Sinopse
1300 a.C., Pi-Ramsés, Egito. O poderoso faraó Seti I (Zé Carlos Machado), que nunca escondeu seu ódio pelos hebreus, determina a morte de todos os bebês de origem israelita do sexo masculino. Muitos recém-nascidos tiveram suas vidas interrompidas ao serem jogados no rio Nilo. No entanto, um deles foi salvo por sua família, que o colocou dentro de um cesto, confiando que Deus o guiaria pelo rio a um local seguro. O menino do cesto acabou sendo acolhido pela princesa Henutmire (Mel Lisboa) que, em um ato de piedade, resolveu cuidar da criança. Ela o batizou de Moisés e o criou como um verdadeiro príncipe egípcio, ao lado de seu tio-irmão Ramsés (Edu Pinheiro) e da bela Nefertari (Giovanna Maluf). A beleza dela despertará o amor dos dois, que viverão muitos conflitos.
Moisés, já adulto (Guilherme Winter), se envolve com o sofrimento de seu povo e enfrenta o temível faraó. Após desavenças, ele foge e vai para Midiã, onde se casa com a rebelde Zípora (Giselle Itié) e passa a trabalhar como pastor de ovelhas. É lá que, durante o pastoreio de seu rebanho, a vida de Moisés muda para sempre. Ele recebe um chamado de Deus, que o manda de volta ao Egito para libertar seu povo da escravidão. Em seu retorno, Moisés encontra seus irmãos Arão (Petrônio Gontijo) e Miriã (Larissa Maciel), além de sua mãe Joquebede (Denise Del Vecchio). Para cumprir o que Deus ordenou, o profeta precisa enfrentar um grande inimigo, seu tio-irmão Ramsés (Sérgio Marone), herdeiro do trono do Egito, que fará de tudo para impedir Moisés de retirar seu povo de lá.
É nesse cenário que a insistência de Ramsés fará o povo egípcio enfrentar dez pragas enviadas por Deus: águas virarão sangue; rãs, piolhos, moscas e gafanhotos invadirão a região; doenças atingirão os animais; fogo e granizo cairão do céu; as trevas ocuparão o lugar da luz; e, por fim, a morte dos primogênitos egípcios. Após a décima praga, que custou a morte de seu filho mais velho, Ramsés permite ao povo hebreu abandonar o Egito. No entanto, ele volta atrás e manda seu exército perseguir os hebreus no deserto. Durante a perseguição, ocorre um dos mais famosos milagres bíblicos: Deus abre o Mar Vermelho, permitindo aos hebreus atravessá-lo a pés secos. Quando seu povo chega ao outro lado, Deus fecha o mar, afogando e matando o exército egípcio.
Nova temporada
Moisés libertou seu povo do Egito e agora enfrenta um novo desafio: conduzir milhares de hebreus pelo deserto rumo à Terra Prometida. Porém, para chegar a Canaã, eles precisam atravessar uma região habitada por reinos inimigos, que temem que o povo do Deus de Israel invada suas terras. Além disso, apesar de todas as maravilhas que testemunham, há ainda hebreus que duvidam e, ao primeiro sinal de dificuldade, reclamam e conspiram contra Moisés, tornando sua tarefa ainda mais árdua. O desafio de Moisés é transformar os hebreus em uma nação santa e poderosa e vencer os povos inimigos que tentarão destruí-los para impedir que cheguem até Canaã – a Terra Prometida.
