Sinopse
Rio de Janeiro, 1856, pouco mais de trinta anos após a independência do Brasil. A jovem Pilar (Gabriela Medvedovski) enfrenta, desde pequena, o peso de ser uma mulher do século 19 e tenta convencer o pai Eudoro (José Dumont), fazendeiro e coronel da Bahia, a deixá-la estudar. No entanto, Eudoro promete casar sua filha com Tonico Rocha (Alexandre Nero), futuro candidato a deputado pelo estado. A possibilidade de um casamento sem amor faz com que Pilar decida fugir, pois seu maior sonho é ser médica. Para trás, ela deixa sua irmã Dolores (Julia Freitas/Daphne Bozaski).
Em paralelo, o escravo Jorge (Michel Gomes) luta para se tornar livre. Diante de sua realidade, a única opção é fugir. Porém, antes que planeje algo, é obrigado a escapar, pois fora acusado de matar o próprio pai, o coronel de quem era escravo. Durante a fuga, Pilar cruza seu caminho, um encontro que muda suas vidas. O casal vai lutar pelos seus sonhos, movido pela paixão que nutre um pelo outro, mas também deseja fazer a diferença na vida das pessoas. Ela acredita que vai se formar em Medicina e ele crê que pode mudar a sociedade.
Enquanto isso, na corte, o imperador Dom Pedro II (Selton Mello) trabalha pelo progresso do país e para ampliar os horizontes da população investindo na educação. Tem ao seu lado a Imperatriz Teresa Cristina (Letícia Sabatella), com quem tem as filhas Isabel (Any Maia/ Giulia Gayoso) e Leopoldina (Melissa Nóbrega/ Bruna Griphão), fruto de um casamento político. Além disso, o imperador precisa preparar as princesas para assumirem suas responsabilidades como membros da família imperial. Para isso, convida Luísa, a Condessa de Barral, para ser a preceptora das moças.
Luísa é uma mulher moderna, educada na Europa. Ao conhecê-la, Dom Pedro se encanta com sua força e beleza, o que provoca uma reviravolta na vida pessoal do imperador. Luísa também é a responsável por lhe apresentar Pilar e Jorge – agora com uma nova identidade, Samuel. Dom Pedro II lutará para ajudar os dois na realização dos seus sonhos e vai, igualmente, lutar pelo Brasil, respeitando a Constituição, viajando pelo país disposto a atender aos anseios da população e mantendo um bom relacionamento com as províncias.
SELTON MELLO – Dom Pedro II
LETÍCIA SABATELLA – Imperatriz Teresa Cristina
MARIANA XIMENES – Luísa Margarida de Barros Portugal (Condessa de Barral)
ALEXANDRE NERO – Tonico Rocha
GABRIELA MEDVEDOVSKI – Pilar (Maria do Pilar Cavalcanti Mendes)
MICHEL GOMES – Jorge da Silva / Samuel dos Anjos
DAPHNE BOZASKI – Dolores (Maria Dolores Cavalcanti Mendes)
JOÃO PEDRO ZAPPA – Nélio Pindaíba
HESLAINE VIEIRA – Zayla
MAICON RODRIGUES – Guebo
ROGÉRIO BRITO – Dom Olu
DANI ORNELLAS – Mãe Cândida
GIULIA GAYOSO – Princesa Isabel de Bragança
BRUNA GRIPHÃO – Princesa Leopoldina de Bragança
PAULA COHEN – Lota (Carlota Maria Pindaíba, Baronesa de Fervedouro)
ERNANI MORAES – Batista (João Batista Pindaíba, Barão de Fervedouro)
ROBERTA RODRIGUES – Lupita
AUGUSTO MADEIRA – Quinzinho (Joaquim Matamouros Martinho Filho)
DANI BARROS – Clemência
MARIA CLARA GUEIROS – Vitória Milmann Martinho
DANIEL TORRES – Gastão de Orléans (Conde D’Eu)
GIL COELHO – Luís Augusto (Duque de Saxe-Coburgo-Gota)
DANIEL DAL FARRA – Delegado Borges (Lupicínio Borges)
JACKSON ANTUNES – Luís Alves de Lima e Silva (Marquês de Caxias)
ROBERTO BIRINDELLI – General Solano López
BEL KUTNER – Celestina (Barinesa de Urú)
CINARA LEAL – Justina
GABRIEL FUENTES – Bernardinho (Bernardo Pindaíba)
JOSÉ DUMONT – Coronel Eudoro Mendes
RAFFAELLE CASUCCIO – Nino Sorrento
CHARLES FRICKS – Barão de Mauá
ALCEMAR VIEIRA – José de Alencar
LANA RHODES – Elisa Lynch
CÁSSIO PANDOLFI – Nicolau
BLAISE MUSIPÈRE – Jamil
FLÁVIA GUEDES – Madre Zoé
LORENA DA SILVA – Madame Lambert
as crianças
MARIA CAROLINA BASÍLIO – Prisca (filha de Quinzinho e Clemência)
THÉO DE ALMEIDA – Hilário (filho de Quinzinho e Clemência)
primeira fase
ADRIANO PETERMANN – Cerqueira Sobrinho (compra uma música de Samuel e a registra como sua)
ALANA CABRAL – Zayla (criança)
ALAN ROCHA – Balthazar (marido de Abena, pai de Guebo)
ALEXANDRE MOFATTI – delegado que prende Samuel
ÂNGELA RABELO – Dona Magali (cafetina, mãe do coronel Floriano)
ANY MAIA – Princesa Isabel (criança)
ARAMIS TRINDADE – Tabelião Nonato (assediado por Lota e Batista para aumentar a marcação de suas terras)
ARIANE SOUZA – Minervina (escrava vendida para Lota e Batista)
BIA GUEDES – Lurdes (jovem, em flashback)
BRUNA CHIARADIA – Mariquinha (ex-amante de Dom Pedro II)
CAIO CASTRO – D. Pedro I (em flashback)
CAROLINA FERMAN – Jerusa (mulher do Coronel Floriano, o trai com Tonico)
CHAY SUEDE – Joaquim Martinho (em flashback)
CLOVYS TORRES – Piatã (índio que encontra, com Jacira, a comitiva do imperador perdida na mata)
EBER INÁCIO – padre no Recôncavo, organiza a eleição em que Tonico sai vencedor
FELIPE DE PAULA – garçom na confeitaria que pede a Samuel que se retire
GIULLIA BUSCACIO – Jacira (jovem, em flashback)
GUILHERME PIVA – Licurgo (dono da Taberna dos Porcos, marido de Germana)
ISABELLE DRUMMOND – Anna Millman (em flashback)
JOÃO VICTOR MENEZES – Guebo (criança)
JOICE MARINHO – Alberica (mulher do tabelião Nonato)
JÚLIA FREITAS – Dolores (criança)
JULIANE CRUZ – Naiza (escrava do Coronel Eudoro)
LAÍS NASCIMENTO – Nonarica (filha do tabelião Nonato e de Alberica, pretendente a casar-se com Nélio)
