Sinopse
A vida do casal Campos Lara, entre o sonho e a dura realidade. Juca é um poeta que vive a embalar o sonho da criação literária, alheio aos aspectos práticos da luta pela sobrevivência. Casado com Maria Rosa, uma abnegada dona de casa, a relação é um desajuste só. Juca sonhando, escrevendo, poetando; Maria Rosa batalhando, preocupando-se e, principalmente, azucrinando a vida do marido.
Os rendimentos conseguidos pelo poeta, dando aulas ou escrevendo para os jornais, são insuficientes para fazer frente às despesas da família – o casal e os três filhos, Anita, Irene e João. Pula de emprego em emprego, vê seus alunos escaparem e os que permanecem são os que não podem pagar. Enquanto isso, Maria Rosa luta desesperadamente contra a miséria e o infortúnio.
A história acompanha as diversas fases da vida do casal. O encontro romântico na mocidade, o duro da convivência classe média, os problemas com os filhos. A incompreensão entre o casal toma ainda maiores proporções quando a irmã de Maria Rosa, Creuza, e seu cunhado Gomes, um homem sem cultura mas de grande tino comercial, enriquecem.
Comparando o nível intelectual do marido com o do cunhado e sentindo o peso da pobreza em relação à fortuna da irmã, Maria Rosa revolta-se compelindo Juca a trabalhar em funções que simplesmente o violentam. Depois de uma guerra de vida inteira, Maria Rosa se defronta com o único filho homem que, apesar de tudo que ela tentara lhe ensinar, sofre do mesmo mal do pai: quer ser poeta, para orgulho de Juca.
CLÁUDIO CAVALCANTI – Campos Lara (Juca)
NÍVEA MARIA – Maria Rosa
ROBERTO BONFIM – Gomes
LÚCIA ALVES – Creuza
ROBERTO DE CLETO – Joel
primeira e segunda fases (1925 a 1927)
AURIMAR ROCHA – Bento
LÍCIA MAGNA – Nair
MÁRCIO BERNSTEIN – Bentinho
PAULO RAMOS – Davi
OTÁVIO CÉSAR – Godói
FÁTIMA FREIRE – Candinha
RENY DE OLIVEIRA – Filomena
REJANE SCHUMANN – Ana Maria
ANA CRISTINA – Joaninha
ROSE ADDÁRIO – Laís
ELIAS ARAÚJO – Miguelzinho
segunda fase (1927)
MÁRIO CARDOSO – Felício
ELIZÂNGELA – Cidoca
ÁTILA IÓRIO – Sebastião
GRACINDA FREIRE – Mariana
JOSÉ STEIMBERG – Belchior
MARIA DAS GRAÇAS – Ritinha
terceira fase (1937)
ANDRÉ VALLI – Chico Matraca
MARCO NANINI – Oficial
DORINHA DUVAL – Noca
ISAAC BARDAVID – Ribas
LADY FRANCISCO – Tude
NANAI – Pachola
AGUINALDO ROCHA – Alonso
quarta fase (1946)
MYRIAN RIOS – Anita
LÍDIA BRONDI – Irene
SEBASTIAN ARCHER – João
ÉLCIO ROMAR – Ivan
LAURO GÓES – Rubinho
ISOLDA CRESTA – Dona Aparecida
JOSÉ MARIA MONTEIRO – Almeida
EDSON RABELLO – Evaristo
EDUARDO MACHADO – Clóvis
SAMIR DE MONTEMOR – Péricles
e
CARLOS DUVAL
HEMÍLCIO FRÓES
LOURDES MAYER
MARCUS TOLEDO
MARIA HELENA VELASCO
– núcleo da família Campos Lara:
JUCA (Cláudio Cavalcanti), poeta, luta para realizar-se como escritor. É um homem simpático, porém sombrio e melancólico, muitas vezes ausente da realidade cotidiana. Os problemas financeiros que encontra ao longo da vida e a necessidade de sustentar sua família fazem com que desista de seu sonho, transformando-se em um homem mais prático
a mulher MARIA ROSA (Nívea Maria), encanta-se com o lado poético do marido assim que o conhece. Sua personalidade decidida e seu jeito prático de encarar a vida, no entanto, aos poucos se contrapõem ao comportamento do poeta. Mesmo assim, mantém-se ao lado dele até o último momento
o filhos ANITA (Myrian Rios), IRENE (Lídia Brondi) e JOÃO (Sebastian Archer)
os pais de Maria Rosa, BENTO (Aurimar Rocha), homem típico do interior, de princípios morais rígidos, e DONA NAIR (Lícia Magna), cujo principal objetivo é casar as filhas
a irmã de criação de Maria Rosa, CREUZA (Lúcia Alves), filha adotiva de Bento e Dona Nair, moça simpática, expansiva, pouco vaidosa
o irmão caçula de Maria Rosa, BENTINHO (Márcio Bernstein), menino alegre e arteiro, encarregado pelos pais pela vigilância das irmãs, inventa meios de tirar vantagens de sua tarefa.
o amigo de Juca, JOEL (Roberto de Cleto), advogado.