GUILHERME WINTER – Moisés
DENISE DEL VECCHIO – Joquebede
PAULO GORGULHO – Anrão
PETRÔNIO GONTIJO – Arão
LARISSA MACIEL – Miriã
SÉRGIO MARONE – Ramsés
ZÉCARLOS MACHADO – Seti I
VERA ZIMMERMANN – Henutmire
CAMILA RODRIGUES – Nefertari
ADRIANA GARAMBONE – Yunet
GIUSEPPE ORISTÂNIO – Paser
EDUARDO LAGO – Disebek
ANGELINA MUNIZ – Tuya
GISELE ITIÉ – Zípora
PAULO FIGUEREDO – Jetro
GABRIELA DURLO – Eliseba
FLORIANO PEIXOTO – Hur
SIDNEY SAMPAIO – Oséias / Josué
TAMMY DI CALAFIORI – Ana
HEITOR MARTINEZ – Apuki
NANDA ZIEGLER – Judite
ERICH PELITZ – Jairo
RENATO LIVERA – Simut
BERNARDO VELASCO – Eleazar
BRENDHA HADDAD – Inês
MARCO ANTÔNIO GIMENEZ – Nadabe
DANIEL SIWEK – Abiú
HENRIQUE GOTTARDO – Itamar
LICURGO SPÍNOLA – Num
LISANDRA SOUTO – Amália
RODRIGO VIDIGAL – Calebe
RAFAEL SARDÃO – Uri
JULIANA DIDONE – Leila
ÍGOR COSSO – Bezalel
BINHO BELTRÃO – Aoliabe
PÉROLA FARIA – Débora
FELIPE CARDOSO – Zelofeade
BIANKA FERNANDES – Abigail
VICTOR HUGO – Corá
KÁTIA MORAES – Bina
JENIFFER SETTI – Safira
BRUNO PADILHA – Datã
SANDRO ROCHA – Abirão
LUCIANO SZAFIR – Meketre
BABI XAVIER – Taís
CARLOS BONOW – Ahmós
FERNANDO SAMPAIO – Gahijii
JÚLIO OLIVEIRA – Chibali
PAULO REIS – Eldade
RAYANA CARVALHO – Adira
MARCELA BARROZO – Betânia
CAMILA SANTANIONI – Ada
THAÍS MULLER – Jerusa
FRAN MAIA – Jaque
TALITA YOUNAN – Damarina
JOSÉ VICTOR PIRES – Amenhotep
MARIA CEIÇA – Nailah
ROCCO PITANGA – Jahi
AISHA JAMBO – Radina
ROBERTA SANTIAGO – Karoma
VICTOR PECORARO – Ikeni
KIKO PISSOLATO – Bakenmut
BEMVINDO SEQUEIRA – Baruk
JORGE PONTUAL – Menahem
THIERRY FIGUEIRA – Aníbal
ANITA AMIZO – Karen
MATHEUS LUSTOSA – Bak
as crianças
GUSTAVO HENZEL- Eliezer (filho de Moisés e Zípora)
LUIZ EDUARDO OLIVEIRA – Gerson (filho de Moisés e Zípora)
LEONARDO BRAGA – Assir (filho de Corá e Bina)
JOÃO PEDRO FRANCO – Elcana (filho de Corá e Bina)
NIKKY MENEGHEL – Meryt (filha de Taís e Meketre)
KAUÃ TORRES – Hori (filho de Taís e Meketre)
PIETRO BUANNAFINA – Finéias (filho de Eleazar e Inês)
ÍTTALO PAIXÃO – Pepy (filho de Karoma e Ikeni)
fases anteriores
PEDRO PUPAK – Moisés
ENZO SIMI – Moisés
SAMARA FELIPPO – Joquebede
ROGER GOBETH – Anrão
VICTÓRIO GHAVA – Arão
KADU SCHONS – Arão
PEDRO HENRIQUE CARMINATTI – Arão
ISABELA KOPPEL – Miriã
ARIELA MASSOTTI – Miriã
MEL LISBOA – Henutmire
CARLOS AUGUSTO SALES – Ramsés
EDU PINHEIRO – Ramsés
DANIEL AGUIAR – Disebek
DAY MESQUITA – Yunet
PAULO NIGRO – Paser
GIOVANNA MALUF – Nefertari
MILHEM CORTAZ – Bomani
IRAN MALFITANO – Bennu
VICENTE TUCHINSKY – Num
MARINA MOSCHEN – Amália
LUIZ FELIPE MELO – Bezalel
HIGOR CASTRO – Nabade
KAIK BRUM – Abiú
RAFAEL SAN – Eleazar
RAFAELA SAMPAIO – Jaque
GABRIEL QUARESMA – Jairo
STELA FREITAS – Sifrá
VALÉRIA ALENCAR – Puá
e
ADRIANO PETERMANN – Janes (um dos sacerdotes contratados por Ramsés para contaminarem a fonte dos hebreus com sangue)
ADRIANO TOLOZA – Zuri (guerreiro de Amaleque)
ALDO PERROTA – homem que se torna credor de Apuki após um jogo na Casa de Sênit
ANDREA AVANCINI – Joana (mulher de Nabor)
ARIANNY CARVALHO – mulher do arém de Seti
BÁRBARA FRANÇA – Maya (filha do sumo sacerdote do Egito, ex-noiva de Ramsés, morre envenenada por Yunet e Disebek)
BÁRBARA QUERCETTI – Anippe (uma das amantes de Disebek)
CÁSSIO PANDOLFI – Siamon (sumo sacerdote, pai de Maya)
DANIEL SATTI – Panahasi (feitor egípcio assassinado por Moisés para defender um hebreu)
FERNANDA NIZZATO – Téti (uma ex-noiva de Ramsés)
JANDIR FERRARI – Amir (guerreiro de Amaleque)
JULIANA KIELLING – mulher do arém de Seti
