
Sinopse
Herculano Quintanilha e seu parceiro Neco aplicam um golpe na paróquia de uma cidadezinha do interior e são descobertos. Enquanto Neco foge com o dinheiro, Herculano, encobertado pelo vigário, escapa das autoridades deixando para trás o filho pequeno, Alan. Anos depois, estabelecido no Rio de Janeiro e apresentando-se como ilusionista e vidente em uma churrascaria, Herculano reconhece Neco na plateia e lhe cobra satisfações.
Em uma de suas apresentações, Herculano conhece a bela e rica Amanda Mello Assunção, por quem se sente atraído. Ela é próxima da poderosa família Hayala, formada pelos empresários irmãos Salomão, Amin, Youssef e Samir. Casado com a fútil Clô, Salomão deseja que o único filho, Márcio, assuma seu lugar nas empresas. Porém, o jovem idealista é alheio à fortuna e ao poder, só lhe interessando a fé em São Francisco de Assis.
Abandonando a família, Márcio conhece Herculano e, influenciado por ele, retorna para assumir sua condição de herdeiro do império Hayala. Porém, Márcio leva Herculano consigo para a diretoria das empresas e ele é recebido com desconfiança. Neste ambiente hostil, Herculano se envolve com Amanda, provocando o ciúme de Samir, ex-marido ainda apaixonado por ela, o que só aumenta seu ódio pela influência de Herculano no clã Hayala.
Márcio, por sua vez, em contato com o universo do amigo ilusionista, conhece e se apaixona pela jovem Lili, cunhada de Neco, uma moça simples e batalhadora. Os desencontros entre Márcio e Lili são intensificados pela família do rapaz, que, a princípio, não aceita Lili e vê na jovem Jose, irmã de Amanda, completamente apaixonada por Márcio, uma maneira de satisfazer um antigo desejo de Salomão, de ver o filho casado com ela.
Dois fatos desencadeiam uma série de conflitos na vida dos personagens: a morte prematura de Jose, o que deixa o caminho livre para Lili e Márcio, agora viúvo; e o misterioso assassinato de Salomão Hayala. Enquanto avançam as investigações acerca do crime, Samir, agora casado com Clô, e Herculano, unido a Amanda e diretor do Grupo Hayala, travam uma batalha para garantir o comando dos negócios.
Acusado de fraudar a empresa, Herculano foge, abandonando Amanda, e refugia-se em um pais da América Latina servindo ao presidente como guru e conselheiro. No Brasil, a polícia chega ao assassino de Salomão Hayala: Felipe Cerqueira, o jovem amante de Clô, que tinha como cúmplice o cabeleireiro Henri. Tendo descoberto o caso de Felipe com sua mulher, Salomão ameaçou denunciá-lo à polícia por seu envolvimento com drogas.
FRANCISCO CUOCO – Herculano Quintanilha
DINA SFAT – Amanda Mello Assunção
TONY RAMOS – Márcio Hayala
ELIZABETH SAVALA – Lili (Lilian Paranhos)
DIONÍSIO AZEVEDO – Salomão Hayala
TEREZA RACHEL – Clô (Clotilde Vasconcelos Hayala)
RUBENS DE FALCO – Samir Hayala
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Natal (Natalício Valença)
FLÁVIO MIGLIACCIO – Neco (Manuel José da Silva)
STEPAN NERCESSIAN – Alan Quintanilha
SILVIA SALGADO – Jose (Joselina Mello Assunção)
EDWIN LUISI – Felipe (Felipe Gérard Cerqueira)
ELOÍSA MAFALDA – Consolação Paranhos
ÂNGELA LEAL – Laurinha (Laura Paranhos da Silva)
IDA GOMES – Magda Vasconcelos
ISAAC BARDAVID – Youssef Hayala
MACEDO NETO – Amin Hayala
HELOÍSA HELENA – Beatriz Sampaio
HÉLIO ARY – Mello Assunção (Agenor Mello Assunção)
THELMA ELITA – Myrian Lambert
ÊNIO SANTOS – Cerqueira (Vanderlei Cerqueira)
CLEYDE BLOTA – Licinha (Doralice Rodrigues Sanches)
CIRENE TOSTES – Inezita
PAULO GONÇALVES – Malvino Paranhos
REJANE MARQUES – Luísa Paranhos
MARIA SILVIA – Tânia
EDSON SILVA – Almeidinha
TONY FERREIRA – Dr. Gilberto Ramos Leite
MARIA HELENA VELASCO – Valéria
CECÍLIA LOYOLA – Nilza
MARÍLIA BARBOSA – Mara Célia
JOSÉ LUIZ RODI – Henri (Henrique Justiniano)
BETINHO – Niltinho
GUILHERME MARTINS – Arturzinho
JUAN DANIEL – Seu Dondinho
MIRA PALHETA – Silvia
MARILENA CURY – Nádia Hayala
LEDA BORBA – Jamile Hayala
ZÉ PREÁ – Vieira (Armando Vieira)
as crianças
CARLOS POYART – Nequinho
MICHELE BULOS – Michele
e
AFONSO STUART – Ramón (presidente do país latino de quem Herculano torna-se conselheiro, no último capítulo)
AGUINALDO ROCHA – Jandiro Gonzalez (ex-prefeito de Guariba, torna-se gerente do Banco Hayala na cidade)
ANGELINA MUNIZ – Marilyn (Severina, nova empregada na casa dos Mello Assunção)
ANGELITO MELLO – Dr. Tiago (médico de Jose)
ANTÔNIO PITANGA – Dr. Garcia (engenheiro responsável pelo empreendimento lançado por Herculano)
ATHAYDE ARCOVERDE – entre os homens que apartam a briga entre Natal e Almeidinha no bar
CÉSAR AUGUSTO – Joaquim (jardineiro na mansão Hayala)
CLAUDIONEY PENEDO – policial que colhe informações com Herculano sobre o atentado que Alan sofreu, no final
DAVI RIBEIRO DA SILVA – Valério (bebê de Laurinha que nasce no decorrer da trama)
DENNY PERRIER – Frei Justino (franciscano que celebra o casamento de Márcio e Lili)
DIRCEU DE MATTOS – Dr. Cardoso (advogado de Lili que trata de seu desquite de Márcio)
ED HEATH – Detetive Soares (procura por Felipe para a prisão preventiva)
EDUARDO D’ANGELO – Chiquinho (bebê de Márcio e Lili, maior)
FRANCISCO DANTAS – Mestre Canário (professor de trompete de Márcio, morre no primeiro capítulo)
GONZAGA BLOTA – Dr. Jorge Lima (advogado de Márcio)
JACYRA SILVA – Jussara (responsável pela campanha de lançamento do empreendimento de Herculano)
JOSÉ MARIA MONTEIRO – Dr. Lorival Cintra (advogado de Felipe)
KLEBER DRABLE – Dr. Pirilo Mendonça, depois Travassos (pai de Arturzinho)
LEDA LÚCIA – enfermeira que cuida de Márcio na casa de repouso, no início
LUÍS CARLOS NIÑO – Alan (criança, no início)
LUIZ MACEDO – Zeca (morador de Guariba)
