Sinopse
O declínio da poderosa e conservadora família Tavares Branco, no período que vai de 1970 a 1992. Passando pela Ditadura Militar, morte de Tancredo Neves, a eleição e o impeachment do presidente Fernando Collor, os Tavares Branco vão ruindo e deixando transparecer seus problemas familiares e financeiros.
Aceitando o pedido de um padre, o jurista Tavares Branco cria o menino órfão Mariel, que fica sob os cuidados da criada Jandira. Mariel cresce em um quartinho na garagem da mansão e se torna motorista da família. Ao se envolver com Carla, a caçula dos Tavares Branco, é expulso da mansão acusado de estupro.
Anos depois, Mariel reencontra Jandira, que sempre o amou com devoção. Ela o leva ao culto de uma igreja evangélica e o rapaz vê na religião a resolução de seus problemas. Mariel funda sua própria igreja neopentecostal, o Templo da Divina Chama, e, em cinco anos, fica milionário com a exploração da fé do povo.
Porém, Mariel continua ligado aos Tavares Branco. Nunca esqueceu Carla e deseja vingança. Apesar de se amarem, Mariel e Carla têm ideais de vida distintos: ele pretende expandir ainda mais as suas igrejas, e ela, politizada, eleitora do Partido dos Trabalhadores, não concorda com seu modo de viver e pensar.
EDSON CELULARI – Mariel Batista
ADRIANA ESTEVES – Carla Tavares Branco
ZEZÉ POLESSA – Jandira
RUBENS CORRÊA – Desembargador Albano Tavares Branco
STÊNIO GARCIA – Albano Tavares Branco Filho
ARICLÊ PEREZ – Celeste Tavares Branco
LUIZ FERNANDO GUIMARÃES – PJ (Pedro Jorge Tavares Branco)
MARIA ZILDA BETHLEM – Irene
BETTY GOFMAN – Suzana Tavares Branco
MARIA PADILHA – Sônia Tavares Branco
RAUL GAZOLA – Vitor Prata
INGRA LIBERATO – Rafaela Couto Neves
YOLANDA CARDOSO – Tia Lalu
JOÃO PHELIPE – Vicentinho (Vicente Tavares Branco)
CÁSSIO GABUS MENDES – Padre Giovanni
PAULO GORGULHO – Delegado Etevaldo Morsa
MILTON GONÇALVES – Pastor Jovildo Siqueira
OSWALDO LOUREIRO – Emiliano Couto Neves
SILVIA BANDEIRA – Estela Couto Neves
CIBELE LARRAMA – Mariana
ISADORA RIBEIRO – Luzia
e
ALESSANDRA AGUIAR – Carla (criança)
ANDRÉA CAVALCANTI – Emília (secretária de PJ)
ANTÔNIO CALLONI – Cleto (homem pago por Mariel para passar-se por marido de Vilma e chantagear Albano)
ARAÚJO HULK – segurança de Mariel
ARIEL COELHO – Hilário (mordomo de PJ)
BÁRBARA CUNHA – Suzana (adolescente)
GUSTAVO OTONI – Andrade (advogado de Emiliano)
JAMAICA MAGALHÃES – pastora na igreja de Mariel
JOEL SILVA – Detetive Júlio Abreu (auxiliar do Delegado Morsa)
LEONARDO BIAGIONI – Vicentinho (criança)
LEONARDO JOSÉ – Deputado Bandeira (amigo de falcatruas de PJ)
LÉO WAINER – Machado (advogado de Mariel)
LUCIANA COUTINHO – moça no bolo de aniversário de PJ
MARCELA AGUIAR – Sônia (adolescente)
NORMA GERALDY – Dalva (mulher do Desembargador Tavares Branco)
PATRÍCIA LOPES – Martinha (colega de faculdade de Carla)
PATRÍCIA NOVAES – Sueli (fiel da igreja de Mariel)
PAULO JOSÉ – Claudionor Corrêa (ex-fiel da igreja de Mariel que depõe contra ele com a ajuda de Albano)
RACHEL IANTAS – Yana (secretária de Vitor)
RAFAEL MONDEGO – Neco
RICARDO BLAT – pastor da igreja de Mariel
ROBSON SANCHEZ – Pedro Jorge (adolescente)
SOLANGE BADIM – secretária de Albano
TIAGO QUEIRÓZ – Mariel (criança)
VIRGÍNIA NOWICKI – Vilma Lucchesi (mulher que Mariel contrata para seduzir Albano)
apoio
ALMIR ALVES
ANA PAULA DESENZI
ANITA TERRANA
BEATRIZ TAUNAY
BERNADETE DE CASTRO
CARLA ALEXANDER
CARLA FAOUR
CARLOS EDUARDO
CARLOS WAGNER
CELSO ANDRÉ
CEUMAR ADILSON
