Sinopse

Otávio e Charlô são primos que tiveram um romance na adolescência que não deu certo. Os dois se odeiam e há anos não alimentam o menor laço parentesco. Charlô leva uma vida de viagens e aventuras emocionantes. Em uma dessas viagens, recebeu um chamado para voltar ao Brasil, pois o tio Enrico, recém-falecido, a incluíra em seu testamento. Sua parte na herança consiste em uma mansão em São Paulo e a loja Charlô’s, com filiais em todo o Brasil, que ela terá que compartilhar com direitos iguais com Otávio.

O falecido sabia das diferenças entre os sobrinhos e, temendo por seu patrimônio após a sua morte, deixou explícito no testamento que os dois permanecessem juntos no comando dos negócios. Os atritos tornam essa convivência impossível. Charlô então propõe a Otávio uma aposta: se, em 100 dias, ela não elevar em 10% o lucro de uma filial das lojas, deverá abrir mão da sua parte. Do lado de Otávio está Felipe, filho adotivo de Charlô, formando uma dupla trapaceira capaz de tudo para vencer a aposta.

Charlô conta com o apoio de Vânia, seu braço direito na loja, e de Roberta, viúva do empresário Vitório Leone. Após a morte do marido, Roberta assumiu o comando da fábrica do casal, a Ravello Sports, fornecedora de roupas para a Charlô’s. Porém, Vitório estava envolvido em negócios escusos com Otávio e mantinha uma relação extraconjugal com a ardilosa Verusca, sua secretária. Sem escrúpulo algum, Verusca se alia a Otávio com o objetivo de falir a loja de Roberta e encontrar um diamante deixado por Vitório.

Declarada a guerra entre machistas e feministas, as mulheres unem forças para vencer a aposta. Uma regra as impede de se envolverem com homens durante esse período, para não se tornarem presas fáceis em suas mãos. Contudo, Carolina, sobrinha de Roberta, passa por amiga da tia e de Charlô, mas na verdade é aliada de Otávio. Interesseira, a garota envolve-se com Felipe, fazendo-o romper com Vânia, com quem ele mantinha um caso secreto. Vânia descobre as armações da rival e luta para desmascará-la ante Charlô e Roberta.

Enquanto isso, Roberta apaixona-se pelo motorista Nando, mais jovem, e enfrenta a oposição da família para conquistá-lo. Nando cede às investidas de Roberta, apesar de amar secretamente Juliana, filha de Felipe. Esta, por sua vez, rompe seu caso secreto com o fotógrafo Fábio e descobre-se apaixonada por Nando, que está de casamento marcado com Roberta. Do outro lado, Otávio e Felipe sabotam a equipe feminina com seduções baratas e, assim, derrotam as mulheres. Charlô, sabendo que fora vítima de trapaças, leva a disputa aos tribunais.

A esta altura, Otávio desaparece misteriosamente e entra em cena Dominguinhos, primo português de Charlô que ela julgava ser Otávio, devido à semelhança física entre os dois. Dominguinhos se apaixona pela prima, mas, rejeitado, volta a Portugal. Com o regresso de Otávio, Charlô dá como certas suas expectativas de que eles eram a mesma pessoa. Para surpresa de ambos, ao final, surgem Dominguinhos e a esposa Altamiranda, outra prima, a cara de Charlô, reclamando a parte da herança a que têm direito.

Novas brigas acontecem e os quatros, por fim, destroem a mansão deixada pelo tio falecido.

Globo – 19h
de 6 de junho de 1983
a 7 de janeiro de 1984
185 capítulos

novela de Sílvio de Abreu
colaboração de Carlos Lombardi
direção de Jorge Fernando e Guel Arraes
supervisão de Paulo Ubiratan

Novela anterior no horário
Final Feliz

Novela posterior
Transas e Caretas

FERNANDA MONTENEGRO – Charlô (Cumbuca – Charlote de Alcântara Pereira Barreto) / Altamiranda (Maria Altamiranda de Fátima Alcântara e Alcântara Alencastro e Azevedo)
PAULO AUTRAN – Otávio (Bimbo – Otávio de Alcântara Rodrigues e Silva) / Dominguinhos (Domingos Plácido de Alcântara Alencastro e Azevedo)
TARCÍSIO MEIRA – Felipe de Alcântara Pereira Barreto
GLÓRIA MENEZES – Roberta Leone
LUCÉLIA SANTOS – Carolina (Carolina Mangiacavallo Carneiro)
MÁRIO GOMES – Nando (Orlando Cardoso)
MAITÊ PROENÇA – Juliana de Alcântara Pereira Barreto
MARIA ZILDA – Vânia Trabuco de Moraes
ARY FONTOURA – Dino (Dinorá Carneiro)
YARA AMARAL – Nieta (Antonieta Mangiacavallo Carneiro)
HERSON CAPRI – Fábio Marino
JOSÉ MAYER – Ulisses da Silva
EDSON CELULARI – Zenon da Silva
CRISTINA PEREIRA – Frô (Afrodite Aparecida da Silva)
SÔNIA CLARA – Verusca
HÉLIO SOUTO – Nenê Gomalina
MARILU BUENO – Olívia
ÂNGELA FIGUEIREDO – Analu (Ana Luísa de Alcântara Pereira Barreto)
DIOGO VILELA – Kiko (Francisco Leone)
ADA CHASELIOV – Manuela Vasconcelos Marino
LEINA KRESPI – Dona Semíramis (Semíramis da Silva)
HELENA RAMOS – Lucilene
TEREZINHA SODRÉ – Leda Macedo Burle
PAULO CÉSAR GRANDE – Ronaldo Santana
LYS BELTRÃO – Dalete
FERNANDO JOSÉ – Montanha Duncrezio (Dioclécio)
WILSON GREY – Ismael
KIKA BORJA – Heleninha
BETH WAIMBERG – Divina

a menina TATIANA ISSA – Ciça (Maria Cecília Marino)

