
Sinopse
O dia a dia de um grupo ligado ao meio artístico, celebridades que, no fundo, são como quaisquer pessoas, com problemas pessoais, altos e baixos. Diogo Maia e Leila Lombardi formam um casal de atores famoso por seus trabalhos na TV. Porém, sua relação enfrenta a oposição de Beatriz, filha adolescente do primeiro casamento de Leila, que deseja a mãe ao lado do pai, o dramaturgo Jordão Amaral. Diogo e Leila são os astros da novela Coquetel de Amor, escrita por Jordão, em sua estreia como novelista.
No elenco da novela, também está a atual mulher de Jordão, a veterana atriz Nora Pelegrine, que voltava à carreira, interrompida desde o casamento com Jordão. Ela, que no passado sempre ganhara papéis de protagonista, retornava em uma personagem secundária, mas não estava contente em ser uma mera coadjuvante. Enquanto muitos brilham, outros lutam por um lugar nesse disputado universo, como a jovem e ambiciosa atriz Cynthia Levy, que vale-se de todos os recursos para se projetar.
Outros trocam a vida artística por um casamento tranquilo, como Bruna Maria, que abandonou a carreira de atriz ao casar-se com o empresário Nelson Novaes, mas não suporta a vida doméstica. Bruna fica balançada com a proposta de atuar na novela. Também a ex-miss Brasil Diana Queiroz, que iniciou a carreira de atriz em pornochanchadas do cinema nacional e quer dar uma guinada em sua trajetória. Amiga de Bruna, Diana envolve-se com Nelson quando o casamento deles entra em crise.
Há os que insistem em velhas fórmulas de sucesso, como Carijó, comediante popular da época dos teatros de revista, que perdeu o lugar com a chegada da televisão, mas que ainda mantinha uma dupla cômica com a filha Lenita em espetáculos simplórios. Ainda os jovens atores Nestor Rey, vindo do interior para tentar a sorte no Rio de Janeiro, e Paulo Morel, que ganha impulso ao ser escalado para a peça “Cyrano de Bergerac“, adaptada pelo dramaturgo Gastão Cortez e protagonizada por Diogo Maia.
Outras profissões ligadas à classe artística são abordadas: a bailarina Luiza Barbosa, irmã de Cynthia, mas menos ambiciosa que ela; o dublador Vicente Drumond, ator experiente que, ante as dificuldades em conseguir bons papéis direciona a carreira para a dublagem de filmes; e o radialista e jornalista Edgar Rabelo, colunista da revista Magia, especializado em cobertura do mundo artístico, que usa de vários artifícios para entrevistar atores, conseguir furos e escrever matérias bombásticas sobre televisão.
* os nomes entre parêntesis são os personagens dos atores na novela Coquetel de Amor
TARCÍSIO MEIRA – Diogo Maia / Diogo Moreira (Ciro)
GLÓRIA MENEZES – Leila Lombardi / Maria Aparecida Assunção (Rosana)
JUCA DE OLIVEIRA – Jordão Amaral
YONÁ MAGALHÃES – Nora Pelegrini (Assunta)
LIMA DUARTE – Carijó / Bartolomeu Esperança
SÔNIA BRAGA – Cynthia Levy / Maria Jacinta Teixeira (Camila)
TONY RAMOS – Paulo Morel (Cristiano)
LÍDIA BRONDI – Bia / Beatriz Assunção Amaral
DANIEL FILHO – João Gabriel
PEPITA RODRIGUES – Bruna Maria (Kátia)
MAURO MENDONÇA – Nelson Novaes
VERA FISCHER – Diana Queiroz / Veridiana Queiroz (Débora)
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Edgar Rabelo
MILTON MORAES – Vicente Drumond
SÉRGIO BRITTO – Gastão Cortez (Benito)
DJENANE MACHADO – Lenita / Helena Ésper (Neide)
KITO JUNQUEIRA – Nestor Rey / Nestor Trajano
HELOÍSA MILET – Luiza Teixeira
JORGE CHERQUES – Alfredo Teixeira
SOLANGE FRANÇA – Nair Teixeira
BIBI VOGEL como ela mesma (Roxana na peça “Cyrano de Bergerac”)
NELSON CARUSO como ele mesmo (Roberto)
MARIA LÚCIA DAHL como ela mesma (Paula)
JORGE BOTELHO como ele mesmo (Eduardo)
o menino FREDERICO RAMOS – Diogo Jr. (filho de Diogo e Leila)
e
AGUINALDO ROCHA – Durval (gerente do teatro de revista onde Carijó se apresentava)
APOLO CORREA – Mané (colega de Carijó do circo)
BRIGITTE BLAIR como ela mesma, apresentando-se com Carijó
CARLOS ALBERTO DE NÓBREGA como ele mesmo, com Carijó na Praça da Alegria
CLÁUDIA CELESTE – corista do teatro de revista de Carijó
EMILIANO QUEIROZ
LUIS CARLOS MIÉLE como ele mesmo, com Carijó na Praça da Alegria
MIRIAM CARMEM – colega de Carijó do circo
MYRIAN RIOS – Morena
MARGOT BRITO – repórter
MÁRIO LÚCIO VAZ como ele mesmo, com Carijó na Praça da Alegria
MOACYR DERIQUÉM – empresário de Sylvia Kristel no Brasil
OTÁVIO AUGUSTO como ele mesmo, ator da peça assistida pelos personagens, no início
