Sinopse

A trama se desenrola entre os diferentes mundos de dois homens idênticos fisicamente, mas que não se conhecem. Paulo Della Santa é um milionário atormentado, com família e negócios em crise. A esposa Laura, mulher interesseira, luta para manter o casamento, apesar da torcida contra dos enteados, Marília e Pedro Ernesto, que a detestam. Já Denizard de Matos, dono de um ferro-velho, é um tipo simples e popular. Viúvo, pai da adolescente Zezinha, ele namora a batalhadora Índia do Brasil, sua secretária, a contragosto da filha. Um encontro casual entre os sósias, seguido de uma explosão, dá início à história.

Denizard, com problemas de amnésia, acaba levado pela família Della Santa, confundido com Paulo, sem que desconfiem de sua verdadeira identidade. Enquanto os familiares e amigos de Denizard choram sua morte, a família Della Santa tenta reintegrar um homem sem memória ao convívio de todos. Laura e seu ambicioso irmão, João Silvério, sabem que ele não é Paulo e tentam tirar algum proveito da situação, mas ela se apaixona de verdade pelo “novo” marido. Com os negócios em crise, eles orientam Paulo a tomar o casarão onde seu pai Agostinho mora com a amiga Glorinha da Abolição, filha da governanta Vilma.

Glorinha vive em atrito com Vilma, que não aceita seu modo livre de vida: hippie, sem endereço fixo, vendedora de artesanato no calçadão de Copacabana. Por sua vez, a moça não perdoa a mãe por nunca tê-la revelado a identidade de seu pai. Em contato com Paulo – na verdade Denizard -, Glorinha acaba arrebatada por aquele homem, o que preocupa Vilma. Enquanto isso, o segredo de Laura e João Silvério não é novidade para a dupla Vidigal e Nininho Americano, que conheciam Denizard e seguiram seus passos no dia da explosão, em que ele foi colocado no lugar de Paulo junto à família Della Santa.

Globo – 20h
de 23 de março a 10 de outubro de 1987
179 capítulos escritos, 173 exibidos

novela de Aguinaldo Silva
colaboração de Ricardo Linhares
direção de Fred Confalonieri, Ingácio Coqueiro e José de Abreu
direção geral de Gonzaga Blota, Ricardo Waddington e Antônio Rangel

Novela anterior no horário
Roda de Fogo

Novela posterior
Mandala

FRANCISCO CUOCO – Paulo Della Santa / Denizard de Matos
YONÁ MAGALHÃES – Índia do Brasil
NATÁLIA DO VALLE – Laura Antunes Della Santa
MALU MADER – Glorinha da Abolição
JOSÉ LEWGOY – Agostinho Della Santa
HERSON CAPRI – Gabriel
MIGUEL FALABELLA – João Silvério Antunes
BETH GOULART – Marília Della Santa
MARCOS FROTA – Pedro Ernesto Della Santa
CLÁUDIA ABREU – Zezinha (Maria José de Matos)
ARLETE SALLES – Vilma
EWERTON DE CASTRO – Vidigal
TONICO PEREIRA – Nininho Americano (Valdeci Machado)
FLÁVIO GALVÃO – Benjamim Vieira
ELAINE CRISTINA – Ivete Linhares Vieira
EVA TODOR – Liúba (Fada Gabor)
LUTERO LUIZ – Demerval Parente
WANDA KOSMO – Yolanda Coutinho
JOSÉ DE ABREU – Genésio Mascarenhas Noelo
CLÁUDIA RAIA – Edwiges Mascarenhas Noelo / Nina
ÍSIS DE OLIVEIRA – Dodô (Doralice Monteiro)
LUMA DE OLIVEIRA – Dedé (Débora Monteiro)
STEPAN NERCESSIAN – Barbosão (José Ramos Barbosa)
JONAS MELLO – Cordeiro de Deus
ANTÔNIO POMPEO – Batista (João Batista Arcanjo)
ROSANE GOFMAN – Monalisa Braga
ILVA NIÑO – Belmira
MILTON RODRIGUES – Gato
CRISTINA GALVÃO – Cida (Aparecida da Silva)
AUGUSTO OLÍMPIO – Cavaquinho
CLÁUDIO FERRÁRIO – Baixinho
MELISE MAIA – Selma

as crianças
FERNANDO ALMEIDA – Lico
CAROLINA MOURA – Bianca
ANSELMO LIRA – Júnior