JÚNIOR REQUEJO – hebreu atendido por Moisés no deserto numa questão com outro hebreu
KAREN BERINGHS – mulher do arém de Ramsés
PEDRO LIMA – príncipe convidado de Seti numa festa no palácio
RAFA DE MARTINS – amigo de Apuki, que rouba as joias de Uri quando este está morando na vila dos hebreus
RAYMUNDO DE SOUZA – Nabor (recebe Moisés e sua familia em sua estalagem durante seu caminho ao Egito)
RENATA PIRILLO – mulher do arém de Seti
RICARDO PETRÁGLIA – Amaleque (rei dos amalequitas)
ROGÉRIO FREITAS – assistente do sacerdote que confirma a morte de Paser para a rainha
SAMIR MURAD – Joel (hebreu traidor amigo de Apuki)
SÉRGIO STERN – escriba que anuncia ao povo a morte do faraó Seti
SILVIO MATTOS – lider do Conselho de Anciãos que resolve o problema do poço entre Jetro e Baruk
WILLIAM VITA – Jambres (um dos sacerdotes contratados por Ramsés para contaminarem a fonte dos hebreus com sangue)
ZECA ASSUMPÇÃO – Ashuri (oficial do Egito que segue com os hebreus pelo deserto)
nova temporada
ADRIANO VILLAS BOAS – Benzi (filho de Damarina)
ALEXANDRE BARROS – Oren
ALEX TEIX – um dos hebreus que reclamam da falta de água
ANA RITA CERQUEIRA – Yarin
ANDRÉ SOBRAL – Paser (um dos gêmeos de Simut e Gerusa)
ANNA SANTANA – Macla (filha de Abigail e Zelofeade)
ANTÔNIO PINA – Gerson (adulto)
ARTHUR MONTEIRO – Eucana (adulto)
ARTHUR MORAES – Abner criança (filho de Adira)
BRENDA SABRYNA – Ema
BRENO DI FELLIPPO – soldado fiel a Balaão
BRUNO AHMED – Quenaz
CAROL BEZERRA – Aija
CAROLINA CHALITA – Tanya
CLÁUDIO GARCIA – Baraquias (filho de Leila, roubado ao nascer e amamentado por ela como se fosse filho de Siloé)
CRIS RIBAS – Cosby (filha de Betânia com Zur)
DANI CALDEIRA – Emma adulta (serve a Betânia no palácio de Balaque)
DANIEL ALVIN – Rei Balaque
DANIEL ANDRADE – Zinri (hebreu seduzido por Cosby e assassinado junto com ela por Finéas)
DANIEL GRANIERI – Assir (adulto)
DANILO MESQUITA – Tales
DUDU AZEVEDO – Zur
FELIPE SOBRAL – Jetro (um dos gêmeos de Simut e Gerusa)
FERNANDO SAMPAIO – Gahiji
FRAN MAYA – Jaque
FRANCISCA QUEIROZ – Rainha Elda
GABRIELA GONÇALVES – Milca (filha de Abigail e Zelofeade)
GISELE TUCUNDUVA – Tirza (filha de Abigail e Zelofeade)
GUILHERME BOURY – Iru (filho de Noemi e Calebe)
GUSTAVO FLORES – Finéas (aos 10 anos)
HELENA LABRI – Rebeca (filha de Bezaléu e Débora)
HYLKA MARIA – Princesa Aviva (noiva imposta a Zur pelo Rei Balaque)
ISABEL CAVALCANTI – Haya (filha de Adira, adulta)
JÉSSIKA ALVES – Noemi
JITMAN VIBRANOVSKY – realiza o casamento de Betânia e o Rei Balaque
JÚLIO OLIVEIRA – Chibale
KEEF OLIVEIRA – Jair (empregado de Rischon em sua barraca no comércio)
LEONARDO MIGGIORIN – Otniel (filho de Quenaz)
LEONARDO VIEIRA – Balaão
LUANA RIBEIRO – Noah (filha de Abigail e Zelofeade)
LUIZ LOBO – Ariel (marido de Damarina)
MARISOL RIBEIRO – Acsa (filha de Noemi e Calebe)
MILHEM CORTAZ – Calebe
MONALISA ELENO – Siloé
MONIQUE ROCHA – Hogla (filha de Abigail e Zelofeade)
NATÁLIA TAVARES – Raquel (filha de Damarina)
NATASHA STRANSKY – moça que compra tecidos na barraca de Rishon
NICOLE ORSINI – Haya criança (filha de Adira)
NINA DE PÁDUA – Dorcas
NÍVEA STELMAN – Noemi (mais velha)
PAULO RICARDO CAMPANI – homem no conselho de reis em que está o Rei Sion
PAULO VESPÚCIO – mata Rishon como vingança por ele ter maltratado uma escrava no passado
PAULO VILELA – Natan
RAFA DE MARTINS – mercador de escravos que vende Adira
RAFAEL D´AVILA – Eliezer (adulto)
RAFAEL QUEIROZ – Finéas (adulto)
RAYANE ERLICH – Talita
RAYANNE MORAES – Joana
RAYMUNDO DE SOUZA – Quemuel
