Sinopse
Lauro Fontana, um empresário megalômano com sede de progresso e tecnologia, quer construir o maior hotel do Brasil, o Fontana Sky, um moderníssimo edifício de cinquenta andares. Para que possa utilizar o terreno, é necessário convencer os irmãos Camará – Urânia, Baltazar, Tina e Marcito – a vender seu casarão em Botafogo, no Rio de Janeiro.
O solar pertenceu a um velho advogado, Martiniano Pedreira Camará, que chegou a ter grande fortuna, mas, ao morrer, deixou apenas aquele casarão cercado de árvores. O inventário estava ainda em andamento, cabendo a herança aos filhos. Deles, em última instância, é que dependia a viabilidade do audacioso empreendimento de Lauro Fontana.
Dos quatro irmãos, só Marcito quer vender a casa, para gastar o dinheiro com mulheres. Urânia quer respeitar a vontade do pai, que pediu no leito de morte para conservar o casarão. Baltazar é um professor de Ecologia contrário à devastação de mais uma área verde da cidade. E Tina não quer sair de onde mora com seus mais de vinte vira-latas.
Lauro Fontana, de origem humilde, deu o golpe do baú ao casar-se com Cordélia, a filha do patrão, proprietário de uma rede de hotéis. Ela, fútil e geniosa, deseja um filho a qualquer preço. Porém, Lauro é estéril. A solução é a inseminação artificial – depois da frustrada tentativa de adoção do bebê recém-nascido de Dora, moça humilde envolvida com Léo, um defensor da natureza sem nenhuma sorte.
Lauro conhece Lazinha Chave de Cadeia e a leva para ser recepcionista em seu escritório. Ela também tivera infância pobre e hoje se vira aplicando pequenos golpes com os amigos Alegria e Dico. Já nos negócios, Lauro tem uma inimiga à altura: Elka Escobar, sua namorada no passado que ele abandonou para casar com Cordélia. Jurando vingança, Elka alia-se a Gabriel Martins, o maior concorrente de Lauro no ramo hoteleiro.
MILTON MORAES – Lauro Fontana
BETTY FARIA – Lazinha Chave de Cadeia (Paula)
SUELY FRANCO – Cordélia Morales Fontana
CLÁUDIO MARZO – Léo (Leonardo Muniz)
DÉBORA DUARTE – Dora Matos
ARY FONTOURA – Tatá (Baltazar Camará)
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Marcito (Márcio Camará)
ROSAMARIA MURTINHO – Elka Escobar
VANDA LACERDA – Naninha (Urânia Camará)
SUSANA VIEIRA – Tina (Florentina Camará)
MAURO MENDONÇA – Donatello de Andrade
MÁRIO LAGO – Gabriel Martins
MILTON GONÇALVES – Alegria (Nonô Alegria das Gringas, Norival)
RUY REZENDE – Dico
MYRIAN PÉRSIA – Olga Maria
MARIA POMPEU – Leda
LUTERO LUIZ – Gigante (Agenor Tavares)
DORINHA DUVAL – Zilda Machado
JARDEL MELLO – Machado
TOMIL GONÇALVES – Carlinhos Camará
CECIL THIRÉ – Silveirinha (Cleonir Silveira)
ILKA SOARES – Milu Graça Lima
ROGÉRIO FRÓES – Felipe Ramalho
MARIA LÚCIA DAHL – Renata
MARTA ANDERSON – Elizabeth
BIBI VOGEL – Drª Samanta Rios
GILDA SARMENTO – Drª Maria Amélia
ANA CRISTINA – Marly
LUÍS MAGNELLI – Celso Padilha
PIETRO MÁRIO – Batista
IBAÑEZ FILHO – Martiniano Pedreira Camará
os adolescentes
RENÊ FERNANDES – Edinho
JORGE LUIZ – Luluca
e
AGUINALDO ROCHA – Ricardão (homem que Lauro Fontana contrata para dar uma surra em Léo)
ANA ZELMA – Rosa (enfermeira do Dr. Manoel Travassos)
CARLOS ADIER – João (copeiro na casa dos Fontana)
CARLOS EDUARDO CIPRIANO – Saulo (bebê de Dora)
CÉSAR AUGUSTO – entre os policiais que cercam o casarão dos Camará, que foi invadido, no penúltimo capítulo
DIRCEU DE MATTOS – Amaral (chefe de Machado, assedia Zilda)
ED HEATH – capanga de Ricardão
ELEONORA SOLEDADE – uma das vizinhas que reclamam do barulho de Tina e Donatello à noite
ESTELITA BELL – Marieta (tia de Cordélia, afeiçoa-se a Marcito, em quem ele projeta uma imagem de mãe)
FERNANDO VILAR – Benedito José de Almeida (pai de Renata)
