Sinopse
Com um jogo de cintura único, Francisgleydisson (Edmilson Filho) tem uma sede de viver que faz jus ao calor da cidadezinha de Pitombas, no Ceará. É dele a atração cultural mais disputada – e única – da cidade: o Cine Holliúdy. Com o sucesso de seu negócio, Francis acha que já está feito na vida com tanto ingresso vendido. Porém, as reviravoltas não são exclusividade dos filmes que ele exibe na telona e, quando menos espera, leva dois golpes. Ou melhor: um no bolso e outro no peito.
O prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele) manda e desmanda na cidade com uma prepotência diretamente proporcional ao tanto que é frouxo. Quem vê o mandachuva falar grosso no gabinete não imagina a doçura do cabra quando se dirige à nova esposa, importada diretamente de São Paulo. Maria do Socorro (Heloísa Perissé), ou “Currinha” para o apaixonado prefeito, chega a esse fim de mundo trazendo na bagagem a filha, Marylin (Letícia Colin), e o desejo de ser uma primeira-dama do futuro.
A chegada de Marylin bate direto no coração de Francisgleydisson. Este não seria um grande problema para ele não fosse o fato de ela pedir ao prefeito que compre uma televisão para se distrair enquanto sente saudades da cidade grande. O prefeito, que tem mais medo da mulher do que de ter suas falcatruas descobertas, obedece Maria do Socorro. Com medo de ser acusado de desvio de verbas, Olegário traz a televisão e a coloca em praça pública. O povo, agora, só quer saber das novelas.
Com tanta novidade, Francis vê seu cinema minguar. Até que tem uma ideia para encarar a chegada da TV e suas novelas em Pitombas. Já que o povo não quer mais saber dos filmes estrangeiros no Cine Holliúdy, chegou a hora de fazer suas próprias obras. Com ele, não tem essa de roteiro, falas e planejamento. É tudo na base do improviso. Como os recursos são escassos, o moço conta com a ajuda de Munízio (Haroldo Guimarães), seu braço-direito, e de Marylin, que tem até nome de estrela.
Enquanto isso, o prefeito Olegário e seu assessor, Seu Jujuba (Gustavo Falcão), ficam às voltas com a oposição de Seu Lindoso (Carri Costa), dono do armazém e boteco e marido de Dona Belinha (Solange Teixeira). Para vencer as eleições, vale até disputar quem é que dá mais televisões para o povo de Pitombas. Em meio a tanto furdunço, ninguém melhor que o delegado Nervoso (Frank Menezes) para mandar prender e soltar, não necessariamente nessa ordem, quem estiver atrapalhando sua paz.
EDMILSON FILHO – Francisgleydisson (Francis)
MATHEUS NACHTERGAELE – Olegário
HELOÍSA PÉRISSÉ – Maria do Socorro
HAROLDO GUIMARÃES – Munízio
CARRI COSTA – Lindoso
SOLANGE TEIXEIRA – Belinha
LORENA COMPARATO – Formosa
FRANK MENEZES – Delegado Nervoso
GUSTAVO FALCÃO – Seu Jujuba
CACÁ CARVALHO – Padre Raimundo
FALCÃO – Cego Isaías
FLÁVIO BAURAQUI – Dr. Odílio
1ª temporada
LETÍCIA COLIN – Marylin
ÂNGELO FLÁVIO – médico de Pitombas
BOLACHINHA – Marciano
BRUNO GARCIA – Euzébio (empresário do Quebra Quengo)
CHARLES PARAVENTI – cobrador de dívida de jogo de Miguel, está em seu encalço
CHICO DIAZ – Coronel Pandolfo (militar que assume a prefeitura por causa da invasão alienígena)
DENIS LACERDA – Pimpão (filho do governador)
ELISA PORTO – JosIlete (amiga de Marylin, Francis e Munízio)
FÁBIO GOULART – Quebra Quengo (lutador que chega a Pitombas para desafiar o povo)