e
ABRAHÃO FARC – Velho (morador do asilo onde Agostinho vai morar)
ADELAIDE PALETTE (ADELAIDE CONCEIÇÃO) – copeira na Imobiliária Della Santa
AFRÂNIO GAMA – cliente do ferro-velho Possante
ALFREDO MURPHY – um dos capangas de Vidigal
ANA LUIZA como ela mesma, concorrente de Dedé no concurso Garota do Pepino 87
ANA PAULA VIEIRA como ela mesma, concorrente de Dedé no concurso Garota do Pepino 87
BRENO BONIN – Gallo (fotógrafo que clica Dedé para a campanha da Della Santa e lança Edwiges como modelo)
CLEONIR DOS SANTOS – Abrahão (um dos porteiros do Edifício Sobre as Ondas)
CLEYDE BLOTA – Jurema (assistente social que leva Zezinha para um orfanato)
DAYSE TENÓRIO – Tina (empregada no apartamento de Benjamim e Ivete)
DESIANE SIMÕES como ela mesma, concorrente de Dedé no concurso Garota do Pepino 87
EDWIGES GAMA – Doroti (faxineira no apartamento de Demerval)
ELIANA OVALLE – cliente de Demerval que vive procurando-o
ELY REIS
EMILIANO QUEIRÓZ – delegado do distrito policial, no início
FERNANDO AMARAL – diretor do asilo onde Agostinho vai morar
FERNANDO BESSA JULIANO – dublê de Francisco Cuoco
FERNANDO JOSÉ – Bertolucci (alfaiate de Paulo)
GERMANO FILHO – português da padaria que dá informações a Paulo sobre Denizard
GISELA ARNAUD – Fabiana (colega de faculdade de Pedro Ernesto com quem ele se envolve)
GISELE FRAGA como ela mesma, concorrente de Dedé no concurso Garota do Pepino 87
HELOÍSA MORGADO como ela mesma, concorrente de Dedé no concurso Garota do Pepino 87
HEMÍLCIO FRÓES – mendigo que tenta levar Bianca e Júnior, mas toma uma paulada de Lico
HERÓIS DA RESISTÊNCIA como eles mesmos, apresentando-se no concurso Garota do Pepino 87
IDA GOMES – juíza na disputa da guarda de Zezinha por Índia e Nininho
IVAN CÂNDIDO – promotor na audiência de Denizard, no final
IVAN SIMÕES – um dos capangas de Vidigal
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Dr. Ricardo (médico que cuida de Denizard após a explosão, confunde-o com Paulo)
JOSIAS DE ALMEIDA – porteiro na mansão dos Della Santa
JOSI CAMPOS como ela mesma, concorrente de Dedé no concurso Garota do Pepino 87
LEDA BORBA – dona da casa onde Denizard morou, dá informações sobre ele a Paulo
LEONARDO JOSÉ – José Eduardo (gerente do banco onde Paulo tem conta)
LUIZ ROBERTO – motorista dos Della Santa
MARINA LIRA
NANI VENÂNCIO – concorrente de Dedé no concurso Garota do Pepino 87
ODENIR FRAGA – homem na estrada que informa Paulo onde fica o ferro-velho de Denizard
PAULA BURLAMAQUI – concorrente de Dedé no concurso Garota do Pepino 87
PAULO CINTURA como ele mesmo, apresentador do concurso Garota do Pepino 87
REGINA DUARTE – juíza na audiência de Denizard, no final
RENATO NEVES – rapaz que frequenta o Edifício Sobre as Ondas, desperta o interesse de Dedé
RICARDO WADDINGTON – turista que paquera Glorinha no hotel-fazenda, deixando Paulo/Denizard com ciúmes
RUBEM DE BEM – porteiro do asilo onde Agostinho vai morar
SERGINHO – Adamastor (um dos porteiros do Edifício Sobre as Ondas)
SÉRGIO BRITTO – Caio Graco (irmão de Agostinho que mora em Itajubá)
THEREZA CASTRO – senhora que atende Liúba na companhia telefônica de Itajubá
VANDA ALVES – Carminha (empregada na mansão dos Della Santa)
VICTOR LOPES – dublê de Francisco Cuoco
WALTER SANTOS – Melo Mendonça (psiquiatra de Paulo, a serviço de Laura e João Silvério)
ZILKA SALABERRY – cigana que anda por Copacabana, alerta Paulo sobre “o outro”
Caju (substituto de Batista nos afazeres domésticos na mansão dos Della Santa)
Dr. Denilson (médico que atende ocorrências ao longo da trama)
Marlene (faxineiro da delegacia)

