
Sinopse
Eloá é uma mulher inteligente e ambiciosa, em busca de projeção profissional. Para tal, empenha-se para se sobressair na Fraga Dantas S.A., empresa de engenharia onde trabalha com o marido Osmar, um sujeito acomodado, sem grandes ambições, que não tem as mesmas perspectivas de ascensão que ela, apesar do sufoco para pagar as contas todo mês.
Durante uma festa, Eloá, frustrada por não ter conseguido uma promoção, conhece um homem misterioso e envolvente que lhe garante que poderá fazer com que cresça no trabalho. Ela começa a se destacar profissionalmente e sua ascensão acompanha, de maneira inversa, a derrocada de Osmar, gerando uma crise em seu até então inabalável casamento.
A situação entre o casal fica insustentável quando Eloá assume um cargo de direção e é obrigada a demitir o marido, por chantagem do tal homem misterioso. Com a influência dele, ela se torna presidente da empresa no exterior e sai do país. Porém, Eloá retorna ao encontrar o sujeito por acaso, decidida a descobrir o que há por trás do pacto que fez com este homem.
O pacto faz parte de um plano de vingança da enfermeira Tereza contra Osmar. Mulher aparentemente dócil e bondosa, Tereza amou Osmar no passado, mas ele a abandonou sem saber que ela estava grávida. Para alcançar seu objetivo, Tereza emprega-se como enfermeira da família Fraga Dantas com a intenção de conquistar o patriarca, o viúvo Alfredo.
Raul, o homem do pacto, foi pago para representar os interesses de Tereza e de Nádia, viúva de um sócio de Alfredo que acredita que ele se apossou indevidamente de bens de seu falecido marido, registrados em um testamento guardado em sua mansão. Caberá a Tereza resgatar o testamento enquanto Raul incube-se de por fim ao casamento de Eloá e Osmar.
GLÓRIA MENEZES – Tereza (Maria Tereza Fonseca / Marita)
ANTÔNIO FAGUNDES – Osmar Pelegrini
DÉBORA DUARTE – Eloá Pelegrini
HUGO CARVANA – Alfredo Fraga Dantas
JOANA FOMM – Lúcia Gouveia
STÊNIO GARCIA – Amauri Pelegrini / Luís
MARCOS PAULO – Cláudio Fraga Dantas
ZEZÉ MOTTA – Sônia Nascimento Rangel
FLÁVIO GALVÃO – Raul Monteiro
LAURO CORONA – Rafael Mota
MALU MADER – Bia (Beatriz Fraga Dantas)
CAÍQUE FERREIRA – Zeca (José Carlos Maciel)
RENATA FRONZI – Zoraide da Silva Cordovil (Zora Zanini)
ELOÍSA MAFALDA – Guiomar da Silva Mota
ANDRÉA BELTRÃO – Ângela Mendes Machado
JOSÉ DE ABREU – Vitor Vieira da Rocha
LUIZA TOMÉ – Alice Gouveia
MILA MOREIRA – Cristina Werneck
MARCELO PICCHI – Olavo Fraga Dantas
LÍLIA CABRAL – Margarida Meirelles Fraga Dantas
ISABELA GARCIA – Heloísa Fonseca
ÍRIS BRUZZI – Vânia Fonseca
ODILON WAGNER – Rogério Cerqueira
TÂNIA SCHER – Nádia
RUTH DE SOUZA – Jurema Nascimento Rangel
CLEMENTINO KELÉ – Floriano
JOÃO PAULO ADOUR – Orlando Barbosa de Araújo
DUSE NACARATTI – Virgínia Mercier
ROSANE GOFMAN – Jalusa Cardoso Hernandes
COSME DOS SANTOS – Vanderlei
ZENI PEREIRA – Odete
MARIA HELENA PADER – Palmira Catanhede
YAÇANÃ MARTINS – Shirley Fajardo Neves
CIDINHA MILAN – Neide
MASSAROCA – Alípio Mazzoni Silva
as crianças
SELTON MELLO – Ronaldo
GIOVANNA PIECK – Isabel
DAPHNÉ BASTOS – Margô (Margareth)
ELIANE NEVES – Laurinha
ALEXANDRE GARCIA – Ricardo
e
ADELAIDE PALETTE (ADELAIDE CONCEIÇÃO) – Adelaide (faxineira na Fraga Dantas)
ADRIANA BÔSCOLI – Suzy (secretária da diretoria da Fraga Dantas, substituta de Silvia)
ALCIDES MELLO – executivo da Fraga Dantas
ALEXANDRE MENEZES
ALFREDO MARTINS – delegado que prende Sônia por causa do quadro de Lúcia, depois repreende Guiomar
ANA LÚCIA TORRE – Olga (viúva de Alceu, executivo da Fraga Dantas morto no acidente aéreo com Rangel)
ÂNGELA AVILLES – Lurdes (empregada no apartamento de Cristina)
ANTÔNIO GRASSI – promotor no julgamento de Tereza, Raul e Rogério
ARACY CARDOSO – assistente social no presídio onde Tereza cumpre pena
ARLETE SALLES – Suzana (convidada na recepção no apartamento de Cristina, conversa com Osmar)
AURICÉIA ARAÚJO – Dona Rosália (vizinha de Tia Carmem)
BETH CASTRO – Isabel, depois chamada de Daniela (funcionária de Sônia)
BIA SEIDL – Laís Monfort (colega de Bia da faculdade, paquera de Zeca, no início)
CÉSAR AUGUSTO – bispo que benze as instalações da ordenha mecânica da Fazenda Santa Cecília
CIELLA GUERREIRO – empregada na casa/estúdio de Zeca
CINIRA CAMARGO – Silvia Abrantes (secretária da diretoria da Fraga Dantas, logo substituída por Suzy)
CLAUDIONEY PENEDO – homem pago por Tereza para dar uma surra em Cláudio
CLEMENTE VISCAÍNO – professor de Bia e Laís na faculdade / Athayde (produtor musical que se interessa pela música de Rafael)
CLEYDE BLOTA – Andréa Feitosa (mulher de Feitosa)
CRISTINA GALVÃO – recepcionista na clínica do Dr. Sérgio, o médico que operou Guiomar
DANTON MELLO – amiguinho de Ronaldo, de Santa Teresa (figuração)
DANUZA LEÃO como ela mesma, recebendo Cláudio e Sônia em seu restaurante
DENIS CARVALHO – Maurício (amigo de Eloá, cônsul brasileiro no Cairo, com quem ela passeia em Barcelona) / locutor no rádio anunciando a fuga da penitenciária, onde estava Raul (a voz)
ENOCK BATISTA – homem na instituição religiosa que recebe as roupas doadas por Tereza
ÉRICA KUPPER – mulher paga por Raul para se passar por Teresa na casa de Osmar e enganar Eloá
ERNANI MORAES – fotógrafo questionado por Eloá sobre a foto tirada com Raul, no início
FAGNER como ele mesmo, convidado na festa de Márcia, no início
FERNANDO CARVALHO – engenheiro na Fraga Dantas
FRANCISCO DANTAS – advogado e amigo de Tia Carmem
FRANCISCO NAGEN – lojista que se incomoda com as barracas de camelôs e discute com Guiomar
FRANCISCO SILVA – Seu Jerônimo (homem que vende um bilhete premiado a Alfredo)
GILBERTO PORTO – office boy na Fraga Dantas
