Sinopse

A descoberta do amor provoca inúmeros acontecimentos na vida da sensual Engraçadinha, filha do moralista deputado Arnaldo, noiva do simplório Zózimo. Com 18 anos, ela encanta a todos, inclusive a melhor amiga Letícia, noiva de seu primo Sílvio, por quem Engraçadinha é apaixonada. Um perigoso triângulo amoroso que entra em conflito quando o Dr. Arnaldo descobre a relação e, desesperado, revela que Silvio é também seu filho.

Como se não bastasse, Letícia assume a sua paixão por Engraçadinha e o triângulo culmina em tragédia: Sílvio se castra ao descobrir que dormiu com sua irmã. Era início dos anos 1940 e a sociedade, apesar de cínica, repudiava qualquer atitude que fugisse dos padrões, principalmente os que envolviam sexo. Com o suicídio de seu pai, Engraçadinha deixa o Espírito Santo para viver no Rio de Janeiro.

Dezessete anos depois, Engraçadinha é uma mulher recalcada pela vida. Agora protestante, está casada com o antigo noivo Zózimo e cuidando de seus filhos Durval e Silene com o rigor da religião. Apesar de muito simples, sua vida seria normal se não carregasse o arrependimento do passado e se sua filha não fosse tão exuberante e atrevida como ela mesma foi na sua juventude. Enquanto foge das investidas da ainda apaixonada Letícia, é autoritária com Silene, repreendendo-a.

Engraçadinha ainda é uma mulher muito bonita, mas que se esconde sob a capa da religião, tentando livrar-se do que considera os pecados do passado. Quer cuidar apenas da casa e manter a filha sob sua guarda. Porém, um confronto com o seu passado poderá despertar a vontade de viver novamente a plenitude dos desejos e do prazer.

Globo – 22h30
de 25 de abril a 26 de maio de 1995
18 capítulos

minissérie de Leopoldo Serran
baseada no romance homônimo de Nelson Rodrigues
colaboração de Carlos Gerbase
direção de João Henrique Jardim e Denise Saraceni
direção geral de Denise Saraceni

primeira fase
ALESSANDRA NEGRINI – Engraçadinha
ÂNGELO ANTÔNIO – Silvio
MARIA LUÍSA MENDONÇA – Letícia
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Dr. Arnaldo
PEDRO PAULO RANGEL – Zózimo
PAULO BETTI – Dr. Odorico Quintela
SÉRGIO MAMBERTI – Tio Nonô
NICETTE BRUNO – Tia Zezé
ZILKA SALABERRY – Tia Ceci
HUGO CARVANA – Irmão Fidélis
MAURO MENDONÇA – Governador Benedito Valadares
OTÁVIO AUGUSTO – Vasconcelos
YONÁ MAGALHÃES – Geni
ANNA DE AGUIAR (CAROLYNA AGUIAR) – Polaquinha
TONICO PEREIRA – Xavier
JOEL BARCELLOS – Aprígio
ARIEL COELHO – amigo de Odorico
BETTINA VIANNY – mãe de Letícia
BIA SEIDL – mãe de Silvio
RAPHAEL MOLINA – pai de Zózimo
DENISE TRINDADE – mãe de Zózimo
ROGÉRIO RODRIGUES – amante da mãe de Zózimo
PATRÍCIA RIBEIRO – Engraçadinha (criança)
LUIZA CURVO – Letícia (criança)
ANDRÉ RICARDO – Zózimo (criança)

segunda fase
CLÁUDIA RAIA – Engraçadinha
MARIA LUÍSA MENDONÇA – Letícia
PEDRO PAULO RANGEL – Zózimo
PAULO BETTI – Dr. Odorico Quintela
ALEXANDRE BORGES – Luís Cláudio
MYLLA CHRISTIE – Silene
CAIO JUNQUEIRA – Leleco
CARMO DALLA VECCHIA – Durval
ARLETE SALLES – Araci
ANTÔNIO GRASSI – Amado Ribeiro
OTÁVIO MÜLLER – Tinhorão
ERNANI MORAES – Miéssimo
ELIANE GIARDINI – Maria Aparecida
LOUIS ANDRÉ – Professor Petruscu
LUÍS MAÇÃS – Cadelão
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Provedor (pai de Cadelão)
CASSIANO CARNEIRO – Bob
CÂNDIDO DAMM – Cabeça de Ovo
VANESSA LÓES – Janete
FLÁVIO MIGLIACCIO – Piragibe
ENRIQUE DIAZ – Rolinha
ESTER GÓES – Hermínia
FRANCISCO CARVALHO – Wilson