FRANCISCO DANTAS – Delegado Moreira (atende ocorrências ao longo da história)
HELOÍSA RASO – cliente na loja da Milu
IVONE GOMES – Dona Gertrude (uma das vizinhas de Zilda que vão ver a geladeira nova dos Machado)
JACKSON DE SOUZA – Seu Otávio (pai de Olga Maria)
JOÃO VIEITAS – Helinho (cabeleireiro de Cordélia)
JOYCE DE OLIVEIRA – mãe de Olga Maria
KÁTIA D´ANGELO – mulher de Padilha
MARCOS JOSÉ – vizinho de Machado e Zilda, pediatra chamado para medicar o bebê Saulo, de Dora
MARIA ZILDA – nova recepcionista de Lauro, em substituição a Lazinha, no final
NILDO PARENTE – médico que cuida de Marcito quando ele tem um suposto surto psicótico
RÉGIS CARDOSO – motorista que assedia Lazinha no posto de gasolina (6º capítulo)
RENATO COUTINHO – dono da galeria de arte onde Alegria e Dico pedem para expor um quadro
ROBERTO AZEVEDO – Dr. Manoel Travassos (médico que confirma que Lauro é estéril)
ROBERTO BONFIM – vendedor de peixes com quem Léo discute
SUZY ARRUDA – mulher de Sandoval, síndico do prédio onde moram Donatello e Tina
TONICO PEREIRA – Bambolê (bandido fugitivo da cadeia que se esconde no casarão dos Camará, no final)
VERA LÚCIA – Sula (namorada de Carlinhos)
Comandante Célio (noivo de Samanta)
Conceição (babá de Saulo, contratada por Cordélia)
Conceição (empregada no apartamento de Donatello e Tina)
Dr. Arthur Schneider (primeiro analista de Marcito)
Isabel (empregada dos Camará)
Júlia (empregada dos Fontana)
Kiroto (ex-marido de Elizabeth)
Michel (sobrinho de Elka que Lauro acredita ser filho dela consigo)
Sandoval (síndico do prédio onde moram Donatello e Tina)
Seu Almeida (sócio de Seu Antunes, donos do restaurante onde Dora, Alegria e Dico vão trabalhar)
Seu Antunes (sócio de Seu Almeida, donos do restaurante onde Dora, Alegria e Dico vão trabalhar)
Seu Francisco (funcionário do casarão dos Camará, cuida dos cachorros)
Silvinha (vendedora na butique de Silveirinha)
Zefa (empregada no apartamento de Samanta)
– núcleo de LAURO FONTANA (Milton Moraes), empresário do ramo hoteleiro obcecado por novidades tecnológicas. De origem pobre, passou por orfanatos, reformatórios e educou-se no asfalto, ganhando a vida desde cedo. Quando começou a trabalhar com o pai da esposa, vislumbrou o golpe do baú perfeito e casou-se em poucos meses. Dois anos depois, o sogro morreu e ela ficou rica. Lauro multiplicou o patrimônio seu e da esposa ao lançar a Organização Fontana de Hotéis. Infeliz no casamento, submete-se a humilhações porque não interessa a ele o desquite. Seu maior sonho é a construção do Fontana Sky, prédio de 50 andares planejado para ser o hotel mais moderno do mundo:
a mulher CORDÉLIA (Suely Franco), fútil, nervosa e geniosa. Seu pai, Aristides Morales, enriqueceu com hotéis espalhados pela cidade. Nas brigas com o marido, atira-lhe na cara que ele era ninguém antes de casar-se com ela. Sua agressividade é uma maneira de se afirmar no casamento, já que tem consciência de que não é uma mulher atraente, e provar aos outros que domina o marido. Há dez anos o casal tenta um filho, acusando-se mutuamente de esterilidade, até descobrirem que o estéril era ele. Chegaram a adotar uma criança, que tiveram que devolver a pedido da mãe. Recorrem à inseminação artificial
o assessor e amigo DONATELLO (Mauro Mendonça), entusiasta de seus planos mirabolantes
a governanta LEDA (Maria Pompeu), figura escorregadia. Apoia os patrões, mas critica-os internamente
o motorista GIGANTE (Lutero Luiz), fã de Lauro. Diz que está escrevendo uma biografia do patrão, sem que ele saiba
o mordomo BATISTA (Pietro Mário) e o copeiro JOÃO (Carlos Adier)
a médica de Cordélia, DRª MARIA AMÉLIA (Gilda Sarmento)
o gerente CELSO PADILHA (Luís Magnelli), no Hotel Fontana Palace Rio.
