Sinopse

Após onze anos de prisão, Júlia Matos ganha liberdade condicional e tenta se reaproximar da filha Marisa, tendo como principal obstáculo a irmã Yolanda Pratini, que criou a menina cercada de luxo e mimos. Yolanda, uma socialite que optou por se casar com um homem rico para subir na vida, queria que Marisa e a irmã trilhassem o mesmo caminho. Júlia, determinada, tenta, sem muito sucesso, se restabelecer fora do presídio, enquanto faz de tudo para ser aceita pela filha, que a trata com hostilidade e indiferença.

Não tendo família a quem possa recorrer para a auxiliar nos primeiros passos em uma vida nova que terá de refazer, Júlia procura Jofre, seu grande amigo de juventude. Este apresenta-a à sua noiva, Carminha, que lhe oferece a sua amizade. Indo viver na casa desta, Júlia começa a integrar-se em um mundo novo. Porém, conseguir emprego não é tarefa fácil, especialmente com um passado de presidiária. Em meio a tudo isso, Júlia acaba se envolvendo amorosamente com Cacá, um diplomata desiludido com a profissão.

Ao aproximar-se da filha com outra identidade, Júlia luta para que Marisa, à beira de um casamento precoce, tome decisões maduras diante da vida. No dia do casamento da filha, Júlia revela ser sua mãe e tenta impedir o casamento, sem sucesso. Durante a recepção, completamente embriagada, acaba por agredir Franklin, o pai de Cacá e Beto, noivo de Marisa. Graças à atitude precipitada de uma convidada – Áurea, a irmã invejosa de Carminha – de chamar a polícia, Júlia acaba novamente presa e condenada a mais seis meses de prisão.

Ao entrar no camburão da polícia, ela promete vingança. Depois de passar mais uma temporada reclusa, Júlia, ao sair da cadeia, aceita se casar com Ubirajara, um homem solitário e rico, apaixonado por ela. Após uma viagem a Paris e um providencial banho de loja, Júlia retorna exuberante no dia da inauguração da discoteca Dancin´ Days, surpreendendo a todos – principalmente a Yolanda e Marisa – e tornando-se a mais nova pantera da sociedade carioca, marcando assim a sua grande virada.

Com o show de sensualidade na pista de dança, Júlia dá inicio ao seu plano de vingança contra os que a fizeram sofrer: Cacá, que, ao reencontrá-la não teve coragem de se separar da noiva, Inês; a filha Marisa, já desiludida com o casamento com Beto; e Yolanda, que separou-se do marido Horácio e está totalmente falida. Júlia passa a se tornar uma mulher admirada por todos, assumindo a mesma postura fútil que marca a personalidade da irmã, suplantando-a diante da sociedade. Mostra-se capaz de ser “melhor” que ela.

Globo – 20h
de 10 de julho de 1978
a 27 de janeiro de 1979
174 capítulos

novela de Gilberto Braga
direção de Daniel Filho, Gonzaga Blota, Denis Carvalho, Marcos Paulo e José Carlos Piéri
direção geral de Daniel Filho

Novela anterior no horário
O Astro

Novela posterior
Pai Herói

SÔNIA BRAGA – Júlia de Souza Matos / Cristina
ANTÔNIO FAGUNDES – Cacá (Carlos Eduardo Cardoso)
JOANA FOMM – Yolanda Pratini
PEPITA RODRIGUES – Carminha (Carmem Lúcia Santos)
REGINALDO FARIA – Hélio Ferreira
GLÓRIA PIRES – Marisa
LAURO CORONA – Beto (Paulo Roberto Cardoso)
LÍDIA BRONDI – Verinha (Vera Lúcia Santos)
MÁRIO LAGO – Alberico Santos
YARA AMARAL – Áurea Santos Fragoso
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Franklin Cardoso
MILTON MORAES – Jofre da Silva Maia
JOSÉ LEWGOY – Horácio Pratini
ARY FONTOURA – Ubirajara Martins Franco
MAURO MENDONÇA – Arthur Meireles Steiner
SURA BERDITCHEVSKY – Inês Fragoso
EDUARDO TORNAGHI – Raulzinho (Raul de Castro Melo)
BEATRIZ SEGALL – Celina Souza Prado Cardoso
IVAN CÂNDIDO – Aníbal Fragoso
LOURDES MAYER – Ester Santos
GRACINDA FREIRE – Alzira da Silva Maia Neves
JACQUELINE LAURENCE – Solange Rocha
CLEYDE BLOTA – Emília de Castro Melo
REGINA VIANA – Neide
RENATO PEDROSA – Everaldo
MIRA PALHETA – Bibi Nascimento Leal
SUZANA QUEIRÓZ – Leila
NEUZA BORGES – Madá (Maria Madalena de Jesus)
CHICA XAVIER – Marlene
OSMAR DE MATTOS – Ricardo
REJANE SCHUMANN – Luciana
LUCIANO SABINO – Lulu (Luciano)

e
ABELARDO DE ABREU – Álvaro (porteiro no prédio onde Yolanda mora)
ANA ZELMA – Marli (secretária de Veiga)
CARLOS MACHADO como ele mesmo (dos Dzi Croquettes)
CÉSAR AUGUSTO – China (porteiro no prédio onde Alberico mora)
CHARLES MYARA – Chico (amigo de Marisa)
CLÁUDIA OHANA – dançando na discoteca (figuração)
CLEMENTE VISCAÍNO – fotógrafo que clicou Júlia para Ubirajara, no início
DIANA MOREL – Anita (assistente social que ajuda Júlia quando ela deixa a cadeia)
ERI JOHNSON – dançando na discoteca (figuração)
FERNANDO AMARAL – Dorival Cunha (paquera de Áurea que era casado)
FLÁVIA DE ALMEIDA – Marisa (criança, nas cenas de flashback)
FRANCISCO DANTAS – Setembrino (conhecido de Alberico, no início)
FRANCISCO NAGEN – Gurgel (gerente do cinema onde Júlia vai trabalhar)
FREGOLENTE – Veiga (homem rico para quem Alberico oferece um negócio, no início)
GUARACY VALENTE – Alberto Cerqueira de Melo (amigo rico de Cacá que ele apresenta para Maria Lúcia)
INÊS GALVÃO – modelo (figuração)
IVETE MILOZSKI – Stella (mulher de Veiga)
JARDEL MELLO – João (paquera de Áurea, no final)
JORGE FERNANDO – aluno na escola de copeiragem de Alberico (figuração)
JORGE RAMOS – diretor do presídio onde Júlia esteve presa
JORGE REIS – Alfredo (motorista de Yolanda, no início)
JOYCE DE OLIVEIRA – Zuleica Santiago (aluga um quarto para Cacá, quando ele rompe com o pai, e torna-se amiga de Yolanda)
JÚLIO LUÍS – Paulo César (filho de Marlene)
LIA FARREL
LUIZA TOMÉ – uma namorada de Raulzinho (figuração)
MARIA LÚCIA DAHL – Maria Lúcia de Andrade (filha de uma socialite amiga de Celina)
MARINA MIRANDA – Divige (Edviges, babá de Edgar, o bebê de Marisa e Beto)
MURILO NERY – Conselheiro Carrazedo (chefe de Cacá em Brasília, no início)
NINO GIONANETTI – professor de sapateado de Marisa e Verinha
ORION XIMENES – Bandeira (atendente no boteco frequentado por Jofre)
PAULETTE (PAULO BACELLAR) como ele mesmo (dos Dzi Croquettes)
RAQUEL MAZZA – Neuza (trabalha para Hélio e Horácio na discoteca 17)
ROBERTO DE CLETO – Silvio (terapeuta de Cacá)
ROSE ADDARIO – Selma (amiga de Hélio)
RUTH MAIA – Janete
SANDRA CAMPOS – Dirce (presidiária amiga de Júlia)
SELMA LOPES – Jandira (empregada de Áurea)
SILVIO FRÓES – Chiquinho (decorador do apartamento de Júlia)
ZECA – Edu (instrutor na academia de Ubirajara)
Agnaldo Santana (pai de Marisa, dono de um posto de combustível)
Ana Maria (amante de Aníbal)
Cilene (empregada no apartamento de Marisa)
Edgar (bebê de Beto e Marisa)
Feitosa (um dos sócios do bar em que Áurea trabalhou)
Júlia (criança, nas cenas de flashback)
Loureiro (detetive contratado por Franklin para seguir Cacá)
Maria da Penha (empregada na casa dos Cardoso)
Marta (vendedora na loja de Emília e Solange)
Matilde (funcionária da padaria onde Áurea trabalhou)
Pedro (caseiro na casa dos Cardoso em Atibaia)
Raimundo (dono da bar que contrata Áurea para ficar de olho em Feitosa, seu sócio)
Ritinha (filha de Madá)
Roberto (mordomo de Júlia)
Dr. Veiga Chaves (psiquiatra que internou Áurea em sua clínica)
Yolanda (criança, nas cenas de flashback)