GRANDE OTELO como ele mesmo, apresentando-se no show com Watusi em que Cláudio leva os clientes gringos
HÉLIO GUERRA – funcionário na obra que informa Osmar os desvios de cimento, que foram provocados por Darci
HÉLIO RIBEIRO – ator do comercial de margarina produzido pela Vita Vídeo
HEMÍLCIO FRÓES – recebe Zeca e Rafael na fábrica da Champion em Manaus
IDA GOMES – Hemengharda (enfermeira de Alfredo, no final)
ILKA SOARES – Márcia (amiga de Cristina, dá a festa na qual Eloá conhece Raul, no início)
ISOLDA CRESTA – Verinha de Souza (vizinha de Jurema no velório de Rangel)
IVAN MESQUITA – Inspetor Andrade, depois chamado de Delegado Cerqueira (investiga algumas ocorrências)
JALUSA BARCELLOS – funcionária da loja em que foi revelada a foto de Eloá e Raul no jantar
JAYME PERIARD – funcionário do restaurante de Haroldo (figuração)
JOANA ROCHA – Eliete (empregada na casa dos Rangel, no início)
JOÃO CAMARGO – recepcionista do hotel na estrada onde Eloá, Ângela e Ronaldo passam uma noite chuvosa
JORGE CERRUTI – executivo da Fraga Dantas
JORGE CHERQUES – juiz no julgamento de Tereza, Raul e Rogério
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – apresentador na cerimônia de entrega do prêmio vencido por Bia, no final
JOSÉ DUMONT – Darci (amigo que Osmar não via há anos, mestre de obras que é demitido da Fraga Dantas)
JOSÉ PLÍNIO – Francisco (prestador da Fraga Dantas em uma obra com Eloá, quando ela conhece Vitor)
JOYCE DE OLIVEIRA – Isabel Fraga Dantas (primeira mulher de Alfredo, morre no primeiro capítulo)
KIKA BORJA – Leila (amiga de Alice)
KLEBER DRABLE – Padre Augusto (com quem Tereza se aconselha)
LEONARDO JOSÉ – detetive que detém Sônia pelo quadro de Lúcia no leilão
LOBÃO como ele mesmo, apresenta-se na festa de Márcia, no início
LUÍS CARLOS VINHAS como ele mesmo, pianista em uma recepção na Vita Vídeo
LUÍS MAGNELLI – mestre de obras na Fraga Dantas
LUTERO LUIZ – Madureira (novo porteiro no prédio de Cristina, não permite a subida de Sônia, no final)
MANOEL ELIZIÁRIO – copeiro na Fraga Dantas
MÁRCIA BARROSO DO AMARAL como ela mesma, artista plástica cuja exposição Cristina e Lúcia visitam
MARCO MIRANDA – Frederico (advogado da Fraga Dantas)
MARCOS WAIMBERG – guia Zeca e Amauri no passeio por uma fábrica
MARIA CLÁUDIA – apresentadora na cerimônia do Prêmio Mulher do Ano
MARIA LÚCIA DAHL – Miriam (cliente de Vânia)
MARILENA CURY – convidada na festa de Márcia, no início
MARINA COLASANTI como ela mesma, recebendo o Prêmio Mulher do Ano
MARINA LIMA como ela mesma, convidada na festa de Márcia, no início
MAURÍCIO TÁVORA – Feitosa (chefe de Amauri para quem ele vende sua ideia para um chip de computador)
MAURO RUSSO – Rodrigo (administrador da Fazenda Santa Cecília demitido por Osmar e Cláudio)
MELISE MAIA – Magdala (telefonista na Fraga Dantas, colega de trabalho de Jalusa)
MIGUEL PROENÇA como ele mesmo, pianista no recital assistido por Tereza e Alfredo
MILTON MORAES – Dr. Humberto (advogado de Tereza, Raul e Rogério)
MOACIR PRINA – Arlindo de Almeida Rocha (executivo da Fraga Dantas)
MOACYR DERIQUÉM como ele mesmo, convidado na festa de Márcia, no início
MONIQUE EVANS como ela mesma, trabalhando com Zeca, em mais de uma ocasião
MOZART RÉGIS JR. – copeiro no apartamento de Olga / garçom em uma recepção no apartamento de Cristina
NEWTON PRADO – William Maciel (pai de Zeca)
NEY GALVÃO como ele mesmo, estilista de um um clipe que Zeca produz na Vita Vídeo
NILSON ACIOLY – Horácio (amigo de Zeca)
ORION XIMENES – funcionário do órgão que apreendeu os produtos dos camelôs, tenta acalmá-los
PASCHOAL VILLABOIM – Luiz (assistente de Rangel na marcenaria, demitido por furto, no início)
PAULA LEAL – Dulce (copeira na mansão dos Fraga Dantas)
PAULO BETTI – Murilo Maciel (primo de Zeca, fotógrafo)
PAULO HENRIQUE SOUTO – Humberto Mauro (jardineiro na mansão dos Fraga Dantas)
RAFAEL PONZI – médico na fazenda Santa Cecília
REGINA DOURADO – Marly Sampaio (grã-fina fã de Eloá)
RICARDO CUNHA – engenheiro na Fraga Dantas
RICARDO MARIANO – operário que informa Eloá que Osmar já saiu da obra, quando ela está procurando-o
RICARDO WADDIGTON – vendedor do pacote turístico para a Disneylândia com o qual Eloá presenteia Ronaldo
RITCHIE como ele mesmo, convidado na festa de Márcia, no início
ROBERTO MARCONI – engenheiro na Fraga Dantas
ROGÉRIO EHRLICH como ele mesmo, fotógrafo que faz um ensaio com Alice
ROMEU EVARISTO – Romeu (novo copeiro na mansão Fraga Dantas, para revezar com Vanderlei)
RÔMULO ARANTES como ele mesmo, convidado na festa de Márcia, no início
RUBEM DE BEM – Dagoberto (funcionário de Alfredo a quem ele pede que compre um bilhete premiado) / agente penitenciário no presídio onde Raul cumpre pena
SANDRA BARRETO – Tia Carmem (tia de Osmar e Amauri que deixa uma herança para Osmar)
SELVA MELLO – vizinha de Eloá em Santa Teresa, conversando com Palmira
SÉRGIO MADUREIRA como ele mesmo, produzindo uma peça publicitária com Zeca para a Vita Vídeo
SÉRGIO MAIA – Ivan Sarmento (jornalista, noivo de Sônia com quem ela rompe, no início)
SÉRGIO MOX – Lauro (camelô amigo de Guiomar)
SILVEIRINHA – Domingos (lavrador na Fazenda Santa Cecília)
SÔNIA AYRES – Zélia (babá das filhas de Margarida)
SUELY FRANCO – detenta no presídio onde Tereza cumpre pena
SUZANE CARVALHO – Anita (secretária da Vita Vídeo, depois substituída por Alice)
TONY FERREIRA – apresentador na cerimônia do Prêmio Mulher do Ano
TURÍBIO RUIZ – Machado (pai de Ângela, morre no primeiro capítulo, na enchente em Blumenau)
VANDA ALVES – faxineira na Fraga Dantas
VERA HOLTZ – Maria Helena (amiga de Eloá)
VINÍCIUS SALVATORI – Alberto (diretor racista da Fraga Dantas demitido por Alfredo, no final)
