Sinopse
A trajetória de Lola ao lado do marido Júlio e dos quatro filhos – Carlos, Alfredo, Isabel e Julinho – desde que eram crianças até a idade adulta.
A história transcorre todos os fatos marcantes de sua vida: a dura luta para criar os filhos pequenos e para pagar a casa comprada em prestações, a morte do marido e de Carlos, os problemas com o rebelde Alfredo, a união precoce de Isabel com um homem separado e o casamento de Julinho com uma moça rica, o que culmina com a ida de Lola para um asilo.
Entre tanto sofrimento, alguns momentos leves, como a amizade com a vizinha Genu, casada com Virgulino, um casal divertido, e os passeios à casa de sua mãe, Dona Maria, em Itapetininga, no interior de São Paulo, onde moram suas irmãs Clotilde e Olga e a tia Candoca.
A espevitada Olga casa-se com o farmacêutico Zeca e juntos dão início a uma numerosa prole. Já Clotilde apaixona-se por Almeida, amigo de Júlio, mas não consegue romper com os padrões morais da sociedade quando tem de decidir morar com ele, que é desquitado.
NICETTE BRUNO – Lola (Eleonora Abílio de Lemos)
GIANFRANCESCO GUARNIERI – Júlio Abílio de Lemos
CARLOS AUGUSTO STRAZZER – Carlos
CARLOS ALBERTO RICCELLI – Alfredo
MARIA ISABEL DE LIZANDRA – Isabel
EWERTON DE CASTRO – Julinho
GEÓRGIA GOMIDE – Clotilde
EDGARD FRANCO – Almeida (Argemiro de Almeida)
JUSSARA FREIRE – Olga
PAULO FIGUEIREDO – Zeca (José Carlos)
MARIA CÉLIA CAMARGO – Genu
JOÃO JOSÉ POMPEO – Virgulino
NYDIA LÍCIA – Tia Emília
CARMEM MONEGAL – Adelaide
LOURDES DE MORAES – Justina
LEONOR LAMBERTINI – Dona Maria
GENY PRADO – Tia Candoca
ADRIANO REYS – Felício
RENY DE OLIVEIRA – Carmencita
ROGÉRIO MÁRCICO – Alonso
MARIA LUIZA CASTELLI – Pepa
FLÁVIO GALVÃO – Lúcio
BETH GOULART – Lili
INDIANARA GOMES – Maria Laura
SILVIO ROCHA – Assad (Jorge Assad)
LUCY MEIRELLES – Karime
SÔNIA MOREIRA – Laila
AMILTON MONTEIRO – Marcos
CHICA LOPES – Durvalina
CARMEM MARINHO – Marion
LUIZ CARLOS BRAGA – Alaor
MALU BRAGA – Marta
GÉSIO AMADEU – Raio Negro
Delegado Gusmões
Higino
as crianças
PAULO CÉSAR DE MARTINO – Carlos
DOUGLAS MAZZOLA – Alfredo
IVANA BONIFÁCIO – Isabel
MARCELO PINSDORF – Julinho
ANA CLÁUDIA PEREIRA – Carmencita
MATHEUS ROBERTO (MATHEUS CARRIERI) – Lúcio
GLADYS REGINA MIRANDA – Lili
MARIA CECÍLIA SALAZAR – Maria Laura
MARCO DONIZETTI – Raio Negro
MÁRCIO COSTA – Tavinho
ILENE PATRÍCIA – Maria Emília
LUCIENE DOS SANTOS – Emiliana
e
DOMINGOS MATTEI NETO – enfermeiro
FELIPE DONOVAN – Fernandes (patrão de Lili que a assedia)
GENÉSIO DE ALMEIDA JR.