– núcleo de JÚLIA MATOS (Sônia Braga), ex-presidiária que tenta retomar a vida após doze anos de reclusão por ter atropelado e matado um guarda noturno. Seu principal objetivo é reaproximar-se da filha adolescente, mas bate de frente com sua irmã, responsável pela criação da menina durante esse período, que tenta a todo custo impedir esse contato. Por sua condição de ex-presidiária, enfrenta preconceitos e vários percalços pelo caminho. Mulher sofrida e cabisbaixa no início, dá a volta por cima na segunda fase, ao casar-se com um homem rico e transformar-se em uma pantera da sociedade carioca, disputada por artistas e gente influente:
os amigos: MADALENA, a MADÁ (Neuza Borges), que conheceu na prisão. Na segunda fase morará com ela. Na reta final, torna-se cantora,
SOLANGE (Jacqueline Laurence), responsável pela mudança de seu visual na segunda fase,
UBIRAJARA (Ary Fontoura), dono de uma academia de ginástica e sauna. Solteirão rico e tímido, apaixona-se por ela e é ajudado por Solange a conquistá-la. Casa-se com Júlia quando ela sai da cadeia pela segunda vez. Financia sua “transformação”,
ARTHUR (Mauro Mendonça), editor de uma revista de moda que regressa ao Brasil no meio da trama. Interessa-se por ela,
e ANITA (Diana Morel), assistente social da penitenciária, tenta ajudá-la a se restabelecer na sociedade quando ela deixa a prisão, na primeira fase
o mordomo ROBERTO.

– núcleo de CACÁ (Antônio Fagundes), jovem diplomata decepcionado com a profissão que escolheu por influência dos pais. É um rapaz reservado que não compactua com os sonhos de status social da família. Apaixona-se por Júlia, com quem vive um romance confuso. Ao longo da trama, rompe com a família e abandona a carreira de diplomata para trabalhar com cinema, seu maior sonho:
os pais: FRANKLIN (Cláudio Corrêa e Castro), advogado conceituado, prepotente e mulherengo. No decorrer da trama, vai chantagear Júlia porque não aceita o envolvimento dela com seu filho,
e CELINA (Beatriz Segall), mulher de família rica e tradicional. Sofre com as indecisões do filho e com a infidelidade do marido. Morre em um acidente de automóvel
o irmão BETO (Lauro Corona), rapaz irresponsável e imaturo, não gosta de estudar, só quer saber de badalações e de voar de asa delta
a empregada e, depois, governanta NEIDE (Regina Viana), fã de Celina que, após sua morte, tenta tomar o lugar dela na casa chantageando Franklin
a empregada MARIA DA PENHA, substitui Neide quando ela é “promovida” a governanta.

– núcleo de YOLANDA PRATINI (Joana Fomm), irmã de Júlia que não a deixa se aproximar da filha por sua condição de ex-presidiária. Mulher arrogante e carreirista, casou-se por interesse, mas o casamento está em crise. Acaba separada e em dificuldades financeiras, mas faz o possível para manter a pose e as aparências. Entre as várias tentativas de encontrar um marido rico, aproxima-se de Arthur, pois vê nele a sua salvação:
a sobrinha MARISA (Glória Pires), filha de Júlia criada por ela. Por influência da tia, tem dificuldade em aceitar a mãe. Rebelde, casa-se prematuramente com Beto e o casal tem um bebê. Mas o casamento fracassa por causa da imaturidade dos dois
o marido HORÁCIO (José Lewgoy), de quem acaba se separando no decorrer da trama. Homem bom, gentil e bem relacionado com a sociedade carioca. Dono da discoteca 17 e, depois, de um restaurante
o amigo HÉLIO (Reginaldo Faria), sócio de Horácio na discoteca 17, mais tarde compra a parte dele e a transforma na Dancin´Days. Com o sucesso da nova discoteca e a separação de Yolanda, ela envolve-se com ele, mas o namoro não dura muito tempo
o copeiro EVERALDO (Renato Pedrosa), seu fã absoluto
a amiga socialite BIBI NASCIMENTO LEAL (Mira Palheta), sua confidente.

– núcleo de CARMINHA (Pepita Rodrigues), professora de educação física e fisioterapeuta, trabalha na academia de Ubirajara (entre outros lugares) e sustenta a família, que vive em dificuldades financeiras. Moça decidida e de personalidade forte, torna-se a melhor amiga de Júlia e sua protetora. Envolve-se com Franklin porém, mesmo após a morte de Celina, ele não quer assumir a relação porque é chantageado por Neide. Na reta final da trama, Carminha descobre que Franklin chantageia Júlia e rompe com ele:
os pais ESTER (Lourdes Mayer), dona de casa, e ALBERICO SANTOS (Mário Lago), um sonhador, boa pessoa mas sem senso prático. Entre outras ocupações sem sucesso ao longo da trama, abre uma escola de copeiragem na qual trabalham Everaldo e Neide. Ao final, abre uma casa de shows “à moda antiga”, um contraponto com a discoteca da novela
a prima VERINHA (Lídia Brondi), sobrinha-neta de Alberico e Ester, órfã que vive na casa deles. No início, é recepcionista da mesma academia onde Carminha trabalha. Amiga de Marisa, disputa Beto com ela. Torna-se modelo quando namora Hélio. Ao final, volta com Beto
a empregada MARLENE (Chica Xavier) e seu filho pequeno PAULO CÉSAR (Júlio Luís).

– núcleo de ÁUREA (Yara Amaral), irmã mais velha de Carminha. Neurótica e infeliz, tem ciúmes de Júlia e não descansa enquanto não descobre que ela é uma ex-presidiária. É a responsável pelo retorno de Júlia à prisão. Com a morte do marido e após um colapso nervoso, tenta se restabelecer socialmente e tratar suas neuroses:
o marido mulherengo ANÍBAL (Ivan Cândido), morre no mesmo acidente de carro que vitimou Celina. Áurea descobre, após a sua morte, que ele tinha uma outra família, com outra mulher
a filha INÊS (Sura Berditchevsky), estudiosa, esclarecida e contestadora. Envolve-se com Cacá
a empregada JANDIRA (Selma Lopes).