LEANDRO SANTANA – homem do realejo, com quem Samuel tira o bilhetinho da sorte
LETÍCIA COLIN – Imperatriz Leopoldina (em flashback)
LUCCI FERREIRA – Coronel Floriano (marido de Jerusa, antagonista político de Tonico na Bahia)
LU GRIMALDI – Lurdes (governanta do palácio, foi babá de Dom Pedro II)
MARCOS ACHER – professor das princesas que discorda do conteúdo oferecido pela Condessa de Barral
MARIO CARDONA JR. – Marco Ferrer (fotógrafo)
MARY SHEILA – Abena (mulher de Balthazar, mãe de Guebo)
MELISSA NÓBREGA – Princesa Leopoldina (criança)
RAYMUNDO DE SOUZA – Reitor Serafim Cabral (avalia a candidatura de Pilar à faculdade de Medicina, no início)
RENATO MACEDO – Victor Meirelles (pintor que convida Germana e Licurgo a posarem para ele)
RICARDO GONÇALVES – Constantino Bezerra (um dos professores selecionados pela Condessa de Barral para ensinar as princesas)
ROBERTO BONFIM – Coronel Ambrósio Rocha (fazendeiro baiano, pai de Tonico e Jorge)
RODRIGO SIMAS – Piatã (jovem, em flashback)
VALÉRIA ALENCAR – Jacira (índia que encontra, com Piatã, a comitiva do imperador perdida na mata)
VIVIANNE PASMANTER – Germana (dona da Taberna dos Porcos, mulher de Licurgo)
THOR BECKER – Dominique (criança, filho de Luísa e Eugênio)
e
ADRIANA SEIFFERT – Irmã Clarice (religiosa que contraiu cólera na Bahia e chega ao Rio de Janeiro)
ALBERTO CHAMMUS – soldado no navio em que Bernardinho acorda e descobre que Tonico o enviou para guerra
ALEXANDRE BARILARI – Prudêncio (artista que se aproxima de Pilar na Guerra do Paraguai)
ALEXANDRE ZACCHIA – Salustiano Romão (jagunço do Coronel Ambrósio, o matou por acidente e culpou Jorge, torna-se beato)
ALICE MORENA – Joana (escrava de Tonico)
AMAURY LORENZO – Faustino (carcereiro de Samuel/Jorge)
ANA BARROSO – Adelaide (vizinha portuguesa de Dolores e Nélio quando eles se refugiam na Bahia)
ANA MIRANDA – Rosa (lavadeira que entrega a Zayla umas roupas)
ANDERSON MELO – interessa-se pelo projeto de Samuel, mas o rejeita quando descobre que ele é negro
ANTÔNIO PINA – Juvenal (mestre de obras que boicota o trabalho de Samuel na encomenda do Barão de Mauá)
BETO VANDESTEEN – Senador Edney Sampaio
BRUCE GOMLEVSKY – Dr. Virgílio Neves (advogado de Jorge/Samuel em seu julgamento)
BRUNO GARCIA – Elano Barreto (promotor para quem Tonico pede que seja emitida a ordem de prisão contra Jorge/Samuel)
CARLOS BONOW – Alberto (músico do cassino com quem Clemência foge)
CATARINA MEDEIROS – Mercedes (filha de Dolores e Nélio)
CHARLES PARAVENTI – Eustáquio (empresário interessado em comprar o cassino de Quinzinho)
CHICO MELLO – capanga que briga com Samuel e o reconhece como Jorge, no Recôncavo, no final
CHRISTOVAM NETO – marido de Josefa, uma das cativas de Lupita que fugiu
CYRIA COENTRO – Ana Néri (enfermeira baiana que prestou trabalho voluntário na Guerra do Paraguai)
CRISTIANO SAUMA – assedia as princesas quando elas estão no Cassino com Piérre, disfarçadas de plebeias
DAVID HERMAN – novo embaixador inglês que se apresenta à corte brasileira
DÉO GARCEZ – Luís Gama (advogado e jornalista abolicionista, tenta ajudar Jorge/Samuel)
DOUGLAS RODRIGUES – soldado na Guerra do Paraguai
EDMILSON BARROS – Osório Nogueira (promotor no julgamento de Jorge/Samuel)
ELI FERREIRA – Berenice (escrava cuja bebê Isabel quer adotar)
ELANE GONÇALO – escrava que depõe no julgamento de Jorge/Samuel
ENZO DINIZ – Tonico (criança, em flashback)
FERNANDA GABRIELA – Condessa de Iguaçú (encomenda um vestido no ateliê de Madame Lambert)
GABRIEL FALCÃO – Piérre (pretendente das princesas)
GILBERTO GAWRONSKI – padre que celebra o casamento de Isabel e Gastão
GILLRAY COUTINHO – Marechal Deodoro da Fonseca (oficial que conversa com Caxias sobre Solano López)
GUILHERME CABRAL – Dominique (filho de Luísa e Eugênio)
GUILHERME WEBER – William Dougal Christie (diplomata britânico que causa uma crise com o governo brasileiro)
GUSTAVO GASPARINI – Louzada (autoridade sanitária a quem Pilar exige medidas para combater o cólera)
HELGA NEMECZYK – Giuseppina Sant´Angelo (cantora italiana de ópera)
HENRIQUE TAXMAN – juiz no julgamento de Jorge/Samuel
HOSSEN MINUSSI – Filinto dos Santos (um dos homens que Tonico pagou para sequestrar Dom Pedro II na guerra
IGOR PAIVA – depõe contra Jorge/Samuel no seu julgamento
INGRID GUIMARÃES – Elvira Matamouros (atriz, mãe de Quinzinho) / Alzira Matadouros (atriz que interessa-se por Quinzinho, no final)
JEFFERSON ALMEIDA – Joel (um dos homens que Tonico pagou para sequestrar Dom Pedro II na guerra
JÚLIO LEVY – Bartolomé Miltre (presidente da Argentina)
LUCIANO PULLIG – juiz que interroga Salustiano e inocenta Samuel, no final
MARCELO ARGENTA – Manuel Marques de Sousa (Barão de Porto Alegre, político abolicionista)
MARCELINTON LIMA – Cristóvão (soldado que salva a vida de Gastão em combate)
MARCELO VALE – General Dumas (acompanhante de Gastão e Augusto na vinda ao Brasil)
MARCIO FONSECA – Farofa (preso na cela com Quinzinho)
MARCIO RICCIARD – chefe de polícia, recusa a ajuda de Borges quando investiga o sequestro de Zayla e Justina
MARCO MARCONDES – Horácio Aioli (espião de Tonico que passa informações falsas sobre a Guerra do Paraguai a Dom Pedro II)
MÁRIO HERMETO – Petrônio Gonçalves (diretor da cadeia onde Samuel, preso, resolve um problema de alagamento)
MATHEUS COSTA – Matias (sobrinho de Adelaide)
MOUHAMED HARFOUCH – Diego Valente (advogado que disputa Pilar com Samuel)