– núcleo da família Camará, assediada por Lauro Fontana que deseja comprar o terreno onde está o casarão em que moram para a construção do Fontana Sky. Porém, a maioria dos irmãos está disposta a conservar intacta a propriedade, atendendo ao último desejo do falecido pai. A casa e a área verde ao seu redor foram tudo o que restou da antiga fortuna da família. Obcecado em adquirir o terreno, Lauro arma as situações mais sórdidas para convencer os Camará:
o patriarca MARTINIANO PEDREIRA CAMARÁ (Ibañez Filho), falecido, figura autoritária e de caráter inflexível. Casou-se e enviuvou quatro vezes, tendo um filho de cada casamento. Na realidade, era um farrista e contribuiu para a infelicidade das quatro mulheres. A veneração que os filhos têm por sua memória oculta o ressentimento que cada um guarda dele
os filhos: URÂNIA (Vanda Lacerda), a mais velha, mulher severa, mãe de um adolescente. Terminantemente contra a venda do casarão da família, há anos não sai de casa. Costuma ter visões do falecido pai e ter premonições, inclusive proféticas. Cultua o pai e regularmente reúne os irmãos ao redor de um coqueiro plantado pelo velho em um ritual para cultivar sua memória. Ao final, morre atingida na cabeça por um coco dessa árvore,
BALTAZAR (Ary Fontoura), professor de Ecologia, estudioso de Biologia, herdou do pai o amor pela natureza. Sentindo-se culpado pela morte de um homem que atropelou, procura ajudar a esposa da vítima, para aliviar sua consciência. Ex-seminarista, solitário e solteirão, parece indiferente às mulheres, porém tem uma tara: coleciona mechas de cabelos das que deseja, sem nunca conquistá-las,
TINA (Susana Vieira), solteirona e virgem aos 30 anos. Antes de dormir, costuma dar uma volta sozinha pelo quarteirão, deixando os irmãos preocupados. Incita os homens na rua e volta correndo, gritando que está sendo atacada. Nessas ocasiões, sofre uma crise nervosa seguida de um sono profundo. Cria cachorros vira-latas, levando para casa todos que encontra na rua. Ao longo da trama, é conquistada, a muito custo, por Donatello, com quem se casa,
e MARCITO (Carlos Eduardo Dolabella), o único a favor da venda do terreno. Trabalha como representante comercial do inseticida Raio da Morte. Conquistador, apaixona-se pelas mulheres quando “ouve sinos”, mas seu interesse não dura mais que algumas semanas, por mais bonitas e sensuais que sejam, obrigando-o a inventar várias desculpas para livrar-se delas, usando a imaginação para evitar que as namoradas simultâneas se encontrem
o filho de Urânia, CARLINHOS (Tomil Gonçalves), adolescente hippie que não tem diálogo com a mãe nem com os tios. Mora em uma barraca no jardim da casa
a namorada de Carlinhos, SULA (Vera Lúcia)
a empregada ISABEL, sempre solícita, está na família há décadas.
– núcleo de Marcito:
as namoradas: OLGA MARIA (Myrian Pérsia), vive ameaçando-o com um revólver caso ele não case,
RENATA (Maria Lúcia Dahl), que acaba indo morar em seu apartamento. Usa o pai para forçá-lo a casar,
ELIZABETH (Marta Anderson), enfermeira separada do marido, lutador de artes marciais, que a persegue,
e SAMANTA (Bibi Vogel), analista com quem se consulta e por quem se apaixona perdidamente
a secretária MARLY (Ana Cristina), acompanha todas as confusões que o patrão se mete por causa de suas namoradas.
– núcleo de LAZINHA CHAVE DE CADEIA (Betty Faria), moça bonita e esperta, trambiqueira que vive de pequenos golpes. Conheceu Lauro em um engarrafamento e ele a levou para ser recepcionista em seu escritório, apesar de ela não ter a menor aptidão para tal. Moradora do Beco da Fome, teve uma infância difícil: o pai bebia e a mãe a obrigava a vender balas nos semáforos da cidade. Lazinha aos poucos vai se apaixonando por Lauro, que apenas está interessado em usá-la em suas tramoias contra os Camará:
os amigos, com quem forma um trio de trambiqueiros: NORIVAL, ou apenas ALEGRIA (Milton Gonçalves), vigarista de boa lábia, faz a linha malandro intelectual. Ganhou o apelido NONÔ ALEGRIA DAS GRINGAS em uma excursão à Escandinávia, como roupeiro do time do Flamengo, quando a cor da sua pele fez grande sucesso entre as suecas,
e DICO (Ruy Rezende), o mais passional do bando. Tem adoração por Lazinha, embora ela o trate como um irmão. Como os companheiros de golpes, é solidário e, no fundo, uma pessoa boa, deformada pela vida.
– núcleo de ELKA ESCOBAR (Rosamaria Murtinho), filha de uma família de classe média. Ex-modelo, é uma mulher inteligente, prática e dinâmica. Era secretária do pai de Cordélia quando Lauro foi trabalhar na empresa. Os dois tiveram um caso e foi ela quem facilitou o acesso dele à casa do patrão. Sentiu-se traída quando Lauro casou com Cordélia. Fora da firma, jurou vingança contra Lauro, aliando-se ao seu maior concorrente no ramo hoteleiro:
o patrão GABRIEL MARTINS (Mário Lago), que conquista usando todo o seu charme. É o principal concorrente de Lauro na rede hoteleira. Torna-se sócio do Fontana Sky para ter acesso ao livro de contas da empresa e denunciar as irregularidades. Contudo, Lauro sempre se safa
o sobrinho MICHEL, menino que Lauro desconfia ser o filho que ela teria engravidado dele no passado.