JOHN HERBERT – Mr. Hilton (chefe de Virgulino que sugere que ele entre em um esquema de corrupção na empresa)
LIA DE AGUIAR – madre superiora do asilo onde Lola vai morar, no final
LINDA GAY – Dona Marlene (mãe de Júlio, sogra de Lola)
MARISA SANCHES – Dona Benedita (professora das crianças)
MARINA SILVA RAMOS – Dita
MARIVALDA – Paulette (corista, amante de Zeca em São Paulo)
OSWALDO CAMPOZANA – comandante do batalhão no qual Alfredo e Lúcio lutam na revolução
PAULO GOULART – Dr. Azevedo (médico que cuida da doença de Júlio)
PAULO GOULART FILHO
RENATO CARRIERI – Felício Jr. (filho de Felício e Zulmira)
ROBERTO MAYA – José Aranha (pai de Carmencita, com quem Pepa parte)
RUTHINÉIA DE MORAES – Zulmira (mulher de Felício)
RUY LEAL – pai de Lola, nas lembranças dela
YARA GREY
Filomena (mulher de Neves)
Neves (amigo de Zeca, passa a perna nele)
Osório (patrão de Alfredo e Raio Negro na oficina mecânica)
Tereza (empregada na casa de Assad)
– núcleo de LOLA (Nicette Bruno), esposa dedicada ao lar, mãe abnegada e afetuosa. Luta ao lado do marido para sustentar a família e ver os quatro filhos encaminhados na vida. Para ajudar o marido a terminar de pagar a casa onde moram, dedica-se à confecção e venda de peças de tricô e doces:
o marido JÚLIO ABÍLIO DE LEMOS (Gianfrancesco Guarnieri), trabalha duro em uma loja de tecidos para prover a família e manter em dia as prestações da casa onde moram, apesar das várias dificuldades pelas quais passam. Tem a ambição de um dia ser rico como seu chefe. Ama sua família, mas é rígido e detesta ser repreendido ou contrariado. Não consegue ter com os filhos a mesma relação amorosa que a esposa estabeleceu com eles. A única exceção é a filha, seu xodó. Frequenta um cabaré e muitas vezes chega bêbado em casa, para o desespero da mulher e dos filhos. Tem uma amante, dançarina do cabaré. Morre no decorrer da história, vítima de uma úlcera no estômago
os filhos: CARLOS (Paulo César de Martino / Carlos Augusto Strazzer), o mais velho e o filho mais companheiro. Responsável e estudioso desde criança, com o falecimento do pai sente-se na necessidade de abandonar a faculdade de Medicina para trabalhar em um banco e ajudar nas despesas da casa. Também morre na história, atingido em um tiroteio durante uma manifestação popular,
ALFREDO (Douglas Mazzola / Carlos Alberto Riccelli), o mais bonito e genioso de seus filhos. Irresponsável e rebelde, não gostava de estudar quando criança, preferindo a companhia dos moleques da rua, sempre se metendo em confusões. Rivaliza com Carlos, não se entende com o pai e abusa da paciência da mãe. Apesar de tudo, tem bom coração. Adulto, vai trabalhar em uma oficina mecânica ao mesmo tempo em que envolve-se em conspirações políticas. Deixa o país como clandestino em um navio, fugindo da polícia,
JULINHO (Marcelo Pinsdorf / Ewerton de Castro), o mais ladino dos filhos, desde criança tinha tino para os negócios e sonhava ser rico. Adulto, vai trabalhar com o patrão do pai. Muda-se para o Rio de Janeiro e casa-se por interesse com a filha rica do patrão,
e ISABEL (Ivana Bonifácio / Maria Isabel de Lizandra), a caçula, queridinha do pai na infância. A situação incomodava Lola, que não concordava com o tratamento diferenciado dispensado pelo marido à filha. Voluntariosa e vaidosa, adulta apaixona-se por um homem casado que não vive mais com a mulher, escandalizando a família
a empregada DURVALINA (Chica Lopes), simplória e prestativa, ajudou a criar os seus filhos
a sogra DONA MARLENE (Linda Gay), mãe de Júlio, viúva. Orgulhosa e desagradável, põe defeitos em tudo e implica com a nora e a com educação que ela dá aos seus netos.