REJANE SCHUMANN – empregada de Ciro em Coquetel de Amor
SUSANA VIEIRA como ela mesma, atriz da peça assistida pelos personagens, no início
SYLVIA KRISTEL como ela mesma, apresentada a João Gabriel
TEREZA CRISTNA – Mariquinha (colega de Carijó do circo)
VANDA LACERDA como ela mesma, atriz da peça assistida pelos personagens, no início
ZILDA CARDOSO como Catifunda, na Praça da Alegria
Antônio
Camilo
Maurício (marido rico de Luísa, no final)
Nereu
– núcleo de DIOGO MAIA (Tarcísio Meira) e LEILA LOMBARDI (Glória Menezes), um famoso casal de atores, astros da novela Coquetel de Amor, em que interpretam o casal protagonista CIRO e ROSANA. Diogo, disposto a romper com a imagem de galã, parte para a produção da peça teatral “Cyrano de Bergerac”, em que vive o protagonista, um personagem feioso e romântico:
a filha de Leila, BEATRIZ (Lídia Brondi), do primeiro casamento. Garota problemática muito apegada ao pai, que não aceita Diogo e vive em conflito com a mãe, prejudicando o casamento deles. Faz de tudo para reaproximar a mãe de seu pai.
o filho pequeno do casal DIOGO JR. (Frederico Ramos)
– núcleo do romancista e dramaturgo JORDÃO AMARAL (Juca de Oliveira), que enfrenta dificuldades financeiras que o obrigam a diversificar suas atividades profissionais no jornalismo e na publicidade. É contratado pela emissora de televisão para escrever a novela Coquetel de Amor, estrelada por Diogo e Leila. Primeiro marido de Leila, mas ainda apaixonado por ela, declara seu amor pela atriz por meio do texto que escreve para a personagem dela na novela, Rosana:
a segunda mulher, NORA PELEGRINI (Yoná Magalhães), atriz em decadência que não se contenta com papeis menores. Vive das lembranças do sucesso do passado, quando foi estrela de um filme premiado internacionalmente. Afastada do trabalho desde o casamento, planeja voltar à ativa como protagonista. Por isso fica furiosa quando é escalada para interpretar ASSUNTA, uma governanta, personagem coadjuvante em Coquetel de Amor. Aceita o papel, mas na metade do trabalho, insatisfeita, pede para sair.
– núcleo do artista CARIJÓ (Lima Duarte), que já fora famoso no passado com shows de teatros de revista. Hoje esquecido, luta para sobreviver em apresentações simplórias, com pouco público. Vai trabalhar na televisão mas não consegue adaptar-se:
a filha LENITA (Djenane Machado), também atriz, sempre se apresentou com o pai, desde criança. É escalada para o papel de NEIDE na novela Coquetel de Amor, em que usa o nome artístico de HELENA ÉSPER. Consegue trabalho para o pai na televisão.
– núcleo da jovem e ambiciosa atriz CYNTHIA LEVY, nome artístico de MARIA JACINTA BARBOSA (Sônia Braga), que luta para subir profissionalmente, capaz de tudo para alavancar sua carreira. Consegue um papel em Coquetel de Amor, em que interpreta a personagem CAMILA. Acaba envolvendo-se com Diogo, seu colega na novela, acirrando a crise no casamento dele com Leila:
a irmã bailarina LUIZA (Heloísa Milet), menos ambiciosa que ela, é contra os seus métodos para alcançar o estrelato
os pais ALFREDO BARBOSA (Jorge Cherques), homem simples e rude, contra a escolha das filhas pela carreira artística, e NAIR (Solange França), submissa ao marido, embora nem sempre concorde com ele.
– núcleo da atriz BRUNA MARIA (Pepita Rodrigues), que trocou a carreira por um casamento tranquilo. Porém, com o tempo, passou a sentir falta do ambiente artístico. A princípio, recusa um convite para atuar em Coquetel de Amor, mas, diante de desentendimentos com o marido, decide aceitar. Entra na novela para viver a personagem KÁTIA:
o marido NELSON NOVAES (Mauro Mendonça), rico industrial, é contra a mulher voltar a atuar. Diante da insistência dela, o casamento entra em crise.
– núcleo de DIANA QUEIROZ, nome artístico de VERIDIANA QUEIROZ (Vera Fischer), ex-miss Brasil e atriz de pornochanchada. Tem como meta mudar o rumo de sua carreira. Interpreta DÉBORA na novela Coquetel de Amor. Amiga de Bruna, acaba tendo um caso com o marido dela, Nelson, quando o casamento dos dois entra em crise:
os pretendentes, com quem se envolve EDGAR RABELO (Carlos Eduardo Dolabella), jornalista e colunista ligado ao meio artístico e produtor de um programa de rádio,
e VICENTE DRUMOND (Milton Moraes), ator experiente que, pressionado pelas dificuldades em conseguir bons papéis, direciona sua carreira para a dublagem de filmes.