– núcleo de JOFRE (Milton Moraes), namorado de Carminha no início, mas eles logo se separam. Comparsa de Alberico em suas ideias megalômanas. Velho amigo de Júlia, dá-lhe a mão quando ela sai da prisão. Torna-se relações públicas da discoteca 17 e, mais tarde, da Dancin´Days. Ao final, reata o namoro com Carminha:
a irmã ALZIRA (Gracinda Freire), com quem divide o apartamento no mesmo prédio onde mora Carminha e sua família. Mulher despachada, divertida e espontânea. Na reta final, desperta interesse em Ubirajara, com quem acaba se casando.

– núcleo de EMÍLIA (Cleide Blota), viúva, tem um antiquário com a amiga Solange. Envolve-se com Horácio quando ele se separa de Yolanda:
o filho RAULZINHO (Eduardo Tornaghi), jovem médico, namorado de Inês no início, terminam quando ele vai trabalhar na Amazônia. Após seu regresso, voltam a ficar juntos quando Inês rompe com Cacá
a funcionária do antiquário MARTA.

– núcleo de Marisa e Beto:
o filho bebê EDGAR
os amigos LEILA (Suzana Queiróz) e LULU (Luciano Sabino)
a babá de Edgar, DIVIGE (Marina Miranda)
a empregada CILENE.

– demais personagens:
RICARDO (Osmar de Mattos), modelo que frequenta a academia de Ubirajara, vai posar para a revista de Arthur
LUCIANA (Rejane Schumann), amiga de Verinha, com quem trabalhou como recepcionista na academia de Ubirajara
NEUZA (Raquel Mazza), trabalhou como secretária na discoteca 17, com Horácio e Hélio
DIRCE (Sandra Campos), companheira de Júlia na prisão, na primeira fase. Tenta convencê-la a participar de um assalto, mas Júlia não aceita. É pega pela polícia neste assalto.

Escapismo na Ditadura

Gilberto Braga desenvolveu uma trama sedutora que, aliada à novidade das discotecas, levou Dancin’ Days a se tornar um dos maiores sucessos da história da televisão brasileira.

A metáfora na letra da música de abertura (de Nelson Motta e Rubens Queiroz, gravada pelas Frenéticas) convidava o público: “Abra suas asas, solte suas feras, caia na gandaia, entre nessa festa!”

Porém, apenas por meio da novela. Em pleno contexto do Regime Militar (“A gente às vezes sente, sofre, dança sem querer dançar”), tudo era devidamente vigiado de Brasília: as asas ainda eram podadas e nada de soltar as feras contra o Governo Federal. O convite era apenas à fantasia, à fuga da realidade: “Na nossa festa vale tudo…”

Sucesso inesperado

Foi a estreia de Gilberto Braga no horário nobre da Globo, após uma sequência de êxitos às 18 horas (Helena, Senhora, Escrava Isaura e Dona Xepa, entre 1975 e 1977). Na verdade, uma aposta do diretor Daniel Filho, que enxergou no autor o potencial para o horário das oito.

Contudo, Daniel Filho queria que Gilberto Braga tivesse estreado antes, no ano anterior, após Espelho Mágico. Na ocasião, Gilberto escrevia a novela das seis, Dona Xepa, mas tivera um problema no ombro e estava com a cintura para cima engessada, o que dificultava suas condições de trabalho. Foi aí que Janete Clair entrou, com O Astro, para que só depois viesse Gilberto, com Dancin’ Days. (**)

O sucesso de Dancin’ Days não era esperado nem mesmo pelo autor. Gilberto Braga confessou ter enfrentado um período de “branco total” e muita dificuldade para escrever a novela e que não acreditava em seu sucesso. Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes, o autor confidenciou:
“Eu escrevi totalmente em estado de catatonia. Não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Felizmente, agora escrevo com parceiros. Assim mesmo, é dificílimo. Na verdade, não entendo como consegui escrever Dancin’ Days sozinho, com 33 anos de idade. (…) Acho até que demorei muito a entender que tinha feito tanto sucesso (…) quando finalmente entendi, fiquei muito angustiado, porque a expectativa das pessoas cresce, e a minha também. (…) No fundo, eu achava a novela ruim e pensava que seria impossível as pessoas gostarem dela. Eu tive mesmo uma grande sorte.”

Dancin’ Days está no seleto grupo de novelas que se transformaram em “fenômenos culturais”. Além do enorme sucesso com o público habitual, das classes C e D, interessou ao universo das classes A e B. Gerou polêmicas nos jornais, influenciou a moda feminina, sua trilha sonora estourou nas rádios e nas casas noturnas, ajudou a popularizar a onda das discotecas. Não menos importante, promoveu Gilberto Braga, o adaptador de textos literários do horário das seis, diretamente ao primeiro time de autores de novelas da Globo. (**)

Inspiração (**)

O título provisório da novela era A Prisioneira, referência à protagonista Júlia Matos (Sônia Braga), que tenta refazer a vida ao deixar a prisão.

Partiu de Janete Clair a dica para Gilberto Braga buscar inspiração em um episódio do jornalístico Globo Repórter, exibido em 02/11/1977, chamado As Condenadas. A proposta do documentário, gravado no presídio feminino Talavera Bruce, no Rio de Janeiro, era mostrar o dia a dia das presidiárias.

Por muito tempo prosperou a informação, mencionada na autobiografia de Daniel Filho, de que a ideia central da novela fora de Janete Clair. Ela não apenas havia sugerido que Gilberto assistisse ao programa jornalístico, como também teria dito: “Por que você não faz uma novela sobre uma mulher que sai da prisão, depois de muitos anos, e a sua dificuldade em se readaptar à sociedade?”
Gilberto nunca se sentiu à vontade com essa versão. Dizia privadamente que era “folclore”, mas evitava desmenti-la com ênfase. Talvez porque fosse verdade ou talvez porque não quisesse parecer deselegante com a mestra e amiga.

O fato é que, em diferentes entrevistas, Gilberto muitas vezes citou outras duas fontes de inspiração: a radionovela Presídio de Mulheres, transmitida pela Rádio Nacional, que ele ouvia em casa quando criança; e o filme francês Se Tivesse que Refazer Tudo (1976), de Claude Lelouch, que contava uma história muito parecida com a trama central de Dancin’ Days.

É inquestionável que Janete sugeriu a Gilberto assistir ao Globo Repórter, o que ele fez, mas não é possível afirmar com certeza quem criou o storyline, a frase que resume a ideia central da novela.

O episódio do Globo Repórter que teria inspirado Dancin’ Days foi reapresentado na semana seguinte à estreia da novela, em 18/07/1978.

Colaborações de Janete (**)

Janete Clair prestou colaborações informais a Gilberto Braga. A certa altura da preparação da novela, Janete, lendo os capítulos, balançou a cabeça com ar de reprovação e disse: ‘Aqui no capítulo 16, o mocinho tem de encontrar a mocinha e começar um romance, senão a novela não agarra.’
Sônia Braga e Antônio Fagundes – Júlia e Cacá – só se encontrariam depois do capítulo 25. Então Gilberto escreveu uma cena que acabou encaixada, para que os dois se conhecessem, se olhassem, se beijassem e se separassem. (“Antes que me Esqueçam”, Daniel Filho)

Em outra oportunidade, Janete Clair soube que Gilberto Braga pretendia matar a personagem Áurea (Yara Amaral), inspirada na mãe do autor, que, como ela, cometeria suicídio. Por sugestão de Janete, o autor salvou a personagem: “A espectadora se identifica totalmente com a Áurea. Se você fizer ela se suicidar, vai ficar muito baixo-astral”, teria dito ela a Gilberto.