VIRGÍNIA CAMPOS – Clarinha (moça com quem Zeca flerta durante uma sessão de vídeo em sua casa)
WAGNER TISO como ele mesmo, convidado na festa de Márcia, no início, depois em uma reunião na casa de Zeca
WALDIR ONOFRE – Antônio Rangel (primeiro marido de Jurema, pai de Sônia e Laurinha, morre no início)
WALDIR SANTANNA – César (motorista dos Fraga Dantas)
WATUSI como ela mesma, apresentando-se no show com Grande Otelo em que Cláudio leva os clientes gringos
ZIZI POSSI como ela mesma, convidada na festa de Márcia, no início
André (amiguinho de Ronaldo, quando ela mora na Zona Sul)
Haroldo (dono do restaurante onde Bia e Alice vão trabalhar como garçonetes)
– núcleo de TEREZA FONSECA (Glória Menezes), enfermeira modesta, madura e bonita, mãe de uma adolescente. Emprega-se na mansão de uma rica família. Com seu temperamento doce e firme, pouco a pouco resolve alguns problemas da casa conquistando a confiança da maioria, inclusive o coração do patriarca, um homem viúvo:
a filha HELOÍSA (Isabela Garcia), garota interesseira, está cansada das dificuldades financeiras em que vive com a mãe e sonha com uma vida de luxos e um casamento com um rapaz rico
a irmã VÂNIA (Íris Bruzzi), maquiadora que trabalha em um salão de beleza. Sempre bem humorada, vive lhe dando força.
– núcleo de ELOÁ PELEGRINI (Débora Duarte), mulher otimista, ótima esposa e mãe, mantem uma relação madura e carinhosa com a família. De classe média, passando por dificuldades financeiras, trabalha como engenheira em uma empresa de construção civil, juntamente com o marido. Batalhadora e ambiciosa, acredita em seu potencial e luta para ascender profissionalmente. Conhece um homem misterioso e envolvente, com quem é levada a fazer um pacto. É promovida e, aos poucos, transforma-se em uma poderosa mulher de negócios, o que compromete a relação com o marido:
o marido OSMAR (Antônio Fagundes), engenheiro como a mulher, trabalha na mesma empresa de construção civil que ela. De temperamento mais acomodado, não alimenta as mesmas ambições profissionais que sua parceira. A princípio, tem um cargo ligeiramente superior ao da mulher. Eloá, no entanto, é mais competente que ele. A relação do casal degringola após a carreira dela deslanchar e Eloá se ver obrigada a demitir o marido
o filho RONALDO (Selton Mello), garoto esperto, tem uma relação aberta e afetuosa com os pais
o cunhado AMAURI (Stênio Garcia), irmão de Osmar, ex-presidiário que já cumpriu sua dívida com a sociedade. Homem introspectivo, embora atencioso, vive modestamente, sem grandes ambições. Técnico em eletrônica, no início trabalhava em uma fábrica de computadores. Levanta uma boa grana após vender a ideia de um chip de computador revolucionário
a empregada SHIRLEY (Yaçanã Martins), fã dos patrões
VITOR (José de Abreu), homem com quem Eloá se envolve quando está separada de Osmar. Bom sujeito, bem-humorado, não tem as mesmas cobranças que Osmar.
– núcleo de ALFREDO FRAGA DANTAS (Hugo Carvana), empresário poderoso, dono da empresa de construção civil ondem trabalham Osmar e Eloá. Homem prepotente, autoritário, reacionário e preconceituoso, quer mandar na vida dos filhos. Viúvo, acaba envolvido pela enfermeira Tereza, por quem se apaixona e com quem se casa:
os filhos: OLAVO (Marcelo Picchi), o mais velho. Engenheiro medíocre profissionalmente, não tem a criatividade e o arrojo que o pai deseja. Puxa-saco, esforça-se para agradar o pai, mas é tratado com certo desprezo por ele,
CLÁUDIO (Marcos Paulo), rapaz inquieto e contestador, luta contra a austeridade do pai, com quem vive batendo de frente. Não sabe exatamente o que quer da vida: formou-se em Engenharia para agradar o pai, mas não quer seguir a carreira,
e BIA (Malu Mader), a caçula, com quem vive em conflito por causa de seus gênios difíceis. Estudante de Comunicação, é uma garota anticonvencional e de ideias progressistas. Como Cláudio, não aceita o autoritarismo do pai, enxergando-o como um homem retrógrado
a nora MARGARIDA (Lília Cabral), mulher de Olavo. Interesseira e puxa-saco, como o marido, vive tentando agradar Alfredo. Em vão, já que é vista como uma figura deslumbrada e risível
as netas, filhas de Olavo e Margarida: ISABEL (Giovanna Pieck), uma peste que apronta todas,
e MARGÔ (Daphné Bastos), a caçulinha
os empregados: ODETE (Zeni Pereira), cozinheira, trabalha na casa desde que seus filhos eram pequenos. Mulher simplória, mas muito franca,
VANDERLEI (Cosme dos Santos), copeiro, filho de Odete. Calado e um tanto indolente, veladamente contesta o autoritarismo do patrão,
DULCE (Paula Leal), copeira, e CÉSAR (Waldir Santanna), motorista.
– núcleo de RAUL MONTEIRO (Flávio Galvão), homem charmoso, envolvente e misterioso. O suposto DIABO com quem Eloá é induzida a fazer um pacto para ascender profissionalmente. Ao longo da trama, descobre-se que Raul e o pacto fazem parte de um plano de vingança de Tereza para destruir o casamento de Eloá e Osmar. Tereza amou Osmar no passado, mas ele a abandonou. Osmar não sabe, mas é pai de Heloísa. Raul foi pago para representar os interesses de Tereza e de outras pessoas:
NÁDIA (Tânia Scher), viúva de um sócio de Alfredo. Acredita que o empresário se apossou indevidamente de bens de seu falecido marido, que estão registrados em um testamento guardado em um cofre na sua mansão. Pressiona Tereza para que ela roube esse testamento
ROGÉRIO CERQUEIRA (Odilon Wagner), amante e cúmplice de Nádia. Alto executivo da empresa de Alfredo, promove a ascensão de Eloá a pedido de Tereza, enquanto esta tem a incumbência de resgatar na mansão de Alfredo o testamento que favorece Nádia.