– demais personagens:
os jovens atores amigos: PAULO MOREL (Tony Ramos), vive o personagem CRISTIANO em Coquetel de Amor e é chamado às pressas para substituir um dos protagonistas da peça “Cyrano de Bergerac”. Alvo do amor de Beatriz, ela sente ciúmes da mãe quando ele e Leila têm cenas românticas na novela,
e NESTOR REY (Kito Junqueira), que divide um apartamento com Vicente, é amigo e confidente de Nora Pelegrini. Apaixona-se por Cynthia mas não é correspondido
o diretor de televisão JOÃO GABRIEL (Daniel Filho), dirige a novela Coquetel de Amor
o dramaturgo GASTÃO CORTEZ (Sérgio Britto), renomado diretor de teatro, é convidado por Diogo para dirigir o espetáculo “Cyrano de Bergerac”. Também atua em Coquetel de Amor, como o personagem BENITO.
Metalinguagem
A fim de interromper o processo de que os artistas são mitos inalcançáveis, Espelho Mágico tinha como proposta mostrar o outro lado de cada astro ou estrela – ou seja, que eles são pessoas comuns no dia a dia. Ainda: a interdependência entre o artista e a arte e o universo dos espetáculos que esses artistas levam ao público.
As chamadas de estreia já deixavam claras as intenções do autor, Lauro César Muniz:
“Espelho Mágico – revelando a você a vida de um famoso casal de televisão, o aparecimento de um novo autor de novelas, de um velho cômico do teatro de revista, a ambição de uma jovem atriz, o fracasso de uma outra, e daquela que abandonou a carreira por um bom casamento. Você vai conhecer a verdade de uma bailarina, de um jornalista, de uma vedete de teatro. Tudo o que você sempre quis saber sobre a vida no teatro, cinema e TV. Espelho Mágico, onde a vida imita a arte!”
Com sua metalinguagem, Espelho Mágico resultou em uma das mais controversas novelas da história de nossa televisão, ganhando destaque mais pelos comentários que suscitou do que pela audiência conseguida. Seu ponto de partida foi de criação ilimitada, uma vez que era enriquecida com depoimentos dos artistas escalados, que falaram da sua vida profissional, problemas de trabalho, de relacionamento, etc. O diretor Daniel Filho promoveu encontros com o elenco e juntou cerca de dez horas de gravações em áudio, que foram repassadas ao autor, para servir de base para o seu trabalho.
Espelho Mágico não foi uma novela popular, mas foi aplaudida pela crítica, tendo sido premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como a melhor novela de 1977. Lídia Brondi ganhou o prêmio de revelação na TV e Lima Duarte foi o melhor ator (juntamente com Mário Lago e Antônio Fagundes, pela novela Nina, e Carlos Augusto Strazzer, por O Profeta).
Antecedentes
Lauro César Muniz já havia esboçado a ideia de Espelho Mágico dez anos antes, em 1967, na novela Estrelas no Chão, na TV Tupi. A protagonista era Telma, interpretada por Geórgia Gomide, uma aspirante ao estrelato, personagem muito próxima a Cynthia Levy (Sônia Braga) de Espelho Mágico.
Lauro assinou Estrelas no Chão sob o pseudônimo Jordão Amaral, nome replicado em Espelho Mágico, para o personagem vivido por Juca Oliveira. De acordo com sua descrição, Jordão era o alter ego de Lauro, pelo menos no âmbito profissional: na trama de Espelho Mágico, o personagem havia escrito dez anos antes uma novela que foi um grande fracasso. Lauro se autorreferenciou. A novela era justamente Estrelas no Chão, que não fez sucesso, escrita por Lauro como Jordão Amaral.
Outra referência do autor: Jordão Amaral eram os nomes de seus avós, paterno e materno, fundidos em um só. (O Globo, 26/07/1977 *)
A novela dentro da novela
Para expor a ideia, a história de Espelho Mágico foi dividida em dois níveis distintos: a realidade cotidiana e a arte e os espetáculos. A peça “Cyrano de Bergerac”, de Edmond Rostand, tendo Diogo Maia (Tarcísio Meira) no papel-título; o teatro de revista, representado pelo palhaço Carijó (Lima Duarte) e sua filha Lenita (Djenane Machado); e a grande magia, a novela dentro da novela: a curiosa Coquetel de Amor, produzida, encenada e levada ao ar pelos personagens de Espelho Mágico.
Para satisfazer as exigências naturais da produção, a história de Coquetel de Amor foi moldada para ser uma trama leve, de comédia romântica, muito próxima das novelas das sete da Globo na época.
A produção demandou todos os preparativos que envolvem a produção de uma novela de verdade, com cenários, figurinos, locações, trilha sonora e escalação de elenco. Todo o processo foi mostrado ao público dentro de Espelho Mágico.