RICARDO PAVÃO – Rei Seon
RICARDO VANDRÉ – Lemuel
ROBERTO MALVÃO – Eli (filho de Bezaléu e Débora)
ROBSON SANTOS – Oficial
RODRIGO CIRNE – Ilam (filho de Ada criado por Safira)
ROHAN BARUK – Ezequiel (filho de Adira com General Oren)
RONEY VILELA – Rishon
SAMIA ABREU – Eva (filha de Talita)
SÉRGIO STERN – sacerdote que cuida de Natan quando ele está na casa do General Oren
TALITA CASTRO – Libna
THIAGO CICCARINO – Abner (filho de Adira, adulto)
ZECA CARVALHO – Quenaz (mais velho)
Novela bíblica
Após a produção de minisséries bíblicas – A História de Ester, Sansão e Dalila, Rei Davi, José do Egito e Milagres de Jesus, entre 2010 e 2014 -, a Record TV apostou pela primeira vez em uma história bíblica como enredo de novela. Para isso, escolheu um dos personagens mais famosos da Bíblia: Moisés.
Livre adaptação dos livros do Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A novela narrou a saga bíblica protagonizada por Moisés, atravessando passagens conhecidas, como o nascimento do profeta, as pragas lançadas sobre o Egito, a fuga pelo Mar Vermelho, o encontro de Moisés com Deus no Monte Sinai e a revelação dos mandamentos.
A Record não poderia ter sido mais estratégica ao escolher a trama bíblica que daria início a seu ciclo de telenovelas religiosas. A saga de Moisés é uma daquelas narrativas paradigmáticas que subjazem na consciência ocidental, explorada em diversas ocasiões nas mais variadas manifestações culturais – especialmente no cinema hollywoodiano. (“Como a Ficção Televisiva Moldou um País”, Lucas Martins Néia)
Apesar de vendida pela emissora como “a primeira telenovela bíblica do mundo”, não é! A novela O Rouxinol da Galiléia, exibida pela TV Tupi em 1968, já apresentava uma trama bíblica, que acontecia durante a Paixão de Cristo.
Não confundir com a novela O Décimo Mandamento, de Benedito Ruy Barbosa (quem nem bíblica era), exibida pela TV Tupi em 1968.
Sucesso
A aposta em uma produção bíblica no formato telenovela veio depois de um período de dois anos de crise no setor, após Máscaras (2012), que derrubou o patamar de audiência conquistado desde A Escrava Isaura (2004).
As novelas Prova de Amor (2005) e Os Dez Mandamentos (2015) são as produções de maior sucesso e repercussão da Record desde a retomada da dramaturgia da emissora em 2004. Os Dez Mandamentos fechou com uma média geral de 16,4 pontos no Ibope da Grande São Paulo, apenas 1 décimo atrás de Prova de Amor – o que se traduziria em um número mais expressivo se considerar que a abrangência dos pontos de Ibope aumentam com o passar dos anos.
Os Dez Mandamentos estreou e já começou bem: nos dois primeiros meses, marcou uma média de 12 a 13 pontos no Ibope, desbancando o segundo lugar do SBT no horário.
E a audiência foi crescendo. Encostou na Globo com as pragas do Egito, já em sua segunda metade. E bateu a concorrente com a travessia no Mar Vermelho, na reta final (no capítulo exibido em 10/11/2015): média de 28 pontos na Grande São Paulo, abrindo uma vantagem de 8 pontos sobre a Globo. Curiosamente, essa curva ascendente parou neste dia: nos seguintes até o final, a novela foi perdendo audiência – principalmente quando passou a dividir o horário com os primeiros capítulos da reprise de Rei Davi
Os Dez Mandamentos chamou a atenção até mesmo de quem era alheio a temas bíblicos, curioso com os efeitos especiais que a Record mandou fazer nos Estados Unidos, tanto para as pragas do Egito quanto para a travessia do Mar Vermelho – a maioria, bons e eficientes.