– núcleo de LÉO MUNIZ (Cláudio Marzo), sergipano recém-chegado no Rio. Com a morte do pai, teve de largar a faculdade e trabalhar, mudando-se para a cidade grande com a esperança de obter maiores chances. Porém, depara-se com a incomunicabilidade, a solidão e a competição selvagem. Ainda assim, mantém seus valores humanos. Idealista e ingênuo, torna-se um dedicado defensor da natureza, fundando com Baltazar Camará a Sociedade Defensora das Árvores. Torna-se um dos opositores de Lauro na construção do Fontana Sky:
a mulher com quem se envolve DORA (Débora Duarte), moça humilde sem muitas perspectivas na vida, vinda do interior, mãe de um bebê. É a viúva do homem atropelado por Baltazar. Conheceu Léo quando ele fez o parto de seu filho SAULO (Carlos Eduardo Cipriano), durante um engarrafamento, e os dois se apaixonaram. Precisa dele para lutar contra a cidade hostil. Cordélia deseja adotar o seu bebê
o casal dono do apartamento onde Léo e Dora alugam quartos: MACHADO (Jardel Mello), advogado, funcionário público acomodado e sem projeção que faz malabarismos para arcar com as despesas da casa no fim do mês,
e ZILDA (Dorinha Duval), mulher megera e reclamona, só aceitou alugar os quartos para pagar as prestações da TV colorida. Sonha com uma geladeira nova
os filhos adolescentes de Machado e Zilda: EDINHO (Renê Fernandes) e LULUCA (Jorge Luiz).
– núcleo de MILU GRAÇA LIMA (Ilka Soares), dona da butique onde Dora vai trabalhar. Viúva grã-fina, um tanto arrogante. Mantem a butique apenas para passar o tempo:
o namorado SILVEIRINHA (Cecil Thiré), seu sócio na butique. Começa a interessar-se por Dora, cercando-a de toda forma. Milu percebe, os dois terminam, desfazem a sociedade e ela passa a assediar Léo
o tio FELIPE RAMALHO (Rogério Fróes), empresário rico que não gosta da aproximação da sobrinha com Léo, pela ameaça que ele representa ao nome de sua família e aos seus negócios. Une-se a Lauro Fontana para desmoralizá-lo e torna-se investidor do Fontana Sky.
Bom momento
Outro bom momento para o horário das dez da noite da Globo. A estrutura da novela girou em torno da desumanização da cidade, de como o progresso descontrolado poderia esmagar o homem, e do avanço acelerado e predatório da expansão imobiliária sobre o meio ambiente.
A APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) premiou O Espigão em duas categorias relativas ao ano de 1974: melhor novela (juntamente com Os Ossos do Barão e Os Inocentes) e melhor atriz, para Betty Faria e Susana Vieira (juntamente com Neuza Amaral e Elza Gomes, por Os Ossos do Barão, e Cleyde Yáconis, por Os Inocentes).
Também foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor novela de 1974 e melhor ator para Milton Moraes.
Ecologia
Dias Gomes foi o primeiro a tratar de Ecologia na teledramaturgia brasileira, em uma época em que este assunto era restrito aos meios acadêmicos e científicos. O autor voltou ao tema na novela Sinal de Alerta, em 1978-1979.
Com O Espigão, palavras como “ecologia” e “ecossistema” chegaram pela primeira vez ao grande público, além de discussões sobre inseminação artificial e bebê de proveta – lembrando que a novela é de 1974 e o primeiro bebê de proveta do mundo nasceu em 1978, momento em que o assunto ganhou enorme repercussão.
Ao mesmo tempo, a novela das oito da época, Fogo Sobre Terra (de Janete Clair, mulher de Dias Gomes), também abordava o progresso desenfreado em detrimento da preservação da natureza.
O Espigão encerrou-se com a seguinte mensagem, narrada em off pelo ator Cláudio Marzo, que na trama viveu Léo, um defensor da natureza:
“O importante não é a árvore. O importante é o homem. Mas só no dia em que o homem aprender a respeitar a árvore, é que ele terá se tornado realmente humano. Aí começará a sua verdadeira história.”
Especulação imobiliária
A palavra “espigão”, para designar arranha-céu, entrou para o vocabulário popular. Em seu “Livro do Boni”, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – à época superintendente da TV Globo – credita o título da novela ao arquiteto e cronista Marcos Vasconcellos.