e
AFRÂNIO GAMA – policial que prende Ronaldo e Leda por atentado ao pudor
ALCIONE MAZZEO – Arlene (amiga de Juliana, dos tempos do Colégio Dante Alighieri)
ALEXANDRE MARQUES – cliente tímido atendido por Vânia na Charlô’s
ALFREDO MARTINS – amigo que Felipe encontra em um restaurante quando está com Carolina
ÁLVARO AGUIAR – Oscar Moreira Setúbal (banqueiro com quem Roberta janta com Nando)
ANTÔNIO VIANA – do corpo de diretores da Ravello
ARACY BALABANIAN – Greta (uma das ex-mulheres de Felipe)
BEATRIZ LYRA – Gertrudes (mulher do banqueiro Oscar Moreira Setúbal, no jantar com Roberta e Nando)
BERTA LORAN – Souza (da dupla Souza & Souza, os auditores que apuram o resultado da aposta)
CAMILO BEVILACQUA – Wanderley Salivas (sócio de Rose na agência de publicidade que pretendia contratar Nando para uma campanha)
CARLOS ACCIOLY – do corpo de diretores da Ravello
CARLOS KROEBER – Moshe (Moisés Maurício, amigo de Vitório e Otávio, de quem Vitório comprou o diamante)
CARLOS VEREZA – Rodrigo Ramirez (empresário do boxe a quem Nenê apresenta Ulisses)
CARLOS ZARA – Vitório Leone (marido de Roberta, morre no primeiro capítulo)
CATALINA BONAKI – velhinha chefe de uma quadrilha que assalta Roberta e Nando no Rio de Janeiro
CHAGUINHA – Agenor (operário da Ravello mancomunado com Verusca para sabotar a empresa)
CHICO TENREIRO – padre perdido na selva com uma criança, salvo por Charlô, no início
CLÁUDIO GAYA – Dr. Fernando (advogado de Roberta) / o Diabo (quando Vitório e Verusca se encontram no inferno, no último capítulo)
EDILÁSIO JÚNIOR – funcionário do hotel no Rio de Janeiro onde se hospedam Felipe e Carolina, Roberta e Nando
EDWIGES GAMA – da agência de publicidade, escolhe uma modelo nas fotos de Fábio
EDYR DE CASTRO – uma paquera de Felipe
ELIANA ARAÚJO – funcionária da Ravello
ELIANA FONSECA – cliente que destrata Carolina na Charlô’s, quando ela é vendedora
ELIANA OVALLE – modelo fotografada por Fábio quando Roberta leva Nando para um teste
ELIEZER MOTTA – Luigi (alfaiate de Otávio)
EMA D’AVILA – Dona Dedé (cartomante procurada por Manuela)
EVA WILMA – Bette (uma das ex-mulheres de Felipe)
FELIPE CARONE – Vitorino Pimenta (empresário do boxe a quem Nenê apresenta Ulisses)
FLÁVIO SÃO TIAGO – policial que investiga o suposto rapto de Analu por Nando, no início
FRANCISCO DANTAS – juiz no julgamento de Carolina, pela sabotagem do desfile
FRANCISCO SILVA – vendedor de quem Nando rouba cachorros-quentes na praia, no Rio de Janeiro
FREDMAN RIBEIRO – um dos policiais no camburão que dão carona a Nando e Roberta no Rio de Janeiro
HAYLTON FARIAS – advogado de Nando e Juliana na audiência de divórcio
HÉLIO RIBEIRO – recepcionista do hotel no Rio de Janeiro onde se hospedam Felipe e Carolina, Roberta e Nando
ILVA NIÑO – mulher cujo filho Charlô resgatou da selva, no início
IRENE RAVACHE – Bárbara (uma das ex-mulheres de Felipe)
ÍRIS BUZZI – organizadora da festa hollywoodiana que Charlô promove em homenagem a Roberta
ÍSIS DE OLIVEIRA – loura com quem Zenon partiu no trem para o Rio de Janeiro, nas lembranças de Carolina
IVAN CORREIA – funcionário da loja Charlô’s
JACQUELINE LAURENCE – Mireille Darrieux (caso de Otávio do passado, com quem Charlô pretendia firmar um negócio, mas foi enganada por Otávio)
JAYME PERIARD – Gera (funcionário da loja Charlô’s)
JOÃO REIS – do corpo de diretores da Ravello
JOÃO VIEITAS – taxista que faz uma corrida para Nando, que procura Otávio quando ele desaparece
JONAS TORRES – Steve (garoto gringo de quem Nando pretende roubar 1 dólar, no Rio de Janeiro)
JORGE FERNANDO – guarda: no zoológico, repreendendo Felipe e Natália; na Bienal, repreendendo Charlô e Dominguinhos; e no prédio, dando acesso ao heliporto
JOSÉ STEIMBERG – Fritz (prepara o jantar com violinos que Felipe oferece a Roberta no seu apartamento)
KEN KANECO – do casal de japoneses turistas no táxi que Nando toma para perseguir Verusca
KLEBER DRABLE – juiz na audiência de divórcio de Nando e Juliana
KHRISTEL BYANCCO – modelo fotografada por Fábio, no penúltimo capítulo
LÍLIAN LEMMERTZ – Walkíria (ex-amante de Zenon que dispensa-o)
LUIZ ORLANDO – Celso (rapaz com quem Juliana sai, tenta agarrá-la no carro)
LYDIA OKUMURA como ela mesma, entre os artistas plásticos com Charlô na 17ª Bienal de São Paulo
MÁRCIA COUTO – funcionária da loja Charlô’s
MARCO MIRANDA – contador da Charlô’s que analisa os prejuízos com o vazamento de água na loja
MARCUS ALVISI – Navalha (bandido contratado por Nenê para raptar Nando)
MARCUS VINÍCIUS – carregador de caixas na loja Charlô’s, colega de trabalho de Ulisses
MARIA CRISTINA NUNES – Rose Salivas (sócia de Wanderley na agência de publicidade que pretendia contratar Nando para uma campanha)
MÁRIO LAGO – juiz no julgamento do recurso que Charlô interpôs após perder a aposta
MARISA BELÉM – funcionária da loja Charlô’s
MELISSE MAIA – funcionária da loja Charlô’s
MILTON CARNEIRO – Souza (da dupla Souza & Souza, os auditores que apuram o resultado da aposta)
MOACYR PRINNA – do corpo de diretores da Ravello
MÔNICA TORRES – paquera de Felipe na boate, ele acaba bêbado e ela se enche dele
MONIQUE ALVES – Ana Luísa (amiga de Juliana, dos tempos do Colégio Dante Alighieri)
MONIQUE EVANS – modelo fotografada por Fábio
NÉLIA PAULA – Ludmila Petrovna (professora de balé que ensina Nando a desfilar)
NELSON DANTAS – advogado de Felipe e Otávio no julgamento do recurso de Charlô após perder a aposta
NEY GALVÃO como ele mesmo, desenha os modelos do desfile promovido por Charlô na loja
NICA BONFIM – Lucila (falsa motorista contratada por Charlô para a vaga de Nando quando ele é demitido)
NILDO PARENTE – tabelião que lê o testamento de Tio Enrico e lavra os acordos entre Charlô e Otávio
ORION XIMENES – Valtinho (vendedor da concessionária, vende um carro para Nando)
OSWALDO LOUREIRO – Joca (ex-marido de Charlô que vai atrás dela na Amazônia, no início)
PATRÍCIA LOBO – funcionária da loja Charlô’s
PAULETTE (PAULO BACELLAR) – em um comercial da Pool assistido por Roberta
PEDRO CASSADOR – Pedro (manobrista do estacionamento do shopping center)
PEDRO ROCHA – operário paraibano na enfermaria, quando Charlô cai do Minhocão e vai para o hospital
REGINA CASÉ – Carlotinha Bimbati (amiga fofoqueira de Frô, nova chefe de Dalete na lanchonete, no último capítulo)
REGINA DUARTE – Alma (terceira mulher do Bigode Preto, enviada de Otávio para irritar e amedrontar Charlô, enquanto ele estava desaparecido)
REJANE GOULART como ela mesma, entre as modelos no desfile da Ravello
RENATA SORRAH – Blanche (primeira mulher do Bigode Preto, enviada de Otávio para irritar e amedrontar Charlô, enquanto ele estava desaparecido)
RENÉE DE VIELMOND – Dolores (uma das ex-mulheres de Felipe)
RICARDO FRÓES – oficial de Justiça que entrega intimações a Roberta e Charlô
ROBERTO LEE – titular da delegacia para onde são levados Ronaldo e Leda, por atentado ao pudor
ROBERTO MARCONI – Zezinho (office-boy no escritório da Charlô’s)
ROSITA TOMAZ LOPES – Florisa Verute (advogada de Charlô no julgamento do recurso após perder a aposta)
RUBEM DE BEM – funcionário da loja Charlô’s
SIMON KHOURY – Giocondo Salgado (amigo de Otávio mancomunado com ele para que Roberta assine um contrato falso)
SUELY FRANCO – Alessandra do Lago (segunda mulher do Bigode Preto, enviada de Otávio para irritar e amedrontar Charlô, enquanto ele estava desaparecido)
SUSANA VIEIRA – Marlene (uma das ex-mulheres de Felipe)
TÂNIA SCHER – Marivalda (amiga de Nenê, paga para beijar Nando na praia enquanto ele fotografa os dois)
VANESSA ALVES – massagista, com Fábio e Felipe, no início
VERA GIMENEZ – Natália (uma paquera de Felipe)
WALDIR SANTANNA – Arimatéia Torquato da Silva (delegado que prende o pessoal da vila após uma confusão)
ZEZÉ MACEDO – mulher que pensa que Felipe está flertando com ela no restaurante
Benevides (zelador do prédio onde Felipe mora, avisa Otávio que há uma mulher na varanda do apartamento)
Maria (empregada de Moisés)

