Sinopse
Em suas andanças pelo sertão brasileiro, o tropeiro Ricardo Valeriano Brandão encontra a família de Raimundo Alves – gente miserável que aceita qualquer coisa por um pedaço de carne seca ou um punhado de sal. E o velho Raimundo não hesita em oferecer a filha mais velha, a bela e simplória Maria, em troca de alguns mantimentos, pois sabe que ela terá uma vida melhor se for embora com o desconhecido – e será uma boca a menos a saciar.
Ricardo aceita a oferta mas libera Maria de seu compromisso de partir consigo. A moça prefere permanecer ao lado dos irmãos mais novos e Ricardo parte rumo ao seu destino, deixando para trás a imagem da bela sertaneja esfomeada que não lhe sairá da cabeça. Maria, por sua vez, também não consegue esquecer o seu bem-feitor e nutre a esperança de que algum dia ele retorne para tirar-lhe daquela vida miserável.
No povoado de Xique-Xique, na Chapada Diamantina, Ricardo se depara com uma moça idêntica a Maria Alves, não fosse suas vestes e seus modos de mulher fina. Vai ter com ela crente de que era a mesma esfomeada que deixara no sertão, mas a moça não gosta dos modos do tropeiro e o trata com desdém. Sentindo-se desprezado e atordoado, Ricardo a humilha diante de todos, o que provoca os brios dos amigos dela, prontos a lhe defender.
Na fuga, Ricardo mata acidentalmente um dos valentões e, temeroso de seu destino, parte para os garimpos. Nesse mesmo tempo, chega a Xique-Xique a senhora Dona Rosária e uma moça que acolhera – a sertaneja Maria Alves, que deixara a família após a morte do pai para tentar a vida e reencontrar seu tropeiro bem-feitor. Na nova cidade, Maria começa a ser confundida com a mais ilustre figura local: Maria Dusá.
Mulher carismática, de fino trato, desejada pelos homens e invejada pelas mulheres, Dusá tem grande influência entre os poderosos da região. Em pouco tempo fica sabendo da presença de sua sósia na cidade, o que lhe faz lembrar do incidente com o tropeiro que a insultara. Curiosa, vai conhecer a outra Maria e fica sabendo da história da moça pobre que perdera a família por causa da miséria e cujo objetivo na vida era reencontrar o amado.
Disposta a ajudar Mariazinha – como passa a tratá-la -, Dusá parte atrás de Ricardo para desfazer o mal-entendido e levá-lo de volta à sua amada. Porém, o tropeiro tornara-se um homem amargo e desiludido, o que lhe deu forças para enriquecer nos garimpos e esquecer aquela que o fizera sofrer. Maria Dusá, por sua vez, não resiste àquele homem de caráter tão forte e se apaixona por ele. E acaba esquecendo o seu compromisso com Maria Alves.
NÍVEA MARIA – Maria Alves (Mariazinha) / Maria Dusá
CLÁUDIO CAVALCANTI – Ricardo Valeriano Brandão
ROBERTO PIRILO – Eduardinho
GILBERTO MARTINHO – Antônio Roxo
ROBERTO BONFIM – Pingo D’Agua
ÍSIS KOSHDOSKI – Delfina
HAROLDO DE OLIVEIRA – Felipe
ANA ARIEL – Dona Rosária
EMILIANO QUEIRÓZ – João Felipe de Souza
ARY COSLOV – Arthur
CARLOS DUVAL – José Moitinho
FELIPE WAGNER – Aristo Alfaiate
ANTÔNIO PATIÑO – Braço Forte
LAFAYETTE GALVÃO – Bensabath
DORINHA DUVAL – Ana Maria
PATRÍCIA BUENO – Chiquinha do Tomba
ELISA FERNANDES – Chiquinha da Roda
MÁRIO GUSMÃO – Africano