As discotecas

Gilberto Braga recebeu todo o suporte do diretor Daniel Filho, que o auxiliou na concepção da novela.
Daniel revelou no livro “Antes que me Esqueçam”: “Eu sentia que a novela poderia – e deveria – retratar uma época em que todos vivíamos freneticamente, uma época densa, de amor livre, uma época libertária, com as drogas em seu auge.”

A novela divulgou a onda disco e impulsionou a proliferação de discotecas por todo o país. A ideia de usar uma boate como pano de fundo da história partiu de Daniel Filho, motivado pelo sucesso do filme Os Embalos de Sábado à Noite (de John Badham, com John Travolta), exibido no Brasil na época.
“Na história original do Gilberto, havia um restaurante grã-fino, onde as pessoas se reuniam. Surgiu então a ideia de fazermos uma discoteca. As discotecas começavam a aparecer, mas ainda eram muito elitistas”, disse o diretor no livro “Antes que me Esqueçam”.

O principal cenário era mesmo a discoteca, onde os personagens se encontravam e discutiam seus dramas, ainda que em meio à penumbra e som ambiente (que prejudicava o áudio) e entre dezenas de figurantes que dançavam loucamente.

Título

Para o título da novela, Gilberto e Daniel pegaram emprestado o nome da boate de Nelson Motta, a Frenetic Dancing Days Discothèque – citada na música “Tigresa”, de Caetano Veloso, gravada em 1977 (“Ela me conta sem certeza tudo o que viveu / Que gostava de política em 1966 / E hoje dança no Frenetic Dancing Days”). A discoteca foi mantida pelo produtor musical durante quatro meses em 1976, no recém-inaugurado Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro.

Com o sucesso da novela, Nelson Motta reabriu sua discoteca em 1978 – dessa vez no alto do Morro da Urca. Nelson narrou em seu livro “Noites Tropicais”:
“Todas as sextas e sábados três mil pessoas lotavam os bondinhos (…) Muita gente que confundia a novela com a discoteca, que imaginava ‘estar’ na novela, que esperava encontrar a Sônia Braga dançando na pista.”

Ainda sobre o título, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho explicou em seu “Livro do Boni”:
“O Daniel Filho me procurou para pensarmos em algum nome que lembrasse esse título [Frenetic Dancing Days Discothèque], mas em português, temendo que o grande público rejeitasse o uso de um idioma estrangeiro. Sugeri que fosse em inglês mesmo, apenas reduzindo a palavra dancing, pois poderia ser pronunciada erradamente como “dancíngui”. E ficou Dancin’ Days.

Autorreferência (**)

Nenhum outro trabalho de Gilberto Braga foi tão pessoal e autorreferente quanto Dancin’ Days. Geograficamente, o autor ambientou parte importante da trama na Copacabana de sua juventude.
“Estou escrevendo, principalmente, sobre gente que eu conheço. Quase todas pessoas medíocres, mas por quem tenho grande ternura. É o painel de um bairro decadente, mas não totalmente desprovido de charme”, disse na época.

O diplomata Cacá, vivido por Antônio Fagundes, era um tipo muito calcado em experiências pessoais. Tal qual o personagem, que escolheu a profissão por influência dos pais, Gilberto também se sentiu pressionado a tentar essa carreira. Deixou então que Cacá mostrasse na novela o quanto essa profissão poderia ser burocrática e tediosa. Cacá, assim como Gilberto, sonhava ser cineasta. A certa altura da trama, o personagem larga o Itamaraty e, para sobreviver, vira crítico de cinema.

“O Cacá era uma espécie de alter ego do Gilberto”, resumiu Antônio Fagundes, que viveu o personagem. “Ia ser diplomata, sabia francês, frequentava psicanalista, gostava de Mahler. Era um pouco a cabeça dele.”

Yedda Braga, mãe de Gilberto, foi uma inspiração explícita para criar a personagem Áurea (Yara Amaral), uma dona de casa sem maior ambição, preocupada com a filha, Inês (Sura Berditchevsky), e desconfiada da fidelidade do marido, Aníbal (Ivan Cândido). Quando ele morre, em um acidente, Áurea se vê desamparada e despreparada para a vida real, conforme ocorreu com a mãe de Gilberto após a morte de Durval, seu pai. Aníbal tinha muito do pai de Gilberto, inclusive a morte prematura. E Inês, segundo Gilberto, carregava elementos da relação dele com os seus pais.

Anos depois da exibição da novela, o autor fez uma autocrítica e reconheceu que simplificou demais o conflito entre os personagens do núcleo de Áurea. “O marido aparece como antipático e a esposa como vítima, quando na vida dos meus pais não teria sido assim”, disse.

Balanço pelo autor (**)

Ao fim de Dancin’ Days, Gilberto Braga fez uma autocrítica para o boletim semanal que a Globo divulgava à imprensa. Entre outras coisas, disse que alguns personagens (Yolanda, Júlia, Cacá, Áurea) foram mais bem desenvolvidos do que outros (Alberico, Jofre, Hélio, Neide). Gilberto afirmou, ainda, que a novela teve “uma fase de embromação” e que sofreu muito ao escrever as cenas das personagens Áurea e Yolanda: “Elas têm muito a ver com pessoas que conheci, mulheres castradas, perdidas, mal preparadas para a vida, sufocadas.” Por fim, concluiu: “Eu não sei escrever 174 capítulos de papos interessantes.”

Após ter escrito sozinho todos os capítulos da novela, Gilberto Braga estava estressado. “Foi penoso escrever Dancin’ Days. A minha vida ficou um horror” confidenciou a Boni. Gilberto não queria mais escrever novelas, mas foi convencido pelo poderoso-chefão da Globo a escrever mais uma, Água Viva, e depois mais uma, e mais uma… E não parou mais.

Atriz substituída

Às vésperas da estreia, várias cenas tiveram de ser regravadas com Joana Fomm substituindo Norma Bengell no papel da vilã Yolanda Pratini. Norma já era, inclusive, anunciada nas chamadas de estreia. Daniel Filho comentou o fato em seu livro “Antes que me Esqueçam”:
“O papel era muito bom, mas ela [Bengell] não conseguiu adaptar-se ao ritmo das gravações. Seus tempos de criação, suas propostas de interpretação não eram compatíveis com a novela. (…) As cenas saíam com dificuldade. O motivo principal era certamente o fato de ela se sentir menos prestigiada, porque o tratamento que recebia na televisão não era o mesmo a que estava acostumada no cinema. (…) Claro que ela tinha talento para fazer o papel. O que faltava nela era entrosamento com o ritmo da televisão. A saída, então, foi substituí-la.”

Daniel Filho narrou em seu livro “O Circo Eletrônico” o momento em que decidiu tirar Norma Bengell de Dancin’ Days:
“Teve uma chamada da novela em que o nome dela não apareceu como havíamos combinado. Ela queria que nós alterássemos a chamada imediatamente. Eu não poderia solucionar aquilo naquele momento. (…) Houve uma briga e eu disse a mim mesmo ‘Não vou aguentar isso durante a novela toda, prefiro substituir’.”

Em um erro de edição, foi possível ver Norma Bengell em uma cena de externa do capítulo 6, quando Yolanda deixa Marisa (Glória Pires) de carro na porta da escola de sapateado.

Joana Fomm teve uma semana para gravar 18 capítulos substituindo Norma Bengell (“O Circo Eletrônico”, Daniel Filho). Anteriormente, a atriz estava escalada para viver Neide, empregada na casa de Celina (Beatriz Segall). Com a substituição, a atriz Regina Viana foi convocada para o papel de Neide.