– núcleo da família de Lola em Itapetininga:
a mãe DONA MARIA (Leonor Lambertini), doceira de mão cheia, mulher simples. Viúva, com a venda de seus quitutes sustentou sozinha as filhas depois que o marido faleceu
a tia CANDOCA (Geny Prado), irmã solteirona de Maria. Moralista e faladeira. Reclama que vive doente, mas é preguiçosa. Vai ficando esclerosada com o passar do tempo
as irmãs CLOTILDE (Geórgia Gomide), solteirona, sempre viveu em função da mãe. Trabalhadeira, prestativa e companheira, mas muito exigente consigo mesma. Religiosa e apegada aos valores da sociedade, mesmo apaixonada reluta unir-se ao homem amado por ele ser desquitado
e OLGA (Jussara Freire), a mais nova, é professora de crianças. Engraçada, espevitada, deslumbrada e geniosa
o cunhado ZECA (Paulo Figueiredo), marido de Olga. Farmacêutico, mas, ao longo da história, exerce outras profissões. Divertido e esperto, trabalhador e muito correto, tem a simplicidade dos caipiras do interior. É apaixonado pela mulher a ponto de fazer todas as suas vontades
os filhos de Olga e Zeca: TAVINHO (Márcio Costa), MARIA EMÍLIA (Ilene Patrícia) e EMILIANA (Luciene dos Santos)
o amigo de Zeca, NEVES, que lhe passa a perna.
– núcleo de DONA GENU (Maria Célia Camargo), vizinha de Lola. Tragicômica, fofoqueira e autoritária com o marido, mas de bom coração e solidária:
o marido VIRGULINO (João José Pompeo), funcionário da companhia telefônica. Sujeito tranquilo, sofre nas mãos da mulher, que vive desconfiando dele. Um tipo “come quieto”, frequenta reuniões políticas contra o governo
os filhos: LÚCIO (Matheus Roberto Carrieri / Flávio Galvão), amigo de Alfredo, apaixonado por Isabel desde a infância. Adulto, será estudante de Direito e muito politizado,
e LILI (Gladys Regina Miranda / Beth Goulart), tem uma paixonite por Julinho desde criança.
– núcleo de EMÍLIA (Nídia Lycia), a tia rica de Lola, irmã de seu falecido pai, viúva de um homem da alta sociedade. Elegante, discreta, um tanto esnobe, mantem uma certa distância do lado pobre da família. Tem uma filha doente e, com o intuito de protegê-la, acaba mantendo-a isolada do convívio social, o que limita também seus relacionamentos. Guarda um segredo do passado envolvendo a filha doente. Seu maior passatempo é discorrer sobre a árvore genealógica das famílias quatrocentonas paulistas:
as filhas: ADELAIDE (Carmem Monegal), passou a infância estudando em um colégio interno na Europa. Retorna ao Brasil adulta, moderna, questionadora, de personalidade forte, batendo de frente com o conservadorismo da mãe. Terá uma relação explosiva com Alfredo,
e JUSTINA (Lourdes de Moraes), portadora de uma doença mental não diagnosticada pelos médicos. Vive em uma espécie de mundo paralelo, alheia a tudo o que acontece ao seu redor. Superprotegida pela mãe, é extremamente carente e carinhosa
o mordomo HIGINO.
– núcleo de ALMEIDA (Edgard Franco), colega de trabalho de Júlio na loja de tecidos. Apaixona-se por Clotilde, mas ela resiste à paixão por ele ser desquitado. Os anos passam e, após uma série de desencontros, desiludido, Almeida une-se a outra mulher:
a nova mulher MARTA (Malu Braga)
o amigo DELEGADO GUSMÕES.
– núcleo de CARMENCITA (Ana Cláudia Pereira / Reny de Oliveira), moça doce, mas determinada. Sofre com os desentendimentos entre os pais, que acabam se separando, o que a afasta do pai. Retorna adulta. Ama Carlos desde a infância:
o pai ALONSO (Rogério Márcico), dono de uma mercearia, homem honesto e trabalhador. Não é o seu verdadeiro pai, mas a criou e os dois se amam profundamente
a mãe PEPA (Maria Luiza Castelli), espanhola imigrante, amargurada e preconceituosa, odeia os brasileiros. Grávida, foi acolhida por Alonso, que criou Carmencita como sua filha. Com o retorno do pai biológico de Carmencita, está decidida a abandonar Alonso para viver com ele
o pai biológico JOSÉ ARANHA (Roberto Maya), que não conhecia. Disposto a levar embora Pepa e sua filha.
