Novidade no universo da telenovela! Bom Sucesso – a nova atração das sete da Globo que estreou na segunda-feira (29/07) – prova que é possível divertir sem fazer o público de palhaço. Os primeiros capítulos englobam, com muita eficiência, todas as boas qualidades dos folhetins eletrônicos. Estão lá a produção caprichada em ótima direção (Luiz Henrique Rios, Marcus Figueiredo e equipe), o elenco entrosado, com atores corretos em suas interpretações e outros que se sobressaem, personagens ricos em tramas de forte apelo emocional. E o principal: uma história para contar!
O que mais me chamou a atenção nesses poucos capítulos exibidos foi a sutileza com que a trama de Rosane Svartman e Paulo Halm emociona, sem pieguice, arroubos melodramáticos ou narrativa barata. A história da moça honesta, alegre e batalhadora, que criou os filhos praticamente sozinha – uma mocinha moderna -, e desaba ao saber que lhe resta pouco tempo de vida, é de um apelo formidável e poderoso. Nada disso seria possível se texto e direção não encontrassem uma atriz carismática à altura da força da personagem. Grazi Massafera está radiante como Paloma. Que mulheres Grazi e Paloma!
O contraponto da heroína solar com garra pela vida não é um vilão nefasto ou uma bruxa da Disney, mas a amargura da vida sem perspectivas, encarnada na figura de Alberto Prado Monteiro – grande Antônio Fagundes! Aí está o barato de Bom Sucesso: uma trama que aproxima o público, que gera empatia. Os autores alardearam: é uma novela sobre a vida – e não sobre a morte -, sobre viver com plenitude mesmo ciente do pouco tempo que resta – e sempre nos resta pouco tempo. Olha o apelo!
A abertura, propositalmente colorida, dá o tom na letra do charmoso samba de Cartola: “A sorrir eu pretendo levar a vida / Pois chorando eu vi a mocidade perdida“. Um alento depois de um dia cansativo!
A isso, somam-se os mocinhos garbosos disputando a bela Paloma – David Júnior – ainda um tanto contido como Ramon – e um sorridente e pouco vestido Rômulo Estrela – quase irreconhecível se considerarmos unicamente o seu último papel, o soturno príncipe medieval de Deus Salve o Rei. Armando Babaioff faz um vilãozinho no limiar do mau-caratismo e da graça (já ri com os cacoetes sutis do personagem). E como é expressiva a garota Bruna Inocêncio – Alice, a filha mais velha de Paloma – uma promessa! Outro ponto positivo é a abordagem à Literatura, tão fundamental no momento sombrio que atravessamos.
Bom Sucesso traz um respiro em meio a novelas “despretensiosas feitas unicamente para desopilar” com “personagens sem camadas, chapados, bobocas ou imbecis“, como citei em meus últimos textos. É uma trama leve e ágil, sem ser tosca. O texto não zomba da inteligência do espectador, os personagens têm profundidade, sangue, alma e história. Se seguir assim, se não apelar para recursos batidos de dramaturgia, Bom Sucesso tem tudo para ser a melhor novela do ano (porque as outras, só se for para escolher a menos pior) e para fazer de Grazi-Paloma a verdadeira dona do pedaço.
Amando a novela!