INGRID GUIMARÃES – Rebeca (falecida mulher de Olegário)
IVANN GOMES (BATORÉ) – Governador Pimpo (quer casar o filho Pimpão com Marylin)
JOÃO NETTO – Cocão das Bila (assaltante contratado por Olegário para roubar o banco de Pitombas)
MICHEL MELAMED – Lorival Neto (diretor de novelas de São Paulo que contrata Marylin)
MIGUEL FALABELLA – Miguel (pai de Marylin, chega a Pitombas para revê-la, já que está morrendo)
NEY LATORRACA – Vlad (ator que vem de São Paulo para fazer o papel de vampiro no filme de Francis)
PAULO BORDHIN – Sherlock Holmes
RAFAEL CORTEZ – Brucéli (apresentador de telecatch)
RAFAEL INFANTE – Armando Fagundes (galã de São Paulo quem vem trabalhar em um filme de Francis)
ROBERTA WERMONT – Maria
TONICO PEREIRA – comprador do Cine Holliúdy
VITOR MIRANDA – Ted Boy Bigorna
2ª temporada
LUÍSA ARAES – Francisca
EDUARDO STERBLITCH – Leôncio Tudo Ruim
GERO CAMILO – Chico Pipoco
LUCAS VELOSO – Saia Vermelha
LUIZA TOMÉ – Madalena Joyce
MÁRCIO VITO – Igor (dono do circo)
MARIA MÔNICA PASSOS – beata
NANDA COSTA – Luna, a Konga
PRAZERES BARBOSA – pitombense
STEPAN NERCESSIAN – Governador do Ceará
SUZY LOPES – Mulher Barbada
THERLA DUARTE – Primeira Dama do Ceará
WAL SCHNEIDER – pitombense
3ª temporada
LARISSA GOES – Rosalinda
ALEXANDRE BORGES – Diabo
ARICLENES BARROSO – ator estrangeiro que chega em Pitombas para fazer um filme com Francis
BIANCA MANICONGO – Perversa (capanga do governador)
HELOÍSA JORGE – funcionária da triagem que encontra Francis em uma pós-morte
LINN DA QUEBRADA – Lili (mulher do Diabo)
MAX PETTERSON – Agente J.B. (investiga Munízio e Francis por atitudes suspeitas)
SAMANTHA SCHMUTZ – Tamara (líder do Refúgio do Sossego, onde Rosalinda decide se isolar)
STEPAN NERCESSIAN – Governador do Ceará
TADEU MELLO – Agente C.B. (investiga Munízio e Francis por atitudes suspeitas)
VLADIMIR BRICHTA – Cara de Vaca (líder dos motoqueiros-fantasmas que chega em Pitombas)
ZÉU BRITTO – Marvado (capanga do governador)
Humor regional
Série baseada no filme de longa-metragem Cine Holliúdy, de Halder Gomes, lançado em 2012, que teve uma continuação nos cinemas lançada em março de 2019. O filme, por sua vez, nasceu do curta-metragem Cine Holiúdy – O Astista Contra o Cabra do Mal, de 2004.
O humor regional foi o pano de fundo de Cine Holliúdy, mais especificamente o humor do Ceará, região de tradição no gênero, celeiro de nomes como Chico Anysio, Tom Cavalcante e Renato Aragão.
Supervisor final do texto, Claudio Paiva viu com entusiasmo o retorno desse segmento de humor regional de época para a televisão.
“Fazer Cine Holliúdy é como se voltássemos a alguma coisa que eu e Guel Arraes fizemos, como O Auto da Compadecida, Lisbela e o Prisioneiro e O Bem-Amado“, lembrou Paiva. “Essa linguagem regional tem uma musicalidade no jeito de falar, que parece que você está escrevendo uma poesia”, completou.
O realismo fantástico foi um recurso narrativo que trouxe leveza a assuntos que seriam mais densos.
“O fantástico é pensado como uma metáfora com tinta mais forte, ele nos ajuda a trazer para frente, de maneira mais lúdica, o que a gente contaria de maneira mais séria. Então, quando aparece um ET na cidade, a gente está falando de segurança nacional e lembra que, naquela época, quem comandava o país eram os militares”, apontou o roteirista Marcio Wilson.