Joana Fomm teve alguma dificuldade, no início, em compor a grande vilã da novela. Buscou inspiração na relação conturbada que teve com a mãe. Até que Daniel Filho deu duas dicas: disse para a atriz lembrar que a mãe a amava muito também e, depois que a personagem já estava pronta, sugeriu: “Agora faz como se você fosse Dercy Gonçalves.” (**)

Elenco

Betty Faria foi cogitada para o papel de Júlia Matos, a protagonista. Porém, a atriz estava envolvida com seu programa musical Brasil Pandeiro e não quis fazer a novela.

Gilberto Braga queria Yoná Magalhães, mas Daniel Filho apostou em Sônia Braga, apesar de ela ser nova para o papel. A atriz tinha 28 anos na época e, na trama, sua personagem começava trintona, após onze anos de cadeia, com uma filha de 15 (Marisa, personagem de Glória Pires). Por isso, no início, quando Júlia sai da prisão, Sônia aparece envelhecida, com maquiagem pesada, penteado e roupas simples, dentes escurecidos, postura curvada e olhar sério e baixo. Só se transforma na pantera quando a personagem tem uma virada na trama, ao voltar rica e repaginada de uma viagem (capítulo 79).
Sônia comentou: “Eu fiz teste para o papel. Foi decisão minha. (…) O Daniel me ofereceu o papel, mas eu não tinha certeza se poderia funcionar como mulher mais velha, mãe de adolescente, com um passado barra pesada.”

Sônia Braga insistiu para que Gilberto Braga fizesse sua personagem falar uma frase:
“‘A porta da rua é serventia da casa. Ponha-se daqui para fora!’ O Gilberto resistiu, disse que não podia pôr uma frase dessas de jeito nenhum até que um dia veio a surpresa. Numa visita da Yolanda, digo ‘A porta da rua é a serventia da casa’, jogo-lhe a capa de chuva em cima, aponto para a porta e falo ‘Ponha-se daqui para fora!'”

Gilberto Braga queria muito Paulo Gracindo para o papel de Alberico, contudo o ator foi escalado para protagonizar a próxima novela das dez, Sinal de Alerta. Para o lugar de Gracindo surgiu o nome de Lima Duarte, no entanto, o próprio ator, nascido no interior de Minas Gerais, reconheceu que não tinha o perfil e o sotaque adequado para fazer aquele típico morador de Copacabana. O personagem – que tem traços do avô materno de Gilberto, o “Vô Braga” – foi vivido brilhantemente por Mário Lago. (**)

Para o papel do empresário da noite Hélio – inspirado em Nelson Motta -, Gilberto havia pensado no próprio diretor da novela, Daniel Filho (“Antes que me Esqueçam”). O personagem ficou com Reginaldo Faria, que até então participava esporadicamente de novelas. Depois de Dancin’ Days, o ator passou a ser o mais novo galã da Globo e um dos mais requisitados, tendo atuado em novelas seguidas a partir de então.

Daniel Filho colocou os atores mais velhos para dançar discoteca a fim de entrarem no clima da novela. “Havia pessoas no elenco – como o Milton Moraes, a Gracinda Freire, o Cláudio Corrêa e Castro – que nunca tinham ido a uma discoteca”, disse Daniel no livro “Antes que me Esqueçam”.
“Em vez de laboratórios de interpretação, marquei bailes. Ou seja, aulas de discoteca. Era engraçadíssimo ver o Mário Lago dançando com o Cláudio Corrêa e Castro. O Cláudio levava muito a sério, botava malha e tudo. Muitos não chegaram nem a dançar durante a novela, mas aquilo tudo serviu para aproximar mais o elenco e para colocá-lo dentro de uma determinada realidade. Todo mundo se descontraiu.”
.

Por seus trabalhos na novela, Yara Amaral, Joana Fomm e Gracinda Freire foram eleitas pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) as melhores atrizes da TV em 1978 (juntamente com Cleyde Yáconis, pela novela Aritana da TV Tupi). Lauro Corona levou o prêmio de ator revelação (juntamente com Eduardo Conde, por Sinal de Alerta) e Glória Pires, o de atriz revelação.

Estreia em novelas (com personagens fixos) dos atores Lauro Corona, Sura Berditchevsky, Suzana Queiroz e Osmar de Mattos.

Primeiro trabalho na Globo do ator Cláudio Corrêa e Castro, egresso das novelas da TV Tupi.
Também primeiro trabalho na Globo de Beatriz Segall, até então bissexta na televisão. A atriz aparecia creditada na abertura de Dancin’ Days como “Beatrix Segall”, com “x”, por uma sugestão de Daniel Filho. Em uma entrevista à revista Amiga, antes da estreia de seu trabalho seguinte, Pai Herói, Beatriz disse que havia pedido à produção da novela que voltassem a grafar seu nome de maneira correta.

Os futuros atores Eri Johnson e Cláudia Ohana participaram como figurantes, dançando na discoteca. Inês Galvão aparece rapidamente como uma modelo e Luiza Tomé como uma namorada de Raulzinho (Eduardo Tornaghi). Jorge Fernando, então um jovem ator iniciante na Globo, também apareceu fazendo uma figuração, na escola de copeiragem de Alberico (Mário Lago).

Daniel Filho dirigiu a novela até o capítulo 26, assumindo a supervisão e entregando a direção a Gonzaga Blota. Mais tarde, Blota foi substituído por Denis Carvalho e Marcos Paulo (este, estreando em direção), para trabalhar na novela substituta, Pai Herói. José Carlos Piéri era assistente de direção.

A atriz Regina Viana reclamou tanto de sua personagem, Neide, diretamente a Gilberto Braga que o autor irritou-se e nunca mais a escalou para novela alguma. (**)

O garoto Júlio Luís, que na novela vivia Paulo César, filho da empregada Marlene (Chica Xavier), era na vida real filho de Madalena, empregada do apartamento de Gilberto Braga. (**) Ele atuou também em Água Viva.

Participações especiais

A novela recebeu a participação de várias personalidades e celebridades da época, dos mundos artístico, social e – inclusive – político. No capítulo 32, o próprio Gilberto Braga faz uma participação especial, como convidado da inauguração da discoteca 17, inclusive dançando com Yolanda. Participaram também deste capítulo (como eles mesmos): Danuza Leão, Djenane Machado, Ney Latorraca, Moacyr Deriquém, Lauro César Muniz e o então senador Magalhães Pinto. (revista Contigo, ed. 259, ago/1978, pesquisa Sebastião Uellington Pereira)

No capítulo 35, foi a vez de Daniel Filho, o diretor, dar um pezinho de dança com Yolanda. Danuza Leão foi vista na novela outras vezes, como no capítulo 137 e no último (o 174). Nana Caymmi cantou a música “Pra Você” no capítulo 48. A novela também contou com uma palhinha de Gal Costa, que cantou “Folhetim” e “Solitude”.

No capítulo 79, o da inauguração da discoteca Dancin’ Days, apareceram, entre outros: a cantora Wanderleia, o cabeleireiro Silvinho, e as Frenéticas, que cantaram na festa o tema de abertura da novela. Os bailarinos e coreógrafos Paulette (Paulo Bacellar) e Carlos Machado, do grupo Dzi Croquettes, apareceram como eles mesmos, como amigos de Júlia, dançando na Dancin’ Days ou frequentando a casa dela. É com Paulette que Júlia dança na discoteca a mais icônica cena da novela (no capítulo 79).

Júlia recebeu ainda em sua casa, no capítulo 129, a visita da colunista Hildegard Angel, acompanhada de Jorginho Guinle e de Edgar Moura Brasil. E o artista plástico Albery Seixas da Cunha pintou o retrato de Júlia, encomendado por ela na novela.