– núcleo dos primos CHARLÔ (Fernanda Montenegro) e OTÁVIO (Paulo Autran), que tiveram um romance na adolescência que não deu certo. Hoje se odeiam. Feminista e combativa, Charlô é liberal e tem espírito aventureiro. Machista convicto, Otávio, ao contrário, é moralista e abomina os modernismos da prima, que considera sua rival. Ele tenta provar sua superioridade sobre ela e os dois vivem em pé de guerra, implicando um com o outro com seus apelidos, CUMBUCA e BIMBO. A herança de um tio milionário os obriga a viverem juntos, em uma mansão, e a administrarem a cadeia de lojas da família, a Charlô’s. Os atritos tornam essa convivência impossível. Charlô então propõe a Otávio uma aposta: se, em cem dias, ela não elevar em 10% o lucro de uma filial das lojas, deverá abrir mão da sua parte. Com seu staff feminino, Charlô precisa transpor todas as barreiras, armadilhas, sabotagens e trapaças criadas pelo primo para vencer a aposta:
o filho adotivo de Charlô, FELIPE (Tarcísio Meira), braço direito de Otávio e seu aliado na guerra contra a mãe. Machista, teimoso, instável, egoísta, trapalhão, birrento e cheio de manias, casou-se seis vezes. É um ás da matemática e coleciona aviões de brinquedo
as filhas de Felipe: JULIANA (Maitê Proença), a mais velha. Coordena a chefia dos departamentos das lojas Charlô’s. Profissional competente, adora o pai, mas seus valores são antagônicos. Romântica e discreta, vive um romance secreto, mas a relação está desgastada porque o rapaz é casado,
e ANALU (Ângela Figueiredo), a mais nova. Voluntariosa, mimada, geniosa e inconsequente, só faz o que quer. No início da trama, abandona o noivo durante a cerimônia de casamento e foge com o motorista da família
as aliadas de Charlô (além de Juliana): VÂNIA (Maria Zilda), mulher inteligente e atraente, é executiva na Charlô’s. Tem um caso secreto com Felipe, mas teme ser descoberta por Charlô, com quem as mulheres travaram o pacto de não se envolverem com homens da empresa para não se tornarem presas fáceis em suas trapaças. Otávio descobre o segredo e passa a chantageá-la,
e LEDA (Terezinha Sodré), veio transferida da filial mineira da Charlô’s para fortalecer a sua equipe. Feminista convicta e uma chefe durona
o aliado de Otávio (além de Felipe), RONALDO (Paulo César Grande), ex-namorado de Juliana, dos tempos da faculdade. Veio transferido da filial paranaense. Vive às turras com Leda, que não o suporta, mas na verdade eles tentam esconder a forte atração que sentem um pelo outro
o motorista de Otávio, NANDO (Mário Gomes), ex-estivador que veio de Santos para tentar a vida em São Paulo. Um tipo bonitão e atlético, mas um tanto ingênuo, bronco, atrapalhado e azarado. No início da trama, é envolvido por Analu em uma confusão e ela fica perdidamente apaixonada por ele, passando a persegui-lo. Ele, por sua vez, ama Juliana. Os dois se casam, mas o casamento fracassa. É alvo constante da ira de Felipe, que o acusa de ter seduzido suas duas filhas
e empregada OLÍVIA (Marilu Bueno), fiel escudeira de Charlô. Precisa lidar diariamente com as brigas dos patrões
o chefe da segurança da mansão ISMAEL (Wilson Grey), tem uma queda por Olívia
os primos portugueses DOMINGUINHOS (Paulo Autran) e ALTAMIRANDA (Fernanda Montenegro), fisicamente idênticos a Otávio e Charlô. No final da trama, os dois vêm ao Brasil reclamar suas partes na herança.