– núcleo de ASSAD (Silvio Rocha), turco que veio de baixo e enriqueceu com uma loja de tecidos. Patrão de Júlio e Almeida, mais tarde patrão de Julinho. Grande negociante, só pensa em aumentar seu capital:
a filha MARIA LAURA (Maria Cecília Salazar / Indianara Gomes), moça mimada e fútil, foi criada para ter sempre do bom e do melhor. Perde a mãe e passa a odiar a madrasta quando o pai casa-se novamente, mas as duas acabam se tornando aliadas. Apaixonada por Julinho, arma mil situações para fisgá-lo. Quando a família muda-se para o Rio de Janeiro, Julinho vai junto e ela consegue finalmente casar-se com ele. Tem uma relação conflituosa com a sogra Lola, implicando por ela ser uma mulher de hábitos muito simples
a primeira mulher LAILA (Sônia Moreira), esnobe e arrivista, está sempre incentivando o marido a ganhar mais dinheiro e sonha em entrar para a alta sociedade paulistana. Faz todas as vontades da filha. Morre no decorrer da história
a segunda mulher KARIME (Lucy Meirelles), ardilosa e interesseira. A princípio, tem uma relação difícil com Maria Laura, que a odeia, mas acaba trazendo-a para o seu lado
a empregada TEREZA.
– núcleo de FELÍCIO (Adriano Reys), advogado sem projeção e descontente com a profissão. De origem humilde, casou-se com uma mulher da sociedade, mas hoje estão separados. Apaixona-se por Isabel e os dois enfrentam a rejeição da família dela a essa união, por ele ainda ser casado, e a fúria da mulher, que sente-se humilhada por ter sido trocada e resiste em dar o desquite. Isabel faz um contraponto com a tia Clotilde, que não conseguiu assumir o homem que ama por questões morais e convenções da sociedade:
a mulher ZULMIRA (Ruthinéia de Moraes), de família abastada. Geniosa e intempestiva, não importa-se em dar escândalos. Apesar de não viver mais com o marido, não aceita ser trocada por Isabel, mais bela e mais jovem, e nega-se a dar o desquite para ele
o filho pequeno com Zulmira, FELÍCIO JR. (Renato Carrieri)
o sobrinho MARCOS (Amilton Monteiro), amigo de Carlos da faculdade de Medicina. Interessa-se por Lili.
– demais personagens:
RAIO NEGRO (Marco Donizetti / Gésio Amadeu), amigo de Alfredo desde a infância. Morre em combate na Revolução Constitucionalista de 1932
MARION (Carmem Marinho), dançarina de cabaré, foi amante de Júlio. Apesar da experiência de vida, se iludia na expectativa de que ele deixasse sua família para unir-se a ela
ALAOR (Luiz Carlos Braga), barman do cabaré, amigo de Marion.
Estreia dos autores
Primeiro trabalho de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho como autores de novelas. Silvio já fora ator e, à época, dirigia e roteirizava filmes para o cinema. Rubens já era um reconhecido crítico de cinema e também havia escrito roteiros de filmes.
Sucesso
Ismael Fernandes declarou em seu livro “Memória da Telenovela Brasileira”: “O nível conseguido no texto e o trabalho apurado de Nicette Bruno destacaram essa novela como uma das melhores.”
Nicette foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz de televisão de 1977 (juntamente com Rosamaria Murtinho, pela novela Nina).
Segundo Silvio de Abreu, o sucesso de Éramos Seis deveu-se à combinação de vários fatores, mas, principalmente, à verdade que existia nas relações narradas.
“Além das tramas do livro, do original, levei para os personagens um pouco da minha família. Nós também éramos seis. O Júlio tinha um pouco do meu pai e a minha mãe inspirou algumas coisas de Dona Lola”, contou o autor a Flávio Ricco e José Armando Vannucci, para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”.
Curiosamente, muitos anos depois (em 1990), assim como no texto dos capítulos que escreveu para o personagem Carlos, seu irmão mais velho – Ubaldo – foi o primeiro a falecer.