– núcleo de LÚCIA GOUVEIA (Joana Fomm), socialite falida que faz tudo para manter a pose e o prestígio, aparentando o que não tem. Despejada da cobertura onde vivia na Europa, retorna ao Brasil e vai morar de favor no apartamento de uma amiga. Tenta em vão conseguir um marido rico para si e para a filha, a fim de livrar a situação financeira da penúria. Induz a filha a assediar Cláudio, que considera um bom partido. Esconde de todos o seu passado e a origem humilde. Fora apaixonada por Amauri, mas preferiu se casar com um homem rico que lhe deu estabilidade financeira a viver com um homem em dívida com a Justiça. Esconde que Amauri é pai de sua filha:
a filha ALICE (Luiza Tomé), tímida e insegura, dominada pela mãe, que quer a todo custo vê-la casada com um homem rico. Lúcia a empurra para Cláudio. Faz amizade com Amauri, sem desconfiar que ele é seu pai
a amiga CRISTINA WERNECK (Mila Moreira), que a hospeda em seu apartamento quando retorna da Europa. Decoradora com prestígio na sociedade carioca, mulher independente, moderna e generosa, com situação financeira estável
a empregada no apartamento de Cristina, LURDES (Ângela Avilles).
– núcleo de SÔNIA NASCIMENTO RANGEL (Zezé Motta), moça prática e batalhadora. Arquiteta, não encontrou espaço no mercado de trabalho, o que a levou a abrir uma firma de paisagismo. Apaixona-se por Cláudio, mas o casal vive um romance conturbado pelo preconceito racial, principalmente do pai dele, Alfredo, que não aceita a relação por ela ser negra. Já conhecia Lúcia, com quem acaba se desentendendo. Usando de chantagem, Alfredo e Lúcia conseguem separá-la de Cláudio:
os pais: SEU RANGEL (Waldir Onofre, participação), marceneiro, tinha uma oficina em casa. Morre no início em um acidente aéreo,
e JUREMA (Ruth de Souza), dona de casa, mulher afetuosa com as filhas
a irmã LAURINHA (Eliane Neves), pré-adolescente
o noivo no início IVAN (Sérgio Maia), jornalista. Rapaz um tanto intransigente, o que causa a separação dos dois
o namorado de Jurema, FLORIANO (Clementino Kelé), homem boa-praça e expansivo com quem se casa em segundas núpcias
o arquiteto ORLANDO (João Paulo Adour), que apaixona-se por Sônia.
– núcleo de ZORAIDE DA SILVA CORDOVIL (Renata Fronzi), mulher extrovertida, sempre bem humorada. Foi vedete de teatro de revista nos anos 1950, quando era conhecida pelo nome artístico ZORA ZANINI. Vizinha de Osmar e Eloá no bairro de Santa Teresa, aluga quartos em seu casarão. É lá onde mora Amauri e onde Sônia, Jurema e Laurinha vão morar após a morte de Seu Rangel:
a irmã mais velha GUIOMAR (Eloísa Mafalda), viúva, morava com o filho único em Blumenau, Santa Catarina, até que, depois de uma enchente, resolveu se mudar para o casarão da irmã, no Rio. Mulher simplória, determinada e sem papas na língua, começa a trabalhar como camelô. É uma mãe possessiva que projeta no filho um futuro estável, com um bom emprego e um bom casamento
o sobrinho RAFAEL MOTA (Lauro Corona), filho de Guiomar. Bom rapaz, estudioso e trabalhador, mas sufocado pela mãe. Interessa-se por música, mas Guiomar insiste que ele não terá futuro se for artista, apenas se tiver salário fixo e carteira assinada. É noivo de uma vizinha do sul, mas apaixona-se por Bia quando a conhece, o que o faz viver um amor com culpa
a noiva de Rafael, ÂNGELA (Andréa Beltrão), moça introspectiva, passiva, sem iniciativa. Deixa Blumenau e parte para o Rio com Guiomar e Rafael após perder o pai, vítima da enchente. Concentra sua energia na relação com Rafael, como sua única opção para a vida. Porém, ele claramente não a ama
os inquilinos em seu casarão: JALUSA (Rosane Gofman), telefonista na Fraga Dantas, amiga de Eloá. Moça mística, esotérica, supersticiosa e fatalista. Com a trama do “diabo”, vai se aproximar de Tereza,
e ALÍPIO (Massaroca), ex-palhaço de circo, hoje aposentado
a vizinha PALMIRA (Maria Helena Pader), que após perder o emprego, vai trabalhar como secretária pessoal de Alfredo Fraga Dantas
o filho de Palmira, RICARDO (Alexandre Garcia), pré-adolescente.
– núcleo de ZECA MACIEL (Caíque Ferreira), rapaz rico, charmoso e mulherengo, disputado pelas moças por ser um bom partido. Dono da agência de publicidade onde Rafael vai trabalhar. Os dois tornam-se amigos, mas acabam apaixonados pela mesma mulher, Bia. Torna-se o alvo do interesse de Alice. Monta uma produtora de filmes publicitários, a Vita Vídeo, tendo Amauri como sócio:
a amiga e secretária VIRGÍNIA (Duse Nacaratti), por quem tem um carinho filial. Mulher pudica e moralista que vive criticando seu estilo de vida, que considera imoral
o amigo HORÁCIO (Nilson Acioly).
– demais personagens:
MAGDALA (Melise Maia), telefonista na Fraga Dantas, colega de Jalusa
SILVIA (Cinira Camargo), secretária na Fraga Dantas, depois substituída por SUZY (Adriana Bôscoli)
NEIDE (Cidinha Milan), empregada na Fazenda Santa Cecília, vendida por Cristina a Osmar e Cláudio
DOMINGOS (Silveirinha), lavrador na Fazenda Santa Cecília.
Duas novelas
A história de Corpo a Corpo é dividida em duas partes, cada qual com um mistério diferente envolvendo o “diabo”, personificado no ator Flávio Galvão. Na primeira parte – que se estendeu até o capítulo 83 – o autor Gilberto Braga exibiu uma trama dinâmica e envolvente, bem conduzida, bem amarrada, com personagens bem delineados. Abordou o racismo, de forma nunca antes vista em uma telenovela, e o machismo, por meio da trama do marido que não aceita a ideia da mulher se destacar profissionalmente mais que ele, com salário mais alto que o seu.
