Sinopse

Durante 30 anos, José João Batista, o Zezão, trabalhou na mesma empresa, onde chegou a chefe do arquivo morto. Subitamente, é aposentado pela diretoria, e não se conforma. Desolado, joga na loto e acerta a quina. Porém, não chega a receber o prêmio, pois morre de repente. Por azar da família – a esposa Angelina e os quatro filhos Pedro, Jésus, André e Maria de Fátima – o cartão premiado é enterrado com o cadáver. Mais ainda quando a família desenterra o morto e ele está nu na sepultura. O cartão? Desapareceu, deflagrando uma verdadeira caça ao tesouro.

Nessa caça está o Professor Dante Cagliosto, um solteirão, com mania de ópera, que ouve o dia inteiro, aos berros. Também adora Astronomia e cria uma tartaruga, a Malvina, no bidé do banheiro. Cagliosto, velho amigo de Zezão, viu o jogo e anotou os números. Para auxiliar a família desamparada do amigo, passa a comandar a busca ao cartão perdido da loto. Para auxiliá-lo, ele conta com o Padre Antônio e a manicure Mariazinha, que, após ser despejada, vai morar com o Professor, por quem acaba se apaixonando, apesar das brigas. Porém, Cagliosto fica dividido entre a manicure e a viúva Angelina, seu antigo amor de juventude.

Depois de sua morte, Zezão pede permissão para voltar à Terra e proteger sua família, sem que ninguém perceba sua presença. E ele retorna com o anjo Cróvis, que vem ajudar na procura do cartão. Contudo, os dois são extremamente atrapalhados e confusos. As pistas que levam ao cartão premiado são mínimas e, assim, os personagens percorrerão os mais diversos lugares encontrando adversários no percurso, como Silva, um homem de negócios escusos, e seu testa de ferro Bruno Scapelli.

Globo – 18h
de 21 de outubro de 1985
a 26 de abril de 1986
164 capítulos

novela de Alcides Nogueira
escrita por Alcides Nogueira e Walther Negrão
argumento de Benedito Ruy Barbosa
direção de Atílio Riccó, Mário Márcio Bandarra e Ricardo Waddington

Novela anterior no horário
A Gata Comeu

Novela posterior
Sinhá Moça

MILTON MORAES – Zezão (José João Batista)
EVA WILMA – Lina (Angelina de Jesus Batista)
AGILDO RIBEIRO – Professor Dante Cagliosto
ELIZABETH SAVALA – Mariazinha (Maria Moreno)
HUGO CARVANA – Silva
TAMARA TAXMAN – Silvia
PAULO BETTI – Bruno Scapelli
DORA PELEGRINO – Laura
CRISTINA MULLINS – Maria Marta
JOSÉ DUMONT – Cróvis (Inspetor Peixoto)
MARCO ANTÔNIO PAMIO – Marquinhos
ISABELA GARCIA – Fatinha (Maria de Fátima)
BUZA FERRAZ – Pedro
MATHEUS CARRIERI – André
TAUMATURGO FERREIRA – Jésus
CININHA DE PAULA – Clodomira
LÍLIA CABRAL – Marieta
BETE MENDES – Patrícia
ODILON WAGNER – Paulo Souza
FELIPE CARONE – Padre Antônio
ANA ARIEL – Odila
KEN KANECO – Akira
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Serafim
THELMA RESTON – Joana
DENISE MILFONT – Alice
SHEILA DORFMAN – Marcela
CARLA DANIEL – Eleonora
CAROLA MONTICELLI – Lulucha
RITA DE CÁSSIA – Dida
GERMANO FILHO – Neco
YOLANDA CARDOSO – Carmem
CHAGUINHA – Hermelino
ABRAHÃO FARC – Moshe
IDA GOMES – Urânia

e
ALEXANDRE RÉGIS – Dante Cagliostto (jovem)
CARLOS AUGUSTO CARVALHO – Severino (morador de comunidade que os herdeiros de Zezão procuram achando que ele está com o bilhete premiado)
IVAN SETTA – Pedrão (dá uma facada em Mariazinha)
JOEL SILVA – Ticão (traficante responsável pela fuga de Jésus)
JULIANA CARNEIRO DA CUNHA – Dona Juliana (secretária de Mateus)
LUÍS CARLOS ARUTIN – Português (dono do bar onde Mariazinha é atacada por Pedrão)
LUIZ FERNANDO GUIMARÃES – Mateus (presidente da empresa em que Zezão trabalhava)
MARIA ALVES – mulher de Severino
NELSON BORDONI – Zezão (jovem)
REJANE SALIAMIS – Angelina (jovem)