– núcleo de GOMES (Roberto Bonfim), cunhado dos Campos Lara, casou-se com Creuza. Homem bonachão, extrovertido e honesto, com um tino especial para os negócios. Administra sua pequena fazenda sempre com olhos num futuro promissor. Ascende socialmente tornando-se um homem rico, fazendo um contraponto com o cunhado, que nunca prosperou na vida, economicamente falando. Ajuda o poeta em suas maiores dificuldades
o filho IVAN (Elcio Romar)
a empregada RITINHA (Maria das Graças).
– núcleo da primeira e segunda fases, em Sorocaba:
DAVI (Paulo Ramos), advogado recém-formado. Pretensioso, é assediado pela moças da cidade, com exceção de Maria Rosa, a única por quem ele se interessa. Desaparece da cidade quando a jovem rejeita seu pedido de noivado
GODÓI (Otávio César), amigo de Davi, seresteiro
CANDINHA (Fátima Freire), FILOMENA (Reny de Oliveira), JOANINHA (Ana Cristina), ANA MARIA (Rejane Schulmann) e LAIR (Rose Adário), moças casadoiras, amigas da juventude de Maria Rosa
MIGUELZINHO (Elias Araújo), amigo de Bentinho, moleque entregador de compras na cidade
BELCHIOR (José Steimberg), dono de uma loja de antiguidades.
– núcleo de SEBASTIÃO (Átila Iório), carpinteiro, vizinho dos Campos Lara, a princípio não simpatiza com Juca por considerá-lo sonhador demais:
a mulher MARIANA (Gracinda Freire), prestativa e solidária, procura levar a vida com bom humor
a filha CIDOCA (Elizângela), sonha ter uma vida melhor que a dos pais. Deseja casar-se com um homem rico
o funcionário FELÍCIO (Mário Cardoso), rapaz simples e trabalhador, deixa o emprego de motorista particular para trabalhar consigo na tentativa de conquistar a filha Cidoca, por quem é apaixonado. Conta com o apoio dos pais dela, que, a princípio, o rejeita, por ser pobre.
– núcleo da terceira fase, em Capinzal:
CHICO MATRACA (André Valli), homem despeitado, metido a intelectual. Poeta, torna-se um cordial inimigo de Campos Lara ao perceber que este não o leva em consideração como gostaria
OFICIAL (Marco Nanini), barbeiro, homem humilde, porém inteligente, que está sempre comentando a vida alheia. Gosta de conversar com Juca pelo simples prazer de ouvir as palavras do poeta
NOCA (Dorinha Duval), fofoqueira, está sempre interessada nos problemas dos moradores da cidade para, em seguida, fazer comentários maldosos a respeito da vida de cada um
RIBAS (Isaac Bardavid), dono do armazém de secos e molhados, rouba os clientes no peso a fim de lucrar um pouco mais. Para minimizar sua culpa, vende fiado e a prazos longos
TUDE (Lady Francisco), mulher de Ribas, compreensiva com os atrasos no pagamento das dívidas, o que garante a freguesia do armazém. Como a maior parte dos moradores, adora falar sobre a vida alheia
PACHOLA (Nanai), violeiro e cantador
ALONSO (Aguinaldo Rocha), prefeito da cidade.
– núcleo da quarta fase, em São Paulo:
APARECIDA (Isolda Cresta), vizinha dos Campos Lara, torna-se a grande amiga e conselheira de Maria Rosa. Viúva, mantém-se com a ajuda do filho
RUBINHO (Lauro Góes), filho de Dona Aparecida, rapaz pobre, órfão de pai e arrimo de família. Apaixona-se por Irene
ALMEIDA (José Maria Monteiro), crítico literário, frequentador da casa de Juca, de quem é grande admirador
EVARISTO (Edson Rabello), estudante, amigo de Juca
CLÓVIS (Eduardo Machado), escritor, também frequentador da casa dos Campos Lara
PÉRICLES (Samir de Montemar), deputado, amigo de Juca e frequentador da casa do poeta.