MÁRIO POLIMENO – Pedrosa (policial auxiliar do Delegado Loyola)
MAURÍCIO BARROSO – Ernani Menezes (chefe de Lili na concessionária de automóveis, interessa-se por ela)
NESTOR DE MONTEMAR – Frei Laurindo Garcia (pároco de Guariba que protege Herculano)
NEWTON MARTINS (NILTON BARROS) – Delegado Décio Loyola (investiga o assassinato de Salomão Hayala)
ORION XIMENES – motorista do táxi no qual Márcio entra quando foge da casa de repouso
REJANE SCHUMANN – Rita (empregada na mansão Hayala)
ROMEU EVARISTO – pago por Herculano para ligar passando-se por personalidades, para impressionar os clientes
RUBEM DE BEM – Detetive Castro (auxiliar do Delegado Loyola)
TAMARA TAXMAN – Priscila (colunista social em uma recepção na casa de Herculano)
VANDA COSTA – Dona Fininha (mulher de Jandiro)
VIVIAN RENATA LEMOS SCOFANO – Chiquinho (bebê de Márcio e Lili, menor)
Anita (empregada na casa dos Mello Assunção)
Dr. Borges (advogado da Mello Assunção que atende Herculano)
Cristina (namorada de Herculano depois que ele é abandonado no casamento por Amanda)
Dado (da turma de Felipe)
Dantas (executivo do Grupo Hayala, amigo de Amanda)
Elias (um dos filhos de Youssef)
Estevão Asdrúbal (ex-delegado de Guariba, torna-se subgerente do Banco Hayala na cidade)
Frei Paulino (franciscano amigo de Márcio)
Helena (babá de Chiquinho)
Jose (menina adotada por Amanda que recebe por ela o nome de sua falecida irmã)
Jota (funcionário de Inezita em seu hotel)
Dr. Miguel (médico que atende algumas ocorrências ao longo da trama, com Márcio, Jose e Alan)
Odete (secretária de Herculano no Grupo Hayala)
Ricardo (um dos filhos de Malvino, de seu segundo casamento)
Roberta (um dos filhos de Malvino, de seu segundo casamento)
Ronaldo (um dos filhos de Malvino, de seu segundo casamento)
Salim (um dos filhos de Amin)
Tina (empregada na casa de Herculano, quando ele enriquece)
– núcleo de HERCULANO QUINTANILHA (Francisco Cuoco), homem carismático, mas de caráter duvidoso. No passado, foi pego após aplicar um golpe na paróquia da cidadezinha de Guariba, traído por seu comparsa. Obrigado a fugir da cidade, deixou o filho ainda pequeno para trás. Na atualidade, apresenta-se em uma churrascaria no Rio de Janeiro, como vidente em shows de magia e ilusionismo. Garante que possui poderes de premonição, telepatia e quiromancia, além de atuar como astrólogo e tarólogo. Envolve-se com uma poderosa família até ser contratado para um alto cargo de sua empresa. É quando fica rico muito depressa, o que levanta suspeitas:
a mãe INEZITA (Cirene Tostes), mulher sem modos e sem papas na língua que ele, a princípio, tenta esconder de todos. Bebe além da conta. No passado, foi dançarina de cabaré, hoje tem um pequeno hotel, de quinta categoria. Quando enriquece, Herculano leva-a para morar consigo
o filho ALAN (Luís Carlos Niño / Stepan Nercessian), tem adoração pelo pai. Traumatizado com o fato dele fugir escorraçado da cidade, sonha poder limpar o seu nome. Depois de crescido, vai morar com o pai no Rio de Janeiro
a mãe de seu filho, DORALICE, a LICINHA (Cleyde Blota), mulher amarga que vive criticando-o por suas tramoias. Não acredita em seus poderes, menos ainda em seu caráter, o que, no fundo, esconde a mágoa que sente por nunca ter sido amada por ele
o pai de Doralice, SEU DONDINHO (Juan Daniel), ao contrário da filha, gosta dele e sempre o defende
a “partner” VALÉRIA (Maria Helena Velasco), mulher um tanto vulgar que o auxilia nos shows e nas consultas. Inescrupulosa, aceita qualquer trabalho por dinheiro
a empregada TINA, depois que enriquece.
– núcleo de SALOMÃO HAYALA (Dionísio Azevedo), poderoso empresário de origem libanesa, muito ligado em dinheiro. Ex-mascate, prosperou pelo próprio trabalho. Dirige as empresas da família, o Grupo Financeiro Hayala S.A., juntamente com os três irmãos mais novos. Homem rude e autoritário, faz tudo para que o único filho assuma os negócios, mas sem sucesso. Acaba misteriosamente assassinado:
a mulher CLÔ (Tereza Rachel), esposa infiel e mãe relapsa. Mulher vaidosa, fútil e escandalosa, só pensa em joias, badalações e em esbanjar o dinheiro do marido, a quem detesta e com quem vive um casamento de desajuste
o filho MÁRCIO (Tony Ramos), rapaz religioso, seguidor da doutrina de São Francisco de Assis, que prega o amor e a caridade pela pobreza. Interessado em música, é um exímio trompetista. Como não quer assumir os negócios da família, vive em atrito com o pai, o que o leva a renegar a sua fortuna. Conhece Herculano, que passa a exercer forte influência sobre si. Com o assassinato do pai, fica obcecado em descobrir quem o matou. Decide finalmente assumir seu posto na empresa, mas leva Herculano consigo
os irmãos, diretores e acionistas das empresas da família: AMIN (Macedo Neto) e YOUSSEF (Isaac Bardavid), casados e com filhos pequenos,
e SAMIR (Rubens de Falco), o mais novo, separado. Assume interinamente os negócios após a sua morte. Torna-se inimigo de Herculano quando Márcio leva-o para a empresa. Envolve Clô, viúva, com quem acaba se casando,
as cunhadas JAMILE (Leda Borba), mulher de Amin, e NÁDIA (Marilena Cury), mulher de Youssef
a tia de Clô, MAGDA (Ida Gomes), que mora com a família Hayala e cuida da mansão com devoção. Apaziguadora, está sempre tentando acalmar os ânimos no clã. Solteirona, viveu calada uma paixão platônica por Salomão. Tem um carinho especial por Márcio, que trata como um filho
a secretária de Clô, SILVIA (Mira Palheta)
os empregados: ARMANDO VIEIRA (Zé Preá), mordomo, RITA (Rejane Schumann), arrumadeira, e JOAQUIM (César Augusto), jardineiro
o delegado LOYOLA (Newton Martins) e o detetive CASTRO (Rubem de Bem), investigam o assassinato de Salomão Hayala.