– núcleo de PAULO DELLA SANTA (Francisco Cuoco), homem rico, empresário da construção civil e dono de uma imobiliária. Enfrenta momentos de crise no trabalho e na vida pessoal. Sente-se frustrado no segundo casamento. Pesadelos, a previsão de uma cigana e o encontro casual com um homem idêntico fisicamente a si, seguido de uma explosão em um posto de gasolina, dão início a uma reviravolta em sua vida:
a segunda mulher LAURA (Natália do Valle), fina e elegante, ambiciosa e dissimulada. É desprezada pelos enteados. Não se conforma com a separação proposta pelo marido, porque não sabe quais vantagens financeiras vai conseguir no processo. Na verdade, nunca foi apaixonada por ele
os filhos: MARÍLIA (Beth Goulart), moça temperamental, de personalidade forte, racional e um tanto egoísta. Pretende comandar os negócios da família. Percebe as intenções de Laura e vive em constante atrito com ela, tentando defender o patrimônio que vai herdar,
e PEDRO ERNESTO (Marcos Frota), o caçula. Ao contrário da irmã, é um rapaz idealista, empático e romântico. Apesar de herdeiro dos negócios do pai, prefere estudar Medicina e dedicar-se ao sanitarismo, o que não combina com o status e o desejo da família
o pai AGOSTINHO (José Lewgoy), velhinho que mora sozinho em um casarão na Avenida Atlântica, em Copacabana, onde sempre viveu, o que desperta a cobiça de muitas imobiliárias. Porém não concorda em sair de sua moradia, preso a lembranças do passado e à memória da falecida mulher, Leonor, cultuada em um imponente retrato. A venda de seu casarão poderia salvar a empresa do filho da bancarrota
o cunhado JOÃO SILVÉRIO (Miguel Falabella), irmão de Laura. A princípio, namora Marília, a quem finge amar. Mau-caráter, ambiciona o dinheiro dos Della Santa, assim como a irmã, e faz conchavos com ela em busca de melhorar a situação de ambos
os funcionários: VILMA (Arlete Salles), governanta, eternamente apaixonada pelo patrão, a quem trata com devoção e resignação, já que entende o seu lugar de criada. Teve uma filha com ele, fato que esconde de todos,
BATISTA (Antônio Pompeo), espécie de faz-tudo na mansão, rapaz observador, dedicado e fiel,
MONALISA (Rosane Gofman), enfermeira expansiva e solícita, contratada para cuidar de si após a explosão, quando retorna para casa. Inicia um romance com Batista,
e CARMINHA (Vanda Alves), copeira e cozinheira
o psiquiatra MELO MENDONÇA (Walter Santos), requisitado pela família quando Paulo fica obcecado em encontrar um homem idêntico a ele. Pouco ético, serve aos interesses de João Silvério e Laura
a CIGANA (Zilka Salaberry) que sempre encontra por Copacabana. Alerta-o sobre “o outro”.

– núcleo de DENIZARD DE MATOS (Francisco Cuoco), morador de Copacabana, é sócio do ferro-velho Possante, na Avenida Brasil. É um homem simpático, boa-praça e fanfarrão. Viúvo, seus problemas resumem-se aos relacionamentos conturbados com o sócio, com a namorada e com a filha adolescente. Após uma explosão, é dado como morto. Na verdade, sofrendo de amnésia, foi amparado pela família de Paulo Della Santa, confundido com ele. Denizard – agora Paulo – tenta se adequar à sua nova realidade, de homem rico, e aos problemas herdados do verdadeiro Paulo. Laura e João Silvério concluem que Paulo é na realidade Denizard, mas mantêm a farsa em benefício próprio. É quando Laura se apaixona de verdade por Denizard. Este cenário muda quando Denizard recupera a sua memória:
a filha ZEZINHA (Cláudia Abreu), adolescente muito apegada ao pai. No início, não suporta a possibilidade de vê-lo casado de novo, por isso não aceita a sua namorada. Sofre com a suposta morte do pai e com a possibilidade de ir para um orfanato. Vive um amor juvenil com Pedro Ernesto, de quem acaba engravidando
a namorada ÍNDIA DO BRASIL (Yoná Magalhães), secretária de seu ferro-velho. Mulher batalhadora e generosa que, apesar de sofrer a rejeição de Zezinha, protege a jovem quando ela precisa. Ama profundamente o namorado e sofre muito com a sua suposta morte. Até que Denizard ressurge, vivo
o sócio NININHO AMERICANO (Tonico Pereira), sujeito inescrupuloso que pretende transformar o ferro-velho em um local para desmanche de carros roubados. Denizard não concorda com a ideia, mas Nininho age escondido. Aproveita-se da morte de Denizard para levar seu plano adiante
o comparsa de Nininho, VIDIGAL (Ewerton de Castro), marginal barra-pesada. Única testemunha do encontro de Paulo e Denizard antes da explosão. Sabe que Denizard sobreviveu, que ele ocupou o lugar de Paulo e que João Silvério e Laura estão por trás de tudo, por isso ameaça-os pretendendo levar alguma vantagem.