Pode-se dizer que Os Dez Mandamentos foi a novela certa no momento certo. Frente à crise econômica pela qual o país atravessava, com notícias desagradáveis diariamente nos telejornais, e a insistência da Globo em apostar em tramas ditas “realistas”, com violência, impunidade e favelas (Babilônia e A Regra do Jogo), parte do público preferiu o escapismo de uma história bem distante da dura realidade brasileira.
No auge do sucesso de Os Dez Mandamentos, a fim de evitar um confronto direto com a novela das nove, a Globo foi aumentando a duração do Jornal Nacional. Isso ficou evidente com a estreia de A Regra do Jogo, muito prejudicada pela concorrência. Na guerra pela audiência, tanto a Globo esticava o quanto podia o JN, quanto a Record esticava Os Dez Mandamentos. Em alguns dias, a novela das nove da Globo iniciou perto das 22 horas.
Acima de tudo, Os Dez Mandamentos conseguiu um feito notável, destes que raramente acontecem na televisão brasileira. Conquistou o público com uma opção de entretenimento fora da Globo, no horário de maior faturamento da concorrente.
Espichamento
Inicialmente, o projeto da autora Vívian de Oliveira era fazer uma minissérie tendo Moisés como personagem principal, em 30 capítulos.
Porém, a Record solicitou a ela que fizesse de Os Dez Mandamentos uma novela de 100 capítulos. Na sinopse, foram necessárias modificações e adendos a fim de criar uma estrutura com esse fim. A boa repercussão fez com a emissora pedisse a Vivian que mantivesse a novela por mais tempo no ar e, dos então já 140 capítulos previstos, foram criados mais 20.
Quando soube que teria que esticar ainda mais a trajetória de Moisés, a autora estava escrevendo os primeiros capítulos com o Egito assolado pelas pragas. Para compor uma quantidade de capítulos que retardassem o clímax da história, a abertura do Mar Vermelho, Vívian alongou a fase da novela que correspondia às pragas e adiou a travessia do mar. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)
Um sucesso não esperado pela emissora, muito menos pelos profissionais envolvidos na produção. A maior prova disto foi a falta de planejamento da Record e a “má administração” desse sucesso.
A novela foi sendo espichada à medida que o Ibope aumentava, o que prejudicou seu bom andamento. A edição abusou dos flashbacks, o que aumentou a sensação de embromação e chegou a irritar os telespectadores.
Sem uma substituta à altura (talvez outra trama bíblica inédita), a emissora preferiu protelar a estreia da sucessora (Escrava-Mãe, uma história ambientada no Rio de Janeiro do século 19) e pôs a reprise de uma minissérie bíblica em seu lugar (Rei Davi).
Prolongamento do sucesso
Como forma de alongar a repercussão, a história da novela não terminou. O último capítulo foi finalizado com “continua”, um prenúncio da “nova temporada”, que estreou quatro meses depois.
A Record fez o possível para prolongar o sucesso da novela fora da TV. No final de janeiro de 2016, chegou aos cinemas o filme Os Dez Mandamentos, uma edição da novela em duas horas para a telona, com um final inédito que antecipava a segunda temporada: a saga dos personagens rumo à Terra Prometida, que abria caminho para a próxima novela bíblica da Record.
Também foi publicada a versão romanceada da novela e chegou ao teatro Os Dez Mandamentos, o Musical.
A novela ainda fez uma carreira de sucesso no exterior, se tornando o maior êxito de exportação da emissora. Na Argentina, transformou-se em fenômeno, igualando-se em resultados a Avenida Brasil – também teve o último capítulo exibido diretamente de um estádio de futebol, com show e a presença de atores do elenco.
Roteirização
Foram mais de cem anos de história retratados e divididos em quatro fases. Em meio à história bíblica, Os Dez Mandamentos também contou com elementos clássicos dos folhetins brasileiros, ao retratar conflitos familiares, luta pelo poder, traições, invejas, ódio e amores proibidos.
A autora Vívian de Oliveira conseguiu desenvolver um bom trabalho ao dosar o texto bíblico com uma linguagem mais próxima da telenovela (inclusive com boas tramas paralelas cômicas).
Na adaptação, o personagem bíblico Moisés teve menos pompa que as versões apresentadas em filmes – como o Moisés de Charlton Heston em Os Dez Mandamentos, de Cecil B. DeMille (1956).
