Sinopse
No coração da floresta amazônica é construída a estrada de ferro Madeira-Mamoré, concluída pelo empreendedor americano Percival Farquhar. A ferrovia atende a interesses políticos e comerciais de autoridades nacionais e estrangeiras, porém custa a vida de milhares de trabalhadores.
O governo brasileiro investiu na ferrovia para compensar a Bolívia pelo território do Acre. A ferrovia iria superar 19 cachoeiras dos rios Madeira-Mamoré que dificultavam o transporte de borracha da Bolívia para o Oceano Atlântico, via Rio Amazonas. Porém, ao ser concluída, a borracha entrava em decadência.
Indo contra os interesses de Farquhar está o ministro Juvenal de Castro, amigo pessoal do então presidente da República, o Marechal Hermes da Fonseca. Planejando derrubar o ministro e tirá-lo de seu caminho, Farquhar descobre o romance extraconjugal de Castro com a jovem Luiza e não exita em tirar proveito desse segredo.
Enquanto isso, na Amazônia, o engenheiro inglês Stephan Collier comanda com mãos de ferro a construção da ferrovia liderando um grupo de homens tratados como animais no meio de uma floresta selvagem, ameaçados por toda sorte de infortúnio, principalmente doenças.
Três personagens se sobressaem: o índio Joe Caripuna, que roubava o alojamento dos trabalhadores e, ao ser descoberto, teve as mãos amputadas; o Dr. Finnegan, um médico idealista que bate de frente com a autoridade de Collier; e a bela Consuelo, encontrada na floresta entre a vida e a morte após o naufrágio do barco onde viajava com seu noivo.
JUCA DE OLIVEIRA – Stephan Collier
FÁBIO ASSUNÇÃO – Joe Richard Finnegan
ANA PAULA ARÓSIO – Consuelo
TONY RAMOS – Percival Farquhar
ANTÔNIO FAGUNDES – Ministro Juvenal de Castro
PRISCILA FANTIN – Luiza
CÁSSIA KISS – Amália
OTHON BASTOS – Marechal Hermes da Fonseca
CLÁUDIA RAIA – Tereza
EDWIN LUISI – Alexander Mackenzie
WALMOR CHAGAS – Dr. Lovelace
JOSÉ RUBENS CHACHÁ – Coronel Agostinho
RENATO BORGHI – Rui Barbosa
FIDÉLIS BANIWA – Joe Caripuna
DÉBORA OLIVIERI – Harriet
ELIANE GUTTMAN – Dona Inês
LUCIANO CHIROLLI – Addams
MARCELO SERRADO – Jim
ANDRÉ FRATESCHI – Ted
GENÉSIO DE BARROS – Thomas
EVANDRO SOLDATELLI – Harold
ARTHUR KHOL – King John
BUKASSA KABENGELE – Jonathan
CREO KELLAB – Dick
ESTER JABLONSKI – Maria
GILBERT STEIN – Antônio
CAMILO BEVILÁCQUA – Hans
MARCOS SUCHARA – Günther
MILTON ANDRADE – Gustav
EDDIE JANSSEN – Joseph
AISHA JAMBO – Sofia
ALMIR MARTINS – Juan
GABRIEL TACCO – Alonso
ANDRÉ BANKOFF – Werner
RICARDO BLAT
SERAFIM GONZALEZ
GLÁUCIO GOMES
CREUSA DE CARVALHO
MÁRCIO RICCIARDI – médico
FELIPE KANNENBERG – operário
HSU BUN LUNG – operário
NICOLAS ROHRING – operário
LUCIANO QUIRINO – policial
TÁCITO ROCHA – Vice-Ministro
Título
O título da minissérie, que é baseada no livro homônimo do amazonense Márcio de Souza, vem de “mad” (“louca” em inglês) que sintetiza o sonho ufanista de construção da ferrovia Madeira-Mamoré, e de Maria, nome dado às marias-fumaça, antigas locomotivas movidas a carvão.
Minissérie engavetada
A minissérie estava engavetada. Benedito Ruy Barbosa narrou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:
“Mad Maria demorou trinta anos para ser feita. Eu criei a trama quando terminei de escrever [a novela] À Sombra dos Laranjais [1977] (…) Na época, o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho] achou que o romance daria uma bela novela e me pediu para escrever. Quando li o livro, achei que seria impossível reunir os atores para gravar na Amazônia, aquela terra inóspita, onde a história se passava. Mas o Boni me mandou escrever, disse que os problemas de produção não eram de minha conta. Fiz uma pequena sinopse do livro, escrevi uns 30 e poucos capítulos, e fomos fazer uma leitura na casa do Dias Gomes (…) Todos elogiaram muito a história. (…) Voltei para casa, escrevi todos os capítulos e mandei para a Globo. Acho que ninguém leu, porque nunca mais falaram comigo a respeito. Passados muitos anos, surgiu o Ricardo Waddington querendo fazer Mad Maria.”