– núcleo de GLORINHA DA ABOLIÇÃO (Malu Mader), garota impulsiva, de personalidade forte, fala o que pensa. Meio hippie, sem endereço fixo, é vendedora de artesanato no calçadão da Avenida Atlântica. Filha de Vilma, cresceu longe da mãe, com quem vive em atrito por ela nunca ter revelado a identidade de seu pai. Adorada por Agostinho, ele a convida para morar consigo em seu casarão. Lá, Glorinha se apaixona por Paulo – na verdade, Denizard -, o que deixa sua mãe apreensiva. Ao longo da trama, é revelado que Glorinha é filha de Paulo. Achando que envolveu-se com seu próprio pai (sem saber que se tratava de Denizard), Glorinha se afasta, sem revelá-lo a razão:
o “anjo” GABRIEL (Herson Capri), homem misterioso que, a princípio, todos pensavam tratar-se de um mendigo. Na verdade, é advogado, um ex-exilado político que lutou contra a ditadura do Regime Militar. Faz tudo para proteger Glorinha e Agostinho, especialmente das artimanhas de João Silvério. Esconde que está a serviço de alguém misterioso. Encanta-se por Glorinha, mas fica dividido entre ela e Marília, que se apaixona por ele
a madrinha BELMIRA (Ilva Niño), que a criou, a quem Vilma confiou sua educação
o amigo LICO (Fernando Almeida), ex-menino de rua que trabalha como guardador de carros no calçadão.

– núcleo de BENJAMIM (Flávio Galvão), sócio de Paulo em sua empresa e seu melhor amigo. Como ele, vive uma crise em seu casamento. Conhece uma ninfeta por quem fica louco de desejo:
a mulher IVETE (Elaine Cristina), amiga de Laura, com quem faz acordos que podem prejudicar Paulo, o que desagrada o marido. Sente que Benjamim está diferente e luta por seu casamento
os filhos JÚNIOR (Anselmo Lira) e BIANCA (Carolina Moura), pré-adolescentes, dão trabalho aos pais
a secretária SELMA (Melise Maia), no escritório em que trabalha com Paulo
a empregada TINA (Dayse Tenório).

– núcleo do edifício Sobre as Ondas, onde moram Denizard, Zezinha e Índia do Brasil:
LIÚBA (Eva Todor), mulher curiosa e intrometida, a fofoqueira do prédio. Muito ligada a Zezinha e a Índia do Brasil. De nacionalidade húngara, há décadas vive no Brasil. Foi atriz, quando atendia pelo nome FADA GABOR, e gosta de relembrar as glórias do passado. Alimenta o sonho de casar com Agostinho, de quem fica muito amiga
DEMERVAL (Lutero Luiz), o síndico do prédio. Tenta manter, a todo custo, a moralidade. Esconde um segredo que não ousa revelar: possui dons de mediunidade e clarividência
YOLANDA (Wanda Cosmo), muambeira, vende os produtos que traz ilegalmente do Paraguai. Tem uma ligação com o passado de Demerval, de quando explorava os seus dons mediúnicos
GENÉSIO (José de Abreu), gaúcho machão e conservador. Morre de paixão pela mulher, embora os ciúmes impeçam que tenham um relacionamento tranquilo. Vai trabalhar para Índia, como motorista e secretário
EDWIGES (Cláudia Raia), a bela mulher de Genésio, com quem vive brigando por causa do ciúme dele. Volta e meia se separam. Sonha em ser modelo, mas o marido é terminantemente contra
DODÔ (Ísis de Oliveira), mulher jovem e bonita que sonhava ser miss. Porém um amor e uma gravidez precoce acabaram com seus sonhos, que ela passou a tentar realizar por meio de sua filha. Desiludida com os homens, tenta precavê-la contra eles. É atacada por um tarado no prédio, que ninguém sabe quem é
DEDÉ (Luma de Oliveira), a bela filha de Dodô. Vive sob as rédeas da mãe, que não permite que namore. Um tanto ingênua, apaixona-se por Benjamim, para o desespero da mãe, principalmente pelo fato de ele ser casado. Por influência de Benjamim, torna-se garota-propaganda de um novo empreendimento do Grupo Della Santa
CORDEIRO DE DEUS (Jonas Mello), tipo maduro e atlético, dá aulas de ginástica na praia de Copacabana. Sente forte atração por Edwiges. Descobre que Paulo Della Santa é Denizard e acaba morrendo atropelado por João Silvério
ABRAHÃO (Cleonir dos Santos) e ADAMASTOR (Serginho), porteiros que se revezam no prédio
DOROTI (Edwiges Gama), faxineira no apartamento de Demerval.