OSVALDO MIL – Coronel Paraguaçú (impede que Samuel comece as obras da barragem no Recôncavo)
PAULO BELLEI – tabelião que apresenta a Tonico o testamento do Coronel Eudoro
PAULO GIARDINI – bispo na igreja com a imperatriz quando um reboco do teto cai e quase a acerta
PEDRO HENRIQUE MÜLLER – garçom do cassino, informante de Tonico
RAFAEL DELGADO – Joaquim Nabuco (jornalista e diplomata)
RENAN MONTEIRO – Machado de Assis (escritor)
ROBERTO LOBO – gerente do banco que cobra a dívida de Lota
ROSANA PRAZERES – mulher que se recusa a ser atendida por Pilar como médica
SAMIR ABUJAMRA – Salim Jr. (editor de Nino em busca dos originais do livro que ele pagou e não recebeu)
SANDRA ALENCAR – Madalena (beata assistente de Salustiano)
SAULO RODRIGUES – Dr. Homrich (diretor do sanatório onde Tonico interna Dolores)
TADEU MATTOS – Justiniano (filho que Ana Néri reencontra na guerra)
TONY CORREIA – Pompeu Ramalho (vítima de um golpe de Elvira Matamouros em Portugal)
THIERRY TREMOUROUX – Eugênio de Barros Portugal (Conde Barral, marido de Luísa)
YASHAR ZAMBUZZI – padre que realiza o casamento de Pilar e Samuel durante a guerra
Montanha (preso que puxa briga com Quinzinho na cadeia)
Teixeira (jornalista que substitui Nino no jornal de Tonico)
– núcleo de DOM PEDRO II (Selton Mello), imperador do Brasil. Foi preparado desde criança para a condução do país. Homem extremamente culto, é idealista, abolicionista, preocupado com a educação, cultura, ciência e meio-ambiente. Durante seu reinado, o Brasil enfrenta uma guerra com o Paraguai:
a mulher IMPERATRIZ TERESA CRISTINA (Letícia Sabatella), de um casamento político arranjado. Descende de uma dinastia italiana. Vivendo no Brasil, apaixonou-se pelo país. Gosta de música e arqueologia, sendo responsável pela aquisição de peças vindas de várias partes do mundo. Vive para a família. Com os anos de convivência, passou a amar o marido, mesmo não sentindo reciprocidade da parte dele
as filhas: PRINCESA ISABEL (Any Maia / Giulia Gayoso), a mais velha. Centrada, estudiosa, defensora da abolição da escravidão. Foi educada e preparada para um dia suceder o pai no comando do país,
e PRINCESA LEOPOLDINA (Melissa Nóbrega / Bruna Griphao), de personalidade forte e contestadora, ressente-se da atenção dedicada à irmã, embora sejam amigas e confidentes
os genros: GASTÃO (Daniel Torres), príncipe francês, de experiência militar, vem ao Brasil com o primo, a princípio para casar-se com Leopoldina. Mas ele e Isabel acabam apaixonados e se casam
e AUGUSTO (Gil Coelho), primo de Gastão, casa-se com Leopoldina, por quem se apaixona
o amigo MARQUÊS DE CAXIAS (Jackson Antunes), militar ponderado e estrategista, presidente do Conselho de Ministros. Leal à monarquia e ao Imperador, serviu na defesa do império desde a luta pela independência. Comanda as tropas brasileiras na Guerra do Paraguai
a dama de companhia da Imperatriz, CELESTINA (Bel Kutner), sua confidente e amiga. Devotada à família imperial. Um tanto amarga e frustrada, por nunca ter se casado
o mordomo NICOLAU (Cássio Pandolfi), serve a família imperial há anos.
– núcleo de LUÍSA, a CONDESSA DE BARRAL (Mariana Ximenes). De origem baiana, já viveu na França, onde casou-se. Chega à corte para ser a preceptora das filhas de Dom Pedro II. Abolicionista e defensora da monarquia, é uma mulher moderna, diplomática e domina todos os códigos de conduta da época. Apaixona-se por Dom Pedro, com quem divide o gosto pelas artes e pela ciência. Educa as princesas como se fossem suas filhas:
o marido EUGÊNIO, o CONDE DE BARRAL (Thierry Tremouroux), com quem tem um casamento desgastado. É um nobre fino, mas intransigente e preconceituoso. Não gosta de viver no Brasil e, quando o filho atinge a idade para estudar, retorna para a França com ele
o filho DOMINIQUE (Thor Becker / Guilherme Cabral), que embarca para a França com o pai a fim de estudar. Ressente-se de não ter sido criado junto à mãe
a criada JUSTINA (Cinara Leal), ex-escrava, alforriada pela Condessa, de quem é amiga e confidente. Corajosa, seu maior sonho é fundar uma escola para educar crianças negras.
– núcleo de PILAR (Gabriela Medvedovski), jovem baiana, voluntariosa e determinada. Tem um grande sonho: ser médica, na época em que as mulheres não podiam estudar Medicina no Brasil. Para realizar seu objetivo, abandona o noivo arranjado pelo pai no altar e foge para a corte, no Rio de Janeiro. No caminho, conhece e salva a vida de um escravo fugido que será o grande amor de sua vida. Torna-se amiga de Luísa e, por meio dela, conhece a família imperial, que lhe ajuda a realizar o sonho de ser médica, financiando seus estudos nos Estados Unidos:
o pai CORONEL EUDORO (José Dumont), fazendeiro conservador e de pouca cultura. Usa de sua autoridade para impedir Pilar de ser médica. Seu objetivo é unir sua propriedade com a de um coronel vizinho por meio do casamento de Pilar com o herdeiro dele. Com a fuga da filha, a renega
a irmã DOLORES (Júlia Freitas / Daphne Bozaski), frágil, sem instrução ou determinação, dominada e apagada pelo pai. Sofre quando a irmã vai embora e acaba sendo substituída pelo pai no casamento com o noivo abandonado
a MADRE ZOÉ (Flávia Guedes), rígida diretora da Ordem Terceira, hospital no Rio de Janeiro onde Pilar vai trabalhar após formar-se médica e retornar ao Brasil.