“O cinema o vê como grande herói. O nosso é mais humanizado. Ele batalha, sofre, descobre o amor e depois Deus. É uma grande virada”, afirmou o diretor Alexandre Avancini em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.
Elenco
A pirotecnia chamou a atenção da audiência, desviando os olhos do público para os efeitos especiais e, assim, disfarçando o desajuste na direção de atores. Um texto bíblico, repleto de frases feitas e doutrinação, requer excelentes atores, bem dirigidos, para que tudo não soe como um jogral de igreja.
Diante de um elenco numeroso, poucos nomes se destacaram, enquanto vários não passaram da declamação empostada. Faltou uma direção de atores mais criativa e menos preguiçosa, que fugisse do lugar comum, inclusive para tornar convincentes algumas interpretações do difícil texto bíblico.
No elenco, destacaram-se os excelentes Samara Felippo, Zé Carlos Machado, Denise Del Vecchio, Adriana Garambone, Giuseppe Oristânio e Petrônio Gontijo. Larissa Maciel, Vera Zimmermann, Heitor Martinez, Paulo Gorgulho e Floriano Peixoto também estiveram bem em seus personagens.
O mesmo não se pode dizer de Guilherme Winter e Sérgio Marone, que interpretaram os protagonistas Moisés, o herói, e Ramsés, o vilão. Sem carisma, Winter viveu um Moisés frio e robótico, enquanto Marone foi a outro extremo, exagerando na falta de sutileza. Faltou da direção uma orientação para o meio termo correto entre os dois antagonistas. Ainda assim, Guilherme Winter foi premiado com o Troféu Imprensa de melhor ator de 2015.
Primeira novela da atriz Marina Moschen.
Sorteio de carros
Chamando a atenção para o lançamento da novela, a Record sorteou, durante os primeiros capítulos, dez carros ao público mais fiel. Como em uma antiga Sessão Premiada (do SBT), apresentadores da emissora telefonaram para telespectadores previamente inscritos perguntando quantas vezes uma vinheta gráfica apareceu durante o capítulo.
Desta forma, a Record repetiu a promoção que realizou em 2011 na estreia de Rebelde. A justificativa interna para o investimento em um sorteio foi a de que a emissora estaria em novo horário de telenovelas (a partir das 20h30).
Produção
A Record atingiu um bom patamar com sua experiência em minisséries bíblicas. A produção de Os Dez Mandamentos foi caprichada. Os cenários e figurinos ficaram mais coerentes após uma correção na fotografia, que deixou a novela menos iluminada, com efeito, menos colorida e carnavalesca.
Cada capítulo custou cerca de 700 mil reais, entre diversos custos, como o uso de efeitos especiais e contratação de profissionais de Hollywood. As cenas em que o Mar Vermelho se abriu para a passagem dos hebreus e uma das pragas do Egito foram encomendadas em um estúdio em Los Angeles.
Cenografia e locações
Com aproximadamente 80 atores no elenco, a novela contou com uma cidade cenográfica de sete mil metros quadrados, com 28 cenários, retratando a vida da população do Egito Antigo.
Uma equipe foi ao Egito captar imagens (no Mar Vermelho, Monte Sinai e Rio Nilo) usadas em meio à cidade cenográfica erguida no Rio de Janeiro. Já as cenas que mostraram a travessia do povo hebreu pelo deserto em busca da terra prometida foram gravadas no deserto do Atacama, no Chile, onde o Rio Loa representou o Rio Nilo, local onde a mãe de Moisés deixou o filho dentro de um cesto para protegê-lo dos egípcios. Para aproximar ainda mais a vegetação do local ao da região do Rio Nilo, foram plantados cerca de mil metros quadrados de totora e junco. Outros lugares próximos ao vilarejo de São Pedro do Atacama também foram usados como cenários.
Nova temporada
Durante os mais de quatro meses que separaram a primeira da segunda temporada de Os Dez Mandamentos, a Record reprisou minisséries bíblicas em seu horário (20h30). Em 04/04/2016 finalmente estreou a segunda temporada. Nesta nova fase da saga de Moisés, novos personagens e tramas surgiram, assim como vários núcleos da fase anterior desapareceram. Também novos dramas e desafios foram apresentados aos antigos personagens. A nova temporada se estendeu até julho quando Os Dez Mandamentos deu lugar à novela A Terra Prometida, uma continuação da saga.