– núcleo de AMANDA (Dina Sfat), mulher bela e charmosa, de personalidade forte. Engenheira dinâmica e workaholic, dirige a Construtora Mello Assunção, de sua família. Alvo das investidas de Samir, seu ex-marido, ainda apaixonado por ela. Envolve-se com Herculano, por quem se apaixona. A partir desse envolvimento, Samir declara guerra a Herculano:
o pai AGENOR MELLO ASSUNÇÃO (Hélio Ary), viúvo, herdou de seu pai a construtora hoje dirigida pela filha. Amigo da família Hayala, aposentou-se e só quer saber de curtir a vida ao lado da jovem namorada, depois esposa, por quem é influenciado
a irmã caçula JOSE (Silvia Salgado), fotógrafa, moça sensível, com saúde frágil. Apaixonada por Márcio desde a infância. Os dois acabam casando, mas ela sofre por ser ciumenta, muito insegura e por não conseguir dar um filho ao marido. Morre no decorrer da trama
a madrasta MYRIAN LAMBERT (Thelma Elita), bela e bem mais jovem que Mello Assunção. Fútil e perdulária, criticada por Amanda, que acha que ela está apenas interessada no dinheiro de seu pai
a melhor amiga BEATRIZ (Heloísa Helena), solteirona e solitária, teve um caso com Youssef, a quem ainda ama. Secretária da diretoria do Grupo Hayala, tem livre acesso à família e está por dentro de tudo o que acontece com o clã. Fica muito amiga de Herculano, a quem sempre defende
a secretária na construtora NILZA (Cecília Loyola)
a empregada ANITA.
– núcleo de LILI (Elizabeth Savala), moça simples, do subúrbio. Ativa e batalhadora, encara qualquer trabalho para por dinheiro em casa, já tendo sido taxista e barbeira. Conhece Márcio por meio de Herculano e os dois se apaixonam, mas precisam enfrentar Clô, a mãe dele, que acaba conseguindo separá-los. É quando Márcio casa-se com Jose, mesmo ele ainda amando Lili:
os pais: MALVINO (Paulo Gonçalves), no passado, abandonou a mulher e as três filhas ainda pequenas. Longe de casa, constituiu nova família. Separado da segunda mulher, retorna para tentar reconquistar a antiga família, mas traz consigo os três filhos pequenos da segunda união,
e CONSOLAÇÃO (Eloísa Mafalda), mulher abnegada e batalhadora, maltratada pela vida. Abandonada pelo marido no passado, com três filhas para criar, faz tudo para provar que é capaz de se virar sozinha. Sonha em ver as filhas bem encaminhadas na vida, com bons casamentos ou boas carreiras. Revolta-se quando o marido retorna
as irmãs: LAURINHA (Ângela Leal), a mais velha. Sonhava ser bailarina, mas acabou casando e tendo filhos. Está cansada da vida difícil e sem graça que leva com o marido,
e LUÍSA (Rejane Marques), a caçula, ainda adolescente, cursa balé
o cunhado NECO (Flávio Migliaccio), marido de Laurinha, dono de uma barbearia. Sujeito reclamão e tragicômico. Foi o parceiro de golpes de Herculano que o traiu no passado. É descoberto por Herculano, que cobra o dinheiro que ele lhe deve e passa a chantageá-lo. Critica a sogra e tenta impor sua vontade sobre a mulher, mas nem sempre é bem sucedido
o namorado no início NATALÍCIO, o NATAL (Carlos Eduardo Dolabella), dono de um açougue, um tipo bonachão e passional. Quando bebe, perde a razão, fala demais e age impulsivamente. Inconformado com o fim da relação com Lili, é capaz de fazer tudo por ela
a amiga TÂNIA (Maria Silvia), vizinha, vive em sua casa. Interessa-se por Natal
o barbeiro ALMEIDINHA (Edson Silva), trabalha para Neco. Um tipo galante, interessa-se por Laurinha
o dentista DR. GILBERTO (Tony Ferreira), amigo de Natal, para quem Lili vai trabalhar como recepcionista. Interessa-se por Luísa
os sobrinhos NEQUINHO (Carlos Poyart), MICHELE (Michele Bulos) e VALÉRIO (Davi Ribeiro d Silva), filhos pequenos de Laurinha e Neco. Valério nasce no decorrer da trama, mas na verdade é filho de Herculano.
– núcleo de FELIPE (Edwin Luisi), amigo de infância de Márcio e Jose. Envolvido com drogas, é um sujeito farrista e inconveniente que não quer saber de trabalho. Alvo de amor de Nilza, já foi amante de Clô, mas estava com ela mais por interesse. É revelado ao final que é o assassino de Salomão Hayala. O empresário havia descoberto o seu caso com Clô e o seu envolvimento com drogas e estava chantageando-o, obrigando-o a sair do país:
o pai CERQUEIRA (Ênio Santos), diretor financeiro da Construtora Mello Assunção, próximo também da família Hayala. Inconformado com o modo de vida do filho, mas faz tudo para defendê-lo
os amigos: MARA CÉLIA (Marília Barbosa), trabalha na noite como crooner em uma boate, é apaixonada por ele,
HENRI (José Luiz Rodi), cabeleireiro de Clô. Cúmplice no assassinato de Salomão,
NILTINHO (Betinho), músico que trabalha com Mara Célia na noite. Amigo de Márcio de quando ele participava de um grupo musical,
ARTURZINHO (Guilherme Martins) e DADO, parceiros de carteado e noitadas
o pai de Arturzinho, PIRILO (Kleber Drable), foi executivo do Grupo Hayala, mas caiu nas mãos de Herculano, que usa o que sabe sobre seu filho para chantageá-lo.
