Sinopse
Apesar da batalhadora Jordana ter ajudado o marido Silas a prosperar na vida e se tornar um empresário bem-sucedido, ela é trocada, depois de dezoito anos de casamento, por uma moça vinte anos mais jovem, a interesseira Carla, amiga de colégio de sua filha Lívia. Mesmo inconformada, Jordana vai à luta, como se recomeçasse do zero. Enquanto Silas só conhece a infelicidade ao lado de Carla, Jordana ascende com um casarão, herança deixada por Dona Mena, uma velhinha esclerosada e solitária, abandonada pela família, de quem passou a tomar conta. E conhece o amor sincero e o respeito do padeiro português Vieira, amigo de todas as horas, sempre pronto para socorrê-la.
Jordana transforma o casarão em um internato para moças e passa a ser assediada pelos sobrinhos de Mena, que, até então, nunca deram atenção à velhinha. Dona Mena também deixa quatro cupidos de bronze, que passam pelas mãos de várias pessoas, desinteressadas nas peças, sem que saibam que uma delas esconde a quantia de um milhão de dólares. Quando fica sabendo do patrimônio de Mena, entra em cena a ardilosa dupla Carlito Madureira e Loreta Pires de Camargo, sobrinhos dela. Carlito, um tipo conquistador, morava no exterior e retorna para envolver Jordana em um jogo de sedução. Loreta é uma socialite afetada e falida. Juntos, os primos pretendem por as mãos na herança que lhes foi negada.
A corrida pelos cupidos se entrelaça com outras histórias, como a de Clarita Catita, dividida entre o amor seguro de Etevaldo, velho rico e moribundo, que ameaça morrer, mas nunca morre, e de Badaró, fora-da-lei boa-praça e carismático. E as armações da dissimulada Mariucha, doméstica que se infiltra no lar de Oswaldo e Rosana para separar o casal. Há ainda o atribulado romance de Jerônimo, o Jero, filho adotivo de Seu Vieira, e Lívia, filha de Jordana e Silas, abalado pelas armações de Flávia, a “Jacaroa do Pantanal”, apaixonada pelo rapaz. E o casamento por interesse de Carla com Silas, que não faz a jovem enxergar o sincero amor de Adriano, rapaz de bom caráter, seu vizinho e amigo de infância.
GLÓRIA MENEZES – Jordana (Márcia Jordão)
GIANFRANCESCO GUARNIERI – Vieira (Manoel Vieira de Souza)
RAUL CORTEZ – Carlito Madureira
ROSAMARIA MURTINHO – Loreta Pires de Camargo
PAULO GOULART – Silas
MAITÊ PROENÇA – Carla
CARLOS AUGUSTO STRAZZER – Adriano
MÁRIO GOMES – Jero (Jerônimo Vieira de Souza)
DÉBORA BLOCH – Lívia
ANGELINA MUNIZ – Flávia
CARLOS VEREZA – Badaró (Lafaiete Madureira)
LÚCIA ALVES – Clarita Catita
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Etevaldo de Alencastro
GRACINDO JÚNIOR – Oswaldo
MARIA ZILDA – Rosana
ELIZÂNGELA – Mariucha
ARY FONTOURA – Celinho
SUELY FRANCO – Cacilda
RENATA FRONZI – Aurélia Creonte
NORMA GERALDY – Dona Mena (Filomena Madureira)
MAURO MENDONÇA – Álvaro Pires de Camargo
ÍRIS BRUZZI – Guida Rivera
KATE LYRA – Dóris Gumm
SÔNIA MAMEDE – Odete
DARY REIS – Navarro
CISSA GUIMARÃES – Eliana
NEY SANT´ANNA – Zeca
ERNESTO PICCOLO – Duda (Eduardo Pires de Camargo)
CÁSSIA FOUREAUX – Ingrid
RICARDO PETRÁGLIA – Arnaldão Romão