– núcleo de TONICO ROCHA (Alexandre Nero), homem amoral, ressentido, vingativo e ambicioso. Com muito custo formou-se advogado, mas entrou para a política, primeiro no Recôncavo Baiano, onde morava com o pai, depois na corte do Rio de Janeiro. Encontra o pai morto e acredita que foi um negro fugitivo que o matou. Empenha-se em vingar a morte do pai. É abandonado no altar por Pilar, que lhe fora prometida em casamento. Passa também a acalentar o desejo de vingança contra a ex-noiva. Aceita casar-se com Dolores em troca, apesar de não gostar dela. Opositor de Dom Pedro II, de quem não gosta desde criança, é dono de um jornal que difama a família imperial. Envolve-se em negociatas e falcatruas para derrotar seus inimigos, políticos ou pessoais:
o pai CORONEL AMBRÓSIO (Roberto Bonfim, participação), homem duro e ignorante, morre acidentalmente durante a invasão de sua fazenda por maleses
o delegado BORGES (Danilo Dal Farra), seu aliado. Persegue os negros sem qualquer motivação coerente
o jornalista italiano NINO SORRENTO (Rafaelle Casuccio), que trabalha em seu jornal. De índole duvidosa, também é oposicionista a Dom Pedro II. Seduz Celestina para descobrir os bastidores do palácio, mas depois se apaixona de verdade.
– núcleo da Pequena África, território de acolhimento e resistência da população negra na corte do Rio de Janeiro:
JORGE (Michel Gomes), escravo da fazenda do coronel Ambrósio, de quem era filho biológico. Junta-se ao grupo dos maleses que invadiu a fazenda e é acusado de matar o coronel. Foge do local e, no caminho, é ferido e socorrido por Pilar, por quem se apaixona. Com a ajuda de Luísa, o casal segue para a corte. Como a polícia está em seu encalço, adota uma nova identidade, SAMUEL. Patrocinado pela família imperial, forma-se engenheiro. Porém, não consegue viver efetivamente seu amor com Pilar por causa da perseguição de Tonico, que nem desconfia que ele é Jorge, o escravo que acha que matou seu pai
DOM OLU (Rogério Brito), conhecido como o Rei da Pequena África. Homem sábio, protetor dos negros fugitivos e dos que conseguem alforria ou liberdade. Amigo de Dom Pedro II, de quem tem respeito
MÃE CÂNDIDA (Dani Ornellas), mulher de Dom Olu. Líder espiritual, é uma mulher justa e abnegada. De grande sensibilidade, tem visões premonitórias
ZAYLA (Alana Cabral / Heslaine Vieira), filha de Olu e Cândida. Jovem voluntariosa, determinada e ardilosa. É apaixonada por Samuel desde criança e decide conquistá-lo e separá-lo de Pilar a todo custo, nem que para isso alie-se a Tonico Rocha, inimigo do casal
GUEBO (João Victor Menezes / Maicon Rodrigues), perdeu os pais criança, vítimas da perseguição policial aos negros. Dedica-se a lutar pela causa dos negros, escondendo e soltando da prisão cativos fugitivos. É apaixonado por Zayla desde criança e tenta demovê-la da ideia de conquistar Samuel
JAMIL (Blaise Musipère), amigo e companheiro de luta de Guebo.
– núcleo da família Pindaíba, caipiras donos de uma fazenda no interior. Mudam-se para a corte com o objetivo de comprar um título de nobreza:
JOÃO BATISTA (Ernani Moraes), um tipo bonachão. Apesar de ter ficado rico invadindo terras vizinhas, não tem grandes ambições na vida. Vive em função de atender as exigências malucas da mulher
LOTA (Paula Cohen), mulher de Batista. Seu maior sonho é conseguir um título de “baroa” na corte e tornar-se íntima da “imperadora”. Por conta disso, mete-se em uma série confusões. Apesar do dinheiro, não tem classe, modos nem educação, e veste-se e maquia-se exageradamente
os filhos: NÉLIO (João Pedro Zappa), rapaz cordato e responsável. Formado em Direito, foi quem ajudou Tonico a concluir a faculdade. Apesar de constantemente humilhado pelo amigo, é seu braço-direito. Apaixona-se por Dolores e ambos decidem viver esse amor proibido,
e BERNARDINHO (Gabriel Fuentes), malandro e mulherengo, engana os pais afirmando que se tornou oficial da Marinha. O mais moreno da família, paira no ar a suspeita de que não seja filho biológico de Batista
a escrava LUPITA (Roberta Rodrigues), de propriedade de Borges. Negra esperta e malandra. Para comprar sua alforria, vende cocadas nas ruas e mete-se em qualquer tramoia que lhe renda algum dinheiro. Alugada à família Pindaíba, torna-se dama de companhia de Lota e amante de Batista, que se encanta com ela.
– núcleo de QUINZINHO (Augusto Madeira), filho da “grande atriz” Elvira Matamouros, criado por Joaquim Martinho. É a personificação do “jeitinho brasileiro” para contornar os problemas. Imagina planos megalomaníacos, mas não tem talento para os negócios. Com dinheiro de imóveis da irmã de criação, monta um hotel-cassino, mas afunda-se em dívidas:
a mulher CLEMÊNCIA (Dani Barros), infeliz e sobrecarregada com os afazeres que o marido lhe joga. Cansada dos planos fracassados dele, abandona a família para fugir com outro homem
os filhos pequenos PRISCA (Maria Carolina Basílio) e HILÁRIO (Theo de Almeida), gêmeos travessos, duas pestes
a irmã de criação VITÓRIA (Maria Clara Gueiros), filha de Joaquim Martinho e Anna Millman. Arqueóloga, avessa a tarefas domésticas ou demonstrações de afeto. Volta para o Brasil após anos no exterior para trabalhar no museu da Imperatriz Teresa Cristina. Descobre que, além de falida, perdeu todos os seus imóveis, tendo que se conformar em viver no cassino com Quinzinho e acabar de criar os filhos que Clemência abandonou.