– núcleo de ROBERTA LEONE (Glória Menezes), amiga de Charlô. Mulher de fibra e temperamento forte. De origem humilde, casou-se com um industrial em ascensão. Fica viúva no início da trama e enfrenta uma série de problemas para assumir o controle da fábrica de confecções do marido, a Ravello Sports, que fornece roupas esportivas com exclusividade para as lojas Charlô’s. Fica do lado de Charlô contra as armações de Otávio e Felipe, de quem se torna inimiga mortal. Inebriada pela tatuagem que Nando tem em seu peito, pelo seu porte atlético e jeitão autêntico, apaixona-se por ele e faz de tudo para conquistá-lo:
o marido VITÓRIO LEONE (Carlos Zara, participação), carcamano que ascendeu com sua tecelagem, a Ravello Sports. Mantinha um caso com a secretária e negócios escusos com Otávio – o que só é descoberto pela mulher após a sua morte
o filho KIKO (Diogo Vilela), nerd, espécie de aprendiz de cientista maluco, vive fazendo experiências em seu laboratório. Foi abandonado pela noiva Analu. Odeia Nando por achar que ele raptou Analu no dia de seu casamento e pela relação dele com sua mãe
a secretária da Ravello VERUSCA (Sônia Clara), falsa amiga de Roberta, mulher ardilosa com quem Vitório mantinha um caso. Une-se a Otávio para sabotar a Ravello
a empregada DIVINA (Beth Waimberg).

– núcleo de CAROLINA (Lucélia Santos), sobrinha de Roberta. Parece um anjo, muito solícita e com um aspecto frágil que desperta ternura. É, na realidade, perigosa e dissimulada. Odeia a vida simples e difícil que leva com os pais na vila pobre na Moóca e está disposta a ascender socialmente a qualquer preço, passando por cima de quem quer que seja para alcançar seus objetivos. Consegue um emprego como vendedora na Charlô’s e logo rouba a vaga de secretária da diretoria. Descobre segredos de gente poderosa e usa o que sabe a seu favor. Alia-se a Otávio e Felipe contra Charlô e a tia Roberta. Acaba envolvendo-se com Felipe:
os pais: DINORÁ, o DINO (Ary Fontoura), chefe de contabilidade na Ravello, braço direito de Roberta, por quem foi apaixonado na juventude, mas conformou-se em casar com a irmã dela. Honesto e extremamente calmo, é submisso à mulher,
e NIETA (Yara Amaral), irmã de Roberta, de quem sente inveja por ela ser rica e bem sucedida. Para ajudar no orçamento doméstico, vende canudinhos de coco na feira. Exagerada, falastrona, fofoqueira e tragicômica, é uma dona de casa abnegada e sem vaidade, que vive reclamando da vida dura e do marido, que ganha pouco na firma da irmã. Adora a filha e acha que ela é um anjo de candura
o tio NENÊ GOMALINA (Hélio Souto), irmão de Nieta e Roberta. Malandro e boa-vida, é o protegido de Nieta, que o enche de mimos e o defende de Dino, que não o suporta. Vive de pequenos golpes e de contrabando, que esconde em pacotes na casa da irmã ou na vizinhança. Conta vantagens sobre seu porte físico e sobre sua juventude, do quanto foi belo e disputado. Alia-se a Verusca em suas armações
a amiga LUCILENE (Helena Ramos), inquilina em sua casa, é secretária da diretoria da Charlô’s. Veio do interior para tentar a vida em São Paulo. Bonita, mas ingênua. No início não percebe a falsidade de Carolina.

– núcleo de ULISSES (José Mayer), vizinho de Carolina, melhor amigo de Nando, que mora em sua casa. Rapaz correto, honesto e responsável. Trabalha como carregador na Charlô’s e é lutador de boxe. Sonha em ser um campeão, apesar de ter ciência de que está no limite que sua idade permite. Namorava Carolina no início, por quem era apaixonado, mas ela não o amava. Acaba envolvendo-se com Lucilene, que sempre o amou em segredo. Com o patrocínio de Charlô, realiza o sonho de ser um campeão dos ringues:
os irmãos: ZENON (Edson Celulari), mau-caráter que namorou Carolina no passado, mas a abandonou e partiu para o Rio de Janeiro para tentar a vida. O seu retorno a São Paulo balança Carolina, que ainda o ama, mas tenta sufocar esse amor. Mas ele só pensa em usá-la para se dar bem. Joga seu charme sobre Charlô, por interesse,
e AFRODITE, a FRÔ (Cristina Pereira), garota feiosa e metida que se acha irresistivelmente bela e que todos os homens a desejam. Trabalha na lanchonete da Charlô’s e seu passatempo preferido é a fofoca
a tia SEMÍRAMIS (Leina Krespi), maternal, cuida dos sobrinhos desde que eles eram crianças, quando ficaram órfãos. Professora primária, solteirona, tímida e desajeitada, é muito reprimida. Torna-se presa fácil na lábia de Nenê Gomalina
o treinador MONTANHA (Fernando José), sempre empenhado em conseguir lutas para ele
a colega de Frô, DALETE (Lys Beltrão), com quem trabalha na lanchonete da Charlô’s.

– núcleo de FÁBIO (Herson Capri), fotógrafo de moda, trabalha nas campanhas das lojas Charlô’s. Melhor amigo de Felipe, que nem desconfia que ele tem um caso secreto com sua filha Juliana. É casado, mas não suporta mais a convivência com a mulher. Não se separa por causa da filha pequena e essa situação mina seu envolvimento com Juliana:
a mulher MANUELA (Ada Chaseliov), neurótica e ciumenta. Acha que o marido dá bola para qualquer mulher. De família rica do interior de São Paulo, conclui que ele casou-se consigo para dar o golpe do baú. Bebe além da conta e perde a cabeça quando fica nervosa. Persegue o marido para tentar descobrir seus supostos casos extraconjugais. Após uma crise de ciúmes, morre em um acidente de carro
a filha pequena CIÇA (Tatiana Issa), tem adoração pelo pai
a secretária em seu estúdio HELENINHA (Kika Borja).