LEINA KRESPI – Ilse
ROBERTO AZEVEDO – Zelito
COSME DOS SANTOS – Jovino
CHICA XAVIER – Joana
BIA SEIDL – Vívian
DESIRÉE VIGNOLLI – Leninha
TICIANA STUDART – Lu
e
ADELAIDE PALETTE (ADELAIDE CONCEIÇÃO)
AGUINALDO ROCHA – Almeida (amigo de Vieira)
ANTÔNIO CARLOS PIRES – Geraldo (suposto pai de Mariucha)
APOLO CORRÊA
ARLETE SALLES – Isaura (amiga de Vieira)
ARTHUR COSTA FILHO – Ulisses
CLÁUDIA JIMENEZ – moça assistindo ao julgamento de Jordana
CLÁUDIO GAYA – bailarino do Single’s Bar
CLÁUDIO TOVAR – coreógrafo do Single’s Bar
CHRIS COUTO – uma das moças do pensionato de Jordana
DÉBORA DUARTE – Beatriz Madureira (ex-mulher de Carlito, mãe de Ingrid)
EGON ASZMANN JR. – filho da dona Teresinha Romano, vizinha da Cacila
FÁBIO MÁSSIMO – Thiago (ex-namorado de Lívia)
GABRIELA BICALHO – Lívia (criança)
GILDA SARMENTO
HENRIQUETA BRIEBA – vizinha da Clarita
ILVA NIÑO – verdadeira mãe de Mariucha
JOÃO CARLOS BARROSO – porteiro do prédio onde moram Silas e Carla
JOSÉ MARIA MONTEIRO – Dr. Eduardo (juiz no processo que Loreta e Carlito movem contra Jordana)
JOSÉ MICHEL – motorista de Etevaldo
LADY FRANCISCO – Maria Lúcia (suposta mãe de Mariucha)
LÍCIA MAGNA – vizinha da Cacilda
LYS BELTRÃO – uma das moças do pensionato de Jordana
MANOEL ELIZIÁRIO – maitrê do Single’s Bar
MANOEL TEODORO
MARIA LÚCIA DAHL – Maluce (professora de moda no pensionato de Jordana)
MÔNICA SCHMIDT – uma das moças do pensionato de Jordana
OBERDAN JÚNIOR – Marcelinho
ROSITA TOMAZ LOPES – Helena (mãe biológica de Jero, que ele desconhecia)
SOLANGE PEREIRA – empregada do Etevaldo
VERA BRITO – secretária do Silas
WOLF MAYA – Orlando Borelli
Marcão (marinheiro na lua de mel do Silas e da Carla)
Valdinho (filho de Oswaldo e Rosana)
– núcleo de JORDANA (Glória Menezes), abandonada pelo marido, trocada por uma garota vinte anos mais jovem, apesar de tê-lo ajudado a prosperar na vida. Ao ser dama de companhia de uma solitária velhinha, recebe de herança dela, após a sua morte, um casarão, que transforma em pensionato-escola para moças. Também quatros estátuas de cupidos de bronze, sem desconfiar que num deles está escondido uma fortuna em dólares:
a filha LÍVIA (Débora Bloch), garota temperamental que, a princípio, tem vergonha do jeito despachado da mãe
o ex-marido SILAS (Paulo Goulart), que prosperou na vida com a ajuda da mulher mas não hesitou em trocá-la por uma moça bem mais jovem
a velhinha DONA MENA (Norma Geraldy), mulher solitária esquecida pela família, que Jordana ajuda em seus últimos dias. Ao morrer, deixa para ela tudo o que tinha: um casarão antigo e quatro cupidos de bronze. Ao descobrir que os cupidos escondem dólares, a família aparece para reclamar a herança
a empregada e amiga ODETE (Sônia Mamede).
– núcleo de VIEIRA (Gianfrancesco Guarnieri), padeiro português amigo de Jordana, apaixonado por ela, seu companheiro para as horas difíceis:
o filho adotivo JERÔNIMO, o JERO (Mário Gomes), mulherengo, apaixona-se por Lívia com quem vive um conturbado namoro
o funcionário da padaria JOVINO (Cosme dos Santos), amigo de Jero.