Enquanto na trama de Espelho Mágico os personagens montavam a peça “Cyrano de Bergerac”, o autor Jordão Amaral (Juca de Oliveira) escrevia a novela Coquetel de Amor levemente inspirada na peça de Edmond Rostand. Assim, na novela dentro da novela, o ator Diogo Maia (Tarcísio Meira) vivia Ciro, o equivalente a Cyrano; enquanto Leila Lombardi (Glória Menezes) interpretava Rosana, a Roxana do teatro; e Paulo Morel (Tony Ramos) era Cristiano, o personagem homônimo da peça, formando um triângulo amoroso tal qual em “Cyrano de Bergerac”.
Segundo explicação de Lauro César Muniz, a escolha por “Cyrano de Bergerac” ocorreu por causa da relação do triângulo amoroso da peça com as duas novelas, Espelho Mágico e Coquetel de Amor, nas quais havia um personagem que enviava mensagens de amor à sua amada por meio de um terceiro – como na peça. Em Espelho Mágico, o autor Jordão Amaral falava de seu amor a Leila utilizando Coquetel de Amor, novela que escrevia e na qual a atriz atuava, colocando-se na pele de Ciro, o par romântico de Leila. (revista Romântica, *)
O ápice da metalinguagem: a partir do capítulo 36 de Espelho Mágico (no ar em 25/07/1977), com a estreia de Coquetel de Amor, a exibição das duas novelas passou a ser alternada. Espelho Mágico era interrompida para mostrar o capítulo da noite de Coquetel de Amor, inclusive com abertura própria. A história corria em uma proporção média de dois capítulos de Espelho Mágico para um de Coquetel de Amor. (O Globo, 25/07/1977)
Lauro César Muniz declarou ao jornal O Globo, publicado em 25/07/1977:
“Coquetel é uma obra construída fora do meu estilo. A base dela é bastante folhetinesca. Os diálogos são redundantes, subliterários, cheios de chavões. É um diálogo fechado em si, não deixando margem a qualquer interpretação nas entrelinhas. É uma novela cheia de lugares-comuns, com muito suspense, expectativa, ganchos. Mas não é uma crítica à novela. Ao mesmo tempo em que ela está no ar, é criticada, discutida dentro de Espelho Mágico.”
Com esse material, o autor fundiu na novela alguns aspectos intimamente ligados entre ator e personagem de sua história, por exemplo, a representação de Tarcísio Meira e Glória Menezes como um casal famoso pelos trabalhos na TV.
Todavia, assim que a narrativa aborreceu determinada parte dos espectadores, a trama voltou-se quase que exclusivamente aos problemas particulares de cada um, distanciando-se da proposta inicial. A crise conjugal dos protagonistas, motivada por Beatriz (Lídia Brondi), filha de Leila (Glória Menezes), chegou a ser o centro da novela. Sorte de Lídia, que, com o destaque de sua personagem, revelou-se uma ótima atriz. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
Incompreendida
Infelizmente, apesar dos esforços e da tentativa artística inovadora, o grande público não assimilou a metalinguagem proposta por Lauro César Muniz e o baque na audiência foi enorme. O telespectador preferiu a fantasia à realidade: a trama folhetinesca de Coquetel de Amor interessou mais do que a vida dos artistas abordada em Espelho Mágico.
Sobre isso, declarou o diretor Daniel Filho em seu livro “O Circo Eletrônico”:
“Hoje, para mim, é claro que, para fazer uma paródia revelando os truques a que recorríamos para fazer as novelas, devíamos utilizar outros gêneros que não a própria novela. Foi uma queda de quase 20 pontos na audiência, numa época em que a TV Globo era a dona absoluta no horário. (…) Possivelmente, se tivéssemos feito uma novela sobre os heróis da televisão sem expor os seus defeitos, o resultado não tivesse sido tão repudiado. (…) Às vezes a novela não tem solução, fica se arrastando até o final. Espelho Mágico não tinha solução, a não ser terminar o mais breve possível.”
“Desafiei a lei da gravidade, com total apoio do Daniel e do Boni”, disse Lauro César Muniz refletindo sobre o tombo que sofreu.
De fato, o autor recebeu total apoio da direção. Segundo Daniel Filho, Boni lhe disse na ocasião: “Prefiro que alguém faça uma merda tentando fazer algo novo do que faça uma merda fazendo uma coisa velha.” (“Gilberto Braga, o Balzac da Globo”, Artur Xexéo e Maurício Stycer)
Ao fazer um balanço de Espelho Mágico, Daniel Filho externou que sua crítica maior era em relação a Coquetel de Amor, à forma como que outros profissionais foram atingidos, criticados:
“Se a gente tivesse feito, ao invés de Coquetel de Amor – uma coisa que ficou tão distante, tão velha, tão ridícula – se tivéssemos feito uma bela comédia de uma antiga novela (…) que pudesse mostrar não um paralelo, mas levar a dizer ‘Veja como a execução dessa novela é boa, veja o que se passava na vida desses atores enquanto faziam a novela’.”