Inspirações e título
Uma das inspirações para Janete Clair foi “Hamlet”, peça de Shakespeare, para o núcleo da família Hayala, em que o pai, dono de um “império” (Rei Hamlet/Salomão), é assassinado e o filho único, um rapaz introspectivo e melancólico (Príncipe Hamlet/Márcio), desconfia da mãe (Gertrudes/Clô) e do tio (Cláudio/Samir).
Para a trajetória e o perfil do protagonista Herculano Quintanilha, a autora baseou-se na ascensão de José López Rega (1916-1989), conhecido como “El Brujo”, que foi ministro do Bem-Estar Social da Argentina tendo exercido forte influência na administração dos presidentes Juan e Isabelita Perón.
Ao personagem, a autora acrescentou ainda pitadas de Rasputin (1869-1916), líder espiritual do último czar da Rússia, e de Tartufo, o mau-caráter da peça de Moliére.
Contudo nota-se no personagem semelhanças com o protagonista vivido por Tyrone Power no filme O Beco das Almas Perdidas (1947), de Edmund Goulding.
O primeiro título cogitado para a novela foi O Bruxo, impedido pela Censura Federal. Outro nome provisório foi O Todo-Poderoso, mais tarde usado pela TV Bandeirantes para outra novela. (jornal O Globo, 20/10/1977, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Antes de a novela chamar-se O Astro, a família Hayala tinha outro sobrenome: Riskala (revista Ilusão nº 278, novembro de 1977, pesquisa: Maurício Gyboski)
Concorrência
Não era a vez de Janete Clair. O diretor Daniel Filho queria Gilberto Braga para substituir Lauro César Muniz às 20 horas, cuja novela Espelho Mágico ia mal de audiência. Gilberto estava escrevendo a novela das seis, Dona Xepa, e seria a sua estreia no horário mais nobre da TV Globo. Porém, tivera um problema no ombro e estava com a cintura para cima engessada, o que dificultava suas condições de trabalho. Foi aí que Janete Clair entrou, com O Astro, para que só depois Gilberto pudesse estrear, com Dancin’ Days, em julho de 1978. (“Gilberto Braga, o Balzac da Globo”, Artur Xexéo e Maurício Stycer)
O desafio inicial era levantar o Ibope da faixa das oito da noite, combalido com a pouca repercussão de Espelho Mágico e com o sucesso de O Profeta, concorrente do horário na TV Tupi. Na verdade, quando O Astro estreou, no início de dezembro de 1977, todas as novelas da Globo penavam com audiência abaixo da esperada: Nina, da faixa das dez da noite, em sua reta final; Sem Lenço, Sem Documento, das sete, que ia pela metade; e Sinhazinha Flô, das seis, com pouco mais e um mês no ar.
Daniel Filho mencionou em seu livro “Antes que me Esqueçam”:
“Vou fazer uma novela em que não exista a menor possibilidade de erro: temos que apelar, temos que atingir o público de todas as faixas (…) Nessa novela trabalhei com o kitsch. Eu realmente queria apelar e procurei fazer dos árabes uma coisa bem extravagante, bem kitsch.”
A TV Tupi havia lançado a novela O Profeta, de Ivani Ribeiro, com Carlos Augusto Strazzer como o protagonista Daniel. Quando O Astro estreou, a concorrente na Tupi estava no auge de seu sucesso. Este pode ter sido um dos motivos pelos quais a trama de Janete Clair não “pegou” de imediato. De acordo com Mauro Gianfrancesco e Eurico Neiva no livro “De Noite Tem… Um Show de Teledramaturgia na TV Pioneira”, O Profeta ultrapassou O Astro em audiência no capítulo exibido no dia 19/01/1978: uma média de 36.7 pontos para a Tupi contra 33.3 para a Globo (Ibope da Grande São Paulo).
As duas novelas tinham similaridades: os protagonistas – Daniel em uma, e Herculano na outra, ambos de caráter duvidoso – tinham poderes paranormais que usavam em benefício próprio, o que sugeriria um plágio de Janete sobre o folhetim de Ivani.
Foi a partir do mistério envolvendo o assassinato de Salomão Hayala (capítulo 44, exibido em 25/01/1978) que a novela da Globo começou a chamar a atenção do público.
Sucesso arrebatador
O Profeta foi concluída no final de abril de 1978, enquanto O Astro estendeu-se por mais três meses. Em sua reta final, a trama de Janete Clair conquistou uma audiência extraordinária, com números superiores aos das transmissões dos jogos da seleção brasileira de futebol na Copa da Argentina: 80% em média. (*)
O Astro repercutiu até em uma importante recepção oferecida em Brasília pelo então Ministro das Relações Exteriores, Azeredo da Silveira, ao ex-Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger. Na hora da novela, as senhoras presentes no evento foram se reunir na frente da televisão mais próxima para acompanhar a trama. (Jornal do Brasil, 05/07/1978)
Recepções foram transferidas para não coincidir com o horário da novela. Os donos de restaurantes queixaram-se ao ver as casas cada vez mais vazias no horário nobre. O Astro superou até o interesse do público em torno da escalação da seleção brasileira para a Copa da Argentina. (Jornal do Brasil, 05/07/1978)
A cantora Maria Bethânia exigiu uma televisão no camarim do Canecão – casa de shows carioca onde cumpria temporada – para acompanhar os capítulos antes de entrar em cena. (*)
Três dias depois da novela sair do ar, Carlos Drummond de Andrade escreveu em sua coluna no Jornal do Brasil (de 11/07/1978):
“Agora que O Astro acabou vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando.”
Foi nessa coluna que Drummond deu um apelido a Janete Clair: Usineira de Sonhos.
Quem matou Salomão Hayala?
O Astro foi um grande sucesso popular. O país viveu uma espécie de “comoção coletiva” e parou – literalmente – na noite do dia 5 de julho de 1978 (quarta-feira da última semana) para assistir ao capítulo 182, no qual revelou-se o assassino de Salomão Hayala, uma indagação que permaneceu por mais de cinco meses na cabeça dos telespectadores e entrou para o “inconsciente coletivo nacional”. O personagem de Dionísio Azevedo saiu de cena no capítulo 44, exibido em 25/01/1978, e a resposta do “quem matou” só foi dada na última semana.
O Jornal do Brasil na edição de 05/07/1978 (dia da revelação do “Quem matou?”) deu o furo: “O assassino de Salomão Hayala é Felipe”, apesar de terem sido gravados cinco finais diferentes para despistar a imprensa. A escolha do amante da mulher da vítima para ser o assassino decepcionou o público pela obviedade: Felipe sempre fora o principal suspeito e, inclusive, já se encontrava detido pela polícia.