– núcleo de CARLA (Maitê Proença), moça interesseira e carreirista, amiga de colégio de Lívia, seduz Silas provocando o fim do casamento dele com Jordana:
os pais CELINHO (Ary Fontoura) e CACILDA (Suely Franco), gente boa, simples, vivem em função da filha sem desconfiar de seu real caráter
o antigo namorado ADRIANO (Carlos Augusto Strazzer), advogado, jovem de bom caráter ainda apaixonado por ela.
– núcleo de CARLITO MADUREIRA (Raul Cortez), sobrinho de Dona Mena, morava no exterior. Homem ardiloso e sedutor, volta para o Brasil ao saber da herança da tia. Envolve Jordana num jogo de sedução para se apoderar dos bens dela:
a ex-mulher BEATRIZ (Débora Duarte), mulher problemática, nunca superou a perda do marido, que a fez sofrer muito. Morre no decorrer da trama
a filha INGRID (Cássia Foureaux), garota de posições firmes, vive a questionar o pai
o primo ARNALDÃO ROMÃO (Ricardo Petráglia), um bandido perseguido pela polícia. Também está interessado na fortuna de Dona Mena.
– núcleo de LORETA PIRES DE CAMARGO (Rosamaria Murtinho), socialite afetada e falida. Prima de Carlito, sobrinha de Dona Mena, sempre ignorou a tia. Ao descobrir da existência da fortuna da velha, une-se a Carlito para juntos se apoderarem dos cupidos com dólares:
o marido ÁLVARO (Mauro Mendonça), homem de família quatrocentona que teve muito dinheiro no passado, mas está falido. O casal acaba se separando
o filho problemático DUDA (Ernesto Piccolo), rapaz extremamente tímido, dominado pela mãe, fica muito amigo da prima Ingrid, que o ajuda a superar suas fraquezas
a empregada JOANA (Chica Xavier), mãe de Jovino.
– núcleo de BADARÓ, codinome de LAFAIETE MADUREIRA (Carlos Vereza), outro sobrinho de Dona Mena, um fora-da-lei boa-praça que se mete em muitas confusões:
a namorada CLARITA CATITA (Lúcia Alves), telefonista romântica cujo maior sonho é casar-se de véu e grinalda. Fica balançada com a proposta de casar-se com um ricaço moribundo, mas para isso teria que abandonar o namorado
o velho moribundo ETEVALDO DE ALENCASTRO (Cláudio Corrêa e Castro), apaixonado por Clarita, lhe oferece a segurança de um casamento estável. Ao longo da trama, descobre-se que ele tem uma saúde de ferro
o secretário e amigo de Etevaldo, ZELITO (Roberto Azevedo).
– núcleo de ROSANA (Maria Zilda), cunhada e melhor amiga de Jordana. Engravida durante a trama:
o marido OSWALDO (Gracindo Jr.), irmão de Silas, sócio em seus negócios
a empregada MARIUCHA (Elizângela), moça sonsa e dissimulada que tenta seduzir o patrão, provocando a ira de Rosana
o filho pequeno VALDINHO (Egon Júnior).
– núcleo de FLÁVIA (Angelina Muniz), conhecida como a JACAROA DO PANTANAL, apelido dado por Lívia quando as duas disputam o amor de Jero. Vem do Mato-Grosso para morar e estudar no pensionato-escola de Jordana:
o pai NAVARRO (Dary Reis), um rico fazendeiro mato-grossense, apaixona-se por Odete, com quem se casa
a irmã tímida ELIANA (Cissa Guimarães), o oposto dela
o namorado do Mato-Grosso ZECA (Ney Sant´Anna), dispensado por ela, vem para São Paulo para reconquistá-la. É o alvo do amor platônico de Eliana.
– núcleo de AURÉLIA CREONTE (Renata Fronzi), alugava um apartamento num cortiço para Dona Mena. Italiana ardilosa, que corre atrás dos cupidos com dólares:
a parceira DONA ILSE (Leina Krespi), mulher insegura e medrosa, formando uma engraçada dupla com ela.