“A intenção nossa não era dividir águas de ‘eu faço novela bem, você faz mal’. Houve uma reação muito grande em relação a que nós estaríamos criticando, ferindo óticas ou machucando. (…) O Coquetel de Amor se tornou para mim, para o Lauro e para o Gonzaga [Blota, também diretor] como se tivéssemos entrado numa espiral sem conseguir sair. Não dava pra recuar.” (jornal O Globo, 06/12/1977, *)
Questionado até que ponto João Gabriel, o diretor de Coquetel de Amor, era Daniel Filho, o diretor respondeu:
“Era totalmente Daniel. A única diferença é que Daniel Filho não dirigiria Coquetel de Amor. Em hipótese alguma eu colocaria aquele trabalho no ar.” (jornal O Globo, 06/12/1977, *)
No semanário “O Pasquim”, o colunista Sérgio Augusto sugeriu que Daniel Filho “deglutiu mal” autores que experimentaram a metalinguagem, como Vincent Minnelli, Jean-Luc Godard e George Cukor, acrescentando:
“Sônia Braga deglutiu mal Betty Faria. Juca de Oliveira, por sua vez, deglutiu mal Lauro César Muniz. Pior aconteceu com Daniel Filho, que deglutiu mal a si mesmo. Magnésia Bisurada talvez dê jeito.” (“A Globo, Hegemonia: 1965-1984”, Ernesto Rodrigues)
Lauro César Muniz revelou a André Bernardo e Cíntia Lopes para o livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”:
“Na última semana, o Boni me chamou na sala dele e perguntou:
‘Lauro, como é que você vai acabar essa novela?’
‘Olha Boni, o que eu acho que o público quer…’, tentei argumentar.
‘O que o público quer é que essa novela termine logo!’, esbravejou o Boni.
Só não fui exilado da Globo porque a novela me deu prestígio e muitos prêmios da crítica”.
Plágio
Em Espelho Mágico, Lauro César Muniz exibiu um protesto em relação aos problemas enfrentados pelos autores de novela, retratando os que tivera ao escrever Carinhoso (1973-1974). Por outro lado, houve quem enxergasse plágio na trama de Coquetel de Amor, principalmente em seu entrecho central, que lembrava nitidamente outra novela, O Semideus (1973-1974), de Janete Clair. O acidente de iate forjado para eliminar o protagonista de O Semideus foi recriado em Coquetel de Amor, inclusive com o mesmo ator, Tarcísio Meira.
Com sua trama metalinguística, Lauro quis fazer referências a cenas marcantes de tramas de seus colegas. Sua intenção era fazer um “coquetel” de histórias e clichês do dramalhão, “uma homenagem aos pioneiros do rádio, às estruturas dos criadores da telenovela, como a Janete Clair e Ivani Ribeiro”.
O problema é que Janete não entendeu como homenagem, mas como uma gozação com ela. (“Gilberto Braga, o Balzac da Globo”, Artur Xexéo e Maurício Stycer)
Entretanto, não foi intenção criticar a obra de Janete. A ideia do autor era brincar com as repetitivas tramas de novelas. “É um coquetel carinhoso de todas as novelas”, explicou Lauro César Muniz, referenciando sua obra Carinhoso. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
Críticas de Chico Anysio
O Jornal do Brasil, na edição de 06/11/1977, publicou uma entrevista com Chico Anysio (que, à época, contratado da Globo, tinha um quadro no Fantástico, além de seu programa Chico City) em que o humorista criticou Espelho Mágico, o que causou um grande mal-estar com a equipe da novela.
“Espelho Mágico não é uma novela, é um equívoco, uma brincadeira, por acaso de mau gosto. (…) Daniel Filho deu uma facada no vento, e Lauro César Muniz, um tiro no mar. E eu, como artista, protesto contra a novela. No fundo, ela avacalha a vida do artista”, disparou Chico.
Com a repercussão negativa, a revista Amiga (edição de 30/11/1977) procurou o humorista, que continuou suas críticas: “Uma vez que nossa classe não é reconhecida e a condição de artista é ainda repudiada por algumas pessoas, acho que a novela não nos está ajudando em nada, pois mostra um lado não humano do artista e cria situações falsas”, afirmou.
“Não tenho nada contra o texto da novela, a direção ou a atuação dos atores. O que eu protesto é contra o conteúdo da novela, que desmoraliza a minha profissão.”
O elenco, diretor e autor de Espelho Mágico foram ouvidos pela revista. Daniel Filho não concordou “com uma só palavra de Chico Anysio”. Lima Duarte foi contundente contra as declarações do humorista, defendendo a criação de Carijó (seu personagem na novela) com fortes argumentos, e disse que Chico “confundiu realidade com realismo”.
Lauro César Muniz respondeu à altura: “Espelho Mágico não é uma brincadeira de mau gosto. Espelho Mágico é um trabalho sério que contou com o empenho de um elenco extraordinário (…) O painel mostrado ao público não exibiu apenas as chagas e mazelas dos atores e atrizes, pois a novela também exaltou os artistas de todos os níveis. (…) Nenhuma mentira, porém, foi dita. (…) Para os que não conhecem o sucesso, é bom lembrar que o fracasso, em Arte, também existe.” (*)
A polêmica foi parar no Fantástico, que surfou na repercussão do caso promovendo um debate sobre a novela.