A partir do capítulo 83, iniciou-se a segunda parte e uma nova novela, ainda que continuando nas mesmas abordagens. Infelizmente, o autor não conseguiu manter a qualidade e o mesmo ritmo da fase anterior, apresentando um acúmulo de situações forçadas, excesso de melodrama e até personagens com perfis psicológicos completamente alterados para atender o roteiro.
Para piorar, Gilberto Braga recebeu ordens de espichar Corpo a Corpo em vinte capítulos, para que a produção sucessora, Roque Santeiro, a grande promessa para as comemorações dos 20 anos da TV Globo (em 1985), pudesse estrear com folga. (*)
Em um balanço de sua obra ao jornal O Globo (de 09/09/1994), Gilberto Braga apontou o que mudaria na novela: “Eu gostaria de reescrever a segunda parte da história e melhorar a trama do personagem do [Antônio] Fagundes, que ficou muito chata. E mexeria um pouco no romance da Zezé Motta com o Marcos Paulo, porque o público rejeitava.” (pesquisa: Gabriel Salgado Sarturi)
Apesar dos problemas com a roteirização, Corpo a Corpo foi um sucesso na época, tendo registrado média de 52 pontos no Ibope, a melhor audiência de uma novela das oito desde Baila Comigo, em 1981. (*)
Melhor novela
Em 2008, Gilberto Braga revelou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo) a sua predileção por Corpo a Corpo:
“Sempre pensei ‘Por que falam de Dancin’ Days e Água Viva quando citam meus sucessos e não falam de Corpo a Corpo?’ Era uma novela extremamente bem-feita, com uma trama bem armada, baseada em histórias de ascensão social e vingança (…) Até hoje é muito elogiada por escritores [de novelas].”
Gilberto Braga colocava Corpo a Corpo no mesmo patamar de suas novelas mais populares. “Fiz a novela que eu quis”, dizia, orgulhoso. Ao mesmo tempo, sempre manifestou frustração com o fato de a novela não ter permanecido no imaginário popular. (*)
Em 2009, ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” (de André Bernardo e Cíntia Lopes), o autor confirmou:
“Na minha opinião, Corpo a Corpo é minha melhor novela, mas não é tão lembrada.”
Ismael Fernandes era um entusiasta da novela, conforme relatou em seu livro “Memória da Telenovela Brasileira”:
“Mais um brilhante momento para Gilberto Braga, mágico em segurar o telespectador com suas fantasias. (…) Gilberto sabe como tecer com maestria os mistérios de uma boa novela sem nunca deixar cair o interesse por essa ou outra trama. (…) Tudo muito sedutor, deliciosamente novelístico.”
Inspirações
Gilberto Braga amarrou sua trama com personagens femininas marcantes:
– a mulher que perde o homem amado e planeja vingança para destruir seu casamento: Tereza (Glória Menezes);
– a mulher que faz um pacto com o diabo para ascender profissionalmente: Eloá (Débora Duarte) – e que precisa lidar com o machismo do marido, que não recebe bem a ideia de ela se destacar na profissão mais que ele;
– a mulher vítima de racismo, cujo sangue salva a vida do homem que a subjugara e a fizera sofrer: Sônia (Zezé Motta);
– e a mulher da sociedade que não consegue manter o seu status, à procura de um casamento de interesse, mas presa emocionalmente a uma paixão do passado: Lúcia (Joana Fomm).
Como na maioria das novelas de Gilberto Braga, o cinema foi uma grande inspiração para Corpo a Corpo. Como o filme Um Corpo que Cai (1958), de Alfred Hitchcock, que inspirou a narrativa da novela, dividida em duas partes, em que se conclui que os personagens foram envolvidos em uma trama maquiavélica (como no filme). A trilha sonora de Bernard Herrmann também serviu à novela, musicando principalmente as passagens de suspense. Outra referência ao thriller de Hitchcock foram os corpos que caíram de prédios: Rogério (Odilon Wagner), ao final da primeira parte, e Raul (Flávio Galvão), ao final da segunda.
O conflito entre o casal Eloá (Débora Duarte) e Osmar (Antônio Fagundes) foi inspirado no drama Nasce uma Estrela, que já teve quatro versões em Hollywood (1937, 1954, 1976 e 2018). Em vez de a personagem feminina ser cantora, como na maioria dos filmes, era engenheira na novela. (*)
A sequência do capítulo 60 em que Osmar, bêbado, invade a cerimônia na qual Eloá estava recebendo um prêmio, é idêntica à do filme.
No último capítulo de Corpo a Corpo, é Bia (Malu Mader) quem ganha um prêmio e seu marido Rafael (Lauro Corona) aparece subitamente. A referência aqui foi mais da direção, em que as tomadas e a trilha sonora são as mesmas do filme Carrie, a Estranha (1976), de Brian De Palma.
A última cena entre os personagens de Antônio Fagundes e Débora Duarte também foi abertamente copiada de outro clássico do cinema americano, My Fair Lady (1964): Eloá está em casa, ao telefone, tratando de um caso de milhões de dólares, quando Osmar chega e, satirizando um comportamento machista, senta no sofá, estica as pernas e pede: “Meus chinelos.” (*)
Outra inspiração para Gilberto Braga veio da literatura: o romance “A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas (filho), na trama em que o vilão Alfredo (Hugo Carvana) chantageia Sônia (Zezé Motta) para ela se afastar de seu filho Cláudio (Marcos Paulo). Como no livro, a heroína se afasta e muda de cidade com outro homem, mesmo amando o anterior. “A Dama das Camélias”, aliás, foi o primeiro trabalho de Gilberto na TV, adaptado para o Caso Especial exibido no final de 1972.
Título
Gilberto Braga não gostava do título da novela. Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, revelou que achava o nome Corpo a Corpo “muito ruim”.
O título provisório da novela era Olho por Olho, usado alguns anos depois para uma novela da TV Manchete. (jornal Última Hora de 10/09/1984, colaboração de Mauricio Gyboski)
Com o sucesso de Corpo a Corpo, o fabricante de cosméticos Davene lançou um creme hidratante com o nome da novela.
Racismo
Corpo a Corpo foi uma das primeiras novelas a abordar o racismo de forma contundente. Cláudio (Marcos Paulo) era um rapaz rico, de temperamento rebelde, que batia de frente com a intransigência do pai, Alfredo Fraga Dantas (Hugo Carvana), um homem conservador, arrogante, reacionário e preconceituoso. Cláudio se apaixona por Sônia (Zezé Motta), moça negra de classe social inferior, paisagista culta e esclarecida. O pai não aceitava o namoro do filho com uma negra. Em um entrecho folhetinesco digno de O Direito de Nascer, Sônia, após sofrer todo o preconceito do velho, salva sua vida com uma transfusão de sangue (sequência exibida no capítulo 154). Agora o rico de “sangue azul” tinha sangue negro correndo em suas veias.