Grande Espetáculo

Deliciosa comédia de Sílvio de Abreu, com direito a sequências do mais puro pastelão. A cena do café da manhã em que Fernanda Montenegro e Paulo Autran jogam comida um no outro (exibida no capítulo 10, em 16/06/1983) tornou-se uma das mais icônicas da história da nossa televisão.

A harmonia entre autor, direção e elenco propiciou um grande espetáculo. Silvio de Abreu conduziu a novela sem perder o fôlego em uma cadência de situações impagáveis e empolgantes. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

Com esta novela, o autor firmou seu estilo de comédia escrachada, perpetuado em outros trabalhos, em que a inspiração vinha das chanchadas nacionais e dos clássicos do cinema americano (especialmente das comédias dos anos 1930).
Com direção de Jorge Fernando e Guel Arraes, Guerra dos Sexos revolucionou o humor na TV brasileira e serviu de embrião para Arraes comandar programas como Armação Ilimitada (1985) e TV Pirata (1988).

Guerra dos Sexos foi o grande sucesso da televisão no ano de 1983. A novela recebeu diversos prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA): melhor novela, melhor texto (Silvio de Abreu), melhor direção (Jorge Fernando e Guel Arraes), melhores atores (Paulo Autran e Mário Gomes, juntamente com Stênio Garcia pela minissérie Bandidos da Falange) e melhores atrizes (Fernanda Montenegro e Yara Amaral).
Também foi premiada com o Troféu Imprensa: melhores novela, ator (Paulo Autran) e atriz (Fernanda Montenegro).

A novela também fez sucesso no exterior, tendo sido vendida para países como Bolívia, Canadá, Chile, Equador, Espanha, Estados Unidos, Itália, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela (site Memória Globo). Uma cena de Guerra dos Sexos foi incluída no filme italiano Estamos Todos Bem, de Giuseppe Tornatore, lançado em 1990.

Pastelão

Silvio de Abreu comentou em entrevista sobre o humor em sua novela:
Guerra dos Sexos não era uma comédia elegante, era uma chanchada, um pastelão, que se tornou importante na televisão numa época em que o importante era fazer novela política, com grandes sagas históricas. Na medida em que você coloca atores da grandeza de um Paulo Autran e uma Fernanda Montenegro levando torta na cara, levar torta na cara passa a ser uma coisa importante e possível na telenovela, mesmo que, a princípio, isso espante todo mundo.”

E sobre a inspiração para a história:
“A trama da novela me veio da discussão sobre machismo e feminismo, com aquelas posições radicais e ridículas. Eu quis mostrar exatamente o ridículo da coisa. A novela era mais a favor do feminismo porque, na ocasião, era a parte mais fraca. Mas ela propunha um entendimento, já que todos têm que conviver para a sobrevivência da humanidade.”

O autor reconheceu que foi arriscado apostar em uma novela embasada unicamente na comédia, sem uma linha dramática central forte. Silvio de Abreu explicou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:
“Não era como em Jogo da Vida [sua novela anterior], em que a história da mulher madura abandonada pelo marido tinha apelo para as donas de casa. Em Guerra dos Sexos, tinha um bando de gente louca brigando por uma posição profissional. (…) Primeiro eu achava que poderia assustar a audiência, mas imaginei que, se eu tivesse o aval de atores importantes, que o público respeitasse e de quem gostasse, ele iria digerir tudo melhor. Então convidei Fernanda Montenegro, que adorou a ideia (…) e Paulo Autran, que jamais havia trabalhado com a Fernanda. (…) Falei com Glória Menezes, com quem já tinha trabalhado em Jogo da Vida, e com Tarcísio Meira, que também toparam. Pensei: ‘Os maiores mitos do teatro reunidos com os maiores mitos da televisão. Vou ter o aval do público.’
Não foi tão fácil assim (…) a princípio, houve uma estranheza do público e da própria emissora. Tudo que se fazia em Guerra dos Sexos era muito novo (…) Mas o tempo foi nosso aliado e, em poucas semanas, conquistamos o sucesso.”
.

A narrativa da novela subvertia a linguagem tradicional ao colocar os personagens interagindo com o telespectador, olhando para a câmera e dialogando com o público – recurso conhecido em dramaturgia como “quebra da quarta parede”. Silvio de Abreu já o usara, ainda que timidamente, em sua novela anterior, Jogo da Vida (1981-1982).

Inspiração no cinema

O clima de Guerra dos Sexos era assumidamente inspirado no cinema clássico americano, com muitas referências em filmes, como Levada da Breca (1938), A Esquina do Pecado (1941), A Malvada (1950), Tudo que o Céu Permite (1955), Confidências à Meia-Noite (1959) e outros.

No decorrer da história, Charlô dá uma festa hollywoodiana (exibida nos capítulos 59 e 60, em 12 e 13/08/1983) em que vários personagens se fantasiam de personalidades famosas do cinema, como Theda Bara (Charlô/Fernanda Montenegro), Rodolfo Valentino (Otávio/Paulo Autran), Doris Day (Roberta/Glória Menezes), Jean Harlow (Vânia/Maria Zilda), Rita Hayworth (Juliana/Maitê Proença), Marilyn Monroe (Analu/Ângela Figueiredo), Elvis Presley (Kiko/Diogo Vilela), O Gordo (Olívia/Marilu Bueno) e o Magro (Ismael/Wilson Grey), e outros.

Outro momento marcante, e que envolve o cinema, é a participação (nos capítulos 24 e 25, exibidos em 03 e 04/07/1983) das cinco ex-mulheres de Felipe (Tarcísio Meira), vividas por grandes estrelas da nossa TV, com nomes de famosas atrizes de Hollywood: Aracy Balabanian como Greta (Garbo), Eva Wilma como Bette (Davis), Irene Ravache como Barbara (Stanwyck), Renée de Vielmond como Dolores (Del Rio) e Susana Vieira como Marlene (Dietrich).