Os atores Milhem Cortaz e Raymundo de Souza, que haviam participado na primeira temporada de Os Dez Mandamentos em pequenos papeis, ressurgiram na segunda, mas em novos personagens. Em vez de escalar novos atores, a Record preferiu aproveitar os dois para A Terra Prometida, já que esses personagens que apareceram no final de Os Dez Mandamentos seguiram na nova novela. O estranho foi Milhem Cortaz, que apareceu no início como um vilão, ressurgir no final com amigo do herói.
Reprises
Os Dez Mandamentos foi reapresentada entre 25/07/2017 e 24/07/2018, primeiro às 18h20 e depois às 19h45.
Reprisada também na TV Brasil, a partir de 05/04/2021, às 20h30. A compra para a TV Brasil, uma emissora estatal, foi feita pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), braço do Ministério das Comunicações. O Governo Federal desembolsou dos cofres públicos R$ 13.252,35 para cada um dos 242 capítulos da novela, totalizando R$ 3.207.068,70. Vale lembrar que Edir Macedo, dono da Record TV, era aliado do então presidente da República Jair Bolsonaro.
Trilha sonora volume 1
01. NO POÇO TE ENCONTREI
02. TIGRES
03. RITCATORZE
04. ESCALDANTE
05. TEARS
06. ARABESQUE
07. ANASONG
08. MAR
09. BIG
10. MIKLAT
11. DEDI
12. RITQUINZE
13. DIMMER
14. GIGA
15. ELEGANTE
16. FALL
17. VALENTE
18. YOU
19. AMULETO
20. LEGADO
21. NONUS
22. NUMI
23. MOISÉS E ZIPORA
Música original de Daniel Figueiredo
Trilha sonora volume 2
01. Amaciando – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
02. Anamar – Edu Luke
03. Anasong – Daniel Figueiredo
04. Arabesque – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
05. Areia – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
06. Atak – Daniel Figueiredo
07. Big – Daniel Figueiredo
08. Capdois – Edu Luke
09. Casa Um – Daniel Figueiredo & Willian Bordokan
10. Casa Cinco – Daniel Figueiredo & William Bordokan
11. Casa Dois- Daniel Figueiredo & William Bordokan
12. Casa Quatro – Daniel Figueiredo & William Bordokan
13. Casa Trio – William Bordokan & Daniel Figueiredo
14. Castelo – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
15. Correndo – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
16. Dedi – Ronaldo Lobo, Tálita Capra & Marcelo Penido
17. Demolir – Edu Luke & Cláudia Gomes
18. Dia – Daniel Figueiredo
19. Dimmer – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
20. Door – Marcelo Penido
21. Drag – Edu Luke
22. Dukas – Daniel Figueiredo
23. Dunas – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
24. Duque – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
25. Elegante – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
26. Emoepic – Edu Luke
27. Emotivepic – Edu Luke
28. Epicantos – Edu Luke
29. Escaldante – Daniel Figueiredo
30. Fato – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
31. Felicida – Edu Luke
32. Fenda – Daniel Figueiredo
33. Filho – Ronaldo Lobo
34. Fobs – Daniel Figueiredo
35. Giga – Daniel Figueiredo
36. Grito – Daniel Figueiredo, Igor Ledermann & Gisele Bomentre
37. Grou – Daniel Figueiredo
38. Importa – Edu Luke
39. Intrus – Daniel Figueiredo
40. Jade – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
41. Legado – Edu Luke
42. Logra – Daniel Figueiredo
43. Luas – Daniel Figueiredo
44. Mar – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
45. Mic – Ronaldo Lobo
46. Milk – Daniel Figueiredo & Ronaldo Lobo
47. Moises e Zipora – Daniel Figueiredo
48. Nonus – Daniel Figueiredo
49. Olhando – Daniel Figueiredo
50. Ostin – Daniel Figueiredo
51. Pedir – Daniel Figueiredo
52. Pega – Daniel Figueiredo & João Jacques
53. Pensas – Edu Luke
54. Pique – Edu Luke
55. Rajada – Igor Ledermann & Daniel Figueiredo
56. Ranter – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
57. Raz – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
58. Rei – Daniel Figueiredo
59. Riros – Daniel Figueiredo & Julio Cesar
60. Ritcatorze – Daniel Figueiredo, Igor Ledermann & William Bordokan
61. Ritcinco – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
62. Ritdesseis – William Bordokan
63. Ritdessete – William Bordokan & Daniel Figueiredo
64. Ritdez – Elton Ricardo & Daniel Figueiredo
65. Ritdezoito – William Bordokan & Daniel Figueiredo