CLÁUDIA TELLES
CLÁUDIO SÁ
CREUZA DE CARVALHO
DIOGO DAHL
ED FÉLIX
EDMILSON DA CONCEIÇÃO
FLÁVIA MOURA
GILDA VILLAÇA
GILMAR SILVA
GUDIVAN ALBUQUERQUE
HEITOR MARTINEZ
HÉLIO INÁCIO
JEFERSON NEGÃO
JOÃO CARLOS
KELLY COSTA
KLEBER BRANDÃO
LAÉRCIO FONSECA
LAURA DE LA ROQUE
LAVÍNEA FERNANDES
LUÍS EDUARDO AMARAL
LUIZ DE BRAGANÇA
MARCO POLO
MARCO CALZOLARI
MARISA GRIECOMILENA TIMÓTEO
MOYSÉS FARIA
NÁDIA MIGUEL
NILTON DE CASTRO
OLGA MINARDI
RAUL LABANCA
REGINA GUIMARÃES
RENATA MOREIRA
RENATA MORENO
ROGÉRIO FABIANO
RONALDO CARVALHO
RUBENILSON PINHEIRO
SAULO D’FIGUEIREDO
SÉRGIO FARIA
SÉRGIO HENRIQUE
WALDIR AMÂNCIO
WASHINGTON MOTTA
Decadência política
Escrita por Dias Gomes, a minissérie foi baseada em seu romance “Decadência ou o Procurador de Jesus Cristo”, publicado em 1994.
Decadência chamou a atenção ao exibir assuntos pulsantes à época, como o flashback do processo político de ascensão e queda do ex-presidente Fernando Collor de Mello (de 1990 a 1992).
A crítica política estava explícita nas vinhetas de intervalo, em que imagens de arquivo envolvendo o cenário político nacional eram exibidas enquanto as letras da palavra Decadência “despencavam” na animação do logotipo da novela, em uma clara alusão à decadência política do país.
Crítica a Edir Macedo
Porém, a grande polêmica foi a crítica ao fanatismo religioso por meio do protagonista Mariel (Edson Celulari), um pastor evangélico de comportamento “pouco cristão” na busca pelo poder.
Assim, a minissérie, antes mesmo de sua estreia, acabou provocando a revolta das igrejas neopentecostais, que se sentiram atingidas pela maneira com a qual o assunto foi abordado. O pastor Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus e da TV Record, concorrente da Globo, se viu retratado à sua revelia. A igreja entrou na Justiça contra a TV Globo, com uma ação civil indenizatória por danos morais.
Dias Gomes negou a inspiração, mas colocou frases ditas por Macedo (em uma entrevista à revista Veja em 1990) na boca de Mariel na cena em que ele conversa com um delegado de polícia. As frases de Macedo à Veja já constavam no livro que originou a minissérie. Sem a menor sutileza, Dias Gomes fez Mariel ser preso ao final da trama, por charlatanismo, com o aviso ao espectador de que ele foi solto dias depois. Edir Macedo também foi preso, em 1992, por 11 dias, sob a mesma acusação. (Maurício Stycer para a Folha de São Paulo, 22/05/2024)
A Central Globo de Produção e a vice-presidência de operações da Rede Globo decidiram incluir na abertura do primeiro capítulo da minissérie um texto que dizia ser “imprescindível renovar seu respeito a todas as religiões”. Lido pelo ator Edson Celulari, o texto enfatizava que Decadência não pretendia criticar nenhuma religião em particular, nem qualquer de seus representantes.
Elenco
Decadência rendeu a Edson Celulari – como pastor evangélico Mariel – o prêmio de melhor ator na TV em 1995 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
Zezé Polessa também destacou-se com a personagem Jandira, braço-direito de Mariel, apaixonada por ele.
Algumas cenas marcantes:
– no primeiro capítulo, as primeiras noites de amor de Mariel com Jandira e, depois, com Carla, em que a Bíblia é focalizada. Na cena com Jandira, a personagem solta o sutiã sobre a Bíblia antes de entregar-se ao sexo;
– a morte de Suzana (Betty Gofman), que se fecha na mansão Tavares Branco em chamas e morre queimada, enquanto sua irmã Carla, desesperada, assiste a tudo do portão.