– demais personagens:
GENERAL SOLANO LOPEZ (Roberto Birindelli), presidente do Paraguai, ditador movido pela sede de poder. Almeja repetir nos trópicos a saga expansionista de Napoleão Bonaparte. O primeiro passo se dá quando seu exército invade o Mato Grosso, o que dá início à Guerra do Paraguai
ELISA LYNCH (Lana Rhodes), companheira de Solano Lopez. Irlandesa adorada pelo povo paraguaio, acompanha Solano nos acampamentos e investidas durante a guerra
BARÃO DE MAUÁ (Charles Fricks), industrial, banqueiro e deputado de perfil abolicionista. Faz oposição a Tonico Rocha na Câmara dos Deputados. Pioneiro da industrialização do país no período imperial, sendo responsável por grandes empreendimentos. Emprega Samuel como engenheiro
JOSÉ DE ALENCAR (Alcemar Vieira), escritor, advogado e político brasileiro. Deputado que se opõe a Dom Pedro II, mas consegue dialogar com o Barão de Mauá
MADAME LAMBERT (Lorena da Silva), modista francesa dona de uma boutique na Rua do Ouvidor. Oferece a Zayla uma chance de trabalho, mas depois se arrepende.
Continuação
Continuação da novela Novo Mundo, exibida em 2017, dos mesmos autores, Thereza Falcão e Alessandro Marson, e diretor artístico, Vinícius Coimbra. Se em Novo Mundo o foco era a chegada da princesa austríaca Leopoldina ao Brasil, em 1817, seu casamento com Dom Pedro e o Primeiro Reinado, na nova produção houve um salto no tempo de mais ou menos trinta anos, com o filho do casal, Dom Pedro II, no Segundo Reinado.
A primeira fase de Nos Tempos do Imperador se passou no ano de 1856. A segunda e definitiva fase, entre 1864 e 1870 (até o fim da Guerra dos Paraguai).
Pandemia de Covid-19
Em março de 2020, em virtude da pandemia de Covid-19, as emissoras de TV suspenderam temporariamente suas produções de dramaturgia, interrompendo a exibição de novelas inéditas e substituindo-as por reprises ou outros programas. Assim, Nos Tempos do Imperador, que já tinha chamadas de estreia no ar (para 30/03/2020), teve suas gravações paralisadas em 16/03. Em seu lugar, a Globo reprisou Novo Mundo, como um “esquenta” para Nos Tempos do Imperador.
A restrições por causa da pandemia estenderam-se para além de 2020, forçando a emissora a reexibir mais duas novelas no horário das seis: Flor do Caribe (de 2013) e A Vida da Gente (de 2011-2012). Nos Tempos do Imperador finalmente estreou em 09/08/2021.
As gravações de Nos Tempos do Imperador voltaram em novembro de 2020, com o núcleo jovem da primeira fase, e em janeiro de 2021, com o restante do elenco retornando aos poucos. Mesmo assim houve baixas. Por causa de suas idades, os atores Luís Mello e Vera Holtz deixaram a novela e foram substituídos por Ernani Moraes e Paula Cohen, como o casal Batista e Lota Pindaíba.
Para o retorno das gravações, foram seguidos rigorosos protocolos de segurança, sob a orientação de um médico infectologista. Nos protocolos constavam o uso de macacão higienizado para entrar no set, a aferição da temperatura corporal e testes clínicos semanais para detecção de Covid-19. Nas cenas com maior aproximação física entre os atores, a princípio, foi usado um separador de acrílico, eliminado eletronicamente na finalização das imagens. Os camarins passaram a ser individuais. Os atores residentes em outras cidades passaram a ser hospedados em hotel.
Thereza Falcão e Alessandro Marson começaram a trabalhar na trama de Nos Temos do Imperador em fevereiro de 2018, alguns meses após o término de Novo Mundo. Em março de 2020, com o adiamento dos trabalhos por causa da pandemia, os autores tiveram que se adaptar e fazer ajustes no texto para seguir o novo protocolo de gravações. “Restringimos a quantidade de cenas de beijos e contato físico”, exemplificou o diretor Vinícius Coimbra.
Foi difícil gravar cenas de aventura ante adiamentos e atrasos dos cronogramas, rígidas normas sanitárias e redução de figurantes. Pelo resultado final, do que foi ao ar, e pelas intempéries que enfrentaram durante o período de pandemia, autores, diretores e atores se saíram bem.
Obra fechada
Por causa das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, a novela estreou (em 09/08/2021) com todos os capítulos escritos, faltando poucos para serem gravados e finalizados. Ou seja, uma “obra fechada”, o que não permitiu à emissora aferir o gosto e anseios do público.
Se tivesse sido uma obra aberta, os autores teriam ajustado tramas que deixaram a desejar e que aborreceram ou afastaram o espectador. A novela terminou com uma média de 17 pontos no Ibope da Grande São Paulo, historicamente a menor do horário das seis da Globo até então.
Racismo reverso
Uma sequência infeliz no capítulo 12 (exibido em 21/08/2021) repercutiu mal e criou uma grande má vontade do público com a produção. Pilar (Gabriela Medvedovski), a mocinha branca, foi impedida de hospedar-se na Pequena África, um lugar de acolhimento de negros, já que suas chances de encontrar um local fora de lá eram maiores do que se fosse negra.
Samuel (Michel Gomes), seu namorado negro, então questionou: “Como queremos ter os mesmos direitos se fazemos com os brancos as mesmas coisas que eles fazem com a gente?” – uma lógica descabida que sugere racismo reverso e que não deveria ser proferida por um personagem negro.
Pilar explicou a Samuel que compreendia a situação da Pequena África “… porque os brancos têm tudo, enquanto os negros…”. A cena continuou descabida já que a explicação partiu de uma branca, o que punha o negro Samuel em condição inferior.
Respondendo a um post crítico no Instagram, a autora Thereza Falcão desculpou-se pelo diálogo alegando que a cena foi escrita em 2018, quando os roteiristas da novela ainda não contavam com uma assessoria especializada.
Revisionismo histórico
Nos Tempos do Imperador foi ainda criticada pela demasiada liberdade com que o roteiro reproduzia fatos, com um certo revisionismo histórico na representação de Dom Pedro II e no reforço de mitos sobre negros, escravidão e abolição por meio da romantização de uma democracia racial que não existia na época retratada – como Pilar e Samuel andar de mãos dadas, trocar carícias em público e frequentar restaurantes finos, ações impensáveis para a época por ela ser branca e ele negro.