A inspiração no cinema não se restringia apenas às cenas ou citações, mas também estava na trilha incidental. Eram ouvidos temas musicais de filmes como E o Vento Levou… (1939), Os Homens Preferem as Loiras (1953), Um Corpo que Cai (1958), Psicose (1960), A Pantera Cor-de-Rosa (1963), Love Story (1970), Laranja Mecânica (1972), Rocky, um Lutador (1976), Alta Ansiedade (1977), Superman (1978), Como Eliminar Seu Chefe (1980), Os Caçadores da Arca Perdida (1981) e O Retorno de Jedi (1983) entre outros. Também temas musicais dos seriados Missão Impossível (1966-1973) e Batman (1966-1968).

Para deixar claras as suas referências, Silvio de Abreu queria que a trilha internacional da novela fosse uma coletânea desses temas clássicos do cinema. Não foi, porém, atendido: o disco foi mais uma coletânea de sucessos da rádio FM. (“Teletema, a História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”, Guilherme Bryan e Vincent Villari)

Referências em outras novelas

O tom de comédia nonsense e cinismo era geral. No capítulo 180 (de 31/12/1983), a vilã Verusca (Sônia Clara), em uma sequência de perseguição, dá um rodopio e se transforma… na Mulher Maravilha!

No capítulo 140 (de 15/11/1983), Nieta (Yara Amaral) diz que acha Felipe (Tarcísio Meira) parecido com o ator Francisco Cuoco, e Dona Semíramis (Leina Krespi) afirma que ele parece mais com o ator que viveu Juca Pitanga (personagem de Tarcísio na novela Coração Alado). Nieta concorda e complementa: “Aquele que é casado com Glória Menezes!” (que também estava no elenco de Guerra dos Sexos).

Nieta era uma noveleira de carteirinha. A personagem citou várias novelas no decorrer da trama, como a estreia, na época, de Eu Prometo, de Janete Clair (no capítulo 91, em 19/09/1983). Nessa cena, Otávio visita Nieta e ela o convida a assistir à novela. Pergunta se ele gosta das tramas da Janete Clair e ele responde que até se lembrava de um personagem italiano que costumava ter um saco de gelo na cabeça e que tomava banho de touca. Nieta lembra logo: “É o Baldaracci de Pai Herói!”, interpretado pelo próprio Paulo Autran.

Em uma de suas armações, Nieta busca inspiração e cita um plano arquitetado por Renata Dumont, a personagem vilã de Tereza Rachel na novela das oito da época, Louco Amor. Querendo separar Roberta de Nando (Mário Gomes), Nieta põe uma mulher a fingir que está se afogando na praia, para que Nando faça respiração boca a boca, enquanto fotos comprometedoras eram tiradas (capítulo 71, em 26/08/1983). Porém, o rolo de filme fica estragado e nenhuma foto é aproveitada.

A nova novela das oito, Champagne, também foi anunciada por Nieta (no capítulo 128, em 01/11/1983): “do Cassiano Gabus Mendes, aquele que escreveu um montão de novela das sete! (…) Não quero perder, ainda mais essa, com aqueles artistão tão bonito, aquela Irene Ravache, o tal do Fagundes, aquele Nuno Leal Maia. E o Tony, que a gente quer botar no colo e ninar como filho da gente!” – uma referência à própria Yara Amaral, que, em seu último trabalho, na novela Sol de Verão, viveu a mãe do personagem de Tony Ramos.

A novela Elas por Elas, de Cassiano Gabus Mendes, foi referenciada no capítulo 103 (em 03/10/1983). Otávio liga para um tal Cassiano pedindo indicação de um detetive, já que ele “entende muito do assunto”. Cassiano indica um chamado Luis Gustavo, o Tatá. Cassiano era Gabus Mendes, autor de Elas por Elas, na qual o protagonista era o detetive Mário Fofoca, vivido pelo ator Luis Gustavo, conhecido como Tatá.
Mário Fofoca foi também citado no capítulo 29 (em 08/07/1983), por Nieta, que ainda falou dos personagens Wanda e Átila, de Elas por Elas.

No capítulo 10 (em 16/06/1983), Nieta comenta, enquanto assiste pela TV, cenas de Plumas e Paetês, escrita por Cassiano e Silvio de Abreu, que estava sendo reprisada no Vale a Pena Ver de Novo na ocasião.

Jogo da Vida, novela anterior de Silvio, também foi citada (no capítulo 95, em 23/09/1983), ainda que indiretamente. Em uma cena com Nando (Mário Gomes), Charlô lhe diz que conheceu um padeiro, seu Vieira, cujo filho era bonito, bem parecido com ele. Ela referia-se ao personagem Jerônimo, interpretado pelo próprio Mário Gomes em Jogo da Vida. Seu Vieira era o personagem de Gianfrancesco Guarnieri nesta novela.

Elenco

Fernanda Montenegro e Paulo Autran foram as grandes atrações – “Pela primeira vez juntos”, como foi destacado nos créditos da abertura da novela.

Também Tarcísio Meira e Glória Menezes (Felipe e Roberta), contracenando, a princípio como inimigos, e não como casal romântico como o público estava acostumado a ver. O Felipe de Tarcísio Meira era um tipo infantil, bobalhão, e, pela primeira vez em uma novela, o público viu o ator em um papel cômico. Uma das sequências mais lembradas de Guerra dos Sexos é a que Tarcísio tira as roupas e passeia de cueca pelo shopping center (no capítulo 71, exibido em 26/08/1983).

Primeira novela dos atores José Mayer, Ângela Figueiredo e Tatiana Issa (com 9 anos na época). Estreia do ator Paulo César Grande na Globo.

Frô, a feiosa funcionária da lanchonete que se achava irresistível (vivida por Cristina Pereira), passou a novela inteira citando uma amiga, Carlotinha Bimbati, muito fofoqueira. A personagem finalmente apareceu no último capítulo, em uma participação especial de Regina Casé. Em 1998, em sua novela Torre de Babel, Silvio de Abreu ressuscitou Carlotinha Bimbati em uma nova participação, dessa vez vivida por Nair Bello.