– núcleo de Copacabana, das adjacências do Edifício Sobre as Ondas e do casarão de Agostinho:
BARBOSÃO (Stepan Nercessian), detetive da distrito policial, profissional sério e incorruptível. Investiga o mistério envolvendo Denizard e Paulo. Apaixona-se por Dodô
CAVAQUINHO (Augusto Olímpio), policial que vive perseguindo Glorinha da Abolição, por achar que ela é uma arruaceira e perturbadora da ordem pública
CIDA (Cristina Galvão), ex-menina de rua, garota safa. Fica amiga de Zezinha e Glorinha da Abolição. Cavaquinho interessa-se por ela
GATO (Milton Rodrigues), dono do bar-restaurante Galeto A Gauchinha. Sujeito caladão e reservado. Ao final, descobre-se que é o homem que atacava Dodô no prédio, conhecido como o PERFUMADO
BAIXINHO (Cláudio Ferrário), empregado do bar de Gato, fofoqueiro e ligado em tudo o que acontece na vizinhança.

Tema já explorado

Primeira novela solo criada por Aguinaldo Silva. Em sua biografia “Meu Passado Me Perdoa”, o autor afirmou que buscou inspiração no livro “O Terceiro Homem”, de Graham Greene, sobre a figura do duplo:
“Em alguma parte do mundo existe alguém absolutamente igual a você do ponto de vista físico. E se você e seu duplo se cruzassem por artes do destino e um acabasse ocupando o lugar do outro?”

Em outra ocasião, Aguinaldo explicou que não estava lidando com um tema original, citando o romance “O Duplo”, de Dostoievski (1846), e os filmes Kagemusha, de Akira Kurosawa (1980), e O Segundo Rosto, de John Frankenheimer (1966).

Na época, houve acusações de que a novela seria uma releitura de Vidas Cruzadas, trama que Ivani Ribeiro escreveu para a TV Excelsior em 1965 e que tinha uma história muito semelhante.

Este é um filão recorrente em novelas: O Príncipe e o Mendigo (1972), Mulheres de Areia (1973-1974 e 1993), Cara e Coroa (1995-1996), O Clone (2001-2002), Um Lugar ao Sol (2021-2022), etc. Janete Clair também usou, em Irmãos Coragem (1970-1971 e 1995), Selva de Pedra (1972 e 1986), O Semideus (1973-1974) e Sétimo Sentido (1982).

Disse o autor: “O tema já foi explorado, mas a maneira de contar a história será sempre diferente (…) Cada personagem tem o seu outro, só que dentro dele mesmo. E de certa forma, todos, de algum modo lutam para que ele não aflore, o que inevitavelmente vai acontecer em algum momento. Todos os personagens escondem dentro de si lados bem diferentes, como todos os seres humanos”.

Plágio

Ainda assim, Aguinaldo Silva foi acusado de plágio (crime de violação de direito autoral).

A roteirista (e depois cineasta) Tânia Lamarca processou a Globo alegando que a novela teria sido inspirada em “Enquanto Seu Lobo Não Vem”, sinopse escrita por ela e Marilu Saldanha e deixada na Casa de Criação Janete Clair, que, à época, recolhia sinopses para análises da emissora.

Em 1987, Tânia pediu indenização de 12 milhões de reais (valores de 2009). Em 1994, o Supremo Tribunal Federal obrigou a Globo a indenizá-la. As duas partes entraram em acordo e Tânia embolsou 3 milhões. Com o dinheiro, ela produziu, em 1997, o filme Buena Sorte. Desde então, a Globo proíbe qualquer funcionário de receber sinopses de autores que não sejam da emissora. (“A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, André Bernardo e Cíntia Lopes)

O episódio acabou implodindo a Casa de Criação Janete Clair, instituída em 1985, por Dias Gomes, com o objetivo de selecionar e elaborar roteiros para as produções da TV Globo.

Falta de qualidade

O então diretor de núcleo do horário das 20 horas, Paulo Afonso Grisolli, não aprovou as primeiras cenas gravadas pelo diretor inicialmente escalado para a novela, Marcos Paulo, devido à falta de qualidade técnica e inadequação dos figurinos.

Nos bastidores, comentava-se que a falta de qualidade das cenas devia-se à má vontade de Marcos com a produção. Grisolli acabou substituindo-o por Gonzaga Blota. Com a saída de Marcos Paulo, as gravações foram suspensas e todas as cenas refeitas por Blota. O próprio Grisolli chegou a dirigir algumas sequências.