Na época em que O Espigão foi ao ar, o grande nome dos empreendimentos imobiliários no Rio de Janeiro era o construtor Sérgio Dourado: havia obras realizadas pela sua construtora espalhadas por toda cidade. Quando já escrevia os primeiros capítulos de sua novela, Dias Gomes foi chamado por Boni para uma reunião urgente na sede da TV Globo. Roberto Marinho, o dono da emissora, havia mandado cancelar a novela após receber queixas de Sérgio Dourado, seu amigo pessoal. Tudo porque o empresário se dizia retratado à revelia na produção, que sequer havia estreado – mais precisamente na figura do protagonista Lauro Fontana, vivido por Milton Moraes.
No trajeto de casa para a emissora, Dias Gomes pensou na solução e já chegou com ela à sala de reuniões: em vez da construção de um prédio de apartamentos, seria um hotel o foco gerador da trama. Em assim sendo, ruíam os argumentos de Sérgio Dourado e a ameaça que pairava sobre a novela, já com chamadas no ar, deixou de existir.
Ainda que, na novela, Lauro Fontana fosse dono de uma cadeia de hotéis, o nome de Sérgio Dourado foi mais que suficiente para que o público ligasse sua figura à do personagem da ficção. O empresário da vida real chegou a ser hostilizado na inauguração de um de seus prédios, na Barra da Tijuca. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)
Os títulos provisórios da novela faziam referência ao empreendimento imobiliário da trama: Solar do Futuro (O Globo, 18/01/1974) e Torre de Marfim (O Globo, 22/02/1974, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira).
Censura
Várias falas dos personagens foram cortadas por ação da censura do Regime Militar. Por boa parte da novela, em vez de cenas inteiras não serem exibidas (prática na época, que às vezes demandava reedições ou regravações), as palavras ou frases vetadas tinham seus áudios apagados, preenchidos com silêncio ou o som da vinheta da novela por cima das falas.
De acordo com nota (irônica) do jornal A Tribuna de 24/04/1974, “os personagens de O Espigão andam dizendo mais bobagens do que o permitido pela decência e sã moral.”
Reprise vetada
Em 1982, um compacto de 60% de O Espigão foi preparado para a reprise da novela, anunciada para estrear no dia 9 de agosto daquele ano, para cobrir a censura da minissérie inédita Bandidos da Falange. A equipe de Hans Donner criou uma nova abertura e a Som Livre chegou a recolocar a trilha nacional à venda. Porém, no horário previsto, a Globo exibiu um especial sobre o pastor suicida Jim Jones (1931-1978).
A emissora culpou a Censura Federal, que realmente atuou na história, mas não estava sozinha. A mídia divulgou que a Globo sofrera pressões por parte das grandes construtoras do Rio de Janeiro, já que a novela mexia com a chamada “especulação imobiliária”.
No Jornal do Brasil de 15/08/1982, a então jornalista Cidinha Campos revelou: “Os empresários não permitiram a volta de uma novela que denuncia a ação ilegal das construtoras e imobiliárias. Se na sua estreia, há algum tempo atrás [em 1974], já houve problemas, por que trazê-los à tona mais uma vez? Sabendo da influência da Rede Globo, os empresários pressionaram para a novela não entrar no ar. E isso foi feito de uma maneira terrivelmente convincente: se a novela fosse reprisada, as construtoras e imobiliárias não colocariam mais anúncios nos classificados de O Globo”.
Dessa forma, apesar de anunciada na programação em agosto de 1982, O Espigão nunca foi reprisada. A minissérie Bandidos da Falange, por sua vez, acabou liberada e estreou cinco meses depois, em 10/01/1983.
Tipos curiosos
O Espigão trouxe novamente os tipos curiosos criados por Dias Gomes, desta vez centrados nos irmãos Camará, uma família tradicional, bem educada, mas reprimida sexualmente. O maior exemplo das neuroses era dado pelo professor Baltazar, que colecionava mechas de cabelos de mulheres que havia desejado, sem jamais tê-las possuído – personagem de destaque na carreira do ator Ary Fontoura.
Os demais irmãos Camará eram: Urânia (Vanda Lacerda), a mais velha, severa e conservadora, tinha visões do pai falecido; Tina (Susana Vieira), virgem aos 30 anos que já abandonara um noivo no altar, atiçava os homens para depois fugir deles gritando que estava sendo atacada; e Marcito (Carlos Eduardo Dolabella), tarado por mulheres, mas que em pouco tempo perdia o interesse e precisava se livrar delas.
Elenco
Ótimos momentos de Milton Moraes, Betty Faria, Suely Franco, Cláudio Marzo, Ary Fontoura e Vanda Lacerda, irrepreensíveis em seus personagens.