Final emocionante

Daniel Filho mencionou no livro “Antes que me Esqueçam” sobre o acerto de conta das irmãs rivais Júlia e Yolanda, no último capítulo:

Dancin’ Days teve um dos finais mais emocionantes de gravar. (…) Houve momentos em que tive dificuldade de gravar closes dos atores, pois a emoção tomava conta deles. Lauro Corona ficou chorando uns quarenta minutos sem conseguir dizer uma palavra. (…) Eu tinha que marcar a última cena, que era entre Sônia Braga e Joana Fomm. Era a cena em que as duas irmãs brigavam, uma cena de ódio e de amor. Depois se aproximavam, se abraçavam e pediam perdão uma à outra. (…) Acho a cena maravilhosa para televisão. Mas o choro que tomou as duas não foi o choro das personagens Júlia e Yolanda. Foi o choro de Sônia Braga, foi o choro de Joana Fomm, o choro da despedida de um enorme sucesso, de uma enorme satisfação, da satisfação do sucesso de toda uma família.”

A cena em questão é baseada no desfecho do filme Momento de Decisão (1977, de Herbert Ross, com Shirley MacLaine e Anne Bancroft), em cartaz na época. “Copiei mesmo”, contou Gilberto. (**)

No mesmo dia em que foi exibido o último capítulo de Dancin’ Days (26/01/1979, sexta-feira), chegava ao fim, também na Globo, a novela da faixa das dez da noite, Sinal de Alerta.

Confusão com a realidade

Os telespectadores frequentemente confundiam com a realidade o que viam nos capítulos de Dancin’ Days. Joana Fomm recebia quase diariamente insultos e até propostas indecorosas por telefone, por causa das maldades de sua personagem, Yolanda. Em entrevista na época, Gilberto Braga confessou que até sua cozinheira havia batido o telefone na cara da atriz.
“Ela possui um arsenal de informações que teoricamente a impediriam de fazer essa confusão. Ela me vê escrever a novela, dá uma olhadinha no final do capítulo às escondidas, conversa comigo. No entanto, quando tentei sugerir que a Joana não tinha nada a ver com a Yolanda, ela respondeu: ‘Sei que o senhor é que escreve aquilo tudo, não sou burra. Bati o telefone outro dia por causa da cara de nojenta que ela fez quando a Júlia entrou no camburão da polícia. A cara não foi o senhor que escreveu, era dela mesmo!'” (*)

Em janeiro de 1979, a socialite carioca Leda Castro Neves construiu uma discoteca em sua mansão na Barra da Tijuca e distribuiu convites nos quais conclamava fãs de Dancin’ Days a comparecerem vestidas como os personagens da novela para que realizassem o sonho de participar de uma das noites de festa e diversão que eram mostradas a cada capítulo. Dezenas de colunáveis atenderam ao chamado e passaram a frequentar a mansão dos Castro Neves. As mulheres vestiam peles de onça, calças de cetim, lamês e tecidos prateados semelhantes aos que a protagonista Júlia usava na novela. (*)

Consumo e figurinos

Em novembro de 1978, Dancin’ Days foi tema de uma reportagem na americana Newsweek, uma das principais revistas semanais da época, com o título “Brazil’s Dancin’ Days”, destacando a influência que a novela exercia sobre os hábitos de consumo do público brasileiro: “De simples programa de televisão, saltou para a categoria de fenômeno nacional.” (**)

Não à toa Dancin’ Days aparece no longa Bye Bye Brasil (1980), de Cacá Diegues, como símbolo de mais uma batalha perdida pela Caravana Rolidei (no filme, o grupo de artistas mambembes que percorria os confins do Brasil). Na sequência, a população de uma cidadezinha deixava de ir ao espetáculo para assistir a mais um capítulo da novela em praça pública. (“Como a Ficção Televisiva Moldou um País”, Lucas Martins Néia)

Por causa da novela, os voos de asa-delta, praticados por Beto (Lauro Corona), deixaram de ser um hobby apenas da Zona Sul carioca.

A discoteca da novela serviu de palco para os anunciantes. Letreiros em neon colorido divulgavam marcas como Caloi, Staroup, Smirnoff, Gradiente, Olympikus e outras.

Na onda do merchandising, chegou às lojas de brinquedos a boneca Pepa, companheira inseparável de Carminha, a personagem de Pepita Rodrigues – a boneca era inspirada na atriz. A fabricante Estrela vendeu 400 mil unidades.

Sônia Braga ditou moda com roupas de cetim e meias soquetes de lurex, que viraram mania nacional. As meias eram brilhantes, listradas e coloridas, usadas com sandálias de tiras e salto alto.

Para a marcante cena da volta triunfal de Júlia, no capítulo 79, a figurinista Marília Carneiro criou uma calça jogging vermelha de cetim com listras laterais. Completando o visual, a personagem usava sandálias de salto fino sobre as tais meias de lurex.
“Marília levou Sônia toda pronta na minha casa, no meu quarto. Eu estava de pijama, nunca mais pude esquecer. Estava vendo televisão e adentra a Marília com a Sônia transformada… Num jogging de cetim, que era na verdade uma roupa meio de boxeur, com aquela listra meio Adidas do lado. Vestindo uma sandália e uma meia de lurex, que viraram moda depois de Dancin’ Days. Assinei embaixo de toda aquela doideira que a Marília inventou.” (“O Circo Eletrônico”, Daniel Filho)

Cenografia

Mário Monteiro assinou a cenografia de Dancin’ Days, para a qual criou três cenários fixos: a discoteca, o apartamento de Yolanda e a casa de Celina e Franklin (Beatriz Segall e Cláudio Corrêa e Castro). Foram montados também, nos estúdios da emissora, vários cômodos: 12 quartos, 4 banheiros, 14 salas de jantar, 16 salas de estar, 1 loja de antiguidades e 1 academia de ginástica. (*)

Apesar de a discoteca (a 17 e, depois, a Dancin’ Days) ser um dos cenários fixos, algumas cenas foram gravadas na discoteca Hippopotamus, no Rio de Janeiro.

Construído no estúdio Tijuca da TV Globo, o cenário da discoteca custou 800 mil cruzeiros (valores da época) e ocupava uma área de 120 metros quadrados, com capacidade para 200 pessoas. Além da pista de dança, feita de um material especial que dava um efeito espelhado, a casa noturna tinha um restaurante, com decoração de plantas, vigas de madeira e tijolos à vista. (revista Contigo, ed. 259, ago/1978, pesquisa Sebastião Uellington Pereira)

Para a fachada da casa de Celina e Franklin, foi usado o casarão situado à rua Almirante Guilhem 127, no Leblon (na quadra entre as avenidas Delfim Moreira e General San Martin), onde hoje está o Condomínio Belmont Plaza. O cenógrafo Mário Monteiro teve o cuidado de reproduzir em estúdio o saguão e a sala da casa, muito próximos da realidade. (@ORioQueNaoVivi no Instagram)

Trilha sonora

A trilha sonora nacional, produzida por Guto Graça Mello, não tinha um tema romântico para o casal central, Júlia e Cacá (Sônia Braga e Antônio Fagundes). Foi então escolhida uma música gravada por Roberto Carlos que começava a fazer sucesso na época, “Outra Vez”. Como Roberto não permitia suas gravações em novelas, a música foi regravada por Márcio Lott e vendida à parte, em um compacto simples.