Janete Clair costumava dizer que, quando faltava inspiração, lia jornais. E foi em notícias de jornal que ela construiu seu crime de ficção. Na época da novela, a imprensa repercutia o assassinato da jovem Cláudia Lessin Rodrigues. Os acusados do crime eram um rapaz viciado em cocaína, Michel Frank, e seu amigo Georges Khour, um cabeleireiro. (*)
Na novela, o assassino foi Felipe Cerqueira (Edwin Luisi), um toxicômano mau-caráter, e Henri (José Luiz Rodi), um amigo cabeleireiro, foi seu cúmplice. Felipe matou Salomão com uma coronhada de revólver na cabeça. Salomão sabia do caso amoroso entre Felipe e sua mulher, Clô (Tereza Rachel), e que ele estava envolvido com drogas, e ameaçou entregá-lo à polícia.
“Sabia desde o início que era o assassino. Mas não contei nem para minha mãe”, declarou Edwin Luisi. (*)
Na época, foi assinada a lei que regulamentava a profissão de ator no Brasil. A classe artística foi à Brasília, entre, eles, Daniel Filho, que relatou em seu livro “Antes que me Esqueçam” que foi recebido pelo então presidente Ernesto Geisel.
O general perguntou a Daniel: “Diga uma coisa, quem matou Salomão Hayala?”.
“A resposta veio rápida na minha cabeça e quase que digo: ‘Isso eu não conto nem que vocês me torturem.'”
“Mas, depois de olhar aqueles rostos todos, optei por soltar outra: ‘Isso é segredo de Estado, e disso sei que vocês entendem…'”
“Achei que eles não teriam humor para entender a primeira.”
Márcio Hayala
O primeiro nome pensado para interpretar Márcio Hayala foi Denis Carvalho, que preferiu naquele momento permanecer atrás das câmeras, dirigindo as novelas do núcleo das 19 horas. (O Globo, 07/10/1977, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Outros nomes cogitados foram Edwin Luisi e Stepan Nercessian – este como prêmio pela sua atuação na última novela de Janete Clair, Duas Vidas (1976-1977). Luisi foi remanejado para outro papel: Felipe Cerqueira.
Ao mesmo tempo, Tony Ramos, que ainda estava no ar na novela anterior no horário (Espelho Mágico), foi escalado para viver Alan, filho de Herculano Quintanilha. (revista Ilusão nº 278, novembro de 1977, pesquisa: Maurício Gyboski)
Porém, o diretor Daniel Filho acabou trocando os atores: Stepan Nercessian ficou com Alan e Tony Ramos com Márcio. A pedido de Daniel, Tony aceitou fazer de improviso os testes com atrizes que se candidatavam ao papel de Jose, um dos amores do personagem Márcio. Silvia Salgado ganhou o papel. E Tony, que não estava sendo testado, acabou entusiasmando o diretor com sua interpretação.
Tony Ramos começou a gravar O Astro quando ainda atuava em Espelho Mágico, emendando uma novela na outra. O ator contou a Flávio Ricco e José Armando Vannucci, para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”, que gravava os últimos capítulos de Espelho Mágico às terças e quartas-feiras, os primeiros de O Astro às quintas e sábados, e o Globo de Ouro (programa musical que apresentava) às sextas.
Nesta troca de atores, Stepan Nercessian saiu “perdendo”, pois ficou com um papel “menor” (Alan). Como consolação, foi prometido ao ator um papel de destaque em alguma próxima produção da casa. No ano seguinte (1979), Stepan foi o protagonista masculino da novela Feijão Maravilha.
Márcio Hayala foi para Tony Ramos a consagração como o mais novo galã da TV Globo. A emissora apostou todas as fichas em seu talento, escalando-o para viver protagonistas nos trabalhos seguintes. O sucesso do casal Márcio-Lili – Tony Ramos e Elizabeth Savala – foi tanto que eles estrelaram a próxima novela de Janete Clair, Pai Herói (1979).
Com sua sensível interpretação, Tony Ramos conquistou o público, ao dar vida a um jovem que renegava a fortuna do pai, seguindo o exemplo de São Francisco de Assis. A cena em que Márcio se despe, joga as roupas no pai, Salomão (Dionísio Azevedo), e sai à rua nu, é uma das mais marcantes da novela – exibida no capítulo 9, no ar em 15/12/1977. A nudez total de Tony Ramos foi camuflada por objetos de cena, como um abajur. Já no lado de fora da mansão, a câmera percorreu as laterais do corpo do personagem enquanto um jardineiro o cobria com um casaco.
Para interpretar Márcio, Tony Ramos teve aulas com o trompetista Márcio Montarroyos, para aprender a manejar o instrumento. Nas cenas em que o personagem aparecia tocando, o ator foi dublado pelo próprio Montarroyos e, depois, pelo músico Guilherme Dias Gomes, filho de Janete Clair e Dias Gomes. (revista Amiga, 25/01/1978)
Elenco
Francisco Cuoco esteve perfeito na pele de Herculano Quintanilha, de vidente de churrascaria a figura importante em um governo ditatorial da América Latina. Para o público, ficava a dúvida se Herculano era mesmo alguma espécie de paranormal ou se não passava de um charlatão.
Francisco Cuoco afirmou ao Projeto Memória Globo sobre o destino do personagem e as gravações do último capítulo:
“(..) ele [Herculano] foge do país e vai para uma república da América Central. Gravávamos em Itaboraí, onde tinham uns casebres e não tinha antena de televisão. Nós fizemos a saída dele da Casa de Portugal, que era muito chique. Ele falava com um governante poderoso e prometia coisas, falando do signo dele, das eleições, do governo, de tudo. E o cara querendo viajar com ele. E quando ele sai, emenda aquele pessoal todo caracterizado, meio mexicanizado, uma coisa um pouco misturada, com aqueles chapelões e aqueles lenços. Todo mundo gritava: ‘Viva, Herculano! Viva Herculano Quintanilha!'”