Afastamento de Paulo Autran

Em outubro de 1983, Paulo Autran foi obrigado a cessar as gravações pois foi hospitalizado para colocar 4 pontes de safena. O ator deixou de aparecer a partir do capítulo 106, exibido em 06/10/1983.
“Tinha de encontrar uma saída para justificar a futura e irremediável ausência de Paulo Autran; além da sua importância, qualidade e carisma de ator, Bimbo, seu personagem, fazia enorme sucesso e era o esteio do principal conflito da novela”, afirmou Silvio de Abreu a Vilmar Ledesma, para o livro “Silvio de Abreu, um Homem de Sorte”.

Para contornar a situação, o autor criou um falso sequestro do personagem.
“Nas entrevistas, eu dizia que, dali a 40 capítulos, Bimbo estaria de volta. Era um chute, não existia a menor garantia de que isso fosse acontecer. E Paulo Autran voltou dali a 41 capítulos, parecia mágica. O sequestro inventado para explicar a ausência do personagem deu um novo gás para Guerra dos Sexos com os bilhetinhos e sabotagens que Bimbo aprontava, de longe, para confundir Charlô, e possibilitou a entrada de novos personagens, novas tramas, novas confusões, mais comédia.”

O regresso de Paulo Autran à novela (no capítulo 148, em 24/11/1983) fez aparecer um novo personagem: Dominguinhos, um primo português de Charlô, idêntico a Otávio. No último capítulo foi a vez de Fernanda Montenegro (a Charlô) representar uma portuguesa: a prima Altamiranda, mulher de Dominguinhos.

Censura

A Censura Federal impôs mudanças em personagens, diálogos e cenas consideradas “imorais”. Silvio de Abreu ia frequentemente a Brasília discutir os cortes com os censores. Logo no início, implicaram com o romance entre Juliana e Fábio (Maitê Proença e Herson Capri), que era casado com Manuela (Ada Chaseliov). Adultério era terminantemente proibido. A solução do autor foi sumir por um tempo com Manuela, dada como morta.

Outra personagem vigiada pela Censura Federal foi Vânia (Maria Zilda), pelo fato de ela ser emancipada demais. Os censores não viam com bons olhos uma mulher que quisesse transar sem casar. Com o decorrer da novela, o autor foi conseguindo impor o seu ponto de vista.

Um personagem com quem, curiosamente, os censores não se acertavam era Kiko (Diogo Vilela), considerado um mau exemplo para os jovens, por ele gostar de explodir bombas.

Outra ocorrência curiosa aconteceu no capítulo 64 (exibido em 18/08/1983), quando Frô (Cristina Pereira) vai parar em um cabaré, o Peru Vermelho. Todas as falas em que o nome do cabaré era citado foram cortadas. Porém, em uma cena com Frô, aparece escrito em um cartaz, atrás dela: Peru Vermelho.

Locações

Ambientada em São Paulo, Guerra dos Sexos tinha o Shopping Eldorado, na Zona Oeste da cidade (inaugurado dois anos antes, em 1981), como o cenário onde ficava a loja Charlô’s. Silvio de Abreu enxergou na loja de departamentos dentro de um shopping center o ambiente ideal para emular uma comédia americana dos anos 1930. Ao figurinista Marco Aurélio, ele pediu:
“Não quero saber se é Brasil, se é São Paulo, se as pessoas não andam de chapéu. Na novela, as atrizes têm que usar tailleur elegante, pele de raposa no pescoço, chapéu e até luvas. As mulheres de salto alto e os homens de terno. Quero tudo como num filme. Não quero nada realista.” (“Autores, Histórias da Teledramaturgia”)

No encerramento da novela, o número musical final, no Shopping Eldorado, era uma homenagem de Silvio de Abreu à Atlântida, antiga companhia cinematográfica brasileira, e a Carlos Manga, que dirigiu várias chanchadas e com quem Silvio já havia trabalhado. A trilha sonora era do filme Garotas e Samba (1957), dirigido por Manga. (“Autores, Histórias da Teledramaturgia”)

Para a fachada da mansão onde moravam Charlô e Otávio, foi usada a externa de um castelo no centro histórico de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Título e abertura

A palavra “guerra” do título da novela estava mais associada a disputa, competição, do que a um enfrentamento bélico. A abertura reforçava a ideia de competição entre os sexos por meio de modalidades esportivas, exibindo homens e mulheres praticando vários esportes – ciclismo, basquete, vôlei, natação, ginástica, corrida, tênis e luta -, inseridos por meio de chromakey em cenários virtuais estilizados.

A música-tema foi composta especialmente para a novela por Augusto César, Cláudio Rabello e Miguel Plopshi e gravada pela banda The Fevers – que, por sua vez, repetia em Guerra dos Sexos o sucesso do ano anterior, da abertura de Elas por Elas, também uma novela das sete.

Repetecos

Guerra dos Sexos foi reprisada de 02/01 a 02/06/1989. Em vez de ser exibida no tradicional Vale a Pena Ver de Novo, no início da tarde, o repeteco foi ao ar às 16h20, na faixa Sessão Aventura.

Aproveitando o gancho da novela, a Globo produziu, em 1984, um programa de auditório – o game show Guerra dos Sexos – que opunha casais famosos em um jogo de perguntas e respostas. O programa era comandado por Osmar Santos e foi exibido, entre março e dezembro de 1984 (site Memória Globo), aos domingos à tarde.

Em 1987, chegou às bancas a versão romanceada de Guerra dos Sexos, lançada na coleção “Campeões de Audiência”, da Editora Globo: 12 adaptações de novelas de sucesso em livretos.

A novela foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 04/07/2022.

Remake sem sucesso

Em 2012, Silvio de Abreu reescreveu Guerra dos Sexos (novamente com a direção de Jorge Fernando), com novo elenco e alguns ajustes, para modernizar a trama. Na nova versão, os protagonistas foram vividos por Tony Ramos (Otávio), Irene Ravache (Charlô), Glória Pires (Roberta) e Edson Celulari (Felipe).

Edson Celulari e Marilu Bueno foram os únicos atores no elenco fixo em ambas produções, tendo Marilu vivido a mesma personagem (a criada Olívia) nas duas ocasiões. Dessa vez, não houve sucesso.