Além da música da abertura, com as Frenéticas, marcou também a canção “João e Maria”, melodia composta por Sivuca em 1947 que ganhou letra de Chico Buarque trinta anos depois. Gravada por Chico e Nara Leão, foi tema do casal adolescente Beto e Marisa (Lauro Corona e Glória Pires). A empatia da música com os personagens foi tamanha que, em outubro de 1978, Lauro Corona e Glória Pires cantaram o tema em uma apresentação para o Fantástico. (“Teletema – A História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”, Guilherme Bryan e Vincent Villari)

A produção musical de Guto Graça Mello é uma das queixas que Gilberto Braga guardou da novela. Uma nota de jornal, guardada por ele, trazia a descrição das músicas escolhidas pelo produtor e no final a frase: “Gilberto Braga, o autor da novela, satisfeito.” Com a caneta, ao lado, Gilberto acrescentou: “Porra!” Ao longo dos anos, em várias oportunidades, o novelista criticou algumas das escolhas de Graça Mello, em especial “Amanhã”, de Guilherme Arantes, tema de Júlia.
O autor contou que, ao final da novela, já tinha ficado amigo de Guto Graça Mello e falou abertamente com o produtor sobre a sua insatisfação com a trilha musical, sobre a qual ele teria se explicado: “Quando li a sinopse, achei tão ruim que imaginei que iam tirar essa novela do ar muito rapidamente. Então, botei qualquer coisa.” (**)

Em 2001, a Som Livre relançou a trilha sonora nacional de Dancin’ Days, em CD, na coleção “Campeões de Audiência”, 20 trilhas nacionais de novelas campeãs de vendagem nunca antes lançadas em CD (títulos até 1988, pois no ano seguinte foram lançados os primeiros CDs de novelas).

A trilha sonora internacional de Dancin’ Days foi a primeira trilha de novela a ultrapassar a marca de 1 milhão de cópias vendidas: 1.371.021 unidades. Este recorde foi quebrado somente dez anos depois, com a trilha internacional de Vale Tudo, que vendeu mais de 1.440 mil cópias.
No ranking das trilhas de novelas mais vendidas, o disco internacional de Dancin’ Days está em quarto lugar, perdendo apenas para as trilhas Vale Tudo Internacional (3º lugar), O Salvador da Pátria Internacional (2º lugar) e O Rei do Gado volume 1 (1º lugar). (fontes: Vincent Villari, Som Livre e ABPD)

Das 14 músicas do LP Dancin’ Days Internacional, 9 eram de discoteca. O maior destaque era o medley de hits do conjunto Bee Gees, gravado pelo quinteto feminino brasileiro Harmony Cats, com algumas músicas da trilha do filme Os Embalos de Sábado à Noite. (“Teletema – A História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”, Guilherme Bryan e Vincent Villari)

Abertura

A abertura também marcou época: uma edição de imagens (estáticas) de jovens dançando em meio a elementos de discoteca, em sincronia com o ritmo da música-tema cantada pelas Frenéticas.

A abertura inovou nos créditos de elenco, abrindo uma exceção à regra da época em que as fontes dos programas da TV Globo seguiam um padrão único. Dessa forma, alguns nomes surgiam na tela cada qual em uma fonte estilizada diferente: do autor Gilberto Braga, do diretor Daniel Filho e dos atores Sônia Braga, Antônio Fagundes, Pepita Rodrigues, Cláudio Corrêa e Castro, Mário Lago, Milton Moraes, Joana Fomm, José Lewgoy, Lídia Brondi, Eduardo Tornaghi, Ary Fontoura, Beatriz Segall, Sura Berditchevsky, Yara Amaral e Reginaldo Faria.

O logotipo de Dancin’ Days tem uma fonte estilizada que remete a um letreiro de neon de discoteca. Foi inspirado nos créditos de abertura do filme Até que Enfim é Sexta-Feira, de Robert Klane, lançado em maio de 1978, antes da estreia da novela.

Exportação

A novela foi vendida para cerca de 40 países, entre eles: Argélia, Bélgica, Bolívia, China, Colômbia, Espanha, França, Polônia, Portugal e Uruguai.

Em 1986, foi a primeira novela brasileira a ser exibida no México, país com tradição na produção de sua própria teledramaturgia. A história foi apresentada pela rede de TV Televisa, uma das principais exportadoras de novelas para o mercado internacional. (*)

Exibida em Portugal, entre 1979 e 1980 (pela emissora RTP 1), Dancin’ Days repetiu lá o sucesso daqui.
Em 2012, a Globo em uma parceria com outra emissora, a SIC, produziu para a TV portuguesa um remake da novela, com elenco português. Foi a segunda coprodução realizada em parceria com essa emissora (a primeira foi a novela Laços de Sangue, exibida em Portugal em 2011). Esta adaptação, a cargo de Pedro Lopes, apesar de ter fugido bastante do original de Gilberto Braga, registrou relevante sucesso para a SIC. Ficou no ar por mais de um ano: de junho de 2012 a setembro de 2013, totalizando 336 capítulos (contra 174 da novela original).

Repetecos

Dancin’ Days foi reapresentada entre 04/10 e 17/12/1982, em 50 capítulos, às 22 horas.

Em 2014, o Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo) exibiu a versão internacional da novela, mas editada para deixá-la com 174 capítulos (como na exibição original). Dancin’ Days foi ao ar no Viva entre 07/04 e 25/10/2014, à meia-noite (com repeteco do capítulo ao meio-dia do dia seguinte).
Por causa da reprise no Viva, Sônia Braga processou a Globo cobrando na Justiça o pagamento de direitos autorais conexos, assunto que ganhou repercussão na época. A atriz exigia uma indenização, uma vez que a novela foi ao ar sem que a emissora lhe tivesse pago os direitos de imagem. (Folha de São Paulo, 04/11/2014)

A TV Globo editou Dancin’ Days para uma exibição única, de uma hora e meia de duração, na noite do dia 18/02/1980, como parte do Festival 15 Anos da emissora (apresentação de Glória Pires).

Dancin’ Days foi lançada posteriormente em versões romanceadas, em duas ocasiões. Em 1985, pela Rio Gráfica Editora, na coleção “As Grandes Telenovelas”, 12 livretos adaptados de novelas de sucesso, distribuídos nos supermercados com o sabão-em-pó Omo. Em 1987, a Editora Globo lançou a série de livros “Campeões de Audiência”, também 12 adaptações de novelas, à venda nas bancas.

Em 2010, Sônia Braga e Antônio Fagundes se reencontraram em cena no episódio “A Adúltera da Urca” da série As Cariocas, inspirada no livro homônimo de Sérgio Porto. Seus personagens foram batizados de Júlia e Cacá, em uma homenagem do diretor Daniel Filho a Dancin’ Days. (*)

Em 2011, Dancin’ Days foi lançada em DVD, em um box com 12 discos.

Em 2012, chegou aos cinemas o filme A Novela das 8 – de Odilon Rocha, estrelado por Cláudia Ohana, Vanessa Giácomo, Mateus Solano e Alexandre Nero, entre outros – que tinha a novela Dancin’ Days como pano de fundo e inspiração.

Dancin’ Days foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 13/02/2023.

* Site Memória Globo.
** “Gilberto Braga, o Balzac da Globo”, Artur Xexéo e Maurício Stycer.