– núcleo de DÓRIS GUMM (Kate Lyra), professora de inglês no pensionato-escola de Jordana. Objeto de desejo de Duda, completamente apaixonado por ela. Mas Dóris é apaixonada por Badaró:
a amiga GUIDA RIVERA (Íris Bruzzi), com quem divide o apartamento. Foi uma vedete de sucesso no passado, ex-namorada de Álvaro que, por pressão familiar e social, desistiu de casar-se com ela. Agora falido, os dois voltam a ficar juntos.
Pastelão
Após substituir eficientemente Cassiano Gabus Mendes em Plumas e Paetês, Silvio de Abreu ganhou o aval para seguir adiante em um novo trabalho usando um estilo inédito para novelas das sete horas até então: a comédia pastelão inspirada nas chanchadas do cinema nacional. Para isso, contou com o apoio da direção de Roberto Talma e dos jovens estreantes em direção Guel Arraes e Jorge Fernando.
Vale lembrar que, anteriormente, outras novelas da faixa – Feijão Maravilha (1979) e Chega Mais (1980) – já haviam experimentado a chanchada ou o humor nonsense, porém sem grande repercussão.
A comédia foi aparecendo aos poucos em Jogo da Vida. A novela começou timidamente como mais um dramalhão: Silvio partiu de um argumento de Janete Clair. O humor foi sendo inserido gradativamente na trama, até que o folhetim terminasse em uma comédia rasgada. O sucesso permitiu ao autor voos maiores em seu trabalho seguinte, Guerra dos Sexos (1983), em que o pastelão esteve explícito desde o início.
Silvio de Abreu comentou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo):
“Em termos de comédia e inovação, Jogo da Vida é até mais importante do que Guerra dos Sexos. (…) Vi que se fizesse comédia rasgada de cara, o público iria fugir (…) Foi um grande acerto não começar a narrativa como comédia, apoiar a história de Janete nos elementos humanos que ela trazia e, depois da aceitação do público, ir colocando mais e mais componentes de comédia. (…) Quando o público já tinha aceitado bem a trama, lá pelo capítulo 50, começamos a botar as manguinhas de fora. (…) Jogo da Vida conquistou um novo público para o horário e colocou a comédia dentro da telenovela., mudando o que havia até então. “
A novela inovou em seu final, quando, em lugar de exibir a cena clássica do mocinho e mocinha se beijando, apresentou todo o elenco em um palco de teatro, agradecendo aos aplausos do público presente, como se saudasse a audiência da novela em casa.
Título
Em determinado momento da história, quase todos os personagens passaram a perseguir um cupido de bronze que continha dólares em seu interior, o que dava margem para situações hilárias. Essa trama é inspirada no romance satírico russo “As Doze Cadeiras”, de Ilya Ilf e Evgueny Petrov, que teve algumas versões para o cinema, inclusive no Brasil, pela Atlântida, em 1957, com Oscarito, Renata Fronzi, Zé Trindade, Zezé Macedo e outros.
Na sinopse original de Jogo da Vida, o dinheiro estaria escondido, em vez de em um cupido, em uma de quatro marquesas (cadeiras estofadas antigas). O primeiro título pensado para a novela era As Quatro Marquesas. Só depois trocou-se as marquesas por cupidos de bronze e a novela ganhou novo nome.
Sobre o título da novela, Silvio de Abreu narrou no livro “Teletema, a História da Música Popular através da Teledramaturgia Brasileira”, de Guilherme Bryan e Vincent Villari:
“A novela se chamava As Quatro Marquesas porque, na pré-sinopse que a Janete Clair fez, o dinheiro estava escondido nas marquesas, aquela espécie de sofá. Pensei, então, em fazer estátuas de santos, a novela ia se chamar Os Santos do Pau Oco, mas a igreja ia reclamar, a imagem de Nossa Senhora andando para lá e para cá. Vamos botar outra coisa, aí inventei os cupidos e ficou Os Quatro Cupidos, mas o Boni preferiu Jogo da Vida por causa da música [o tema de abertura ‘Vida Vida’] e assim ficou.”
Jogo de boliche foi o elemento de identificação da novela: justificava o título (Jogo da Vida), a animação da ótima abertura (em que uma bola de boliche perseguia os pinos, que tramavam contra ela), e as capas dos LPs com a trilha sonora. Também fez parte da ambientação: um dos cenários da trama era o Single’s Bar, em que havia uma pista de boliche.