Após o excelente trabalho em Éramos Seis, Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho foram, em 1978, contratados pela Globo: Silvio escreveu Pecado Rasgado, para o horário das sete, e Rubens adaptou Gina, outro romance de Maria José Dupré, para as seis horas.
Antecedentes
A dupla de autores foi contratada para escrever novelas na TV Tupi e estava trabalhando com os diretores Roberto Talma e Antônio Abujamra em uma sinopse chamada O Acidente. No meio do processo, Talma e Abujamra deixaram a emissora e foram substituídos por Carlos Zara e Henrique Martins. O projeto de O Acidente não foi adiante, pois ficaria muito oneroso. Zara e Martins solicitaram então uma nova sinopse.
Na ocasião, a Globo fazia muito sucesso no horário das sete da noite com a ensolarada e carioca novela Locomotivas. Zara pediu uma novela do tipo da concorrente, mas que se passasse em São Paulo.
Silvio de Abreu argumentou que em São Paulo não havia praia nem paisagens para bater de igual com a Globo. Sua sugestão foi uma novela com a cara de São Paulo e do povo paulista: uma adaptação do famoso romance “Éramos Seis”, de Maria José Dupré (1898-1984), originalmente publicado em 1943. (livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Projeto Memória Globo)
A história foi dividida em três etapas, 1921, 1931 e 1941, e abrangeu um período dos mais ricos e produtivos da cidade de São Paulo, refletindo seus aspectos políticos e sociais. (“De Noite Tem… Um Show de Teledramaturgia na TV Pioneira”, Mauro Gianfrancesco e Eurico Neiva)
Várias versões
Esta foi a quarta das seis versões da história de Dona Lola que chegava à televisão brasileira.
O livro “Éramos Seis” nunca teve uma versão cinematográfica no Brasil, mas sua primeira adaptação foi feita pelo cinema argentino, em 1945. Dirigido por Carlos Borcosque, o filme tinha a atriz Sabina Olmos como Dona Lola e Oscar Valicelli como seu marido Júlio.
Ainda em 1945, foi transmitida no Brasil a radionovela inspirada no livro, pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro, escrita por Álvaro Augusto, com direção de Olavo de Barros e a então cantora Sônia Barreto no papel principal. (site Memórias Cinematográficas)
A primeira versão para a TV foi ao ar em 1958, pela Record, ainda na fase de dois capítulos por semana e ao vivo, protagonizada por Gessy Fonseca e Gilberto Chagas.
A segunda foi uma produção regional, da TV Itacolomi de Belo Horizonte, em 1960, também não-diária e ao vivo, produzida por Léa Delba. Infelizmente, pouco se sabe sobre esta novela. (site Memórias Cinematográficas)
Cleyde Yáconis e Silvio Rocha protagonizaram a versão de 1967, na TV Tupi, já diária, mas ainda em preto e branco.
A quarta versão foi esta da Tupi, em 1977.
Em 1994, o SBT, sob a direção de dramaturgia de Nilton Travesso, produziu um remake da versão da Tupi de 1977, com Irene Ravache e Othon Bastos. À época, Silvio de Abreu, já um consagrado novelista, contratado da Globo, vendeu os direitos sobre o seu texto para o SBT. Anos mais tarde, os comprou de volta, o que possibilitou à Globo produzir, em 2019-2020, a sexta versão da história, já que a emissora também adquiriu os direitos sobre o romance de Maria José Dupré. Na Globo, os protagonistas Lola e Júlio foram vividos por Glória Pires e Antônio Calloni.
Autora chateada
A autora do romance original, Maria José Dupré, que foi apresentada ao elenco na noite de estreia da novela, aborreceu-se com os adaptadores que criaram uma ligação extraconjugal para o personagem Júlio (Gianfrancesco Guarnieri).
Ela desabafou: “É demais! Sempre me culpei por ter criado a Dona Lola tão sofrida, agora o marido a desrespeita!”
Mais tarde, confidenciou: “Não me apresentem a aventura de Júlio, será demais para mim!”
(“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
Elenco
A atriz Chica Lopes, que viveu a empregada Durvalina, voltou a interpretar a mesma personagem dezessete anos depois, no remake da novela no SBT (em 1994).