Trilha sonora nacional

01. ADIVINHE O QUE? – Lulu Santos
02. DANÇAR COM VOCÊ – Agnaldo Timóteo (tema de Nenê Gomalina)
03. BOBAGENS MEU FILHO, BOBAGENS – Caetano Veloso (tema de Fábio)
04. ANJO – Roupa Nova (tema de Juliana)
05. PAIXÃO – Fafá de Belém
06. SÓ AS ESTRELAS – Sandra Sá (tema de Nando e Juliana)
07. GUERRA DOS SEXOS – The Fevers (tema de abertura)
08. VIVA – Kleiton & Kledir (tema de locação: São Paulo)
09. CAMPO DE FORÇA – Sérgio Sá
10. LUA CHEIA – Raul Seixas (tema de Carolina)
11. EU TE ARRASO – Sandra Pêra (tema de Vânia)
12. CARTÃO POSTAL – Olívia Hime (tema de Roberta)
13. É A VIDA QUE DIZ – Zizi Possi
14. ENSAIOS DE AMOR – Emílio Santiago

Sonoplastia: Jenny Tausz
Direção musical: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider e Ezequiel Neves

Trilha sonora internacional

01. TRUE – Spandau Ballet
02. STOP IN THE NAME OF LOVE – The Hollies
03. HOLD ME TILL THE MORNIN’ COMES – Paul Anka (tema de Juliana)
04. SO MANY MEN SO LITTLE TIME – Miquel Brown
05. STRAIGHT FROM THE HEART – Bryan Addams
06. NOBODY’S DIARY – Yazoo
07. TEARDROPS ON MY PILLOW – Chris Joker Band (tema romântico geral)
08. BABY JANE – Rod Stewart
09. IN YOUR EYES – George Benson
10. ALWAYS SOMETHING THERE TO REMIND – Naked Eyes
11. BAND OF GOLD – Sylvester
12. WORDS – F. R. David
13. POR… – Emmanuel (tema de Roberta)
14. JUNGLE QUEEN – Robert Sacchi

Seleção de repertório: Sérgio Motta

Ainda (*)
40 GRADOS – Los Maneros (tema de Vânia e Ulisses)
A CAVALGADA DAS VALQUÍRIAS – Wagner
ANXIOUS THEME (HIGH ANXIETY) – John Morris
AUTUMN LEAVES – Victor Young
BABY ELEPHANT WALK – Henry Mancini
BATMAN THEME – Neal Hefti & His Orchestra and Chorus
BEAT IT – Michael Jackson (na boate, com Vânia e Felipe)
BLOWIN’ YOUR MIND (SHAFT´S BIG SCORE! MAIN TITLE) – Gordon Parks
BURT REYNOLDS’ HOUSE (FROM SILENT MOVIE) – John Morris
DESCULPE O AUÊ – Rita Lee e Roberto de Carvalho (para Felipe e Roberta, na boate)
DISCO INFERNO – The Trummps (para Vitório e Verusca, no inferno, no último capítulo)
FAREWELL AND THE TOWER (FROM VERTIGO) – Bernard Herrmann, Joel McNeely and Royal Scottish National Orchestra
GONNA FLY NOW (THEME FROM ROCKY) – Bill Conti (quando Ulisses sagra-se campeão, no último capítulo)
HIGH ANXIETY MAIN TITLE – John Morris (*)
I’M GETTIN’ SENTIMENTAL OVER YOU – Tommy Dorsey and His Orchestra (tema de Charlô) (*)
I´M GONNA LOVE YOU JUST A LITTLE MORE BABY – Barry White (na despedida de solteiro de Nando, na boate)
JACK JACK JACK – Andrew Sisters (no clube de dança onde Charlô leva Zenon e Otávio leva Vânia)
JIM ON THE MOVE – Lalo Schifrin (tema de Verusca *)
JUDY´S FANTASY – Charles Fox (*)
LOVE LETTERS – Victor Young
MISSION: IMPOSSIBLE THEME – Lalo Schifrin (tema de Verusca)
MOONLIGHT SERENADE – The Glenn Miller Orchestra
ONE ON ONE – Daryl Hall and John Oates (no comercial que Roberta e Verusca assistem, da marca concorrente da Ravello)
PEPPERLAND – George Martin
PHANTOM OF LOVE – Riz Ortolani (tema de Felipe)
PINK PANTHER THEME – Henry Mancini (tema de Verusca)
PROCESSIONAL AND MARIA (THE WEDDING) – Anna Lee, Portia Nelson, Marni Nixon & Evadne Baker (na igreja durante o casamento de Juliana e Nando)
PROLOGUE (GENTLEMEN PREFER BLONDES MAIN TITLE) – Marilyn Monroe and Jane Russell (para Vânia e Juliana, no cruzeiro, no último capítulo)
PSYCHO (MAIN THEME) – Bernard Herrmann
SAUDOSA MALOCA – Demônios da Garoa
SILENT MOVIE – John Morris
SUPERMAN MAIN THEME – John Williams
TARA´S THEME – Max Steiner
TEARS – Chrystian (quando Juliana relembra a época em que conheceu Fábio)
THEME FROM LOVE STORY – Henry Mancini (para Analu e Kiko na ilha, no último capítulo)
THE GETAWAY – Lalo Schifrin
THE PLOT – Lalo Schifrin (tema de Verusca *)
THE RAIDERS MARCH (INDIANA JONES THEME) – John Williams
THE RETURN OF THE JEDI – John Williams
THE SOUNDS OF HATARI – Henry Mancini
THRILLER – Michael Jackson
UNFORGETTABLE LOVE – Riz Ortolani (tema de Felipe)
VERTIGO MAIN TITLE – Bernard Herrmann
WANNA BE STARTIN´ SOMETHIN´ – Michael Jackson (na boate, com Vânia e Felipe)
WILLIAM TELL: OVERTURE, ABRIDGED (FROM A CLOCKWORK ORANGE) – Wendy Carlos
(*) Daniel Couri no blog “Porcos, Elefantes e Doninhas”

Tema de abertura: GUERRA DOS SEXOS – The Fevers

Cheguei pra conquistar o mundo
Você seduz e vai bem fundo

A vida é assim
E nunca é demais
O que mamãe falou
Não vale mais nada
Não vale nada!

Pega, brinca
Leva que é de graça
Fica linda
Que o amor não passa
Vem com tudo em cima
Que eu vou com você
Com você…

Você é feita de feitiço
Joguei e vou pagar por isso

A vida é assim
E nunca é demais
O que mamãe falou
Não vale mais nada
Não vale nada!…

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Guerra dos Sexos (2012)