Desde o início, Francisco Cuoco foi a escolha para viver Herculano Quintanilha. Porém, houve um momento de dúvida, em que cogitou-se manter o ator mais tempo longe da TV para descansar sua imagem (ele havia concluído a novela Duas Vidas seis meses antes). Levantou-se então o nome de Paulo Gracindo, mas a autora Janete Clair teria que envelhecer Herculano em dez anos. Por fim, o personagem ficou mesmo com Francisco Cuoco. (jornal O Globo, 16/09/1977, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Moacyr Deriquém foi o primeiro nome sondado para o papel de Salomão Hayala. O personagem acabou ficando com Dionísio Azevedo. (revista Ilusão nº 278, novembro de 1977, pesquisa: Maurício Gyboski)
Na sequência, Deriquém foi reservado ao personagem Cerqueira, outra escalação que não se concretizou. Cerqueira foi vivido por Ênio Santos e Deriquém ficou fora da novela. (jornal O Globo, 07/10/1977, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Daniel Filho queria Fernanda Montenegro para interpretar Clô Hayala. O diretor chegou a jantar com a atriz para convencê-la a voltar às novelas, afastada que estava havia quase dez anos. Contudo, Fernanda não se acertou com a emissora em termos de valores. Tereza Rachel foi escalada para a personagem. (revista Amiga nº 403, 08/02/1978, pesquisa: Maurício Gyboski)
Outras escalações que não se concretizaram foram Roberto Bonfim para viver o açougueiro Natal (Carlos Eduardo Dolabella ficou com o papel) (jornal O Globo, 05/10/1977); e Samir de Montemor para Amin Hayala (que foi vivido por Macedo Neto). (O Globo, 07/10/1977, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Elizabeth Savala, a princípio, foi chamada para fazer o papel de Jose. Porém, a atriz se encantou tanto pela personagem Lili que, mesmo sendo uma paulistana nata, decidiu enfrentar o desafio de interpretar uma taxista com todos os trejeitos de uma carioca típica. (Site Memória Globo)
Um papel muito concorrido foi o de Jose, a terceira ponta do triângulo romântico com Márcio e Lili. Das 90 atrizes que se candidataram ao papel, 50 foram selecionadas para teste. A escolhida pelo diretor Daniel Filho foi Silvia Salgado. Quatro outras atrizes foram aproveitadas para outras personagens: Rejane Marques para Luísa, Maria Silvia para Tânia, Mira Palheta para Silvia e Cecilia Loyola para Nilza, todas estreantes em televisão. (jornal O Globo, 22/10/1977, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
No elenco, a presença dos cantores e atores Betinho e Marília Barbosa, que à época atuavam nas novelas da Globo e gravavam para as trilhas sonoras da Som Livre. Em O Astro, seus personagens faziam parte de um grupo musical que se apresentava em uma boate. Marília Barbosa deu uma palhinha cantando as músicas “Olha” (da trilha da novela), “Como um Sonho”, “Pérola Negra” e “Não Interessa”.
Em junho de 1978, quando a trama de O Astro estava em sua reta final, a atriz Tereza Rachel sofreu um grave acidente de carro no túnel Dois Irmãos, no Rio de Janeiro. Seu Passat chocou-se contra a lateral de outro veículo, capotou quatro vezes e transformou-se em um monte de ferragens. Tereza, surpreendentemente, fraturou apenas o tornozelo e ficou com escoriações generalizadas, retornando às gravações dias depois. (revista Manchete, 17/06/1978, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Censura
Em uma sequência de O Astro, Janete Clair “vingou-se” da Censura Federal que cinco anos antes havia impossibilitado um entrecho em sua novela Selva de Pedra.
No capítulo 94 de O Astro (exibido em 24/03/1978), Amanda (Dina Sfat) não compareceu ao seu casamento com Herculano (Francisco Cuoco) e Janete escreveu um bilhete ao elenco: “Aos de boa memória, finalmente Fernanda se vinga de Cristiano!”
Dina e Cuoco haviam atuado em Selva de Pedra, em que Fernanda (Dina) fora abandonada no altar por Cristiano (Cuoco) por imposição da censura, que não permitiu o casamento dos personagens.
A censura do Regime Militar esteve de olho no trabalho de Janete Clair. Na sinopse original, Lili (Elizabeth Savala) teria um filho de Márcio (Tony Ramos) sem eles estarem casados e, depois, haveria uma separação. Porém, a censura não permitiu o que eles classificaram como “amor livre”. Para haver a criança de Lili e Márcio, Janete Clair teve que forjar um casamento às pressas, inserido em um capítulo já gravado. Na cena do capítulo 40, a união do casal é abençoada por um frei franciscano.
Dando continuidade à sua história, Janete então fez o casal se separar por meio de um desquite litigioso, para que adiante houvesse a união de Márcio e Jose (Silvia Salgado). Contudo, para justificar o desquite em tão pouco tempo de casados, a autora fez com que Márcio agredisse Lili. Na sequência gravada, Márcio perde a cabeça em uma discussão violenta e agride a mulher. Porém, a censura proibiu a cena da agressão. No ar, a sequência do capítulo 72 (exibido em 27/02/1978) ficou truncada. (revista Amiga, 19/07/1978, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
A censura não permitiu que ficasse explícito para o público que Felipe (Edwin Luisi) era viciado em cocaína. O personagem apareceu em cena “fungando” (puxando o ar pelo nariz), de comportamento alterado e nada mais.
Também não foi permitido que ficasse evidente o adultério de Clô (Tereza Rachel), casada com Salomão (Dionísio Azevedo), mas de caso com Felipe; o adultério de Youssef (Isaac Bardavid), casado com Nádia (Marilena Cury), mas de caso com Beatriz (Heloísa Helena); e o adultério de Laurinha (Ângela Leal), casada com Neco (Flávio Migliaccio), mas que teve um filho com Herculano (Francisco Cuoco). (jornal O Globo, 09/07/1878, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
O acerto de contas entre Laurinha e Neco não foi mostrado e, no ar, a sequência do capítulo 172 (em 23/06/1978) ficou truncada.
Cenas marcantes
– Herculano é escorraçado da cidadezinha de Guariba após o golpe na igreja (primeiro capítulo, em 06/12/1977);
– renegando a fortuna do pai, Márcio se despe, joga as roupas nele e sai à rua nu (capítulo 9, em 15/12/1977);
– Salomão Hayala é assassinado (capítulo 44, em 25/01/1978);
– Amanda não comparece ao seu casamento com Herculano (capítulo 94, em 24/03/1978);
– a morte de Jose, por complicações com sua gravidez (capítulo 148, em 26/05/1978);
– Neco descobre a traição de Laurinha e Herculano, o que o leva a entregar a cabeça de Herculano à família Hayala (capítulo 171, em 22/06/1978);
– a revelação da identidade do assassino de Salomão Hayala (capítulo 182, em 05/07/1978);
– Amanda vai ao encontro de Herculano, que estava foragido em um país latino-americano, mas parte em seguida, abandonando-o (último capítulo, o 185, em 08/07/1978).