Jussara Freire e Paulo Figueiredo também estiveram nas duas novelas, mas fazendo pares românticos diferentes: Olga e Zeca em 1977, e Clotilde e Almeida em 1994.
Também Lia de Aguiar. Em 1977, a atriz fez uma rápida aparição como a madre superiora do asilo onde Lola termina seus dias. Ela voltou em 1994 em outra participação especial: Dona Marlene, mãe de Júlio.
Já o ator Silvio Rocha, o seu Assad em 1977, havia participado anteriormente, na versão de 1967, na qual viveu Júlio.
Nicette Bruno fez uma pequena participação na adaptação da Globo, em 2020, como a madre superiora do asilo onde Lola (Glória Pires) vai morar, já ao final da história. Irene Ravache, a Lola de 1994, também participou, promovendo assim um encontro de Lolas de diferentes gerações.
Morte por imposição
Assim como no romance original, o personagem Carlos morre no decorrer na trama. Na novela, essa morte foi mais por imposição da emissora do que pela vontade dos adaptadores. A Tupi queria Carlos Augusto Strazzer ou Carlos Alberto Riccelli (astros de Éramos Seis) para protagonizar sua próxima atração, O Profeta. Optou-se então seguir o livro e, assim, Strazzer saiu de Éramos Seis para estrelar O Profeta.
A morte de Carlos ocorre no livro em um momento diferente do exibido na trama da novela. Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho criaram um desfecho heroico para o personagem: ele foi um dos mortos na manifestação do Movimento Constitucionalista ocorrida em São Paulo em 23/05/1932, junto de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, os jovens que passaram à História com a sigla MMDC (o movimento deu origem à Revolução Constitucionalista, iniciada em 09/07/1932).
No livro, Carlos chega a lutar na revolução, mas volta para casa são e salvo e morre bem depois, da mesma doença que vitimou seu pai.
Nos remakes (do SBT, em 1994, e da Globo, em 2019-2020), o destino de Carlos foi mantido como na novela da Tupi – embora não por necessidade de liberar os atores. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)
Concorrência
Exibida no horário das sete da noite, a primeira parte da trama de Éramos Seis sofreu ferrenha concorrência com Locomotivas, sucesso da Globo. Reconhecendo os imbatíveis índices de audiência da concorrente, a Tupi mandou publicar nos jornais de 14/08/1977 um anúncio surpreendente:
“A Rede Tupi mudou a novela Éramos Seis para as sete e meia da noite. Assim você não perde as Locomotivas. Éramos Seis, a novela mais humana e comovente da televisão, a partir do dia 15 de agosto, vai começar às sete e meia da noite. A Rede Tupi mudou o horário para você não perder nenhuma das duas novelas de que você gosta. E o novo horário coincide com o início da segunda fase de Éramos Seis. Se por acaso você perdeu a primeira, não tem importância. A vida continua. Em cada capítulo da vida de Dona Lola você vai encontrar muito da sua própria vida. (…) A Rede Tupi está marcando audiência com você.”
Locações
Para maior veracidade, Éramos Seis teve externas gravadas na Vila Belmiro, bairro de Santos (SP), cujas ruas ainda conservavam construções antigas. Bem como na estação ferroviária, na Avenida Ana Costa, e no Orquidário. Ainda em São Paulo, no bairro do Bonsucesso.
Abertura
A abertura de Éramos Seis apresentava um álbum de família sendo folheado, enquanto os créditos do elenco surgiam a cada foto de um ator que aparecia. As atrizes Wanda Stefânia e Patrícia Mayo foram escaladas para a segunda fase da novela (iriam viver Carmencita e Adelaide, respectivamente), e seus nomes – e fotos – constavam na abertura desde a primeira fase.
Porém, as atrizes ficaram grávidas e não puderam atuar, sendo substituídas por Reny de Oliveira e Carmem Monegal. Apesar de os créditos da abertura terem sido corrigidos na segunda fase, as fotos das atrizes originais permaneceram. Assim, o nome Reny de Oliveira surgia sobre a foto de Wanda Stefânia, e o nome Carmem Monegal sobre a foto de Patrícia Mayo.