Após tantas críticas, Lauro recebeu o apoio de alguns intelectuais, que o defenderam. O autor narrou em sua biografia (escrita por Hersch W. Basbaum):
“Helena Silveira, principal crítica de TV da época, organizou um jantar (…) Foi bastante gente, muitos amigos e jornalistas, uma espécie de desagravo. Eu achava a palavra desagravo muito forte. Eu não me sentia agravado, além disso, o movimento não me ajudava em nada. A própria Globo publicou um anúncio, em primeira página, em jornais de São Paulo dizendo que apoiava o meu trabalho e que não estava contra a linha que eu conduzia em meu texto.”
Protestos
Alguns jornalistas desaprovaram os métodos do personagem Edgar Rabelo (Carlos Eduardo Dolabella), especializado em cobertura jornalística do mundo artístico, por usar artifícios pouco nobres para entrevistar os atores, conseguir furos de reportagem e escrever matérias bombásticas sobre televisão.
Ainda: na trama, Edgar era colunista da fictícia revista Magia e, rapidamente, a revista real Amiga, uma das pioneiras sobre televisão, considerou que tanto o jornalista quanto a revista da ficção eram uma provocação à revista da realidade. A palavra “magia” é um anagrama de “amiga”.
Elenco
Juca de Oliveira voltava a fazer o papel de um escritor de novelas. No ano anterior, ele atuara no filme À Flor da Pele, de Francisco Ramalho Jr. (que partia de uma peça teatral de Consuelo de Castro), no qual interpretou um autor de telenovelas casado e pai de uma filha, como seu personagem Jordão em Espelho Mágico, pai de Beatriz (Lídia Brondi).
No decorrer da novela não faltaram acontecimentos pertinentes ao universo novelístico. A exemplo da atriz Nora Pelegrini, sua intérprete, Yoná Magalhães, pediu ao autor e diretor para matarem sua personagem (a governanta Assunta de Coquetel de Amor) a fim de que ela pudesse participar de um filme.
Nora Pelegrini era uma atriz veterana que fizera sucesso no passado, mas estava ressentida por não ter mais prestígio e não contentava-se com papeis coadjuvantes. Vivendo de lembranças, Nora não se cansava de assistir ao filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha (lançado em 1964), do qual havia sido a estrela. Yoná Magalhães, de fato, participou do longa que, na novela, era exibido com suas cenas.
Além de Tarcísio Meira e Glória Menezes, que viviam na ficção um famoso casal de atores de televisão (como na vida real), outros atores do elenco também tiveram suas trajetórias retratadas ou usadas como inspiração. Enquanto dirigia a “novela real” Espelho Mágico, Daniel Filho também atuava, como o diretor de novelas João Gabriel, que dirigia a “novela fictícia” Coquetel de Amor. O nome João Gabriel é próximo de João Daniel – nome do filho de Daniel Filho (com a atriz Betty Faria).
O diretor de teatro e ator Sérgio Britto interpretava na novela o diretor de teatro e ator Gastão Cortez, que montou peça “Cyrano de Bergerac” e atuava em Coquetel de Amor.
Vera Fischer, estreando em novelas, vivia Diana Queiroz, uma personagem baseada nela mesma: ex-miss que tentava a carreira de atriz, que já havia participado de alguns filmes (pornochanchadas) e era convidada a estrelar sua primeira novela.
Além da abordagem a atores de teatro, cinema e televisão, profissionais de espetáculos de revista e circo, de rádio e mídia especializada, havia a bailarina Luiza Barbosa, personagem da atriz Heloísa Milet, que também era bailarina; e o dublador Vicente Drumond, vivido por Milton Moraes, ator que já havia trabalhado com dublagem.
Na trama da novela, o personagem de Lima Duarte, Carijó, participou do programa humorístico A Praça da Alegria, na época exibido na Globo. Carijó era um produtor e ator de circo e espetáculos de revista resistente à mudança dos tempos. Seus shows não atraíam mais o público, restando-lhe render-se à televisão, veículo com o qual não conseguia se adaptar.
Djenane Machado interpretava Lenita, atriz de teatro de revista (como o pai, Carijó), que queria se modernizar e crescer na carreira. Djenane conhecia bem esse universo, já que era filha de Carlos Machado (1908-1992), considerado o “rei da noite carioca” nos anos 1950 e 1960. A atriz cresceu no auge da era dos teatros de revista, entre a produção de shows e espetáculos de teatro produzidos e dirigidos pelo pai, tal qual sua personagem na novela.
As cenas da peça de revista que envolviam Carijó (Lima Duarte) e sua filha Lenita (Djenane Machado) contaram com a participação da ex-vedete Brigitte Blair e de integrantes de sua companhia. (Site Memória Globo)
Espelho Mágico foi a primeira novela de Tony Ramos na Globo, vindo de uma carreira de sucesso na TV Tupi. O ator emendou esta novela com a seguinte no horário, O Astro, que o consagrou definitivamente como o mais novo galã da Globo.
Também a estreia na emissora carioca do ator Kito Junqueira.
No elenco, atores-personagens de Espelho Mágico, como Diogo Maia e Leila Lombardi, misturavam-se a atores reais vivendo eles mesmos, como Bibi Vogel, que atuava na peça “Cyrano de Bergerac”, encenada dentro da novela, e Nelson Caruso, Jorge Botelho e Maria Lúcia Dahl, escalados para a novela Coquetel de Amor.