e
ALEXANDRE ALMEIDA – violinista
ANA CARNEIRO – Tia Adelaide
ANA MARIA NASCIMENTO E SILVA – Drª Bruna
ÂNGELA OLIVEIRA – corista
ANKITO – Ceguinho (pai-de-santo)
ANSELMO VASCONCELLOS – Nelson
ANTÔNIO FAGUNDES – Dr. Bergamini (ginecologista)
ARACY BALABANIAN – D. Geninha (mulher conservadora à porta do Cine Pathé)
ARTHUR DA COSTA FILHO – gerente do Cine Pathé
ARY FONTOURA – Pepino (dono do bar)
BETTY GOFMAN – Maria da Penha
CARLOS KROEBER – editor de jornal
CHICO ANYSIO – dono da funerária
CHICO DIAZ – taxista
CRISTÓVÃO NETO – Moreno
EDGARD AMORIM – Gomes (jornalista)
ERI JOHNSON – Raimundo Pessoa (jornalista bêbado)
FERNANDO JOSÉ – Patrício
FRANCISCO MILANI – funcionário da loja
FRANCISCO OITICICA – Estrela
GUILHERME KARAN – Ib Teixeira (jornalista bêbado)
HEBE CABRAL – criada
ÍTALO ROSSI – Dr. Phocion (advogado)
JOSÉ LEWGOY – Irmão Osmar
LÍLIA CABRAL – Eduarda (empregada da pensão)
LIMA DUARTE – dono da farmácia
LOUISE CARDOSO – florista
LÚCIA ALVES – Miss Thorndyke (mulher no parto de Durval)
LUCY MAFRA – tia de Zózimo
LUÍS OTÁVIO – bancário
LUÍS SALÉM – taxista
LUIZ LOBO – irmão de Maria Aparecida
MARCO NICOLATO – motorista
MARIA ADÉLIA – Celina
MARIA CLARA BORBA – corista
MARIANA OLIVEIRA – Yara
MÁRIO LAGO – reitor
MICAELA GÓES – Sônia (amiga de Silene)
MOZART RÉGIS – motorista
NUNO LEAL MAIA – Dr. Alceu (ginecologista)
OSWALDO LOUZADA – médico
PATRÍCIA FRANÇA – freira
PAULO JOSÉ – ascensorista
PEDRO BRÍCIO – Rodolfo
REGINALDO FARIA – Dr. Areal (psiquiatra)
RODRIGO PENNA – Lázaro
STÊNIO GARCIA – Carlinhos
THELMA RESTON – parteira de Durval
TONY TORNADO – jurista
TOTONI FRAGOSO – Zé Maria
VERÔNICA LOPES – Guida
VICTOR FASANO – delegado

Ótima adaptação

Adaptação de Leopoldo Serran do folhetim “Asfalto Selvagem: Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados”, publicado no jornal Última Hora entre agosto de 1959 e fevereiro de 1960. O texto foi o primeiro a ser assinado por Nelson Rodrigues com seu nome verdadeiro.

Ótima adaptação, com personagens inflamados, apaixonados e também toda a postura conservadora e ao mesmo tempo hipócrita da sociedade nas décadas de 1940 e 1960. A minissérie foi marcada pelo rigor na retratação das décadas, desde a fachada das casas até a linguagem própria de Nelson Rodrigues.

Resistência

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho narrou em seu “Livro do Boni” que aceitou a proposta de adaptar Nelson Rodrigues com certa resistência:
“O Carlos Manga, na época, era o responsável pela área de minisséries e me propôs realizar Engraçadinha. Disse a ele: ‘Não dá, Manga, Nelson Rodrigues não dá. Ou vai ficar mutilado ou vamos ter problemas’.

Mas ele insistiu: ‘Eu garanto. Faço forte, mas dentro de limites. Cada cena que eu tiver receio, trago para você ver.’ E assim foi feito. Sem qualquer problema.”

Elenco

A minissérie revelou a talentosa atriz Alessandra Negrini, vivendo Engraçadinha na primeira fase, enquanto Cláudia Raia defendeu bem o contraponto de Engraçadinha na segunda fase.

Alessandra Negrini narrou ao projeto Memória Globo que sua escalação demorou para sair.
“Eles diziam que o teste tinha sido bom, mas eu não me parecia com a Cláudia Raia, que fazia a Engraçadinha adulta. Eu fiz uns três ou quatro testes e definiram que não seria eu.”
Alessandra ficou arrasada até que a atriz escolhida teve que recusar porque era menor de idade. Foi quando entrou em cena o então diretor da Globo, Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho), e indicou Alessandra para o papel.
Por sua atuação, Alessandra Negrini foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a revelação feminina na TV em 1995. E Denise Saraceni foi premiada como melhor diretora do ano.