– núcleo de JOSÉ JOÃO BATISTA, o ZEZÃO (Milton Moraes), trabalhou por trinta anos na mesma empresa. Subitamente, é aposentado pela diretoria e não se conforma. Desolado, joga na loto e ganha. Mas não chega a receber o prêmio, pois morre subitamente. Volta em espírito para proteger os amigos e a família:
a mulher ANGELINA DE JESUS BATISTA, a LINA (Eva Wilma), com a morte do marido, fica, a principio, desamparada. Mas com a ajuda dos filhos e dos amigos, vai à luta. Passa por uma transformação quando recebe o prêmio da loteria deixado pelo marido falecido
os filhos PEDRO (Buza Ferraz), o mais velho. Com a morte do pai, assume a família. Sério, crítico, durão, tenta influenciar seus irmãos, o que, muitas vezes, é difícil
JÉSUS (Taumaturgo Ferreira), o mais descansado da família. Não esquenta a cabeça, quer a vida fácil e usa de truques e manhas para não pegar no pesado. É considerado por sua mãe a ovelha negra dos filhos
ANDRÉ (Matheus Carrieri), o mais novo dos rapazes. Tímido, caladão, envergonhado, procura imitar tanto Pedro quanto Jésus, sem saber direito que rumo dar à sua vida
MARIA DE FÁTIMA, a FATINHA (Isabela Garcia), única filha, é o xodó dos irmãos. Herdou da mãe o senso prático, o pé na terra, e do pai, o sonho
a empregada MARIETA (Lília Cabral), que se envolve com Pedro. Ao final, também ganha na loto e fica rica
o amigo CRÓVIS (José Dumont), um anjo que desce à Terra quando Zezão recebe permissão para ajudar a família. É desengonçado, engraçado, e acaba se apaixonando por Fatinha platonicamente, pois não é visto nem ouvido por ela. Por isso, sonha em ser mortal
o anjo SERAFIM (José Augusto Branco), que aparece na Terra como um mendigo.

– núcleo de DANTE CAGLIOSTO (Agildo Ribeiro), professor de matemática, solteirão, apaixonado por astronomia e ópera. Depois da morte de Zezão, de quem era velho amigo, comanda a busca ao cartão perdido da loto. No passado, amou Angelina:
a manicure MARIAZINHA (Elizabeth Savala), ao ser despejada de onde morava, conhece o Professor Cagliosto na casa de quem passa a morar. Apaixona-se por ele, mas o professor fica balançado entre a manicure e Angelina
os pais de Mariazinha, NECO (Germano Filho) e CARMEM (Yolanda Cardoso), que vêm do interior.

– núcleo de SILVA (Hugo Carvana), homem vaidoso e com muito dinheiro, fruto de negócios escusos que ele disfarça sob a fachada de “maior produtor de queijo-de-minas da região”. Transformou sua casa numa verdadeira fortaleza, com todos os equipamentos mais modernos de segurança:
a atual mulher SILVIA (Tamara Taxman), bonita, charmosa, mas deslumbrada. Quer ser fina, mas nem sempre consegue
o filho com Silvia, MARQUINHOS (Marco Antônio Pamio), de boa índole, meio perdido na vida, também não sabe dos negócios do pai. Apaixona-se por Fatinha e viverá com ela um amor proibido pelas duas famílias
a filha do primeiro casamento LAURA (Dora Pelegrino), moça sensível, inteligente e rebelde, tida como louca. Provoca problemas na família, principalmente por conta das brigas com a madrasta
o testa-de-ferro BRUNO SCAPELLI (Paulo Betti), homem da total confiança de Silva. De caráter duvidoso, é conquistador e envolve-se com Laura por interesse
a empregada JOANA (Thelma Reston), está na casa há muito tempo. Criou Laura, agora cria Marquinhos. Tem a sabedoria popular, é simpática, mas, às vezes, também durona
a jovem empregada ALICE (Denise Milfont), vive um amor platônico e idealizado por Marquinhos, mas o rapaz nem sonha com ela, o que a faz sofrer muito
o jardineiro na casa de Angra, HERMELINO (Chaguinha).