Imagens reais inseridas
Foram inseridas na minissérie imagens jornalísticas de arquivo, como o comício pelas Diretas Já (em 1984), o anúncio da morte de Tancredo Neves (em 1984) e os caras-pintadas pedindo o impeachment do presidente Collor (em 1992), entre outras.
Em algumas dessas sequências, foram usados efeitos especiais que permitiram à produção interferir nessas imagens jornalísticas, acrescentando atores em cenas nas quais originalmente só havia personalidades políticas ou rostos anônimos.
O lobista PJ (Luiz Fernando Guimarães), por exemplo, desceu a rampa do Palácio do Planalto ao lado do presidente Collor e, depois, apareceu dando um depoimento em uma comissão parlamentar de inquérito (CPI); e Carla (Adriana Esteves) gritou em meio à manifestação de caras-pintadas.
Entre as imagens de arquivo inseridas, havia uma real (que não é montagem) da atriz Maria Zilda Bethlem (do elenco) com Collor, em 1990, exibida no sexto capítulo.
Locações e cenografia
As cenas na mansão dos Tavares Branco foram gravadas em uma locação em Petrópolis (RJ), por cerca de dois meses. A cenógrafa Cláudia Alencar cuidou do envelhecimento gradativo dos móveis e das paredes do casarão.
A produção contou com recursos tecnológicos que garantiram o realismo nas cenas do incêndio na mansão Tavares Branco, todo feito em computação gráfica.
Globoplay
Decadência foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 13/05/2024.
Assisti no Globoplay e gostei bastante! Pra mim era inédita, pois, quando passou na Globo eu tinha 06 anos.
Achei o final meio corrido – poderiam ter explorado mais a prisão do Edir…ops Dom Mariel. rsrsrs
Daria para ter mostrado os telecultos, etc…. tinha bastante coisa ainda pra se ver.
Gostei da decadencia da familia e me coloquei a pensar em tantas familias quatrocentonas aqui em SP que viveram o apogeu e a decadência.
Esperava muito dessa minissérie por ser de Dias Gomes porém deixou um pouco a desejar no meu ponto de vista, apesar de não chegar a ser ruim. Daria uma nota 7.
Revendo a minissérie hj, quase 30 anos depois, percebo q ela passou pelo teste do tempo, como outras obras do seu autor. Não li o romance d q a série é originada, mas, quero crer q certos temas – tratados na tevê d modo amenizado (como, p ex, o sentimento incestuoso de Sônia pelo irmão PJ e até o seu alcoolismo, bem como a contextualização política, abarcando o período pós-ditadura militar e a tortuosa redemocratização do país, além da chamada era Collor) sejam melhor explicitados no txt escrito do q no material adaptado. Quer isso seja um problema próprio das dificuldades d transposição d um gênero a outro; quer seja determinado por dificuldades d produção ou por escolhas da direção, ou ainda, quem sabe, imposições da época d exibição, o fato é q algumas personagens secundárias ganham mais espaço do q outras, s justificativas aparentes; embora a trama central se mantenha interessante e bem desenvolvida. Chama-me, p ex, à atenção o espaço grande q é dado à armação do romance d Albano c a garota d programa Vilma, q poderia ser resolvida em menos cenas, enqto a morte d Rafaela foi tratada d modo preguiçoso: ñ há sequer a presença dos pais da moça no seu velório (ou, se há, é tão ‘en passant’ q mal dá pra notar) e, depois, ñ se faz mais qq menção sb o efeito da morte dessa filha na vida de seus pais, q seguem seus problemas c negociatas, matrimônio e traições como se nunca tivessem tido uma filha juntos! A própria personagem Irene, q abandona o filho aos cuidados da tia, é uma questão q acaba rasa e caricaturizada por uma atuação beirando o humor, q funciona dentro d seu núcleo, mas poderia ter sido melhor explorada. Uma pena, pq a contundência das temáticas abordadas e o talento inegável d Dias Gomes poderiam, d verdade, ter rendido um tantinho mais.
Minissérie maravilhosa. Será que Dias Gomes previu que o pentecotalismo chegaria à política com a famigerada “bancada da bíblia”? Argh!
Estou revendo no Globoplay e a crítica continua viva até os dias de hoje. Tanto na religiosidade quanto na política. Tais críticas não envelhecem nunca!
Quero muito rever esse trabalho maravilhoso.
Gostaria muito de ver essa minissér