O projeto só não foi para frente antes porque exigia uma produção inviável e difícil.
“Ela quase foi produzida para comemorar os 20 anos da Globo (em 1985), mas não havia tecnologia para fazê-la na época”, lembrou Octavio Florisbal, então diretor-geral da emissora no lançamento da minissérie.
Elenco
Uma das tarefas da atriz Ana Paula Arósio foi ter aulas de piano e, especialmente, aprender a tocar “O Guarani”, de Carlos Gomes. Ela teve aulas por dois meses antes do início das gravações.
Alguns personagens marcantes da História do Brasil “participaram” da minissérie. O ator Renato Borghi interpretou o jurista Rui Barbosa, e Othon Bastos, o então presidente da República, o Marechal Hermes da Fonseca.
Locações, cenografia e figurinos
Para as primeiras gravações, foram usadas locações em Rondônia: Abunã e Porto Velho. Para gravações feitas em Abunã, foi necessário reconstruir seis quilômetros de trilhos que estavam soterrados por barro e mato, e reformar a Mad Maria, nome da máquina que há um século abria a estrada de ferro.
O diretor Ricardo Waddington foi com mais 140 pessoas, entre equipe e elenco, para Rondônia. Todos tiveram de tomar a vacina contra o sarampo, hepatite A, difteria, tétano, caxumba e rubéola. Tudo para passar cerca de 50 dias gravando em plena Floresta Amazônica.
Também contribuiu para a viabilização da megaprodução (orçada em cerca de R$ 12 milhões) o apoio do governo de Rondônia, que investiu pelos menos R$ 500 mil na recuperação de oito quilômetros de ferrovia, no restauro de uma locomotiva e na cessão de operários, médicos e policiais. Ao todo, a minissérie mobilizou cerca de 400 profissionais em Rondônia. Elenco e técnicos geraram só nos trinta dias que ficaram em Guajará-Mirim, uma das bases de gravações, impacto de R$ 1 milhão na economia da cidade.
Um dos desafios era recriar o Rio de Janeiro de 1910. Para isso, as equipes de cenografia e computação gráfica trabalharam a partir de fotos da época e maquetes que foram inseridas na tela por meio de animação. Outro desafio foi reproduzir o Palácio Monroe, ex-sede do Senado Federal, que foi demolido na década de 1970. Lá foram feitas as externas do local de trabalho do Ministro J. de Castro (Antônio Fagundes).
A figurinista Emília Duncan assistiu a diversos filmes para compor o figurino da minissérie. Entre outros, ela recorreu a Barry Lyndon (1975), de Stanley Kubrick, e O Leopardo (1963), de Lucchino Visconti.
Abertura
A abertura foi produzida sobre as fotos do americano Dana Merrill (fotógrafo que acompanhou todas as etapas da construção da ferrovia, de 1907 a 1912), sobrepostas pela linha da ferrovia.
Repetecos
A Globo Marcas lançou o livro “Uma Saga Amazônica Através da Minissérie Mad Maria”, que retratou as gravações da minissérie.
A minissérie foi reapresentada no Faixa Comentada do Futura (canal de TV por assinatura pertencente à Rede Globo) a partir de 02/07/2012, às 23 horas.
Reprisada também no Viva (outro canal de TV por assinatura da Globo), entre 09/09 e 25/10/2013, às 23h15.
01. OS HOMENS E A FLORESTA
02. VALSA DE LUIZA
03. CONSUELO E JOE
04. O TREM DE RONDÔNIA
05. AMÁLIA
06. DESPEDIDA DE LUIZA
07. CONSPIRAÇÕES
08. CONSUELO
09. FUGAS E REGRESSOS
10. SEGREDOS DE TEREZA
11. NOITE EM SANTO ANTÔNIO
Sonoplastia: Nelson Zeitoune e Renato Muniz
Orquestrada e dirigida por Alberto Rosenblit
Produção musical: Alberto Rosenblit
Direção musical: Mariozinho Rocha
“Mad Maria” foi uma das coisas mais angustiantes que eu assisti na vida. A trama toda era uma tragédia, desde o seu início, e já se sabia que o final não seria nada feliz. Foi uma minissérie de começo de ano mais curta que o normal da época, já que antes dela foi exibida “Hoje é dia de Maria”, mas, mesmo assim os 35 capítulos pareceram 60: era angustiante acompanhar, por exemplo, os capítulos e mais capítulos que a mocinha Consuelo ficava perdida no meio da floresta (Ana Paula Arósio, como sempre, perfeita em fazer uma mocinha sofrida).
Também não ajudava o fato da minissérie ser exibida sempre próximo à meia noite, após uma das edições mais tensas e lembradas do Big Brother Brasil, a quinta, que revelou figuras como Grazi Massafera e Jean Jean Wyllys.