Locações e cenografia
Em uma época em que os cenários eram montados e desmontados diariamente, o único cenário fixo de O Astro era a mansão da família Hayala, o maior de todos, composto por três salas interligadas e uma escada (que dava para lugar nenhum). Para as externas da mansão, foi usada como locação uma bela casa no Alto da Boa Vista.
A casa de Herculano Quintanilha ficava em frente ao Itanhangá Golf Club. Já o açougue de Natal, que na trama ficava no bairro do Engenho Novo, na verdade estava localizado no bairro da Usina. (revista Amiga, 19/07/1978, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
As cenas dos shows de Herculano na churrascaria, no início da trama, eram gravados em uma churrascaria de verdade, a Costa do Sol, localizada na Av. Edison Passos 4517, em frente à Praça Afonso Viseu, no Alto da Boa Vista.
Caracterizações e figurinos
Para a caracterização do vidente Herculano Quintanilha, Francisco Cuoco usava turbante, roupas de cores vivas, maquiagem e delineador nos olhos. A ideia do turbante surgiu durante as primeiras gravações, na churrascaria onde o personagem se apresentava com seu show de magia. Daniel Filho achou que faltava algum detalhe para compor o visual do personagem. Pediu então que se cortasse a calça de veludo de um figurante. Com um alfinete, a figurinista Kalma Murtinho improvisou o adereço que viria caracterizar a imagem do protagonista. (Site Memória Globo)
Em seu “Livro do Boni”, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – então superintendente da TV Globo – relatou que não aprovou o resultado e mandou regravar a cena:
“Ficou horrível. Quando vi, odiei. Mas o Daniel não me contou que era obra dele e tentou me vender que o turbante era malfeito de propósito. Não engoli, mandei fazer um novo e regravar tudo.”
Abertura e trilha sonora
Para a composição da abertura foram usados elementos como esoterismo, astrologia, hipnotismo, quiromancia e cartomancia, que surgiam em slides projetados nos rostos e mãos de um homem e uma mulher no escuro, causando assim uma atmosfera de mistério. Também foi explorada entre as cenas a figura do protagonista Herculano Quintanilha.
Ao prefácio do livro “Nossa Senhora das Oito” (de Mauro Ferreira e Cleodon Coelho), José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, narrou que Janete Clair pediu para que fosse retirada da abertura uma imagem do baphomet (homem com cabeça de bode e asas) – de acordo com o Cristianismo, uma criatura simbólica associada ao demônio:
“Em O Astro – que começou cambaleante – ela me pediu para tirar da abertura uma imagem que representava o mal. A imagem saiu e a audiência da novela explodiu imediatamente.”
O baphomet sumiu da abertura e foi substituído por mais um take de Francisco Cuoco.
A música da abertura, “Bijuterias”, de João Bosco, ficou tão marcada pela novela que foi reaproveitada em seu remake, em 2011: “Em setembro, se Vênus me ajudar, virá alguém / Eu sou de virgem e, só de imaginar, me dá vertigem / Minha pedra é ametista…”
Em 2006, a Som Livre relançou a trilha sonora nacional de O Astro, em CD, na coleção “Master Trilhas”, 26 trilhas nacionais de novelas e séries da década de 1970 nunca lançadas em CD.
A trilha sonora internacional de O Astro foi na época campeã de vendas entre trilhas de novelas: mais de 850 mil cópias vendidas, tendo ultrapassado o recorde anterior, a trilha nacional de Estúpido Cupido (1976). Este recorde foi batido ainda em 1978, com a trilha internacional de Dancin´ Days (a novela seguinte no horário), que vendeu mais de 1 milhão de cópias.
Exibição
A novela, inicialmente planejada para durar 173 capítulos, foi espichada em mais duas semanas para não coincidir a estreia da trama substituta (Dancin´ Days) com a final da Copa da Argentina (em 25/06/1978). (revista Veja, 07/06/1978)
O último capítulo da novela foi exibido no sábado do dia 08/07/1978 e reprisado no sábado seguinte, dia 15, às 21h20, após o sexto capítulo de Dancin’ Days. (colaboração: Fábio Costa)
A TV Globo editou O Astro para uma exibição única, de uma hora e meia de duração, na noite do dia 11/02/1980, como parte do Festival 15 Anos da emissora (apresentação de Tony Ramos).
A novela foi reapresentada entre 02/02 e 03/04/1981, às 22h15, reduzida em 45 capítulos.
Também disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 18/11/2024.
Remake
Em 2011, O Astro ganhou uma nova versão, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, tendo Rodrigo Lombardi como Herculano Quintanilha, Carolina Ferraz como Amanda, e Daniel Filho como Salomão Hayala. Da novela original, atuaram no remake Francisco Cuoco (em uma participação especial) e o diretor Daniel Filho.
O capítulo do remake exibido em 11/08/2011 prestou uma homenagem à atriz Dina Sfat (falecida em 1989), intérprete de Amanda na versão de 1978. A trama apresentou cenas românticas entre Dina e Francisco Cuoco na novela original, inseridas no capítulo como cenas de flashback em que Ferragus (Cuoco) relembrava um amor do passado.
(*) “Janete Clair, a Usineira de Sonhos”, Artur Xexéo.
Trilha sonora nacional
01. UM JEITO ESTÚPIDO DE TE AMAR – Maria Bethânia (tema de Amanda)
02. QUE PENA – Peninha (tema de Lili e Márcio)
03. SACO DE FEIJÃO – Beth Carvalho (tema do núcleo pobre)
04. ESTADO DE FOTOGRAFIA – Vanusa (tema de Jose)
05. NÊGA – Emílio Santiago (tema de Neco)
06. AS FORÇAS DA NATUREZA – Clara Nunes
07. BIJUTERIAS – João Bosco (tema de abertura)
08. TROCANDO EM MIÚDOS – Francis Hime (tema de Samir)
09. BOI DA CARA BRANCA – Hélio Matheus
10. AMBIÇÃO – Rita Lee (tema de Herculano)
11. É HORA – Djavan
12. OLHA – Marília Barbosa (tema de Mara Célia)
13. ENREDO DE PIRRAÇA – Elza Soares (tema do núcleo pobre)
14. MAIS UMA VEZ – Marizinha
Trilha sonora internacional *
01. DON’T LET ME BE MISUNDERSTOOD – Santa Esmeralda
02. EASY – Commodores (tema de Alan)
03. ONLY THE STRONG SURVIVE – Billy Paul
04. FOR ONCE IN MY LIFE – Freddy Cole (tema de Herculano e Amanda)
05. I’M SAGITTARIUS – Roberta Kelly (tema dos shows de Herculano)
06. YOU’RE TOO FAR AWAY – David Castle (tema de Herculano e Amanda)
07. LONELINESS – Joe John Daniel (tema de Márcio)
08. WE’RE ALL ALONE – Rita Coolidge (tema de Lili)
09. CITATIONS ININTERROMPUES (HEY JUDE, DAY TRIPPER, GET BACK, BACK IN THE USSR, I WANT TO HOLD YOUR HAND, LADY MADONNA, HELP, YESTERDAY, YELLOW SUBMARINE, LUCY IN THE SKY WITH DIAMONDS, MICHELLE, WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS, PENNY LANE, OB-LA-DI OB-LA-DA) – Café Crème