AFONSO CELSO DE VASCONCELOS – Mário Primo
AGNES FONTOURA – Donana
RENATO RESTIER – José Calixto
LOURDES MAYER – Florinda
AUGUSTO OLÍMPIO – Capela
LÉA GARCIA – Rita
ADEMILTON JOSÉ – Benedito
HEMÍLCIO FRÓES – Dr. Rodrigo
JOEL SILVA – Joaquim
BENÊ SILVA – João Caboclo
SIDNEY MARQUES – Vem Cá
JOSÉ PRATA (PRATINHA) – Vai Lá
CLEMENTINO KELÉ – Manoel Pedro
CLEMENTE VISCAÍNO – Joaquim Manoel
CLEONIR DOS SANTOS – Bilo
FERNANDA AMARAL – retirante
PAULO PINHEIRO – Cazuza
LEDA LÚCIA – Neném
NANAI – improvisador
DARCY DE SOUZA – Belinha
ARLINDO THADEU BARRETO – Luciano
ANA FARIA – Aparecida
WILSON GREY – Raimundo Alves
LÍCIA MAGNA – Maria Rosa
JOTA BARROSO – José Bento
LIA FARREL – Leocádia
GERMANO FILHO – Oscar
JANDIRA MUNIZ – Ritinha
NENA AINHOREM – Maroca
GILBERTO COSTA – José Francisco
CATULO DE PAULA – Mestre Aurélio
CAUHÊ FILHO – Teixeira
JOANA DE SOUZA – Maria
MANOELA GONÇALVES – Norzinha
MARCELO VICCHI – João
MÁRCIA VICCHI – Dorinha
NAIR PRESTES – Mariana
SUELI COSTA – Tereza
DUDA – Leonora
e
GRANDE OTELO – Preto Maravilha
apoio
ANOÁ WEBER – cavaleiro de Arthur
CLAUDIONER PENEDO – patrulheiro
CLÉBIO MENDONÇA – rapaz de Comércio de Fora
DARTAGNAN MELLO – homem de Mucujê
DALTON RIBEIRO – cavaleiro de Arthur
FAUSTINO ALVARES – cavaleiro de Antônio Roxo
GILSON MOURA – taberneiro de Comércio de Fora
GIOVANI MAGDALENA – penitente
GUARACY VALENTE – cavaleiro de Arthur
GUILHERME MARTINS – chefe da segunda tropa
HAROLDO PARDAL – penitente
ILMAR PRIETO – retirante chefe
JONAS NASCIMENTO – patrulheiro
JOSÉ ALBERTO – rapaz de Comércio de Fora
JUPIRA ROCHA – freguesa
NELSON FREITAS – cavaleiro de Arthur
OSMARINO ALVES – cavaleiro de Arthur
PAULO PIRANHA – patrulheiro
ROBERTO VIEIRA – homem de Mucujê
VANDA COSTA – freguesa
VERA PAES
– núcleo de MARIA ALVES (Nívea Maria), jovem meiga e sincera, vive com a família no sertão da Chapada Diamantina, onde passam fome. É oferecida pelo pai a um tropeiro em troca de mantimentos. Ele aceita a oferta mas a deixa livre para escolher: partir com ele ou ficar com a família. Ela decide ficar, apesar de encantada pelo seu bem-feitor. Ignora o fato de ter uma irmã gêmea:
o pai RAIMUNDO (Wilson Grey), vive numa situação miserável com a família
a mãe MARIA ROSA (Lícia Magna), conivente com o marido
a amiga DONA ROSÁRIA (Ana Ariel), a leva embora para o povoado de Xique-Xique após a morte do pai, para que ela tenha melhores condições de vida e para que possa reencontrar seu amor
o admirador MÁRIO PRIMO (Afonso Celso de Vasconcelos), a persegue com o objetivo de conquistá-la.
– núcleo de MARIA DUSÁ (Nívea Maria), irmã gêmea de Maria Alves, mas uma desconhece a existência outra. Foi criada num ambiente completamente diferente ao da irmã e tem um temperamento oposto: rica, é uma mulher fina, admirada e orgulhosa. Mora em uma das casas mais sofisticadas de Xique-Xique. O tropeiro a confunde com a esfomeada que conhecera no sertão. Quando ouve falar de que há na cidade uma moça idêntica a ela, fica curiosa em conhecê-la. Ficam amigas e lhe dá o apelido de MARIAZINHA. Acaba também apaixonada pelo tropeiro:
o admirador EDUARDINHO (Roberto Pirilo), apaixonado por ela, rapaz fino e educado
a criada e amiga RITA (Léa Garcia).