Elenco
O destaque ficou com Gianfrancesco Guarnieri, vivendo Seu Vieira, um português amável, carismático e divertido.
Rosamaria Murtinho fez de sua Loreta uma vilã caricata e marcante, muito próxima das vilãs da Disney, porém, na dose certa de histrionismo.
A atriz Maria Zilda atuou grávida, de seu filho Raphael, com o diretor da novela Roberto Talma, seu marido na época. De acordo com a atriz, a última gravação da novela ocorreu em 23/04/1982 e Zilda deu à luz no dia seguinte, 24/04. Em decorrência da gravidez, sua personagem, Rosana, também engravidou, dando à luz dentro da trama nos últimos capítulos.
Em entrevista ao Projeto Memória Globo, a atriz Elizângela contou que o diretor Jorge Fernando criou um código para sua personagem Mariucha interagir com o telespectador. Ela trabalhava como doméstica na casa de Rosana (Maria Zilda) e Oswaldo (Gracindo Júnior) e queria conquistar o patrão. Toda vez que fazia algo provocante, piscava um olho para a câmera. (Site Memória Globo)
Este recurso – conhecido em dramaturgia como “quebra da quarta parede” – foi fartamente explorado na novela seguinte de Silvio de Abreu, também dirigida por Jorge Fernando e Guel Arraes, Guerra dos Sexos, em que praticamente todo o elenco interagiu com o público, falando diretamente à câmera – portanto quebrando a quarta parede.
Íris Bruzzi voltou a interpretar uma ex-vedete chamada Guida em uma novela posterior de Silvio de Abreu, 23 anos depois: Belíssima (2005-2006). Porém, eram personagens diferentes. Enquanto a Guida de Jogo da Vida se chamava Guida Rivera, a de Belíssima era Guida Guevara.
Primeira novela das atrizes Débora Bloch, Cássia Foureaux, Bia Seidl e Desirée Vignolli, e do ator Ernesto Piccolo.
Primeira novela inteira de Gianfrancesco Guarnieri na Globo (anteriormente ele havia feito uma pequena participação em Cabocla, em 1979).
Primeira novela da atriz Kate Lyra. Única novela da atriz e comediante Sônia Mamede.
Em fevereiro de 1982, a cantora britânica Olivia Newton-John, de passagem pelo Brasil, gravou uma participação especial na novela divulgando sua música “Physical”, cantando para o elenco no Single’s Bar, cenário da trama. Um grande hit daquele momento, a música, contudo, não fazia parte da trilha sonora da novela.
Escolha pela televisão
Jogo da Vida estreou em 26/10/1981, no mesmo dia da estreia nos cinemas do filme Mulher Objeto, escrito e dirigido por Silvio de Abreu, o seu último trabalho no cinema. O sucesso da novela o fez apostar na televisão e abandonar a carreira de cineasta. Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Silvio declarou:
“Fiquei numa encruzilhada: cinema ou novela? Infelizmente (…) todas as propostas para cinema que recebi eram para fazer o mesmo gênero do último filme (…) E eu não queria ficar só nisso. A televisão me proporcionava um leque maior de opções de criação. Poderia exercitar mais a minha imaginação (…) sem esquecer a grande paixão que tenho pelo melodrama e pelo policial. Além disso, teria uma produção e elenco melhores que no cinema, que, naquela época, sempre levava para um lado de sexo, o que limitava muito as opções. Então, terminando Jogo da Vida, optei por fazer um contrato mais longo com a TV Globo.”
Censura
A censura cortou algumas cenas, como a tentativa de roubo de uma casa pelo temido bandido Arnaldão Romão (Ricardo Petráglia), armado de metralhadora.
Locações e cenografia
As gravações externas foram feitas em grandes avenidas paulistanas, nos bairros do Ibirapuera, Bela Vista, Morumbi, no Largo do Arouche e outros pontos de São Paulo.