Porém, o entrecho real chocou mais que o ficcional. Uma pesquisa para aferir a aderência do público sobre o casal Sônia e Cláudio surpreendeu todos os profissionais envolvidos. Zezé Motta narrou o ocorrido no documentário A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo (2000):
“As reações foram violentas (…) Um homem disse que se fosse ator e estivesse precisando de dinheiro e a televisão obrigasse a beijar uma negra feia e horrorosa ‘como aquela’, chegaria em casa todos os dias e desinfetaria a boca com água sanitária. (…) Teve uma empregada doméstica que disse que toda vez que o casal se beijava, ela trocava de canal porque não acreditava nesse amor. (…) Outro disse que não acreditava que Marcos Paulo estivesse tão necessitado de dinheiro para passar por essa humilhação.”
Zezé Motta também afirmou que Gilberto Braga escreveu uma cena baseada em um fato presenciado por ele: Sônia estava em um jantar na mansão dos Fraga Dantas e a empregada, negra (vivida por Zeni Pereira), se negou a servi-la – por Sônia ser negra.
Em março de 1985, a atriz Ruth de Souza – que vivia Jurema, a mãe de Sônia – deu uma entrevista criticando a pouca importância de sua personagem na trama e a abordagem do racismo na novela: “Ninguém se preocupa ou pensa com o sentimento do negro.” (revista Amiga, 20/03/1985).
A primeira resposta de Gilberto Braga foi dizer que Ruth o deixou “muito magoado”. Depois, defendeu o seu trabalho: “Uma forma de eu me posicionar contra o preconceito racial foi mostrar todos os personagens positivos da novela como voluntariamente antirracistas, enquanto que todos os vilões são justamente o contrário.”
Ao final de Corpo a Corpo, tanto Gilberto quanto Ruth foram premiados, por indicação da vereadora Benedita da Silva, com a medalha Pedro Ernesto. A atriz não foi à Câmara dos Vereadores do Rio e Janeiro receber a honraria. (*)
Elenco
Grande destaque para Glória Menezes, como a protagonista Tereza, em uma interpretação marcante – apesar do excesso de melodrama de sua personagem.
Débora Duarte estava no auge de sua maturidade profissional. A atriz havia protagonizado duas minisséries, Padre Cícero e Anarquistas, Graças a Deus, exibidas meses antes da estreia de Corpo a Corpo.
Por sua atuação na novela e nas minisséries, Débora foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz de 1984 (juntamente com Geórgia Gomide e Marieta Severo, por Vereda Tropical, Mírian Pires, por Meus Filhos, Minha Vida, Lucinha Lins, pela minissérie Rabo de Saia, e Nathalia Timberg, pela minissérie Santa Marta Fabril).
Contudo, Gilberto Braga não aprovou a escalação de Débora Duarte como uma das protagonistas. Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, o autor afirmou: “Débora Duarte é extraordinária, mas, convenhamos, não é o primeiro nome de uma novela.”
“Débora Duarte é grande atriz, na época da novela estava fantástica, mas é pouco para primeiro nome, e isso é essencial”, disse em outra ocasião. Essa avaliação pode soar injusta, mas Gilberto a repetiu tantas vezes que parecia, realmente, convencido dela: “Débora fez brilhantemente o papel, mas não era a Sônia Braga em Dancin’ Days. E isso conta muito pra uma novela ficar. O público se liga muito em estrelas.” (*)
A exemplo de Yolanda Pratini em Dancin’ Days, Joana Fomm mais uma vez brilhou com uma vilã arrivista e, agora, racista: Lúcia Gouveia. A atriz lembrou que, na época da novela, um garçom negou-se a atendê-la.
“Disse que não ia me servir porque eu não prestava, não valia nada”, contou ela. “Tentei me defender dizendo que eu era Joana Fomm, a atriz, uma pessoa boa. Ele me olhou bem nos olhos e disse: ‘A senhora pode ser essa tal de Joana, mas que é bem parecida com a moça da novela, ah, isso é’. Virou as costas e foi embora!”
Consciente de que Osmar, o marido do casal central da trama, era um personagem fraco, Gilberto Braga, por volta do capítulo 80, telefonou para o ator Antônio Fagundes e disse: “O seu personagem acabou. Não sei mais o que fazer com ele. Mas preciso do Osmar para o final.” O ator, então, ganhou uma folga e foi para São Paulo fazer teatro. (*)
Em uma época em que essa já não era mais uma prática comum, a atriz Eloísa Mafalda – Guiomar na novela – emendou dois trabalhos: após Corpo a Corpo, foi escalada para a produção substituta no horário, Roque Santeiro, em que viveu a beata Pombinha Abelha.
Também Andréa Beltrão emendou trabalhos. Enquanto ainda gravava Corpo a Corpo, a atriz começou a gravar a série Armação Ilimitada. Assim pôde ser vista nas duas produções, já que a Armação estreou quando faltava um mês para o término da novela.
Andréa Beltrão cortou o cabelo para viver a jornalista Zelda Scott na série, obrigando sua personagem em Corpo a Corpo, Ângela, a aparecer de cabelo curto (a partir do capítulo 119).
Na reta final da novela, Caíque Ferreira – que vivia na trama o publicitário Zeca -, acometido de uma pneumonia, precisou ausentar-se da produção, sem garantia de retorno. O último capítulo com o ator foi o de número 161. A partir do capítulo 165, Paulo Betti entrou para Corpo a Corpo como Murilo, um primo de Zeca, substituindo Caíque. Contudo, o ator, recuperado da doença, retornou no último capítulo. (Jornal da Cidade de Santos, 31/05/1985, pesquisa: Maurício Gyboski)
Primeira novela do ator José Dumont, em uma participação. Primeira novela inteira da atriz Luiza Tomé, que já fizera pequenas e rápidas aparições em novelas anteriores.
Estreia na Globo de Lília Cabral e Selton Mello, que vinham das produções da TV Bandeirantes, de São Paulo. Selton completou 12 anos no decorrer da novela.
Primeira novela da longa parceria de Gilberto Braga com o diretor geral Denis Carvalho. Anteriormente, por um período, ele foi um dos diretores de Dancin’ Days (1978). Após Corpo a Corpo, Denis assinou a direção geral das novelas Vale Tudo (1988), O Dono do Mundo (1991), Pátria Minha (1994-1995), Celebridade (2003-2004), Paraíso Tropical (2007), Insensato Coração (2011) e Babilônia (2015), e das minisséries Anos Rebeldes (1992) e Labirinto (1998). Lembrando que Denis também participou de Brilhante (1981-1982), mas como ator.
Também a primeira novela de Gilberto com a atriz Malu Mader, para quem ele criou personagens de destaque em produções seguintes (Anos Dourados, O Dono do Mundo, Anos Rebeldes, Labirinto, Força de um Desejo e Celebridade).
