçava muito para decorar todas as falas e chegar ao estúdio pronto.”
Em entrevista à revista Intervalo, Pelé pareceu empolgado em atuar em uma telenovela. “Acho que vai ser divertido, sabem, eu sempre quis me meter nesse ambiente de televisão. Aqui pra nós, quando o futebol acabar, já tenho outra carreira!”
No ano seguinte, 1970, Pelé tornou-se tricampeão mundial na Copa do México. Posteriormente, chegou a participar de alguns filmes, mas nunca mais voltou a atuar em telenovelas (a não ser pequenas participações como ele mesmo).
Elenco
Sobre Os Estranhos, comentou o ator e diretor da novela Gianfrancesco Guarnieri, para o livro “Glória in Excelsior”, de Álvaro de Moya:
“A novela queria ser de ficção científica e não conseguia e era muito engraçado porque o Cláudio Corrêa e Castro, a Rosamaria Murtinho, a Regina Duarte eram amarelos, com uns brilhos no rosto, porque eram de outro planeta… tinha um disco voador… e o Pelé… era um escritor que vivia de seus direitos autorais e tinha uma ilha, comprada com a renda dos livros… Total absurdo… Para ter uma ilha ele deveria ter no mínimo 20 empregos e nem teria tempo para escrever… Mas tecnicamente era bem feita.”
Próximo do final da novela, Rosamaria Murtinho, ao notar que sua personagem não tinha mais importância na trama, pediu a Ivani Ribeiro que a matasse. A autora escreveu então uma cena em que sua personagem, Dionéia, era morta pelo Dr. Valentim (Silvio de Abreu). (“Ivani Ribeiro, a Dama das Emoções”, Carolline Rodrigues)
De acordo com Silvio de Abreu (em entrevista ao podcast Vem Pod Chegar, em julho de 2024), Ivani Ribeiro matou a personagem não a pedido de Rosamaria Murtinho, mas porque a atriz reclamou da novela em uma reunião com o elenco.
E mais
Seres de outros planetas também apareceram nas novelas O Amor Está no Ar (1997) e Começar de Novo (2004), e na série Tarcísio e Glória (1988) – todos na Globo.
Meio inacreditável essa novela. Não dá para imaginar hoje um jogador do porte do Pelé estrelando uma novela um ano antes do Tri.
Não que seja ruim, mas de todas da Ivani essa parece uma das poucas novelas dela que a sinopse soa trash. Mas acho que pra Ivani Ribeiro trash é uma palavra muito forte, eu diria voluntariamente excêntrica. Ainda sim, parece mais crível que muita coisa da atualidade, como por exemplo: “O sétimo guardião.”