A personagem de Betty Faria, Lazinha Chave de Cadeia, era uma moça pobre e sem instrução que aplicava golpes com dois amigos para poderem ser manter. No primeiro capítulo, o trio tenta assaltar uma joalheria. Betty Faria voltou a interpretar uma assaltante com a personagem Lili Carabina no episódio “A História de Lili Carabina” da série Plantão de Polícia, em 1980 – que por sua vez originou o filme Lili, a Estrela do Crime, de Lui Farias, em 1988, no qual a atriz retomou a personagem.
A então ex-miss Brasil Vera Fischer iria fazer sua estreia como atriz de novelas em O Espigão, convidada para interpretar a personagem Olga Maria. Vera preferiu o chamado da TV Tupi para integrar o júri da Discoteca do Chacrinha. De acordo com nota publicada pelo jornal Cidade de Santos de 26/03/1974, a ex-miss Brasil teria achado o papel na novela muito pequeno, por isso recusou. Olga Maria acabou vivida pela atriz Myrian Pérsia e Vera Fischer só estreou em novelas três anos depois, em Espelho Mágico.
Escalada para a novela, Dorinha Duval a princípio interpretaria uma das irmãs Camará. Por causa do perfil semelhante aos das irmãs Cajazeiras de O Bem-Amado (sua novela anterior), a atriz acabou remanejada para outra personagem, bem diferente: a megera Zilda Machado (revista Amiga, 21/08/1974, colaboração: Maurício Gyboski)
Primeira novela dos atores Tomil Gonçalves, Maria Lúcia Dahl e Gilda Sarmento. Primeira novela na Globo de Ruy Rezende e Cecil Thiré.
Cenas marcantes
O primeiro capítulo mostrou um engarrafamento de trânsito dentro do Túnel Velho, no Rio de Janeiro, em uma noite de réveillon, em que alguns personagens se conheceram, dando início às tramas da novela. Este entrecho foi baseado na peça “O Túnel”, que Dias Gomes escrevera em 1968, até então nunca encenada.
Entre os personagens que se conheceram no túnel da novela: o protagonista Lauro Fontana (Milton Moraes); Marcito Camará (Carlos Eduardo Dolabella); Lazinha (Betty Faria) e seus comparsas, que fugiam após um assalto; Léo (Cláudio Marzo); e Dora (Débora Duarte), que deu à luz no meio do engarrafamento. Os personagens desceram de seus carros para celebrar o nascimento do bebê e o Ano Novo.
Outra cena marcante foi a inusitada morte de Urânia Camará (Vanda Lacerda). Para cultuar a memória do falecido pai, Urânia cobrava dos irmãos que regassem um coqueiro que fora plantado pelo velho. No final da trama (capítulo 140, exibido em 16/10/1974), Urânia morre ao ser atingida na cabeça por um coco, que despencou da árvore.
Também foi marcante a sequência da morte de Léo (Cláudio Marzo), rapaz idealista e protetor da natureza, baleado pela polícia ao tentar defender os invasores do casarão dos Camará, no último capítulo.
Inspirado na realidade
Dias Gomes escreveu para o capítulo 133 uma sequência inspirada na realidade. Na novela, Lauro Fontana (Milton Moraes) dá de presente a Donatello e Tina (Mauro Mendonça e Susana Vieira) um videotape portátil (para gravações caseiras). O casal resolve usar o aparelho para filmar sua intimidade. Quando vão assistir, esquecem de desligar a antena coletiva do prédio e todos os seus vizinhos assistem aos dois na cama.
Dias Gomes inspirou-se na nota publicada pelo jornal O Globo, de 09/09/1974, sobre um casal em lua-de-mel na Itália que passou por essa situação e acabou expulso do hotel onde estavam hospedados. (Jornal dos Sports, 17/09/1974)
Afastamento do autor
Dez capítulos da novela (entre o 101 e o 110) foram escritos por Lauro César Muniz, devido a problemas de saúde de Dias Gomes. Lauro foi creditado na cartela de numeração dos capítulos.
Após exames, constatou-se que Dias estava sofrendo de consequências de uma pneumonia mal curada, adquirida durante um período que passara detido em 1964, pela repressão do Regime Militar. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)
Outra fonte, o Acervo Globo Digital, informa que o autor pediu afastamento para recuperar-se da perda do amigo Vianinha (o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho), falecido em 16/07/1974.
Efeitos especiais
O Espigão usou pela primeira vez, em grande escala, efeitos especiais. O corredor que antecedia o escritório de Lauro Fontana (Milton Moraes) era uma esteira rolante – na realidade, um carrinho que o contrarregra puxava.
A cama de Lauro (Milton Moraes) e Cordélia (Suely Franco) possuía um botão que a fazia vibrar, trepidar. Na realidade, a cama estava sobre pneumáticos que os contrarregras sacudiam.
Um elevador – redondo e vazado, feito de acrílico e alumínio – foi construído pela equipe de cenografia para as cenas em que Lauro Fontana chegava ao andar superior de seu apartamento. Porém, era muito barulhento.