10. LOVE FOR SALE – Boney M.
11. BIRD SONGS – Chrystian (tema de Lili e Márcio)
12. THE NAME OF THE GAME – Abba
13. DREAMIN’ – Liverpool Express (tema de Clô)
14. DESTINY – Julian Grey (tema de Jose e Márcio)
Trilha sonora complementar: Temas instrumentais
LONELINESS – Joe John Daniel (tema de Márcio)
LOVE IS A SIMPLE THING – Joe John Daniel (tema de Amanda)
Sonoplastia: Roberto Rosemberg
Ainda
ANOTHER SPRING WILL RISE – Burt Bacharach
BACH’S TOCCATA & FUGE – James Last (Beatriz está ouvindo a música quando Amanda chega em sua casa)
CLOSING THEME – The Salsoul Orchestra (tema de Herculano)
COMO UM SONHO – Marília Barbosa (Mara Célia canta na boate)
CORONATION (FROM “THE SHOES OF THE FISHERMAN”) – Alex North
EXIT MUSIC (FROM “THE SHOES OF THE FISHERMAN”) – Alex North (quando Herculano é promovido no Grupo Hayala)
FLIGHT IN THE NIGHT (FROM “GATOR”) – Charles Bernstein (tema de suspense e ação)
GUANTANAMERA – The Salsoul Orchestra
HELPLESSLY – The Moment Of Truth
IT’S A NEW DAY – The Salsoul Orchestra (na boate onde Mara Célia e Niltinho trabalham, depois no apartamento dos Mello Assunção)
LUCIFER – E Nomine (tema de suspense)
MAIN TITLE FROM “THE REIVERS” – John Williams (Lili trabalhando na concessionária de automóveis)
NÃO INTERESSA – Marília Barbosa (Mara Célia canta na boate)
PÉROLA NEGRA – Marília Barbosa (Mara Célia canta na boate)
PRELUDE AND ROOFTOP (FROM “VERTIGO”) – Bernard Herrmann (tema de suspense)
RUA DA BOA HORA – Márcio Montarroyos (Herculano pede para colocar a música para Márcio ouvir)
RUNAWAY – Loleatta Holloway and The Salsoul Orchestra (Myrian coloca a música para ouvir)
SCENE D’AMOUR (FROM “VERTIGO”) – Bernard Herrmann (tema dramático)
THE CHICAGO THEME (LOVE LOOP) – Hurbert Laws (Myrian e Mello Assunção dançam a música)
THEME FROM “SECOND WIND” – Hagood Hardy
THEMES FROM MONTREAL OLYMPICS, 1976 FAREWELL SONG & BALLET OF THE CLOSING CEREMONY – The Salsoul Orchestra
YOUR EYES ARE LIKE A CUP OF TEA (REPRISE WITH FLUTE) – The Masters Musicians of Jajouka (tema da família Hayala)
Tema de abertura: BIJUTERIAS – João Bosco
Em setembro
Se Vênus me ajudar
Virá alguém
Eu sou de Virgem
E só de imaginar
Me dá vertigem
Minha pedra é ametista
Minha cor, o amarelo
Mas sou sincero
Necessito ir urgente ao dentista
Tenho alma de artista
E tremores nas mãos
Ao meu bem mostrarei
Pro coração
Um sopro e uma ilusão
Eu sei
Na idade em que estou
Aparecem os tiques
As manias
Transparentes
Transparentes feito bijuterias
Pelas vitrines
Da Sloper da alma (*)…
(*) Da Sloper da alma
Carlos Leonam e Ana Maria Badaró para a Carta Capital (22/05/2009):
“No Centro da Cidade [Rio de Janeiro], pegue a Rua Gonçalves Dias, dobre a Ouvidor à esquerda, saia na Uruguaiana e se depare com a loja que abrigou a Casa Sloper, hoje ocupada por uma rede de roupas populares, um tanto sufocante e poluída (…). Onde foi parar o brilho das bijuterias e do imenso lustre de cristal que pendia do teto de um pé direito altíssimo, circundado por um jirau?
Os berloques dourados da Sloper eram tão objetos de desejo de senhoras e senhoritas elegantes que inspiraram os versos finais de ‘Bijuterias’, música de João Bosco (…). A canção fez sucesso como tema da novela O Astro, de Janete Clair, em que Francisco Cuoco era um vidente de araque.
Em uma interpretação livre, a expressão bosquiana ‘Sloper da alma’ sugere um estado de espírito elevado, o mesmo que tomava conta dos cariocas, que iam às compras ou levavam os filhos para passear no Centro, no tempo em que a arquitetura urbana, ainda ordenada, lembrava Paris.”
Gostei mais do que Pai Heroi. Janete se aprofundou ainda mais nos dramas humanos. Feliz por Amanda não ter terminado com o canalha Herculano. Angelina Muniz apareceu, nos primordios da carreira, somente em um dia na , como empregada domestica da casa de Assunção, pai de Amanda.
Vi no Globoplay, boa até a metade, depois se arrasta. O final, da descoberta do assassino, é uma das coisas mais broxantes que ja vi em novelas
Assisti na época, apesar de ainda ser muito criança, mas me lembro de muita coisa: o Tony Ramos saindo de casa nu, o suspense de quem matou Salomão Hayala, a decepção do Brasil inteiro quando o segredo foi revelado… Minha mão apostava com todo mundo que seria Rubens de Falco o assassino. Por algum tempo acho que fui apaixonado pela Jose, personagem de Sílvia Salgado. Agora, que chegou ao Globoplay, assistirei novamente. Ainda hoje tenho a convicção de que aquela letra “O” do título girando na abertura da novela foi copiada descaradamente pela Orion Pictures, que foi fundada no ano seguinte, 1978. Quando vi o “O” da Orion pela primeira vez, num filme dos anos 1980, lembrei-me imediatamente da novela.
Adivinha por que meu nome é Marcio!