66. Ritdois – William Bordokan
67. Ritdoze – William Bordokan
68. Ritnove – William Bordokan
69. Ritoito – William Bordokan
70. Ritonze – William Bordokan
71. Ritquatro – Daniel Figueiredo, Igor Ledermann & William Bordokan
72. Ritquinze – William Bordokan & Daniel Figueiredo
73. Ritres – William Bordokan & Daniel Figueiredo
74. Ritreze – William Bordokan
75. Ritseis – William Bordokan
76. Ritsete – William Bordokan, Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
77. Ritum – William Bordokan
78. Ritvinteum – William Bordokan, Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
79. Romas – Daniel Figueiredo
80. Sazonal – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
81. Sede – Ronaldo Lobo & Daniel Figueiredo
82. Sedento – Daniel Figueiredo
83. Sobre – Daniel Figueiredo
84. Sog – Igor Ledermann & Daniel Figueiredo
85. Sul – Igor Ledermann
86. Sultan – William Bordokan & Daniel Figueiredo
87. Sustus – Ronaldo Lobo & Daniel Figueiredo
88. Tears – Daniel Figueiredo
89. Teima – Daniel Figueiredo & Ronaldo Lobo
90. Temple – Daniel Figueiredo
91. Tielu – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
92. Tigres – Daniel Figueiredo & Igor Ledermann
93. Tocha – Daniel Figueiredo & Edu Luke
94. Troca – João Jacques
95. Valente – Daniel Figueiredo
96. Venal – Daniel Figueiredo
97. Vitoriosa – Ronaldo Lobo
98. You – Daniel Figueiredo
Trilha sonora complementar 1: No Poço Te Encontrei
01. En el Pozo Te Encontre – Renato Cardoso, Cecilia Palafox & Moyses Macedo
02. I Found You by the Well – Moyses Macedo & Evelyn Higginbotham
03. Moises e Zipora – Daniel Figueiredo
04. Moises e Zipora (instrumental) – Raphael Batista
05. No Poço Te Encontrei – Moyses Macedo & Cláudia Gomes
Trilha sonora complementar 2
Amecha ami – Larissa Manoela (featuring Daniel Figueiredo & Marcella Polidoro) (tema de Miriã)
Não assisti inteiramente, mas da parte que comecei a ver até o final, apesar dos problemas gerais, foi surpreendente e também inesquecível, principalmente a morte do filho do faraó.
Aildison Bispo, a novela venceu a Globo sim. Foi no capítulo da abertura do Mar Vermelho
Apesar de entender os argumentos apresentados, acredito ser um pouco precipitado falar de divisor de aguas (sem nenhuma alusao a Moises) o fato da novela Os Dez Mandamentos (Vivian de Oliveira) ter superado os indices de audiencia da Globo no horario em alguns capitulos. Calma, eu explico: em 1990, a novela Pantanal, da extinta Rede Manchete, tambem obteve um estrondoso sucesso, superando indices de audiencia da Globo em quase todos os seus mais de 220 capitulos. Resultado, o sucesso nao se repetiu nas tramas seguintes da emissora (como a Historia de Ana Raio e Ze Trovao, por exemplo), e a Globo contratou o autor (Benedito Ruy Barbosa) e o diretor (Jayme Monjardim). Resultado, Pantanal ficou apenas na historia, e hoje, nem a Manchete existe mais. Nao estou querendo dizer com tal comparacao que a Globo nao vai encontrar um dia uma concorrencia que lhe ameace de verdade. Estou apenas querendo defender que a audiencia de uma emissora sao se faz apenas em uma faixa de horario e por algum tempo. E preciso consistencia e manutencao desses indices em alta para podermos vislumbrar uma possibilidade de virada de mesa. Tambem, nao vejo somente pelo aspecto positivo o fato de uma tematica biblica atrair tanto a atencao dos brasileiros. Em conversas informais, vejo que existe uma parte da audiencia realmente torcendo para Record desbancar a Globo e muitos assistem Os Dez Mandamentos sem pensar muito na qualidade do conteudo televisivo que assistem. Outros sao protestantes e mantem a coerencia de sua crenca baseada nos valores que acreditam, um tanto conservadores por meu gosto. Contudo, para mim o que mais impressiona e o fato de muitos rejeitarem historias que se aproximam muito da realidade e preferirem mesmo a fantasia. E esse o ponto que me intriga nesse momento. Sera que a realidade e tao chata, cruel e violenta que estamos buscando momentos para viver em plena fantasia, mesmo que seja atraves de historias que sabemos de cor ha milhares de anos?
Nunca ganhou da globo?? Em que mundo vc estava?????
Apesar do sucesso nunca ganhou da Globo