– núcleo do PADRE ANTÔNIO (Felipe Carone), antigo na paróquia, está sempre querendo botar o mundo na linha. Como Zezão foi o seu melhor paroquiano, ajuda o Professor Cagliosto a esconder a verdadeira situação em que ele morreu:
a irmã ODILA (Ana Ariel), mulher prática e de temperamento forte. É católica, mas adepta também de outras crenças
a sobrinha MARIA MARTA (Cristina Mullins), filha de Odila, enfrenta a vida com garra. Quer subir na vida, ser alguém, amar. Apaixona-se por Bruno, sem conhecer a sua verdadeira identidade. Mas fica dividida entre o mau-caráter e o amor de Pedro
o inquilino AKIRA (Ken Kaneko), japonês, pasteleiro, mora no quartinho dos fundos da casa do Padre. Tímido, boa gente, ajuda no que pode seus senhorios. Vive às turras com o padre, mas, no fundo, ambos gostam muito um do outro
as amigas de Maria Marta, DIDA (Rita de Cássia), LULUCHA (Carola Monticieli), MARCELA (Sheila Dorfman), que fica com André ao final, e ELEONORA (Carla Daniel), a fofoqueira.

– demais personagens:
PAULO SOUZA (Odilon Wagner), comparsa de Silva, que se envolve com Laura. É assassinado, a culpa recai sobre Laura mas descobre-se que o assassino é na verdade Joana, empregada dos Silva, que alega legítima defesa
PATRÍCIA (Bete Mendes), desperta a paixão de Silva
CLODOMIRA (Cininha de Paula), envolve-se com Jésus.

O pai da história

Alcides Nogueira, em sua estreia como autor-solo de uma novela, comentou na época do lançamento:

“O argumento inicial é de Benedito Ruy Barbosa. Por compromissos com o teatro, ele não pôde assumir De Quina Pra Lua e, com liberdade para modificações, me ofereceram a história, que estou escrevendo. Alterei a sinopse, de comum acordo com o Benedito, mas a ideia central é dele. Criei núcleos, personagens e escrevo os capítulos sozinho. Se surgir algum problema, volto a recorrer a ele, que é o pai da história e tem uma grande experiência em novela.”

O primeiro título pensando para a novela foi Sorte Grande. (revista Amiga, 07/08/1985, pesquisa: Maurício Gyboski)

Novela fraca

Decepcionante atração das 18 horas, horário em que a Globo já apresentou o que tinha de melhor, principalmente em termos de produção. A história, muito inconsistente e mal conduzida pelo autor, pecava também pelo elenco mal escalado e irregular. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

Ideias interessantes, como a volta do morto à ação e a presença do anjo que desce à Terra, ficaram perdidas.

Alcides Nogueira comentou mais tarde em entrevista a José Vitor Rack:
“É uma novela fraca. Foi minha primeira experiência como autor-titular, mas não gosto do resultado. A sinopse original era do Benedito Ruy Barbosa. Provavelmente ele teria conduzido a trama de maneira diferente da minha, já que nossos universos são bem distintos. Hoje vejo que eu ainda não estava pronto para assumir uma novela, ainda mais partindo de uma história de outro autor. Mas, mesmo não tendo sido boa, a novela valeu como experiência, e pela equipe generosa que estava comigo.”

Autor reclamão

No auge do tropeço, Walther Negrão foi escalado para auxiliar o autor, provocando uma virada na história. Contudo, era tarde.

Alcides Nogueira narrou ainda, em entrevista ao blog “Eu Prefiro Melão”, sobre os problemas com a novela:

(…) o estresse provocado pelo Benedito, que tendo entregado a sinopse a mim, continuava me telefonando todo dia, para reclamar disso e daquilo. Quando cheguei ao capítulo 60, não tive dúvida: fui para o Rio, procurei o Dias Gomes e disse que estava entregando a novela. Houve uma reunião difícil, complicada. (…) Aí, o grande amigo Walther Negrão entrou na jogada. Não para escrever, mas para ficar comigo, com toda a sua experiência. E o Benedito parou de me perturbar. Em tempo: tenho enorme respeito pelo Benê, mas ele estava atravessando uma péssima fase, e não deveria ter feito isso comigo. Acho que ele nem se lembra mais dessa história, e é bom…”

Um escorregão extra: uma série de acusações de plágio – como a do dramaturgo Aziz Bajur, que viu na trama central inúmeras coincidências com sua peça “Velório à Brasileira”. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

Elenco

Apesar de tudo, vale destacar os trabalhos irrepreensíveis de Eva Wilma, Milton Moraes, José Dumont, Elizabeth Savala e do comediante Agildo Ribeiro, bissexto em novelas.