Talvez não fosse perceptível na ocasião (em 2018, quando a história foi concebida), mas a escolha pelas abordagens históricas e pelo período retratado já sinalizava um campo minado. Consultores sobre assuntos relacionados à negritude e racismo (bem como roteiristas negros) deveriam ter sido uma prerrogativa desde sempre. O público moderno não tolera mais tramas de cunho abolicionista em que brancos são pintados como salvadores ou redentores. Não há mais espaço para “Sinhás Moças”. (Nilson Xavier para o portal TV História)
Segregação e assédio moral
Outro dissabor envolvendo a produção estourou logo após o final da exibição da novela. As atrizes Cinara Leal, Dani Ornellas e Roberta Rodrigues procuraram a direção da Globo para reclamar de posturas discriminatórias contra atores negros por parte de Vinícius Coimbra, diretor artístico de Nos Tempos do Imperador. As atrizes alegaram que a direção tinha falas preconceituosas e que praticou segregação entre os atores. Em documentos, inclusive, os profissionais foram separados entre elenco branco e elenco negro. Até camarins separados havia nos estúdios.
Em fevereiro de 2022, Coimbra foi afastado temporariamente de suas atividades para que a emissora estudasse o caso. Em março, o diretor foi definitivamente demitido. Coimbra afirmou (ao portal Notícias da TV) que seu desligamento não foi provocado por preconceito racial: “Fui comunicado do meu desligamento da Globo por assédio moral”. Já a emissora enviou um comunicado à imprensa afirmando que “preconceito racial é uma prática não tolerada pela Globo.”
Posicionamento da Globo
Existe a promessa de os autores fecharem uma trilogia, com uma novela centrada na figura da Princesa Isabel, “a Redentora”. Será uma boa ideia, ante as várias críticas e problemas que Nos Tempos do Imperador enfrentou?
Por fim, ante tanta repercussão negativa, a TV Globo, em comunicado à imprensa, se pronunciou em março de 2022:
“Em relação à novela Nos Tempos do Imperador, a empresa acredita que poderia ter adotado precauções extras para abordar a temática racial, nas diversas dimensões que a produção exigia. Nesse sentido, foram identificadas oportunidades de aperfeiçoar nossos processos internos para tratar adequadamente esta e outras temáticas sensíveis, garantindo que sua abordagem contribua para o avanço no caminho da diversidade, preservando a sensibilidade do público e de nossos colaboradores.”
Mocinha moral
A falta de carisma dos casais centrais foi um ponto fraco. O público rejeitou o caso extraconjugal do imperador Pedro II (Selton Mello) com a Condessa de Barral (Mariana Ximenes) e torceu o nariz ante a falta de química do casal Pilar e Samuel (Gabriela Medvedovski e Michel Gomes).
No afã de apresentar Pilar como uma heroína determinada, mulher à frente do seu tempo, os autores sacrificaram virtudes e dramas que sensibilizassem o público. Assim sendo, a irmã de Pilar, Dolores (Daphne Bozaski), que enfrentava o horror de um casamento forçado com o vilão, ganhou as graças da audiência e tornou-se a mocinha moral da história. Ainda mais porque viveu um amor – com Nélio (João Pedro Zappa) – que foi sendo construído paulatinamente, de maneira mais sólida que Pilar, que simplesmente apaixonou-se à primeira vista sem ao menos o público ter se afeiçoado a ela.
As duas irmãs revelam um caso curioso no universo das novelas. Pilar foi vendida como a protagonista batalhadora, dona de seu nariz, determinada, ou seja, uma heroína de nossos tempos, longe da figura da mocinha sofredora. No entanto, foi a mocinha sofredora Dolores quem ganhou a simpatia do público, que preferiu ver na tela o melodrama tradicional ao discurso moderno de empoderamento feminino.
Elenco
O maior destaque do elenco foi Alexandre Nero, como o vilão Tonico Rocha. O personagem começou risível, mas aos poucos foi se revelando um tipo abominável. Ainda que o excesso de vilanias tenha cansado o público, as referências a políticos reais da atualidade – em frases como “Não sou coveiro!” e entrechos como o caso das “rachadinhas” – ofereceu um charme extra.
Destacaram-se no elenco também: Letícia Sabatella, como a contida Imperatriz Teresa Cristina; Daphne Bozaski, como a sofredora Dolores; Heslaine Vieira, como a ardilosa Zayla; e Paula Cohen e Roberta Rodrigues, como as divertidas Lota e Lupita.
As atrizes Gabriela Medvedovski, Daphne Bozaski e Heslaine Vieira foram escaladas para papéis de destaque após a boa repercussão de seus trabalhos em Malhação, Viva a Diferença e a série As Five.
O ator Selton Mello estava 21 anos afastado das novelas: a última foi Força de um Desejo, em 1999-2000.
Personagens de Novo Mundo
Oito personagens de Novo Mundo retornaram em Nos Tempos do Imperador – a maioria em participações especiais -, mais velhos, pois houve um salto no tempo da trama.
Em momentos diferentes, o trio de trapaceiros Licurgo, Germana e Elvira Matamouros – interpretado por Guilherme Piva, Vivianne Pasmanter e Ingrid Guimarães – voltou idoso.
O personagem Quinzinho, que era um menino em Novo Mundo, apareceu adulto em Nos Tempos do Imperador, vivido pelo ator Augusto Madeira.
Vitória, filha de Joaquim Martinho e Anna Millman, bebê no último capítulo de Novo Mundo, retornou adulta, na pele de Maria Clara Gueiros.
O casal de índios Piatã e Jacira – Rodrigo Simas e Giullia Buscacio em 2017 – ressurgiu maduro em 2021, na pele de Clovys Torres e Valéria Alencar.
Por fim Lurdes, dama de companhia de Dona Leopoldina na primeira novela, vivida por Bia Guedes, voltou velha, como governanta do palácio, vivida desta vez por Lu Grimaldi.
Foram inseridas em Nos Tempos do Imperador cenas de alguns personagens de Novo Mundo, quando eram lembrados ou citados: Dom Pedro I (Caio Castro), Dona Leopoldina (Letícia Colin), Joaquim Martinho (Chay Suede), Anna Millman (Isabelle Drummond), Piatã (Rodrigo Simas), Jacira (Giullia Buscacio) e Lurdes (Bia Guedes).
Proposta estética
O diretor artístico Vinícius Coimbra comentou sobre a proposta estética da novela, suas cores e abertura:
“Nos Tempos do Imperador tem um conceito estético forte, muito inspirado no nascimento da cor no cinema. Fizemos pesquisa em cima do conceito do cinema Technicolor, laboratório que desenvolveu uma técnica de colorizar os filmes, do final dos anos 30 até os anos 80. A gente se inspirou nessa época com o filme …E o Vento Levou, de 1939. Vimos muitos filmes de Hitchcock, entre outros, desse momento, que eram bem marcantes e tinham um tratamento da cor e da natureza da luz um pouco mais dura. Além disso, o pintor austríaco Thomas Ender foi uma inspiração para a abertura da novela, e o quadro “Batalha do Avaí”, de Pedro Américo, uma referência nas cenas da Guerra do Paraguai.”