Por ocasião da reprise, em 1980, a Tupi refez a abertura da novela, com outro tema (uma música instrumental) e novo logotipo. No entanto, manteve o crédito à atriz Wanda Stefânia, um erro da apresentação original, na abertura da primeira fase da história. Conforme descrito no parágrafo anterior, apesar de inicialmente escalada, Wanda Stefânia nunca atuou na novela.
Reprises
Éramos Seis foi reapresentada em duas ocasiões: em 1978, no início da tarde, e em 1980.
E mais
Texto de apresentação de Éramos Seis, narrado em off no início do primeiro capítulo:
“Esta é a história de uma família paulista, a família Lemos. Uma família de gente simples que enfrenta as dificuldades do dia a dia com coragem e otimismo. Uma família muito parecida com a sua. Somente a cidade mudou. São Paulo em 1921 é uma cidade extensa de casas térreas e sobrados, jardins floridos de primaveras, alamedas guarnecidas de plátanos e cortadas pelas linhas dos bondes da Light. São 600 mil habitantes numa época em que começam a se acentuar os contrastes. Os cortiços nos bairros populares, os novos hábitos trazidos pelos imigrantes… Dona Lola, uma mulher comum. Uma mãe de família como tantas que vocês conhecem. Por isso, através deste retrato de época, faremos uma homenagem ao seu anônimo heroísmo. E como à Srª Leandro Dupré, dedicamos essa novela a todas as mulheres que trabalham.”
01. TODA UMA VIDA – Ederly Borba (tema de abertura e tema de Lola)
02. DOMINGO ANTIGO – Beth Carvalho (tema geral)
03. MEU PRELÚDIO – Waldyr Azevedo (tema de Julinho e Lili)
04. MADRINHA LUA – Rosinha de Valença (tema de Clotilde)
05. MODINHA – Titulares do Ritmo (tema de Carlos)
06. QUEREMOS DEUS – Wilson Simonal
07. ACALANTO – Nana e Dorival Caymmi (tema de Lola e os filhos pequenos)
08. A BANDA – Chico Buarque
09. CAPRICHO DO DESTINO – Jacob do Bandolim (tema de Clotilde)
10. MAL ME QUER – Nara Leão
11. BRANCA – Violinos Mágicos (tema de Clotilde)
12. SERRA DA BOA ESPERANÇA – Elizeth Cardoso e Sílvio Caldas
13. CAIADO – Fernando Leno (tema de Olga)
Sonoplastia: José Moura
Direção artística: Cayon Gadia
Produção executiva: Moacyr M. Machado
Tema de abertura: TODA UMA VIDA – Ederly Borba
Vem a tristeza me entristecer
Mas a lembrança, como a esperança
Me faz viver
Eu sou tão rica com tantos sonhos
Como esta casa me pertencendo
Toda em poente me vê
Me vê passando todos os dias
Mesmo nos dias que vão morrendo
Pois com certeza
Tem sempre um dia em nossa vida
Que vai nascendo…
Essa versão de 77 da Tupi é a minha preferida.
Sobre o anúncio da mudança de horário, a revista Veja (edição 468, 24/08/1977) publicou uma matéria que foi puro deboche. Além do título “Por favor”, disse que era como se uma marca de sabão em pó confessasse que não lava mais branco. A estratégia, no entanto, deu certo pois a audiência quadruplicou, talvez pelo interesse, curiosidade ou compaixão do público.
Pelo amor de Deus Dona Lola tem que casar novamente e ajudar a cuidar do filho de Inês…
Soube que teve uma reprise dessa novela em 1980, quando a Tupi estava nas últimas, em substituição a Drácula. Uma conhecida minha contou que ficou sem saber como acaba a novela, porque a Tupi faliu antes do final.
Irene tinha 50 quando fez a novela. Glória tem 55 atualmente. Elas tem que variar a idade em 20 anos no decorrer da novela. Não vejo onde há problema pelo menos na idade das atrizes.
Foi a versão mais marcante……embora o SBT tenha feito uma impecável, em termos de produção…..a de 2019 com Glória Pires…sei não…..ela não tem a idade requerida pelo personagem….