Entre os cenários criados por Raul Travassos e Mário Monteiro, destacaram-se o pensionato de Jordana (Glória Menezes), o cortiço onde viviam Dona Aurélia e Dona Mena (Renata Fronzi e Norma Geraldy) e o Single’s Bar de Silas (Paulo Goulart).
Montado em estúdio, o bar reuniu vários ambientes no mesmo espaço. No centro, um grande bar hexagonal, de madeira e couro, cercado por banquetas. As paredes iam somente até a altura do balcão, para permitir a livre movimentação das câmeras. Ao redor do bar estavam dispostas as mesas redondas e sofás. No fundo do cenário, ficava o palco onde eram feitos os shows de Guida Rivera (Íris Bruzzi). Do lado esquerdo do palco estava armado um boliche, com duas pistas de madeira, iluminadas por neons e um circuito de luzes que se alternavam piscando. Para completar, havia o camarim de Guida, com um grande espelho rodeado de spots, o hall de entrada com portas de vidro e um piano. (Site Memória Globo)
Reprise
Jogo da Vida foi reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo, de 08/07/1985 a 03/01/1986.
Trilha sonora nacional
01. ONDE A DOR NÃO TEM RAZÃO – Paulinho da Viola (tema de Silas)
02. VINHO ANTIGO – Biafra (tema de Vieira)
03. EU VELEJAVA EM VOCÊ – Zizi Possi (tema de Jordana)
04. DAQUILO QUE EU SEI – Ivan Lins (tema de Adriano)
05. A TARDE – Olívia Hime
06. LUA DE CETIM – Leila (tema de Clarita Catita)
07. VIDA VIDA – Ney Matogrosso (tema de abertura)
08. GATA TODO DIA – Marina (tema de Carla)
09. ALTO ASTRAL – A Cor do Som (tema de Lívia)
10. CORAÇÃO CIGANO – Wando (tema de Badaró)
11. CLAREAR – Roupa Nova (tema geral)
12. CAFÉ NA CAMA – Júnior e Mariana (tema de Rosana e Oswaldo)
13. GRANDE AMOR – Denise Emmer
14. A MAIS ANTIGA PROFISSÃO – Sílvio César
Sonoplastia: Antônio Faya
Seleção de repertório: Guto Graça Mello
Trilha sonora internacional
01. I BELIEVE IN LOVE – Nikka Costa (tema de Rosana)
02. SIGN OF TIMES – Bob James (tema de Mariucha)
03. YESTERDAY’S SONGS – Neil Diamond (tema de Jordana)
04. GIVE TO ME BABY – Rick James (tema de Jero)
05. MISTAKEN IDENTITY – Kim Carnes (tema de Lívia e Jero)
06. PIANO – Bruno Carezza (tema de Adriano e Carla)
07. GOSTAVA DE SER QUEM ERA – Amália Rodrigues (tema de Vieira)
08. DANCE THE NIGHT AWAY – Voggue (tema de locação)
09. I CAN’T GO FOR THAT (NO CAN DO) – Daryl Hall & John Oates (tema de locação)
10. THE OLD SONGS – Barry Manilow (tema de Silas)
11. GOODBYE – Patrick Hernandez (tema de Loreta)
12. TO MY HEART – Leo Robinson
13. MAGIC IN THE GROOVE – Voyage (tema de locação)
14. PATRICIA – Life Game Orquestra (tema de Carlito)
Ainda
VIOLET STEALS BODY – Charles Fox (tema de suspense)
Tema de abertura: VIDA VIDA – Ney Matogrosso
Mora pra lá do outro mundo
E as vezes até
Fora do alcance dos sentidos
Sendo que também é
Sensação de viver
Criação conhecer
Revoar nas asas da imaginação
Para muito além da imensidão
Vida vida que mais te quero ainda
Linda vida que mais te faço linda
Nos dá a fruta beleza que desfruta
Da riqueza de deuses de outro mar
Quero mais
Pá rá rá rá pá pá
Pá rá rá rá rá
Pá rá rá rá pá pá
Pá rá rá rá rá
Quero mais…
Novela anárquica quando ainda não era moda fazer novelas desse tipo. Era deliciosa!