Cenografia e locações
Nos Tempos do Imperador manteve alguns dos cenários utilizados na novela Novo Mundo, mas que sofreram as ações do tempo, já que três décadas separaram as duas novelas. Além de novos ambientes, criados para retratar os avanços do Brasil. O cenógrafo Paulo Renato, que também assinou a cenografia da novela anterior, foi o responsável pelo trabalho, ao lado de Paula Salles.
Com uma área de 8,2 mil metros quadrados nos Estúdios Globo, a cidade cenográfica reproduziu as regiões cariocas da Rua do Ouvidor, da Pequena África, interligada com o Cais do Valongo, além do Passeio Público e a orla, que foi urbanizada e passou a ser frequentada na época. A cidade foi separada em dois espaços distintos visualmente: o novo, urbanizado, comercial; e o da Pequena África, empobrecido, antigo e colonial.
A Pequena África era um núcleo culturalmente rico. “As pessoas que circulavam na rua tinham uma identidade cultural muito forte, com origens em diversos locais da África”, contou o cenógrafo Paulo Renato.
Na região, o cenário foi caracterizado com uma pintura mais degradada, com pouca manutenção. Os detalhes da arte é o que mostrava a riqueza da cultura africana.
“A ancestralidade vai estar nos objetos, no altar, na religião”, disse a produtora de arte Flávia Cristófaro, que destacou o trabalho do artista plástico pernambucano Luís Benício, convidado para ser o ghost sculpture que desenvolveu as máscaras em madeira de Dom Olu (Rogério Brito).
A novela teve também cenários grandiosos, como o Palácio da Quinta, onde Dom Pedro II viveu com a família. Os imperadores tinham um acervo próprio dentro do palácio. Para reproduzir as peças, foram realizadas pesquisas em documentos da Biblioteca Nacional. Muitos objetos foram reproduzidos na fábrica de cenários dos Estúdios Globo.
No cenário da Condessa de Barral (Mariana Ximenes), um palacete, a nobreza foi misturada com simplicidade. Ao contrário da Condessa, Tonico (Alexandre Nero) era o personagem que tentava ostentar, mas não sabia usar peças caras e típicas da nobreza.
O cenário da Taberna dos Porcos já existia em Novo Mundo e também foi pontuado pela passagem dos anos entre as duas novelas.
Além dos cenários nos Estúdios Globo, a trama teve gravações, antes do início da pandemia, em locações externas na Chapada Diamantina, na Bahia, para as cenas das expedições de Dom Pedro II e Teresa Cristina, e em fazendas em Barra do Piraí e Rio de Flores, no Rio de Janeiro. Lá, em três fazendas grandiosas, foram gravadas cenas dos núcleos das famílias de Luísa (Mariana Ximenes), Tonico (Alexandre Nero) e Pilar (Gabriela Medvedovski). Nas propriedades, originalmente produtoras de café, a cenografia fez pequenas interferências para retratar uma realidade do Nordeste, em uma época mais colonial.
Figurinos e caracterizações
Beth Filipecki assinou, com Renaldo Machado, o figurino de Nos Tempos do Imperador. A produção das roupas foi toda feita nos Estúdios Globo, sendo 70% do material oriundo do acervo, que passou por uma customização em função dos tons da novela. Uma curiosidade: cada personagem feminina tinha uma cor predominante nas roupas, de acordo com seu perfil.
Em parceria com o figurino, a caracterização foi conduzida por Lucila Robirosa, responsável por manter o tom épico e realista dos personagens. Dom Pedro II foi um homem que não priorizava a roupa ou o visual. Sua caracterização foi inspirada em fotos históricas.
“Selton usa lentes azuis claras e terá momentos diferentes a cada passagem de tempo. Mais novo, estará com a sobrancelha marcada e barba castanha. Na fase seguinte, Selton quase não usa caracterizações. Após a Guerra do Paraguai, se perceberá um envelhecimento, com o cabelo branco e uma longa barba branca, que demora quatro horas para ser preparada”, detalhou Lucila.
Beth Filipecki complementou: “Dom Pedro II tinha uma aparência mais austera, sem interesse na competição da moda, mas cultuava barbas, bigode, um símbolo de masculinidade. Fazia questão de ter um traje puído e conquistar seu lugar através do trabalho”.
Já a Imperatriz Teresa Cristina (Leticia Sabatella) seguia o estilo comedido do Imperador, com vestidos em tom azul escuro e diferentes perucas, que variavam o penteado. Para a princesa Leopoldina (Melissa Nóbrega/Bruna Griphao), foi escolhido tons lilases e, para Isabel (Any Maia/Giulia Gayoso), tons azuis claros.
A Condessa de Barral, por sua vez, foi criada para que tivesse muita distinção, vivesse e soubesse se portar em qualquer lugar, assim como se vestir em diferentes ocasiões, sem exageros. Mariana Ximenes escureceu o cabelo, usou lentes escuras e contou com cinco perucas diferentes, que mudavam de acordo com os penteados. Seus vestidos eram de seda pura, mais sofisticados, em tons predominantemente verdes.
A jovem Pilar (Gabriela Medvedovski), mais despojada, não usava espartilhos. Sua cor era o amarelo, em tecidos mais rústicos e com elementos masculinos, simbolizando sua luta por espaços, que, na época, não eram das mulheres.
“Ela representa a luz solar, a ideia da esperança, o que reproduz a liberdade. É progressista, está com a cabeça voltada para ser a primeira médica do Brasil. Junto com a irmã Dolores (Júlia Freitas/Daphne Bozaski) foi criada sem mãe e sem afeto, por isso construímos um figurino mais seco, sem bordados, enquanto estão na fazenda”, contou Beth.
No núcleo da Pequena África, o conceito de liberdade passava por todos os personagens. Segundo a figurinista, o trançado do cabelo e nos tecidos representava a prisão. Quando as personagens se tornam livres, soltam as tranças, os nós e usam roupas mais soltas.
A mudança de visual ganhou ares cômicos na interpretação do casal Batista (Ernani Moraes) e Lota (Paula Cohen) Pindaíba. Recém-chegados do interior, eles compravam tudo o que era novidade, mas tinham de aprender a usar, sempre buscando seguir o exemplo da nobreza.