A Globo contratou o diretor francês Etienne Le Meur para dirigir as cenas do espetáculo “Cyrano de Bergerac” que foram exibidas na trama de Espelho Mágico. O diretor procurou ser fiel ao texto e às marcações que a peça de Edmond Rostand exigia. A direção de corpo foi entregue a Klaus Vianna, a direção de voz a Glorinha Beuttenmüller, e as aulas de esgrima ao professor Próspero Gargaglioni. (O Globo, 04/06/1977, *)
Em outubro de 1977, a estrela internacional de filmes eróticos Sylvia Kristel (da personagem Emmanuelle) – de passagem pelo Brasil para divulgar seu filme da ocasião, Porque Agrado aos Homens – gravou uma participação especial na novela. Na trama, Sylvia convidava o ator Diogo Maia (Tarcísio Meira) a fazer a um filme no exterior.
A presença da atriz neerlandesa foi checada pela Censura do Regime Militar. O pesquisador Cláudio Ferreira narrou no livro “Beijo Amordaçado – A Censura às Telenovelas Durante a Ditadura Militar”:
“A participação dela na novela foi liberada, mas foi cortada a referência à proibição do filme Emmanuelle. O argumento era de que o longa-metragem tinha sequer chegado oficialmente à Censura para ser examinado. Também foi vetado o comentário sobre o conteúdo do filme como ‘um sucesso porque retratava todo o misticismo e o exotismo da Tailândia’. Os censores reclamaram que todo esse contexto deixava a Censura ‘numa colocação de radical e algo a mais’.”
Pela primeira vez na história de nossas telenovelas, uma travesti ganhou um papel: Cláudia Celeste vivia uma corista do teatro de revista de Carijó (Lima Duarte) que ensinava coreografias à personagem de Sônia Braga. Porém, Cláudia entrou para o elenco da novela sem que o diretor Daniel Filho soubesse de que se tratava de uma travesti (naquele período do Regime Militar, travestis eram proibidas de aparecer na televisão). Descoberta, ela teve de sair de cena.
Cláudia voltou às novelas em 1988, em Olho por Olho, da TV Manchete, já sem a censura do Governo Federal, e dessa vez em um papel fixo, de uma travesti. (Revista Contigo nº 673 de 13/08/1988)
Na impossibilidade de bradar um palavrão mais cabeludo, Sônia Braga acabou fazendo sucesso cada vez que sua personagem Cynthia Levy dizia “Pomba!”, em tom indignado. Virou bordão. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)
A atriz Rosamaria Murtinho foi disputada pelos diretores dos núcleos das 20 horas (Daniel Filho) e 22 horas (Walter Avancini). A atriz acabou indo para a próxima novela das dez, Nina. Em Espelho Mágico, faria o papel de Nora Pelegrini, casada com o dramaturgo Jordão Amaral, que seria vivido por seu marido na vida real, Mauro Mendonça. Yoná Magalhães, que viveria a ex-atriz Bruna Maria, foi remanejada para Nora. Mauro Mendonça também trocou de papel: ficou com Nelson Novaes enquanto Juca de Oliveira foi escalada para Jordão Amaral. Já Bruna Maria acabou interpretada por Pepita Rodrigues, que viveria Cynthia Levy. Sônia Braga foi então escalada para a personagem Cynthia.
Ziembinski, que a princípio iria viver ele mesmo, ator e diretor de teatro, desistiu de fazer a novela e foi substituído por Sérgio Britto, cujo personagem ganhou um nome: Gastão Cortez. Já Armando Bógus, que ia interpretar o jornalista Edgar Rabelo, foi trocado por Carlos Eduardo Dolabella.
Sandra Bréa não aceitou o convite para a novela e Vera Fischer entrou em seu lugar no papel de Diana Queiroz. (O Globo, 20/03, 14/04 e 15/05/1977, *)
Em 08/10/1977, Yoná Magalhães sofreu um acidente de carro na estrada Rio-Teresópolis, na altura do município de Magé, quando seu Chevette se chocou com a traseira de um caminhão. Sem maiores gravidades, a atriz sofreu cortes no rosto e escoriações no braço esquerdo e ficou oito dias afastada das gravações de Espelho Mágico. (Revista Amiga, O Globo de 09/10/1977, *)
Locações
Para as gravações da novela, foram utilizados três teatros do Rio de Janeiro: o Gláucio Gil, para os testes dos atores que participariam da peça “Cyrano de Bergerac”; Teatro do Sesc da Tijuca, para a montagem da peça; e o Teatro Brigitte Blair, para as cenas do teatro de revista. (Site Memória Globo)
Trilha sonora e abertura
O LP com a trilha sonora nacional continha músicas usadas exclusivamente para a trama de Espelho Mágico.
Para os temas nacionais da novela Coquetel de Amor, foi lançado comercialmente um compacto próprio, com quatro músicas.
Já o LP internacional contemplava músicas de Coquetel de Amor, no lado A do disco, e de Espelho Mágico, no lado B.