O diretor geral Gonzaga Blota, contudo, não foi até o final, sendo substituído por Ricardo Waddington, que, posteriormente deixou a novela nas mãos de Antônio (Del) Rangel para cuidar da próxima produção do horário, Mandala. Pela direção de O Outro, passaram também Fred Confalonieri, Ignácio Coqueiro e o ator José de Abreu, que já estava no elenco da novela. (pesquisa: Duh Secco)

Na época de sua saída, Marcos Paulo alegou cansaço. Porém, um mês depois, ele entrava para o elenco de Brega e Chique, a nova novela das sete, como ator. Aguinaldo Silva chegou a criar um personagem especialmente para Marcos Paulo, mas que acabou recusado. O personagem – chamado Gabriel – foi então vivido por Herson Capri.

Ricardo Linhares, colaborador de Aguinaldo Silva, desabafou sobre as dificuldades que os autores passaram em O Outro:
“Não tivemos problemas na história em si, porque a história do Aguinaldo era excelente. Mas enfrentamos dificuldades em termos de realização. Houve troca de diretores, de atores. Foi uma novela um pouco complicada. Seguramos o rojão juntos.” (“Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Projeto Memória Globo)

Ator desagregador

José Lewgoy não foi até o final. Seu personagem, Agostinho, com peso na trama, morreu em meio aos protestos do ator – que se queixava da qualidade da novela -, e da produção – que alegava que Lewgoy desunia a equipe. (pesquisa: Duh Secco)

Em seu livro “Meu Passado Me Perdoa”, Aguinaldo Silva comentou sobre a saída de José Lewgoy da novela:
“Tive até que tomar a atitude extrema de matar um dos personagens principais da história porque (…) José Lewgoy, nos bastidores, era um desagregador nato e tinha escolhido (…) eu próprio como alvo principal dos seus comentários maldosos.”

Agostinho morreu no capítulo 137 (exibido em 20/08/1987), após ter uma discussão com João Silvério (Miguel Falabella) e passar mal, sem que o vilão o socorresse.

Elenco

Os destaques foram o trio de atrizes Yoná Magalhães (Índia do Brasil), Natália do Valle (Laura) e Malu Mader (Glorinha da Abolição), as três mulheres do protagonista Denizard (Francisco Cuoco), cada qual com uma personalidade completamente diferente das outras.

Francisco Cuoco demorou para aceitar o convite para protagonizar O Outro, o que atrasou o cronograma do início das gravações da novela. Enquanto sua participação esteve indefinida, nomes como Antônio Fagundes e Lima Duarte foram cogitados para viver os sósias Paulo Della Santa e Denizard de Matos. (O Globo, 02/12/1986, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)

Após três anos afastado da televisão, Francisco Cuoco finalmente acertou-se com a Globo. Sua última novela havia sido Eu Prometo, em 1984. Hoje, pode parecer pouco tempo, mas desde que havia estreado em novelas (em 1963), Cuoco nunca passara mais de um ano longe da TV.

Logo no início das gravações, a produção contratou uma equipe de São Paulo especializada em máscaras mortuárias que faria uma cabeça de acrílico com as feições de Francisco Cuoco, a partir de um molde de gesso colocado sobre o rosto do ator. Só que na hora de retirar a máscara, após o gesso secar, a equipe se viu em apuros: o gesso não saia de maneira nenhuma. Chegaram a sugerir que fosse chamado um especialista do IML. Depois de cinco horas, a máscara foi retirada com o auxílio de martelo e talhadeira. A barba de Cuoco havia ficado presa ao gesso.

Betty Faria seria Índia do Brasil, mas a personagem acabou nas mãos de Yoná Magalhães. Glória Menezes foi a primeira cogitada para viver Edith. Diante de sua recusa, o convite caiu sobre Vera Fischer, que também recusou. A personagem ficou então com Natália do Valle e mudou de nome: passou a se chamar Laura.

Outra escalação que não se concretizou foi Lídia Brondi, para viver Glorinha da Abolição. O papel ficou com Malu Mader e a atriz destacou-se com a personagem. (jornal Correio de Notícias, 26/11/1986, pesquisa: Mauricio Gyboski)

A atriz Cláudia Abreu apareceu simultaneamente nos primeiros capítulos de O Outro e nos últimos capítulos da atração das sete horas, Hipertensão, na qual sua personagem, Luzia, assassinada no início da novela, apareceu em flashbacks para o desfecho de sua trama.

Acometido por uma hemorragia digestiva, o ator Lutero Luiz desfalcou as gravações, deixando a novela antes do final.

A partir de julho de 1987, Miguel Falabella passou a conciliar a atuação na novela com a função de novo apresentador do Vídeo Show, cargo em que permaneceu por dezesseis anos seguidos (até 2000). Na época de O Outro, o Vídeo Show era semanal, exibido aos sábados à tarde.