De acordo com o jornal Última Hora de 10/09/1984, alguns dos primeiros nomes escalados não vingaram: Renée de Vielmond seria Eloá (substituída por Débora Duarte) e Débora Bloch seria Bia (que foi para Malu Mader). (colaboração de Mauricio Gyboski)
Pacto com o Diabo
Corpo a Corpo aguçou a curiosidade do publico acerca do mistério que envolvia o Diabo (Flávio Galvão). Em troca de uma promissora carreira profissional na empresa Fraga Dantas, Eloá (Débora Duarte) aceita fazer um pacto com o capeta. No capítulo 83, descobria-se que tudo não passava de uma farsa arquitetada por um grupo de pessoas que estava usando Eloá.
Alfredo Fraga Dantas (Hugo Carvana) havia fundado sua firma com um sócio, que veio a falecer e a parte dele ficou registrada em um testamento, guardado em um cofre na mansão do empresário. A viúva, Nádia (Tânia Scher), alia-se a Rogério (Odilon Wagner), alto executivo da Fraga Dantas, com a intenção de se apossar desse testamento. Por meio de Raul (Flávio Galvão), encarnando o próprio Diabo, é fácil para Rogério promover a ascensão de Eloá.
Enquanto isso, a enfermeira Tereza (Glória Menezes) se infiltra na mansão Fraga Dantas com a incumbência de seduzir Alfredo, casar-se com ele e meter as mãos no testamento. Em troca, Tereza quer o fim do casamento de Eloá e Osmar (Antônio Fagundes), sua antiga paixão, como uma vingança pessoal contra ele, que a abandonara no passado.
Descoberta a farsa (no capítulo 83), os envolvidos são condenados, com exceção de Eloá, que era tão vítima quanto Alfredo, e de Nádia, que morre atropelada antes do julgamento. Tereza vai presa e se regenera na cadeia, Rogério morre ao fugir da polícia, enquanto Raul também tenta uma fuga e (aparentemente) morre, quase aos olhos de Tereza.
Porém, para surpresa do público, o Diabo reaparece, agora para a atormentada Tereza, que já cumpriu sua pena. É quando a novela inicia um novo mistério.
Raul, como o próprio Diabo, convence Tereza de que todas aquelas mortes são obra sua e que ela poderá vir a reconquistar o amor de Osmar. Entretanto, para isso, terá que matar Alfredo. Contudo, as coisas não saem conforme o planejado: na hora de aplicar a injeção letal, Tereza desiste do plano (no capítulo 166).
No final da novela, é Osmar quem elucida o mistério: Raul não morrera. Ele aliou-se a Amauri (Stênio Garcia), irmão de Osmar, que queria a morte de Alfredo porque ele casara-se com Lúcia (Joana Fomm), o amor de sua vida.
Censura (*)
Gilberto Braga manteve o espectador sob suspense, durante boa parte da história, sem esclarecer se o personagem de Flávio Galvão era o Diabo ou não. Até a Censura Federal se confundiu e, dias depois da estreia, mandou dois ofícios para a Globo pedindo esclarecimentos sobre “os possíveis fenômenos sobrenaturais”. Os censores temiam que a novela pudesse causar “dano iminente à formação psíquica” do público infantil.
Em resposta, a Globo enviou uma carta na qual Gilberto informava que não havia nada de sobrenatural na trama. Era tudo um golpe.
Locações
Corpo a Corpo teve o bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro, como um dos cenários da trama. Com muitas gravações pelo local, era lá onde morava a família de Eloá (Débora Duarte) e onde ficava o casarão de Zoraide (Renata Fronzi), no qual moravam vários personagens.
A novela também teve gravações na Penitenciária Talavera Bruce, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, na fase em que Tereza (Glória Menezes) cumpriu sua pena.
A equipe de produção viajou para gravar sequências em Madrid (na Espanha), onde Eloá encontrou Raul (Flávio Galvão) sem o disfarce do Diabo, e no Cairo (no Egito), para onde Eloá e seu filho foram morar – na mesma época em que o Cairo também recebeu a equipe da novela das sete, Um Sonho a Mais, que estava estreando.
Enchente
O primeiro capítulo simulou uma enchente no sul do país. No ano anterior (1983), a cidade de Blumenau (SC) havia sido devastada com uma das piores inundações de sua história. Gilberto Braga incluiu esse fato em sua trama.
Os blumenauenses Guiomar (Eloísa Mafalda), o filho Rafael (Lauro Corona) e a noiva dele, Ângela (Andréa Beltrão) se mudam para o Rio de Janeiro depois de perder suas casas na enchente. O pai de Ângela, Machado (Turíbio Ruiz), havia morrido no desastre.
A equipe de produção teve um cuidadoso trabalho para simular a inundação. A gravação foi feita em um sítio em Guaratiba (RJ) e levou dois dias para ser concluída. No ar, no primeiro capítulo, a cena teve apenas 20 segundos de duração. Para representar o efeito de uma inundação, foi escavado um buraco de 9,5m de comprimento por 6m de largura e 1,6m de profundidade, com o fundo e as laterais vedados com plástico. Para simular a forte chuva, foram necessários vinte carros-pipa. (Site Memória Globo)
Trilha sonora
Apesar de não constar nos LPs da novela, a canção “Coração de Estudante”, de Wagner Tiso e Milton Nascimento, sucesso da época na voz de Milton, foi fartamente executada em Corpo a Corpo (para as cenas do casal Sônia e Cláudio). Porém, em uma versão instrumental, gravada por Wagner Tiso. A gravação de Milton tocou apenas no casamento de Sônia e Cláudio, no capítulo 161. Neste mesmo capítulo, Wagner Tiso deu uma palhinha na novela, tocando sua música ao piano.
Outras músicas muito marcantes na novela foram “Nada Mais” (versão da internacional “Lately”, de Stevie Wonder), gravada por Gal Costa (tema de Tereza), e a internacional “Missing You”, na voz de Diana Ross (tema de Lúcia e Amauri).
Corpo a Corpo foi uma das primeiras novelas em que um efeito visual e um efeito sonoro anunciavam o fim do capítulo: a última imagem “congelava” com um som impactante – bem como os ganchos que antecediam os intervalos comerciais.
Exibição
Corpo a Corpo foi reapresentada quase 40 anos após a sua exibição original: entre 24/06/2024 e 18/01/2025, no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo), às 14h40.
A novela foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 10/02/2025.
* “Gilberto Braga, o Balzac da Globo”, Artur Xexéo e Maurício Stycer.