– núcleo de RICARDO VALERIANO BRANDÃO (Cláudio Cavalcanti), tropeiro que deparou-se com a família Alves em suas andanças pela Chapada Diamantina. Aceitou a oferta de Raimundo Alves, o patriarca, em ficar com a filha mais velha dele, Maria, em troca de mantimentos, mas deu a ela a liberdade de fazer o que quisesse. Ela preferiu ficar com a família. Ao chegar em Xique-Xique, Ricardo conheceu uma mulher idêntica à moça esfomeada do sertão, mas em situação completamente oposta: Maria Dusá. As duas moças acabaram apaixonadas por ele:
o companheiro inseparável FELIPE (Haroldo de Oliveira).
– demais personagens:
PINGO D’ÁGUA (Roberto Bonfim), mineiro, cantador e violeiro
DELFINA (Ísis Koschdoski), namorada de Pingo D’Água
JOSÉ MOITINHO (Carlos Duval), comerciante português
BENSABATH (Lafayette Galvão), rico comerciante judeu, amigo de José Moitinho
BRAÇO FORTE (Antônio Patiño), ex-garimpeiro que se tornou comerciante
ARTHUR (Ary Coslov), inglês, comprador de diamantes e explorador
ARISTO ALFAIATE (Felipe Wagner), o vilão da história, fofoqueiro e intrigante
ANA MARIA (Dorinha Duval), moça vulgar e divertida
CHIQUINHA DO TOMBA (Patrícia Bueno), amiga de Ana Maria
os irmãos VEM CÁ (Sidney Marques) e VAI LÁ (Pratinha), moleques que vivem metidos nas intrigas da cidade.
Adaptação
Primeira novela diária de Manoel Carlos, que já havia roteirizado diversos teleteatros, além de ter escrito, dirigido e produzido programas humorísticos, musicais e de variedades, com vasto currículo por várias emissoras de televisão.
Feliz adaptação e um sucesso do horário das seis, que, além do requinte de superprodução, teve como grande mérito tirar o autor Lindolfo Rocha e sua principal obra do ostracismo em que se achavam desde o início do século 20 (o livro foi publicado em 1910). (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
De acordo com Manoel Carlos, em declaração ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” (de André Bernardo e Cíntia Lopes), a adaptação do romance “Maria Dusá” foi uma indicação do escritor Paulo Mendes Campos a Borjalo (Mauro Borja Lopes), então diretor artístico da Globo.
No entanto, Maneco se contradiz no livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo) ao afirmar que esta indicação tivesse vindo de outro escritor, Fernando Sabino.
Elenco
Nívea Maria em papel duplo e interpretações distintas: a Maria Alves, pobre, com olhar singelo e gestos simples; e a Dusá, (Maria dos As) que tinha uma aristocracia roubada de Vivien Leigh em sua performance como Scarleth O’Hara no filme …E o Vento Levou (de 1939). Tão Scarleth que o final propunha falas semelhantes e interpretações análogas às do filme.
Nívea Maria lembra dessa novela como uma das que mais gostou de atuar e um de seus melhores trabalhos.
O diretor Herval Rossano (então marido de Nívea) também preferia Maria Maria, de acordo com sua resposta quando perguntado se gostava de Escrava Isaura (da Globo, de 1976), por ocasião do lançamento da nova versão dessa novela (pela Record TV, em 2004): “Não me lembro de Escrava Isaura, é a novela de que menos gosto. Prefiro Maria Maria.”
Primeira novela do ator Arlindo Barreto (filho da atriz e apresentadora Márcia de Windsor, que futuramente viveu o mais famoso dos palhaços Bozo do SBT), e do veterano ator Wilson Grey (anteriormente havia feito uma pequena participação em Gabriela, em 1975).
Produção de arte e locações
A ação se desenrolava nas localidades de Lagoa Seca, Mucugê, Passagem e Xique-Xique, região do garimpo na Chapada Diamantina. Lá se encenou a maior parte da história, iniciada a partir de 1860, um ano depois de uma das maiores secas de que se tem notícia no período e que resultou em uma crise de alimentos conhecida como “a fome de 60”.