Mal concluídas suas participações em O Outro, Cláudia Raia e Marcos Frota emendaram com a próxima novela das sete, Sassaricando, de Silvio de Abreu, que estreou um mês após o término da novela de Aguinaldo Silva.

Quando a personagem Dedé (Luma de Oliveira) concorreu ao concurso de beleza “Garota do Pepino 87” (nos capítulos 33 e 34), participaram das gravações as então modelos e futuras atrizes Paula Burlamaqui, Nani Venâncio e Gisele Fraga, além das modelos Ana Luiza, Ana Paula Vieira, Desiane Simões, Heloísa Morgado e Josi Campos, todas rivais de Dedé no concurso.
Também o professor de ginástica Paulo Cintura, como o apresentador do evento, e a banda Heróis da Resistência, que cantou “Doublé de Corpo”, tema da personagem Dedé.

Abordagens

Aguinaldo Silva referenciou a doutrina kardecista com o personagem Denizard (Francisco Cuoco), que era espírita na trama. O nome Denizard foi tirado do nome verdadeiro de Allan Kardec (1804-1869), o codificador da doutrina espírita: Hypollite Denizard Rivail.
Já Índia do Brasil (Yoná Magalhães) era médium, embora sua espiritualidade transcendesse os limites da doutrina espírita: a personagem era devota de São Judas Tadeu e citava constantemente a Escrava Anastácia. (pesquisa: Duh Secco)
Também o personagem Demerval (Lutero Luiz), que era clarividente e usava uma bacia de água (hidromancia) reverenciando o profeta Nostradamus (1503-1566).

Com Pedro Ernesto (Marcos Frota), Aguinaldo Silva abriu o debate sobre a política de saúde no Brasil. Estudante de Medicina, o personagem queria se especializar em sanitarismo e alertava outros personagens – e, consequentemente, o público de casa – sobre prevenção e cuidados com enfermidades como a dengue e esquistossomose. (pesquisa: Duh Secco)

Provocação do autor

A novela das sete da época era Brega e Chique, de Cassiano Gabus Mendes, que estreou um mês após O Outro. Aguinaldo Silva provocou Cassiano afirmando que seu drama carioca tinha mais audiência que a comédia paulista dele (Brega e Chique era ambientada em São Paulo).

Cassiano não respondeu à provocação. Ele não era disso. A audiência respondeu. Em questão de meses, Brega e Chique atingiu mais audiência que a novela das oito de Aguinaldo Silva. (“Gabus Mendes, Grandes Mestres do Rádio e Televisão”, Elmo Francfort)

Cassiano Gabus Mendes, inclusive, fez em Brega e Chique uma citação a O Outro, quando Montenegro (Marco Nanini) alerta Cláudio Serra (Raul Cortez) de que pode aflorar nele “o outro” – e repete várias vezes, dando ênfase a “o outro” (no caso, “o outro” de Brega e Chique era Herbert Alvaray, a verdadeira identidade de Cláudio).

Aguinaldo Silva, por sua vez, escreveu uma fala para a personagem Índia do Brasil em que – indiretamente – criticava a polêmica envolvendo a nudez masculina na abertura de Brega e Chique, que ganhou repercussão na época: “Não é o bumbum do garotão que vai corromper a sociedade. A corrupção está dentro da cabeça de quem assiste e está podre por dentro, de quem vê maldade em tudo. A maldade está dentro da pessoa!” – cena do capítulo 69, exibido em 02/06/1987.

Locações

O Outro teve cenas gravadas em Copacabana e na cidade cenográfica de Guaratiba, onde foram reproduzidas ruas do bairro carioca. (Site Memória Globo)

Uma das principais locações da novela era o velho casarão onde morava Agostinho (José Lewgoy), o último remanescente na Avenida Atlântica, em Copacabana, no fundo do qual ficava o Edifício Sobre as Ondas, onde moravam vários personagens. A locação que serviu ao casarão de Agostinho era conhecida como “Casa de Pedra”, localizada na Avenida Atlântica 2629 (quase esquina com a Rua Santa Clara), demolida em 2013. Sua fachada foi reproduzida na cidade cenográfica em Guaratiba.

A 12ª Delegacia Policial, de Copacabana, situada à Rua Hilário de Gouveia 102, serviu de fachada à delegacia da novela, outro núcleo de destaque na trama.