“Infelizmente não podia ser usado quando alguém falasse. Tivemos então que tomar a seguinte medida: quando o elevador funcionar, ninguém fala”, disse o diretor Régis Cardoso, reclamando do barulho quando o elevador era ligado. (“No Princípio Era o Som”, Régis Cardoso)
Para caracterizar a atmosfera de sofisticação tecnológica que cercava o protagonista Lauro Fontana, a TV Globo importou dos Estados Unidos ícones da modernidade à época, incorporados aos cenários da casa e do escritório do personagem: um televisor ligado a uma câmera que exibia o que acontecia em outro ambiente; um relógio digital de mesa que exibia as horas em vários países; um aparelho que funcionava como rádio, abridor de cartas e apontador de lápis; uma escova de dentes elétrica, que, adaptada, virava um secador de cabelos; e dois pares de óculos peculiares, um para ser usado em saunas, com pequenos para-brisas nas lentes, e outro para ser usado em pouca luz, com dois mini holofotes. (Site Memória Globo)
Locações e cenografia
O principal cenário da novela era o casarão da família Camará, que, na trama, estava situado em um terreno com vasta área verde no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A casa usada como locação, na realidade, ficava no bairro da Tijuca (na Zona Norte), nas proximidades das ruas São Miguel e Santa Carolina. (colaboração: Gustavo Brasil)
Para a fachada do prédio onde na trama morava a família Machado, foram focalizados edifícios do início da Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. Na novela, do apartamento dos Machado avistava-se o Viaduto Pedro Álvares Cabral, que une a Avenida Pasteur à Praia de Botafogo.
Para a cena do engarrafamento no primeiro capítulo, o diretor Régis Cardoso narrou em seu livro “No Princípio Era o Som” que queria gravar no Túnel Alaor Prata, mais conhecido como Túnel Velho, que liga os bairros de Botafogo e Copacabana. Porém, o departamento de trânsito não autorizou que o fluxo de carros fosse interrompido no local apenas para as gravações. A produção da novela então recriou em estúdio um trecho interno do túnel, na Cinédia, onde foram colocados 16 veículos. Mesmo assim, o diretor foi ao túnel real gravar carros na entrada e saída, para exibir entre as cenas de interior.
“Vamos montar esses 16 carros, sem atrapalhar o trânsito (…) eles vão até a entrada do túnel e param durante três minutos (…) foi perfeito porque as buzinas que precisávamos foram tocadas espontaneamente pelas outras pessoas (…) Para mostrar porque o trânsito havia parado, fomos para a frente do túnel (…) dois reboques colocaram na boca do túnel um táxi e um caminhão como se tivessem batido um no outro (…) Felizmente o departamento de trânsito não sentiu a nossa aglomeração.”
Trilha sonora
Em 2006, a Som Livre relançou a trilha sonora nacional de O Espigão, em CD, na coleção “Master Trilhas”, 26 trilhas nacionais de novelas e séries da década de 1970 nunca lançadas em CD.
A trilha internacional de O Espigão é a terceira mais vendida entre as trilhas de novelas das dez da Globo, 108.380 cópias, perdendo apenas para os discos Bandeira Dois Internacional (2º lugar) e O Grito Internacional (1º lugar). (fontes: Vincent Villari, Som Livre e ABPD)
Um dos maiores sucessos da trilha internacional (pelo menos no Brasil) foi a música “We Can Make It Happen Again”, gravada pelo grupo de rythm&blues The Stylistics, tema do personagem Marcito, de Carlos Eduardo Dolabella. Marcito inclusive cantarolava em cena a música, que tornou-se uma das mais tocadas nas rádios brasileiras em 1974. O próprio Dolabella gravou um compacto interpretando-a e chegou a apresentar-se no programa Globo de Ouro, que exibia a parada musical semanal. A gravação do ator-cantor também foi executada na novela.
Exibição
Na última semana da novela, seus dois últimos capítulos foram reapresentados de forma alternada. De acordo com a grade publicada no jornal O Globo da época, o penúltimo capítulo foi exibido na terça-feira (dia 29/10/1974) com reprise na quarta (dia 30/10), e o último capítulo foi exibido na quinta-feira (dia 31/10) com reprise na sexta (dia 01/11). Lembrando que as novelas das dez dos anos 70 não tinham capítulos exibidos aos sábados. (colaboração Fábio Costa)
O Espigão foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 08/04/2024.
E mais
Texto narrado na apresentação das cenas do próximo capítulo da novela (prática comum na época):
“Cidade grande. O homem vira máquina, a máquina esmaga o homem. Chega pro lado! Abre caminho… A engrenagem engolindo… O futuro brotando… O Espigão!”