A pesquisa histórica, sob a responsabilidade de Ana Maria Magalhães, fez um levantamento detalhado de costumes, vida social, vestimentas e religiosidade na região do garimpo nordestino no século 19. (Site Memória Globo)
Para gravar as cenas externas do garimpo, a produção transformou uma área de mais de 100 mil metros quadrados em Maricá (RJ) em uma falsa região de caatinga, árida e poeirenta. As cenas de Xique-Xique foram gravadas na cidade cenográfica de Guaratiba. (Site Memória Globo)
Trilha sonora e logotipo
A trilha sonora foi lançada em um compacto de 6 músicas e foi um sucesso de vendas, sendo a recordista entre os compactos de trilhas de novelas das seis (lançados entre 1975 e 1979): 33.447 cópias. (fonte: Vincent Villari)
Em 2006, a Som Livre relançou a trilha sonora de Maria Maria, em CD, na coleção “Master Trilhas”, 26 trilhas nacionais de novelas e séries da década de 1970 nunca lançadas em CD.
As carinhas estilizadas das Marias do logotipo da novela são criações da designer Sylvia Trenker, então esposa de Hans Donner, cujos traços e animações eram vistos na época em várias vinhetas da Globo, como as do carnaval e do TV Mulher.
Reprise
Maria Maria foi reapresentada entre 29/03 a 17/09/1982, pelas manhãs, dentro programa TV Mulher. Como, na época, a programação nacional não era unificada, essa reprise não ocorreu para todo o Brasil.
E mais
Gêmeos idênticos, sósias e trocas de personalidades são temas bastante explorados na Teledramaturgia: Alma Cigana (1964), Vidas Cruzadas (1965), Mulheres de Areia (1973-1974 e 1993), O Semideus (1973-1974), Baila Comigo (1981), Sétimo Sentido (1982), O Outro (1987), Cara e Coroa (1995-1996), O Clone (2001-2002) e outras.
01. AS MOÇAS – Beth Carvalho
02. CUANDO FUBÁ – Ruy Maurity (tema geral)
03. FLOR D’AGUA – Banda de Pau e Corda (tema de Maria Dusá)
04. ROMARIA – Renato Teixeira (tema de Ricardo)
05. CANTO DA TERRA – Flor de Xique-Xique (tema de Maria Alves)
06. OLHA MARIA – Orquestra Som Livre (tema de abertura)
Sonoplastia: Guerra Peixe Filho
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider
Novela linda!
Adoraria assistir a reprise. Excelente trabalho de Nívea e Cláudio. Novela apaixonante
Obras como esta é que a Globoplay deveria oferecer aos assinantes; não as que o Viva já reprisou.
Tenho que comentar, Maria Maria é um clássico, poderia ser reprisadas em formato seriado. Impecável em todos os detalhes. Nívea Maria explendida. Tem um compacto no Youtube, mas incompreensível para quem não assistiu.
Os efeitos, com as duas Marias contracenando, incríveis para a época. O figurino , cenário…
Vi a reprise na tv mulher. A tv globo devia ter essas pérolas disponíveis no Globo play, para assistirmos quando quisessemos.
Caramba, não sabia que esta novela foi reapresentada no TV Mulher. Soube que ela tinha sido apresentada em compacto somente para uma regiao do interior paulista, alguma afiliada, em momento eleitoral, sei lá…..para mim é uma novidade !!!!
Ah!!! “Maria Maria” para mim é “E o vento Levou das novelas”. Assisti na reprise do programa TV Mulher, nas manhãs da Globo. Não acreditei quando a Maria Alves (Nívea Maria) morreu no final e a Maria Dusá (também interpretada por Nívea) permaneceu numa boa. Eu não conseguia entender aos meus 11 anos de idade o porquê deste final. Não me conformava. Um alento foi ver que Ricardo Valeriano Brandão (Cláudio Cavalcante) voltou para Minas Gerais deixando a Maria Dusá na esperança. Como a própria Nívea Maria uma vez disse em uma entrevista “…eu nao sei como pude interpretar duas personalidades tão diferentes…” Lembro-me muito bem de uma cena, em que o Mário Primo, um tipo grosseiro e metido a conquistador quis pegar à força a Mariazinha, mas recebeu um tapa na cara, mas na verdade era a Maria Dusá que se passou pela outra para dar uma lição no larápio. Fica a saudade e a torcida para que esta novela volte um dia. Tenho 4 capítulos avulsos que servem para matar a saudade.