A abertura – embalada pela música “Vai Levando”, de Chico Buarque e Caetano Veloso, gravada por Miucha e Tom Jobim – exibia fotos de atores da novela em trabalhos anteriores, em televisão ou cinema, como Tarcísio Meira nas novelas O Semideus e Escalada e no filme Independência ou Morte; Glória Menezes na novela O Grito; Juca de Oliveira em Fogo Sobre Terra e Saramandaia; Lima Duarte em O Rebu e Pecado Capital; Tony Ramos em Vitória Bonelli e Rosa dos Ventos; e Pepita Rodrigues em Anjo Mau. Também fotos de Yoná Magalhães, Sônia Braga, Mauro Mendonça e Heloísa Milet.
A abertura de Espelho Mágico foi a primeira da Globo a creditar os atores por ordem alfabética. A ideia partiu de Borjalo (Mauro Borja Lopes, executivo da emissora) para contornar a dificuldade de Daniel Filho em creditar o elenco, com tantos nomes de peso e sucesso. (O Globo, 31/05/1977, *)
Fragmentos
Espelho Mágico foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 20/01/2025, dentro do Projeto Fragmentos, com os 7 capítulos que restaram nos arquivos da Globo: o primeiro, o segundo, o 75, o 76, o 105, o penúltimo (149) e o último (150).
* Pesquisa: Sebastião Uellington Pereira.
Trilha sonora nacional de Espelho Mágico
01. S’WONDERFUL – João Gilberto (tema de Diana)
02. MANINHA – Miúcha, Tom Jobim e Chico Buarque (tema de Beatriz)
03. CANTANDO – Paulinho da Viola
04. TIGRESA – Gal Costa (tema de Cynthia)
05. A CARA DO ESPELHO – Naila Skorpio (tema de Bruna e tema das vinhetas de intervalo)
06. VAI LEVANDO – Miúcha e Tom Jobim (tema de abertura)
07. SONHOS DE UM PALHAÇO – Antônio Marcos (tema de Carijó)
08. OMBRO AMIGO – Leci Brandão
09. VALSA – Tom Jobim (tema de Jordão)
10. SEM ESSA – Jards Macalé (tema de Leila)
11. APRENDER A NADAR – Marlui Miranda
12. LAMENTO – Dilermando Reis
Sonoplastia: Roberto Rosemberg
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider
Assistente de produção: Yara Vidal
Trilha sonora nacional de Coquetel de Amor
01. BAILE DE MÁSCARAS – Guilherme Arantes
02. UNO MUNDO – Chico Batera
03. RENASCENDO EM MIM – Don Beto
04. BANDIDO CORAZÓN – Ney Matogrosso (tema de abertura)
Direção de produção: Guto Graça Mello
Trilha sonora internacional (de Espelho Mágico e Coquetel de Amor)
Lado A: músicas de Coquetel de Amor
01. LOVE’S MELODY THEME – Larry & Jannie (tema de Rosana e Ciro)
02. I REMEMBER YESTERDAY – Donna Summer
03. SO MANY TEARS – Dave Ellis (tema de Camila)
04. YES SIR, I CAN BOOGIE – Baccara
05. DAYBREAK – Randy Bishop (tema de Débora)
06. TROUBLE-MAKER – Roberta Kelly
07. J’AIME – Jean-Pierre Posit (tema de Ciro)
Lado B: músicas de Espelho Mágico
01. C’EST LA VIE – Emerson, Lake & Palmer (tema de Diogo e Leila)
02. MA BAKER – Boney M.
03. LOVE SO RIGHT – Bee Gees (tema de Beatriz)
04. FLYING HIGH – Tony Stevens (tema de Paulo)
05. NEVER GET YOUR LOVE BEHIND ME – The Faragher Brothers (tema de Bruna)
06. LET’S GET IT ON – East Harlem Bus Stop
07. HOW WONDERFUL TO KNOW – B & C Limited (tema de Cynthia e Diogo)
Ainda
DADDY COOL – Boney M.
ISN’T SHE LOVELY – Stevie Wonder
Tema de abertura: VAI LEVANDO – Miucha e Tom Jobim
Mesmo com toda fama, com toda Brahma
Com toda cama, com toda lama
A gente vai levando essa chama
Mesmo com todo emblema, todo problema
Todo sistema, toda Ipanema
A gente vai levando essa gema
Mesmo com nada feito, com a sala escura
Com o nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Mesmo com toda via, com todo dia
Com todo ia, todo não-ia
A gente vai levando essa guia
Mesmo com todo rock, com todo pop
Com todo estoque, com todo Ibope
A gente vai levando esse toque
Mesmo com toda sanha, toda façanha
Toda picanha, toda campanha
A gente vai levando essa manha
Mesmo com toda estima, com toda esgrima
Com todo clima, com tudo em cima
A gente vai levando essa rima
Mesmo com toda cédula, com toda célula
Com toda suma, com toda sílaba
A gente vai levando, a gente vai tocando
A gente vai tomando
A gente vai dourando essa pílula…
Novela problemática do primeiro ao ultimo capitulo, impopular. O grande fiasco de 1977.