Trilha sonora nacional
01. MALANDRAGEM DELA – Tom e Dito (tema de Lazinha)
02. BOTARAM TANTA FUMAÇA – Tom
03. SUBINDO O ESPIGÃO – Betinho (tema de Lauro)
04. ALFAZEMA – Walker (tema de Léo e Dora)
05. VOCÊ VAI TER QUE ME ATURAR – Sônia Santos (tema de Cordélia)
06. O ESPIGÃO – Zé Rodrix (tema de abertura)
07. PELA CIDADE – Bertrami e Conjunto Azimute (tema de locação: Rio de Janeiro)
08. RETRATO 3×4 – Alceu Valença (tema de Alegria, Dico e Lazinha)
09. NA SOMBRA DA AMENDOEIRA – Os Lobos (tema dos irmãos Camará)
10. CILADA – Pery Ribeiro
11. NONÔ, REI DAS GRINGAS – Djalma Dias (tema de Alegria)
12. BERCEUSE – Tuca (tema de Dora e seu filho Saulo)
13. ÚLTIMO ANDAR – Benito de Paula
Sonoplastia: Antônio Faya
Músicas: Zé Rodrix
Coordenação geral: João Araújo
Trilha sonora internacional
01. BALLAD OF DANNY BAYLEY – Elton John (tema de Lauro)
02. SAVE THE SUNLIGHT – Dennis Yost & The Classics IV
03. DANCING MACHINE – The Jackson Five
04. WE CAN MAKE IT HAPPEN AGAIN – The Stylistics (tema de Marcito)
05. WHEN THE FUEL RUNS OUT – Executive Suite
06. LADY IT’S TIME TO GO – Stu Nunnery (tema de Lauro e Cordélia)
07. YOU ARE ALL THE SUNSHINE – Evan Pace
08. TELL ME A LIE – Sami Jo (tema de Dora e Léo)
09. ROCK YOUR BABY – George McRay
10. PLEDGING MY LOVE – Diana Ross & Marvin Gaye
11. ANOTHER DAY – Paul Jones (tema de Silveirinha)
12. THERE’S NOTHING I´D RATHER DO – Kevin Johnson (tema de Lauro e Lazinha)
13. THE LONELIEST HOUSE ON THE BLOCK – Little Anthony & The Imperials (tema de Tina e Donatello)
14. WHAT CAN I DO? – Summer Breeze
Ainda
AUTO CHASE – Johnny Pate (toca ao fundo no texto das cenas do próximo capítulo)
BROTHER (TITLE) – Johnny Pate and Adam Wade
BROTHER ON THE RUN – Johnny Pate
B-XO NOI 47A – Anthony Braxton
COTTON BOY BLUES – Jimmy McGriff
EN ROUTE TO MAUDE´S – Johnny Pate
FAREWELL – Georges Delerue (tema de Léo)
FIRST MORNING – Lalo Schifrin
FRANKENSTEIN – Edgar Winter Group (tema de Marcito)
I TUOI SOSPIRI – Bruno Nicolai (tema de Marcito e suas namoradas)
MONEY – Pink Floyd (tema de Lauro)
MS. JOHNSTON’S SEX SCENE – Johnny Pate
OBSCURED BY CLOUDS – Pink Floyd
ONE OF THESE DAYS – Pink Floyd
O SOM DA CRIANÇOLA – Luciano Perrone (tema de suspense/ação)
SAMBA VOCALIZADO – Luciano Perrone (tema de Alegria e Dico)
SPIRIT OF SUMMER – Deodato
TEOREMA – Ennio Morricone (tema das taras de Baltazar)
THEME OF THE DAY OF THE DOLPHIN – Georges Delerue
TIME – Pink Floyd
TRAVELING THEME – The Clay Pitts Orchestra
WALK THAT KAT – The Clay Pitts Orchestra
WE CAN MAKE IT HAPPEN AGAIN – Carlos Eduardo Dolabella (tema de Marcito)
Tema de abertura: O ESPIGÃO – Zé Rodrix
Hoje eu não preciso mais coçar as costas
Inventaram o coça-costas eletrônico
Eu só fazia força
Quando ia abrir a porta da minha Mercedes
O único exercício que eu fazia
(era abrir a porta)
Hoje o meu motorista faz por mim (ah, sim!)
Ah, sim, é isso sim! (ah, sim!)
Me disseram que tudo que eu tenho é demais (é demais!)
Me disseram que tudo que é demais está sobrando
Que é que eu posso fazer
Se inventaram o mundo pra me dar prazer
Minhas máquinas estão fazendo tudo (que eu fazia)
Eu não preciso mais me mexer pra viver
Viver sem me mexer, viver…
Eu não!
Acabei de completar a novela. Tirando Marcito e seus sininhos, amei a história. E vale destacar a atuação de Ary Fontoura. Que ator maravilhoso! A cena de Dora tirando a confissão dele sobre o atropelamento foi emocionante.
Me surpreendi com uma cena em que os personagens dão cerveja para as crianças filhos de Zilda beber em comemoração kkk coisas que são impensáveis hoje. Novela muito boa.