“Lota vai ter perucas e apliques diferentes. Era a época do cabelo dividido ao meio e os cachos. Ela usa roupas com recortes em andares, crinolina, armação de baixo, mas toda caracterização da Família Pindaíba representa o exagero”, completou Beth.
Outro núcleo que chamou a atenção pelo figurino e caracterização foi o de Licurgo (Guilherme Piva) e Germana (Vivianne Pasmanter), que, naturalmente, herdaram as roupas da produção anterior.
“Eles estão mais velhos, enrugados, maltratados, mas continuam porcos, sujos. Representam o que resta, mas com muita energia. A gente manteve tudo o que trouxeram, mas com adaptações. No lugar da roupa de cima, agora Germana está de ceroula”, explicou Beth.
Para dar vida aos personagens idosos, Guilherme e Vivianne passavam cerca de três horas na caracterização a fim de conseguir o resultado ideal. Além de próteses no nariz, boca e queixo, as marcas de idade foram feitas com pintura.
Vivianne Pasmanter usou uma peruca inteira e grisalha, diferente dos apliques da novela anterior. Além disso, teve manchas, verruga e pelos no rosto. Já Licurgo (Guilherme Piva) ficou careca e com psoríase na cabeça. Ambos estavam quase sem dentes, com dentaduras.
E mais
Milton Nascimento foi a estúdio regravar “Cais” exclusivamente para a abertura de Nos Tempos do Imperador. A música já havia embalado a novela Água Viva, em 1980, em sua gravação original.
Nos Tempos do Imperador encerrou-se com um bonito texto, narrado por Selton Mello, sobre o Museu Nacional do Rio de Janeiro, que em 2018 foi destruído em um incêndio.
Apesar de todos os problemas de bastidores e de todas as críticas que a novela recebeu, a APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) elegeu Nos Tempos do Imperador a melhor novela de 2021 (!). Paula Cohen – essa sim, merecidamente – levou o prêmio de melhor atriz (empatada com Letícia Colin, pela série Onde Está Meu Coração).
01. CAIS – Milton Nascimento (tema de abertura)
02. SABIÁ – Elis Regina (tema de Pedro e Luísa)
03. EU SEI QUE VOU TE AMAR – Tom Jobim (tema de Pilar e Samuel)
04. ERA PRA SER – Adriana Calcanhotto (tema de Dolores e Nélio)
05. CROSSROADS BLUES – Jake Matson (tema de Tonico Rocha)
06. ODEKOMORODE / ORIXÁ OXÓSSI – Grupo Ofa e Alcione (tema de locação: Pequena África)
07. PEDRO SEGUNDO – Sacha Amback e Rafael Langoni
08. TERESA CRISTINA – Sacha Amback e Rafael Langoni
09. BRASIL IMPERIAL – Sacha Amback e Rafael Langoni
10. JORGE – Sacha Amback e Rafael Langoni
11. REAL MAJESTADE – Sacha Amback e Rafael Langoni
12. O CORAÇÃO DE PEDRO – Sacha Amback e Rafael Langoni
13. VALSA DA IMPERATRIZ – Sacha Amback e Rafael Langoni
14. MORRENDO DE AMOR – Sacha Amback e Rafael Langoni
Ainda
AMOR – Ney Matogrosso e Nação Zumbi
A VALSA – Maria Gadú e Marco Rodrigues
EMBALA EU – Clara Nunes e Clementina de Jesus (tema dos malês)
JUST IN TIME – Frank Sinatra
MADAME BOVARY – Estação 77
MORENINHA, SE EU TE PEDISSE – Roberto Corrêa
NÃO – Tim Bernardes
O CANTO DE OXUM – Toquinho e Vinícius
O FADO DA PROCURA – Ana Moura
SÓ UMA VEZ – ABQNE e Augusto Licks
TUDO O QUE VOCÊ PODIA SER – Milton Nascimento (tema de Guebo)
Trilha sonora instrumental: Rafael Langoni e Sacha Amback
01. Pedro Segundo
02. Thereza Cristina
03. Brasil Imperial
04. Jorge
05. Real Majestade
06. O Coração de Pedro
07. Valsa da Imperatriz
08. Morrendo de Amor
09. Doces Lábios (com Karina Zeviani)
10. Pequena África
11. Fonte do Amor
12. Condessa Piano
13. Amor Solitário
14. A Família Imperial
15. A Terra Anno 856
16. Borges
17. Quinzinho e Clemência
18. Princesa Isabel
19. Infantes
20. Pedro E Thereza
Tema de abertura: – CAIS – Milton Nascimento
Para quem quer se soltar
Invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor
E sei a dor de encontrar.
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador.
Para quem quer me seguir
Eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar.
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador…
Alguém explica como a APCA premiou essa novela? PORQUE NÃO É POSSÍVEL!
Péssima!
Como se não bastasse ser lenta, arrastada, escura, ainda teve várias problemas de produção e abordagens bem erradas. Como pode a APCA deve ter premiado?
Ótima resenha. Novela infeliz já na concepção. Não deixa saudades.
Novelinha sonolenta e chata, ainda bem que acabou. É melhor o Selton Mello voltar a fazer Sessão de Terapia, lá ele dava mais certo, porque como Dom Pedro II ele só deu sono com aquela voz sussurrada dele. E mais uma vez, Milton Nascimento não deu sorte cantando na abertura. Já teve América (1ª parte), Irmãos Coragem (remake de 1995), Amazônia (Manchete, 1ª parte) e agora essa bomba.
Show de interpretação de Selton Melo, Leticia Sabatela, Marina Ximenes e Alexandre Nero. Cenografia 10!!!
Aguardando a Sony Music mudar de ideia e lançar as trilhas sonoras. Faça com tiragem limitada.
Concordo plenamente, sou fã de trilhas sonoras desde 1969 quando foi lançado o LP da novela Véu de noiva e desde então continuo comprando LPs e CDs usados e novos pela internet e lojas físicas especializadas.
Sugestão; Para quem quiser a trilha sonora poderia solicitar por encomenda a Somlivre e/ou Sony Musica, individualmente além de entrar em contato com eles para fim de requerer a sua trilha sonora agora e futuramente, seria um baixo custo-benefício para quem é fã nº 1 de trilhas sonoras tanto LP e CD. Fica a sugestão e dica aí!
Triste mesmo K. Araujo. Muito triste.
Primeira novela que não vai ter trilha sonora física, devido à venda da Som Livre à Sony em abril. Uma perda para a comunidade trilheira.