Adaptação
Primeira novela de Benedito Ruy Barbosa como contratado da TV Globo. Anteriormente, em 1971, foi exibida na emissora a sua novela Meu Pedacinho de Chão, uma coprodução com a TV Cultura de São Paulo.
Benedito era amigo de Orígenes Lessa, o autor do livro “O Feijão e o Sonho”, com quem já havia trabalhado. Para o livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes, Benedito declarou:
“Por vezes ele me ligava para elogiar uma cena ou outra. Aí eu respondia: ‘Mas Orígenes, eu tiro tudo do livro’. Sabe o que ele respondeu? ‘Tira nada, Ruy. Essa cena nem me passou pela cabeça!'”
O romance de Orígenes Lessa (publicado pela primeira vez em 1938) já havia sido adaptado para a TV. Em junho de 1969, a TV Educativa exibiu a sua versão da história com roteiro de Walter George Durst, tendo Homero Kossak e Bárbara Fazio como os protagonistas Juca e Maria Rosa.
Elenco
O ator Cláudio Cavalcanti lembrava O Feijão e o Sonho como umas das suas novelas preferidas:
“Era como se tivesse sido escrita para contar a história dos meus próprios pais”, comparou. “Meu pai era o feijão, que saiu do Rio para ir atrás de seu sonho: casar com minha mãe, que morava em Minas Gerais.”
Roberto Bonfim faria dois papéis, de pai e filho. Como ficou doente durante as gravações, outro ator foi escalado, Élcio Romar, que viveu Ivan, o filho do personagem Gomes, de Bonfim. (Site Memória Globo)
Primeira novela da atriz Myrian Rios, revelada naquele ano (1976) em um concurso de novos talentos no programa Moacyr TV, apresentado por Moacyr Franco na Globo.
Locações e cenografia
O Feijão e o Sonho desenvolveu-se em quatro fases da vida do casal Campos Lara (Cláudio Cavalcanti e Nívea Maria), em ambientes distintos: em 1925, na cidade de Sorocaba; de 1925 a 1927, no bairro do Bixiga, na capital paulista; em 1937, em Capinzal, Santa Catarina; e em 1946 e 1947, novamente na capital paulista.
Nos primeiros vinte capítulos, as cenas externas foram gravadas na cidade de Conservatória, e, na segunda fase, em Itacuruçá, ambas no Estado do Rio de Janeiro.
Para as gravações da terceira fase, foi escolhida uma antiga vila de agricultores próxima a Conservatória.
Apesar da última fase se passar na cidade de São Paulo, gravaram-se as cenas no Rio de Janeiro, em ruas do Jardim Botânico e da região central da cidade.
As cenas de interior foram feitas nos estúdios da TV Educativa porque um incêndio, em 04/06/1976, destruíra parcialmente as instalações da TV Globo, no Jardim Botânico.
Várias dificuldades
A novela passou por algumas dificuldades, como revelou o produtor Almeida Santos em entrevista à revista Amiga na época:
“O incêndio na TV Globo, a desistência do codiretor Wálter Campos no começo da novela (capítulo 13), o enfarte de Cláudio Cavalcanti (que ficou afastado das gravações cerca de um mês), e a saída definitiva de Roberto Bonfim (também por motivos de saúde, no capítulo 56) forçaram a mudança quase total dos planos de produção e causaram atrasos nas gravações.”
Abertura e trilha sonora
O Feijão e o Sonho tinha uma leve inspiração (nas ambientações e na concepção estética, não na trama) na série americana Os Waltons (1972-1981), que a TV Globo exibia à época, aos sábados, antes da novela. A abertura de O Feijão e o Sonho, inclusive, lembra muito a abertura da segunda temporada de Os Waltons.
Em 2006, a Som Livre relançou a trilha sonora de O Feijão e o Sonho, em CD, na coleção “Master Trilhas”, 26 trilhas nacionais de novelas e séries da década de 1970 nunca lançadas em CD.
Reprise
A novela foi reprisada entre 29/04 e 26/08/1977, às 13h30 – época em que a faixa Vale a Pena Ver de Novo ainda não tinha esse nome.
01. MEU POETA, MINHA VIDA
02. BARCAROLA
03. SOLTEIRO É MELHOR (tema do núcleo jovem)
04. CANÇÃO DE NINAR
05. XOTE POP
06. ABERTURA (tema de abertura)
Sonoplastia: Guerra Peixe Filho
Diretor de produção: Guto Graça Mello
Produção, músicas e arranjos: Waltel Branco
Vi algumas cenas e a Lúcia Alves mãe do Élcio Romar é uma coisa meio “Gina”.