A produção foi ainda ao hotel Rosa dos Ventos, localizado na estrada Teresópolis-Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, para gravar sequências românticas do casal Paulo e Glorinha (Francisco Cuoco e Malu Mader). O diretor Ricardo Waddington participou de algumas cenas como um turista que flerta com a moça, enciumando “o outro”.
Em uma fala da personagem Laura (Natália do Valle), o casal teria ido à Argentina, mas a Globo desistiu de gravar em Las Leñas, como previsto, por questões de logística, que atrasariam a produção, o que inviabilizou a viagem. Na novela, contudo, um letreiro informou que Paulo e Glorinha viajaram para “um lugar qualquer, bem longe”. (pesquisa: Duh Secco)

Abertura e trilha sonora

A abertura mostrava paisagens urbanas cariocas em ritmo acelerado. Porém nada de praias ou cartões postais manjados da cidade do Rio de Janeiro, mas o vai e vem de carros e pessoas no caos urbano da região central (avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, Largo da Carioca, Central do Brasil, etc), talvez para contrastar com a música escolhida, “Flores em Você” – do Ira!, uma banda tipicamente paulistana – que tinha na letra “Nessa vida passageira / Eu sou eu, você é você…”

Em uma ação de merchandising, a marca de jeans Goodway aparecia rapidamente entre as imagens da abertura.

Repleto de hits das FMs da época, o disco O Outro Internacional – com a foto de Malu Mader na capa – é a sexta trilha de novela mais vendida da história, com 1.164.299 cópias, perdendo apenas para Laços de Família Internacional (5º lugar), Dancin’ Days Internacional (4º lugar), Vale Tudo Internacional (3º lugar), O Salvador da Pátria Internacional (2º lugar) e O Rei do Gado volume 1 (1º lugar). (fontes: Vincent Villari, Som Livre e ABPD)

Exibição

O Outro teve 179 capítulos escritos, mas 173 exibidos. Logo no início da novela, a fim de dar mais ritmo à trama (que ainda não havia conquistado o público), cinco capítulos foram condensados em um só: o capítulo 18 pula para o 24. Adiante, no capítulo 36, foram dois capítulos em um. (fonte: Duh Secco)

O Outro foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 02/12/2024.

Trilha sonora nacional

01. MAR DE COPACABANA – Gilberto Gil (tema de locação: Copacabana)
02. QUERO FICAR COM VOCÊ – Maria Bethânia (tema de Laura)
03. NOSSO AMOR A GENTE INVENTA (ESTÓRIA ROMÂNTICA) – Cazuza (tema de Marília)
04. DOUBLÉ DE CORPO – Heróis da Resistência (tema de Dedé)
05. ESQUECE E VEM – Nico Rezende (tema de Denizard e Laura, depois de Denizard e Glorinha da Abolição)
06. KÁTIA FLÁVIA – Fausto Fawcett & Os Robôs Efêmeros (tema de locação: Copacabana)
07. AMANHÃ É 23 – Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens (tema de Glorinha da Abolição)
08. FOGO DE SAUDADE – Beth Carvalho (tema de Agostinho)
09. O MUNDO É UM MOINHO – Ney Matogrosso
10. QUEM ME OLHA SÓ – Barão Vermelho (tema de Edwiges e Genésio)
11. RETRATOS E CANÇÕES – Sandra Sá (tema de Pedro Ernesto e Zezinha)
12. FLORES EM VOCÊ – Ira! (tema de abertura)

Sonoplastia: Aroldo Barros
Produção musical: Liminha

Trilha sonora internacional

01. COMING AROUND AGAIN – Carly Simon (tema de Índia do Brasil)
02. DON’T DREAM IT’S OVER – Crowded House
03. THE MIRACLE OF LOVE – Eurythmics
04. AT THE BACK OF MY HEART – MCR
05. YOU’RE THE VOICE – John Farnham
06. WORDS GET IN THE WAY – Gloria Estefan & Miami Sound Machine (tema de Laura)
07. THIS LOVE – Bad Company (tema de Dedé)
08. DON’T GET ME WRONG – The Pretenders (tema de Glorinha da Abolição)
09. TWO PEOPLE – Tina Turner (tema de Pedro Ernesto e Zezinha)
10. NEVER GONNA LEAVE YOU – Subject
11. STAY THE NIGHT – Benjamin Orr
12. FOOLISH PRIDE – Sasha
13. I’LL BE OVER YOU – Toto (tema de Edwiges e Genésio)
14. THOUSAND MILES FROM HOME – Jim Porto (tema de Gabriel)

Gerente do produto: Toninho Paladino
Seleção de repertório: Sérgio Motta

Tema de abertura: FLORES EM VOCÊ – Ira!

De todo o meu passado
Boas e más recordações
Quero viver meu presente
E lembrar tudo depois

Nessa vida passageira
Eu sou eu, você é você
Isso é o que mais me agrada
Isso é o que me faz dizer

Que vejo flores em você…

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