Trilha sonora nacional
01. UM GRANDE AMOR – Fagner (tema de Amauri)
02. CORRA E OLHE O CÉU / NOTÍCIA – Beth Carvalho (tema geral)
03. NADA MAIS (LATELY) – Gal Costa (tema de Tereza)
04. ONDE É QUE A GENTE VAI? – Dalto (tema de Rafael)
05. PARA LENNON E MCCARTNEY – Elis Regina (tema de Cláudio)
06. PAPEL MACHÊ – João Bosco (tema de Osmar)
07. TÃO BEATA, TÃO À TOA – Marina (tema de abertura)
08. PRA EU PARAR DE ME DOER – Maria Bethânia (tema de Eloá)
09. SORVETE – Caetano Veloso (tema de Bia)
10. UM DESEJO SÓ NÃO BASTA – Simone
11. BABY SUPORTE – Barão Vermelho
12. FÉRIAS DE VERÃO – Sandra Sá
13. A MULHER INVISÍVEL – Ritchie (tema de Zeca)
14. DÊ UM ROLÊ – Zizi Possi
Sonoplastia: Aroldo Barros
Direção de sonoplastia: Antônio Faya
Direção de produção: Guto Graça Mello
Supervisão de repertório: Francisco Santos Jr.
Trilha sonora internacional
01. TOO LATE FOR GOODBYES – Julian Lennon (tema geral)
02. STILL LOVING YOU – Scorpions (tema de Zeca e Alice)
03. BODY ROCK – Maria Vidal
04. WHAT ABOUT ME? – Kenny Rogers, Kim Carnes and James Ingram (tema de Bia e Rafael)
05. SEX APPEAL – Sophie St. Laurent
06. AUTUMN – Season of Love (tema dos momentos tristes ou dramáticos)
07. TASTE SO GOOD – File 13
08. PURPLE RAIN – Prince & The Revolution
09. MISSING YOU – Diana Ross (tema de Lúcia e Amauri)
10. I FEEL FOR YOU – Chaka Khan
11. EDGE OF A DREAM – Joe Cocker
12. MAKE NO MISTAKE, HE’S MINE – Barbra Streisand and Kim Carnes (tema de Eloá e Osmar)
13. BONITA – Maysa (tema de Tereza)
14. AGADOO – Black Lace
Supervisão: Sérgio Motta
Ainda
12 O’CLOCK – Vangelis (nas cenas de Tereza na penitenciária)
ADAGIO FOR STRINGS – Samuel Barber
BECAUSE – The Beatles (para Bia e Rafael)
BESAME MUCHO – Ray Conniff (para Lúcia e Amauri)
CORAÇÃO DE ESTUDANTE – Milton Nascimento (no casamento de Cláudio e Sônia)
CORAÇÃO DE ESTUDANTE – Wagner Tiso (tema de Cláudio e Sônia)
CORAÇÕES PSICODÉLICOS – Lobão (na festa de Márcia, no primeiro capítulo)
EU SEI QUE VOU TE AMAR – Nelson Gonçalves (Eloá e Vitor dançam a música em uma boate)
FAREWELL AND THE TOWER (FROM “VERTIGO”) – Bernard Herrmann (tema de suspense e tensão)
FASCINAÇÃO – Elis Regina (quando Zeca lembra dos três anos da morte de Elis Regina)
GOT TO GET TO YOU – Charade (na academia do hotel, com Lúcia e Alice, no início)
HERE COMES THE SUN – The Beatles (no casamento de Rafael e Bia)
I CAN’T STOP LOVING YOU – Ray Charles (Cláudio e Sônia ouvem a música no apartamento de Bia e Alice)
I LOVE MEN – Eartha Kitt (na boate, com Zeca, Bia, Heloísa e Horácio)
IT’S A MIRACLE – Culture Club (na boate, com Zeca, Bia, Heloísa e Horácio)
IT’S FOR YOU – Pat Metheny & Lyle Mays (quando Alfredo e Lúcia estão em uma galeria de arte)
JAMAIS – Elizeth Cardoso (Tereza e Osmar ouvem a música)
KNIFE – Rockwell (na boate, com Zeca, Bia, Heloísa e Horácio)
LA FETE SAUVAGE – Vangelis (tema de Amauri)
LA FETE SAUVAGE II – Vangelis (tema de Raul)
LOSFER WORDS (BIG ‘ORRA) – Iron Maiden
MOONLIGHT SERENADE – The Glenn Miller Orchestra (Alice imagina dançando com Zeca)
MUSIC – John Miles (tema geral)
NORTH BY NORTHWEST (MAIN THEME) – Bernard Herrmann (tema de suspense, no final)
ON BROADWAY – George Benson (em um comercial que Zeca produz)
OVERTURE (FROM “ROCKY 2”) – Bill Conti (chegada de Lúcia da Europa, de volta à mansão Fraga Dantas)
PRELUDE AND ROOFTOP (FROM “VERTIGO”) – Bernard Herrmann (tema de suspense)
PSYCHO (MAIN THEME) – Bernard Herrmann (tema de suspense, no final)
RETURN TO THE PRESENT (FROM “SOMEWHERE IN TIME”) – John Barry
SAD SONGS – Inspiration
SLOWLY – Charles Aznavour (Lúcia e Amauri dançam a música em uma boate)
SOMEONE TO LIGHT UP MY LIFE – Frank Sinatra and Antônio Carlos Jobim (Vitor e Eloá ouvem a música)
SOMEWHERE IN TIME (MAIN THEME) – John Barry
STRANGERS IN THE NIGHT – Frank Sinatra (Lúcia e Amauri ouvem a música)
THE CORONATION/THE BLOOD (FROM “CARRIE”) – Pino Donaggio (na cerimônia que premia Bia, no último capítulo)
THE JOURNEY BACK IN TIME (FROM “SOMEWHERE IN TIME”) – John Barry
THE MAN OF MY DREAMS (FROM “SOMEWHERE IN TIME”) – John Barry
YESTERDAY – Ray Charles (Bia e Rafael ouvem a música)
Tema de abertura: TÃO BEATA, TÃO À TOA – Marina
E no calor dessa magia
Eu sou fera
Fico bela
Eu me escorrego no seu corpo
Eu vendo a alma ao diabo
Só pra sentir o seu gosto
É que eu mordo
Mordo e sopro
É que eu monto e desmonto
Tão beata, tão à toa
Espelho, espelho meu
Existe alguém mais louca do que eu?
Espelho, espelho meu
Existe alguém mais louca…
O mestre nunca perde a maestria. Gilberto Braga sempre atual. Doa a quem doer.
Estou adorando a novela. Eu era criança em 84, só ouvia os adultos comentando.
Os personagens são muito humanos, todos erram e acertam. A Eloa trabalha como diretora, passa no mercado, comanda a casa, faz de tudo pela família. É muito verdadeira!!!
Até que enfim a melhor novela de Braga,a minha predileta em todos os sentidos a grana, elenco e Marina cantando na abertura fantástica e Débora perfeita e impecável como Eloá, Joana brilhante como Lúcia e Flávio como diabo show.
Comecei ontem a acompanhar pelo Canal Viva. Tenho boas expectativas a respeito da obra, já que Gilberto a considerava a sua favorita. Gostei do primeiro capítulo, intenso e com um gancho fenomenal. Eloá daria a vida por um cigarro, e se depender do diabo ela vai ter bem mais do que isso.