Trilha sonora nacional

01. JOÃO E MARIA – Chico Buarque e Nara Leão (tema de Beto e Marisa)
02. AMANTE AMADO – Jorge Ben (tema de Jofre)
03. ANTES QUE ACONTEÇA – Marília Barbosa (tema de Verinha)
04. GURIA – Luiz Wagner (tema de Carminha)
05. DANCIN´ DAYS – Frenéticas (tema de abertura)
06. HORA DE UNIÃO (SAMBA SOUL) – Lady Zu e Toto (tema de Marisa)
07. AMANHÃ – Guilherme Arantes (tema de Júlia)
08. AGORA É MODA – Rita Lee (tema de locação)
09. KITCHE ZONA SUL – Ronaldo Resedá
10. SOLITUDE – Gal Costa (tema de Yolanda)
11. COPACABANA – Dick Farney (tema de Alberico)

Sonoplastia: Roberto Rosemberg
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider

Ainda
CAFÉ SOÇAITE
CHÃO DE ESTRELAS
COMO SE FOSSE – Lucinha Araújo (tema de Áurea e João)
CONSOLAÇÃO
EU NÃO EXISTO SEM VOCE – Elizeth Cardoso (tema de Áurea e Dorival)
FOLHETIM – Gal Costa
LINDA FLOR (AI IÔ IÔ)
NESTE MESMO LUGAR – Dalva de Oliveira (tema de Áurea e João)
NOSSOS MOMENTOS – Elizeth Cardoso (tema de Áurea e Dorival)
Ô ISAURA! – Beth Carvalho
OUTRA VEZ – Márcio Lott (tema de Júlia e Cacá)
PRA VOCÊ – Nana Caymmi
TIGRESA – Gal Costa
WAVE

Trilha sonora internacional

01. DANCIN´ DAYS MEDLEY: NIGHT FEVER, STAYIN’ ALIVE, YOU SHOULD BE DANCIN’, NIGHTS ON BROADWAY, JIVE TALKING, LONELY DAYS LONELY NIGHTS, IF I CAN’T HAVE YOU, EVERY NIGHT FEVER , MORE THAN A WOMAN – Harmony Cats (tema de locação: 17 e Dancin´ Days)
02. THREE TIMES A LADY – Commodores (tema de Carminha e Franklin)
03. SCOTCH MACHINE – Voyage
04. THE WAGES OF SIN – Santa Esmeralda
05. YOU LIGHT UP MY LIFE – Debby Boone (tema de Hélio e Verinha)
06. THE GRAND TOUR – Grand Tour
07. I LOVED YOU – Freddy Cole (tema de Júlia e Cacá)
08. MACHO MAN – Village People
09. FOLLOW YOU FOLLOW ME – Genesis (tema de Inês)
10. BROADWAY GYPSY LADY – Linda Clifford *
11. BLUE STREET – Blood, Sweat and Tears (tema de Yolanda)
12. RIO DE JANEIRO – Gary Criss
13. RIVERS OF BABYLON – Boney M.
14. AUTOMATIC LOVER – Dee D. Jackson

Ainda
EVERYBODY DANCE – Chic ** (da trilha da novela Te Contei?)
FOOL (IF YOU THINK IT´S OVER) – Chris Rea ** (da trilha da novela Sinal de Alerta, lançada posteriormente)
FROM EAST TO WEST – Voyage ** (da trilha da novela O Pulo do Gato)
GOT A FEELING – Patrick Juvet
GYPSY LADY – Linda Clifford *
LA MAISON AUX OISEAUX – Michel Legrand (tema de Cacá em Brasília) *
LA VIE EN ROSE – Grace Jones ** (da trilha da novela O Pulo do Gato)
LET´S ALL CHANT – Michael Zager Band
MACHO (A REAL, REAL ONE) – Celi Bee & The Buzzy Bunch
MORE THAN A WOMAN – Flowers ***
NELLY REVE – Michel Legrand (tema de Cacá em Brasília) *
NIGHT AND DAY – John Davis and The Monster Orchestra
NIGHT FEVER – Flowers ***
ON BROADWAY – George Benson (tema do retorno de Júlia, quando ela dança na Dancin´ Days)
PETIT FLEUR
STAYIN´ ALIVE – Flowers ***
YOU AND I – Rick James ** (da trilha da novela Pecado Rasgado, lançada posteriormente)
YOU ARE YOU ARE – Curtis Mayfield
YOU´RE IN MY HEART – Rod Stewart ** (da trilha da novela O Pulo do Gato)

* De acordo com Daniel Couri em seu blog Porcos, Elefantes e Doninhas:
“Linda Clifford explodiu na segunda metade da década de 1970, junto com a febre das discotecas. Em seu álbum de 1978, “If My Friends Could See Me Now”, estava contida a faixa usada com frequência na novela, “Gypsy Lady”. Um erro, no entanto, deve ter confundido os mais antenados na época. De fato, o LP internacional de “Dancin’ Days” traz uma faixa “Gypsy Lady”, de Linda Clifford. Acontece que se trata, na verdade, da canção “Broadway Gypsy Lady”, do mesmo álbum da cantora. Por conter duas faixas com títulos parecidos (mas são duas canções completamente diferentes), a Som Livre lançou uma faixa com o nome da outra. Mas as duas canções são utilizadas na novela, apesar de só uma fazer parte da trilha internacional oficial.

** As músicas em questão fizeram parte de trilhas de outras novelas da época, mas tocaram também em Dancin´ Days.
You´re In My Heart (Rod Stewart), La Vie En Rose (Grace Jones) e From East to West (Voyage), da trilha de O Pulo do Gato;
Everybody Dance (Chic), de Te Contei?;
You And I (Rick James), de Pecado Rasgado;
e Fool (If You Think It´s Over) (Chris Rea), de Sinal de Alerta.

*** De acordo com Daniel Couri em seu blog Porcos, Elefantes e Doninhas:
“Na inauguração do Club 17, os hits do filme “Os Embalos de Sábado à Noite” são ouvidos exaustivamente, mas não em versões originais: “Stayin’ Alive”, “Night Fever” e “More Than a Woman”, cantadas pelo cover Flowers, em gravação da CID (Cia Industrial de Discos).”

Guilherme Bryan e Vincent Villari em “Teletema – A História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”:
A trilha nacional não tinha um tema romântico para o casal central, Júlia e Cacá (Sônia Braga e Antônio Fagundes). Foi então escolhida uma música gravada por Roberto Carlos que fazia sucesso na época, “Outra Vez”. Regravada por Márcio Lott, foi vendida à parte, em um compacto simples.
A música que mais tocou na novela – além da abertura, com as Frenéticas – foi “Amanhã”, de Guilherme Arantes, tema de Júlia.
Marcou também a canção “João e Maria”, melodia composta por Sivuca em 1947 que ganhou letra de Chico Buarque trinta anos depois. Gravada por Chico e Nara Leão, foi tema do casal adolescente Beto e Marisa (Lauro Corona e Glória Pires). A empatia da música com os personagens foi tamanha que, em outubro de 1978, Lauro Corona e Glória Pires cantaram o tema em uma apresentação para o Fantástico.
A trilha sonora internacional foi a primeira trilha de novela a ultrapassar a marca de 1 milhão de cópias vendidas: 1.371.021 unidades.
Das 14 músicas do LP internacional, 9 eram de discoteca. O maior destaque era o medley de hits do conjunto Bee Gees, gravado pelo quinteto feminino Harmony Cats, com algumas músicas da trilha do filme Os Embalos de Sábado à Noite.

Tema de abertura: DANCIN´ DAYS – Frenéticas

Abra suas asas
Solte suas feras
Caia na gandaia
Entre nessa festa

E leve com você
Seu sonho mais louco
Eu quero ver seu corpo
Lindo, leve e solto

A gente às vezes
Sente, sofre, dança
Sem querer dançar
A nossa festa vale tudo
Vale ser alguém
Como eu, como você

Dance bem, dance mal
Dance sem parar
Dance bem, dance até
Sem saber dançar…

Veja também

  • aguaviva

Água Viva

  • brilhante2

Brilhante

  • loucoamor_logo

Louco Amor

  • valetudo

Vale Tudo