Cláudia Raia teve que brigar pelo papel. O diretor Carlos Manga a havia chamado para fazer uma pequena participação, mas ela queria viver a protagonista. Em seu livro “Sempre Raia um Novo Dia” (escrito com Rosana Hermann), Cláudia afirmou que Manga a achava “uma comediante bonita demais para fazer uma mulher comum, como são as personagens de Nelson Rodrigues”. Mesmo assim, Denise Saraceni fez um teste com Claudia Raia escondida, à revelia de Carlos Manga. O diretor convenceu-se quando viu o resultado.

Destaque também para Maria Luísa Mendonça, irrepreensível como Letícia, amiga da adolescência de Engraçadinha, apaixonada por ela. Duas cenas marcantes com a atriz: quando Letícia seduz Silene (Mylla Christie), filha de Engraçadinha, e a sequência de sua morte.

Cenografia, locações e figurinos

A minissérie teve 14 cenários externos no Projac e 19 em estúdios diversos, além de outros 5 construídos no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Para algumas cenas gravadas em ambiente de trabalho, utilizou-se o Palácio do Itamarati. Toda uma rua do Projac foi transformada para de adequar ao estilo da década de 1940. Nela, a equipe de produção chegou a construir um cinema e mais 12 cenários com interiores.

Cerca de 700 figurinos foram confeccionados especialmente para a minissérie. A produção de arte, que realizou um trabalho de pesquisa das épocas abordadas (final da década de 1930 e a década de 1950), teve a preocupação de marcar o máximo possível a diferença entre os dois períodos.

Repetecos

A minissérie foi reapresentada de 8 a 25/09/1998, em 12 capítulos. Reprisada também de 20/08 a 13/09/2002, em comemoração aos 90 anos do nascimento de Nelson Rodrigues.
Ainda no Viva (canal de TV por assinatura pertencente à Rede Globo), em três ocasiões: de 07/10 a 01/11/2010, às 23h45; de 23/08 a 17/09/2012, às 23h15 (comemorando o centenário de Nelson Rodrigues); e de 05/01 a 03/05/2020, na íntegra, em capítulos semanais, apenas aos domingos, às 22h45.

Em 2006, a minissérie foi lançada em DVD.

Outras adaptações

O romance do Anjo Pornográfico – como era conhecido Nelson Rodrigues – já havia rendido versões para o cinema. Dois filmes do diretor J. B. Tanko: Asfalto Selvagem, em 1964, com Vera Vianna (Engraçadinha), Jece Valadão (Sílvio), Maria Helena Dias (Letícia) e Nestor de Montemar (Zózimo); e a continuação da história Engraçadinha Depois dos Trinta, em 1966, com Irma Alvarez (Engraçadinha), Vera Vianna (Silene), Fernando Torres (Dr. Eurico Quintela) e Claudio Cavalcanti (Leleco).

Ainda o filme Engraçadinha, de Haroldo Marinho Barbosa, em 1981, com Lucélia Santos (Engraçadinha), Luiz Fernando Guimarães (Sílvio), Daniel Dantas (Zózimo), José Lewgoy (Dr. Arnaldo) e Nina de Pádua (Letícia).

Outras adaptações para a TV da obra de Nelson Rodrigues: a novela O Homem Proibido (1982), a minissérie Meu Destino é Pecar (1984) e a série A Vida Como Ela É… (1996).

01. MULHER – Sidney Magal
02. WITH A SONG IN MY HEART – Doris Day (tema de Engraçadinha)
03. ONLY YOU – Oséas
04. MOLAMBO – Roberto Luna
05. BANHO DE LUA (Tintarella Di Luna) – Celly Campello (tema de Silene)
06. DON’T BE THAT WAY – Rio Jazz Orchestra
07. ADIOS NONINO – Ubirajara Silva (tema de abertura)
08. ESTÚPIDO CUPIDO (Stupid Cupid) – Celly Campello
09. OH! CAROL – Neil Sedaka
10. YOU MADE ME LOVE YOU – Harry James
11. CANSEI DE ILUSÕES – Tito Madi
12. AMOR AMOR – Xavier Cougart
13. NESTE MESMO LUGAR – Dalva de Oliveira
14. VELHO REALEJO – Sílvio Caldas

Produção musical: Roger Henri
Direção musical: Mariozinho Rocha

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