Primeira novela de Agildo Ribeiro, Marco Antônio Pamio e Ken Kaneko. Primeira novela na Globo de Taumaturgo Ferreira. Única novela da atriz e dubladora Sheila Dorfman.

Trilha sonora

De Quina pra Lua é mais lembrada por sua trilha sonora internacional, repleta de hits das FMs da virada de 1985 para 1986, com muitas baladas românticas e músicas dançantes, do new wave ao synthpop. A novela das oito da época, Roque Santeiro, não teve trilha internacional no mercado, o que explica terem sobrado tantas músicas de sucesso para a próxima trilha lançada, da novela das seis.

O disco De Quina Pra Lua Internacional tornou-se a terceira trilha mais vendida entre as novelas do horário das seis da Globo, com 430.145 cópias, perdendo apenas para as trilhas Bambolê volume 1 (2º lugar) e A Gata Comeu Internacional (1º lugar). (fontes: Vincent Villari, Som Livre e ABPD)

Como o título De Quina pra Lua faz um jogo de palavras da expressão “que quatro pra lua” (com sorte) com “quina” (de loteria), a capa do LP internacional usou essa ideia, mas com extremo mau gosto, exibindo a foto de uma moça na praia, de biquíni cavadíssimo, de quatro para o sol (e não para a lua).

Trilha sonora nacional

01. DE QUINA PRA LUA – João Bosco (tema de abertura)
02. DOCE MAGIA – Fafá de Belém (tema de Fatinha e Marquinhos)
03. SENTIMENTO BLUES – Tadeu Mathias (tema de Bruno Scapelli)
04. NUVEM – Ricardo Vilas (tema de Mariazinha)
05. CARNE HUMANA – Renato Teixeira (tema de Cróvis)
06. HAJA CORAÇÃO – Diana Pequeno (tema de Sílvia)
07. CHEIO DE VONTADE – Tunai (tema de Jésus)
08. A SORTE GRANDE – Viva Voz (tema geral)
09. VIOLÃO E VOZ – Prêntice (tema de Angelina)
10. RODA SOLTA, LÍNGUA PRESA – Golden Boys (tema do Professor Cagliosto)
11. OH, PECADOR! (SINNER MAN) – Coral Século XX (participação de Zé Ramalho) (tema do Padre Antônio)
12. O GRANDE SILVA – Joelho de Porco (tema de Silva)
13. QUERO – The Fevers (tema de Laura)
14. NÃO AGUENTO MAIS – Zé Luiz

Sonoplastia: Sérgio Seixas
Coordenação de produção: Renato Correa

Trilha sonora internacional

01. DON’T CLOSE YOUR EYES TONIGHT – John Denver (tema de Angelina)
02. FOREVER YOUNG – Alphaville
03. ROCK ME AMADEUS – Falco
04. HURTS TO BE IN LOVE – Gino Vannelli (tema de de Fatinha e Marquinhos)
05. I LIKE YOU – Phyllis Nelson (tema de locação)
06. REMEMBER I LOVE YOU – Jim Diamond (tema de Mariazinha e do Professor Cagliosto)
07. EVERYTHING TO LOSE – Style Council
08. TARZAN BOY – Baltimora
09. MORE THAN I CAN BEAR – Matt Bianco
10. I MISS YOU – Klymaxx (tema de Fatinha e Marquinhos)
11. NEVER – Heart
12. DA QUANDO NON CI SEI – Dario Baldan Bembo (tema de Maria Marta e Bruno)
13. KALIMBA DE LUNA – Tony Esposito (tema de Jésus)
14. SAVING ALL MY LOVE FOR YOU – Whitney Houston (tema romântico dos casais jovens)

Gerente de produto: Toninho Paladino
Seleção de repertório: Sérgio Motta

Tema de abertura: DE QUINA PRA LUA – João Bosco

Azar no jogo é não jogar
A vida é curta
Curta a sua enquanto dá
O tempo passa pro azar
E a bruxa vira fada pra ajudar
A pêra virou
Aladim pra mim dá pé
É questão de esfregar com fé
A gata era borralheira
Né companheira?!
E hoje é uma lady, mora!
É tudo calça de veludo ou pé de fora
Quem tomou o bonde errado
Continua passageiro a pagar
E eu que não sou nem condutor nem motorneiro
Vou sartá
O bilhete tá premiado
Meu! Só tá derrotado quem não se arriscar
Azar no jogo é não jogar…

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