Elenco
Os filmes e a série foram todos estrelados pelo ator e comediante cearense Edmilson Filho, que viveu o protagonista Francisgleydisson.
Outros atores com longa trajetória de humor no Ceará fizeram parte do elenco da série, como Falcão, Solange Teixeira, Haroldo Guimarães e Carri Costa.
A possibilidade de contar novas histórias dentro de um grande arco central permitiu à produção contar com participações especiais em cada episódio, como Ney Latorraca, Chico Diaz, Miguel Falabella, Falcão, Bruno Garcia, Letícia Colin, Luísa Arraes, Alexandre Borges, Eduardo Sterblitch, entre outros.
Homenagem ao cinema
Outra característica da série foi o trabalho de pesquisa em relação aos gêneros do cinema. Os episódios trouxeram homenagens à Sétima Arte. Ficção científica, terror, ação, faroeste e até filmes de luta fizeram parte das histórias.
“Fizemos a nossa homenagem aproveitando a paixão do Francis pelo cinema. No episódio da noiva capeta, a Maria do Socorro é possuída pelo espírito da ex-mulher de Olegário, Rebeca [Ingrid Guimarães]. Ali, há referências de Rebecca, de Alfred Hitchcock, e de Fantasma da Ópera“, esclareceu Cláudio Paiva.
As referências também tomaram conta dos figurinos utilizados nos filmes de Francisgleydisson.
“No filme de vampiro, me inspirei no Bela Lugosi, um clássico do cinema, que tinha uma capa enorme, era elegantérrimo. Quando tivemos um galã de novela em cena, busquei inspiração no Roberto Carlos, que usava jeans e correntes”, explicou Lu. No episódio em que houve uma encenação da Paixão de Cristo, a produção usou artesanato do próprio Ceará, como mantos e rendas de bico.
Locações, cenografia e produção de arte
A trama se passava na fictícia cidadezinha de Pitombas, no Ceará, na década de 1970, onde a tecnologia e as novidades da cidade grande ainda não haviam chegado. Em Cine Holliúdy, essa representação do sertão cearense chegou por uma vertente mais colorida, mais vibrante, menos árida e menos sofrida.
A direção e a equipe de criação da série buscaram uma cidade que atendesse às necessidades do roteiro. A pequena Areias, município do interior de São Paulo, com menos de 4 mil habitantes, recebeu por três meses um mutirão para transformar as fachadas de prédios e da praça para deixá-la mais colorida, mais atrativa e conectada às referências de época.
“Existe uma imagem de que o Nordeste é muito seco, tem aquele chão árido. Mas não é só esse tipo de paisagem que se tem lá. Dentro da nossa pesquisa, veio a possibilidade de fazer algo no Vale do Paraíba, uma região de São Paulo onde há cidades mais antigas, mais conservadas. (…) E, em Areias, encontramos isso: uma praça não muito grande, sem muitas árvores entre os prédios, uma quantidade considerável de construções com a arquitetura de que precisávamos. Só teríamos de erguer uma fachada, a do cinema”, descreveu Juliana Ribeiro, que assinou a direção de arte ao lado de Lu Buarque – a primeira dedicada à cenografia e a segunda, ao figurino.
A arquitetura local preservava muito de suas construções do período colonial, quando, inclusive, Dom Pedro I se hospedou durante uma viagem que fizera entre o Rio de Janeiro e São Paulo, rumo à proclamação da independência do Brasil. O prédio em que ele passou a noite serviu de locação para as gravações: hoje um hotel, o local transformou-se na casa do prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele), ganhando uma decoração bastante exagerada, como as cadeiras pavão, tecido estampado na parede, tapetes e objetos que remetiam ao sertão.
Um pouco mais adiante, havia o armazeco (armazém + boteco) de Seu Lindoso (Carri Costa) e Dona Belinha (Solange Teixeira), um lugar com texturas e materiais que lembravam os antigos armazéns das pequenas cidades, como artesanato em palha, rapaduras, peneiras, manteigas de garrafa, rolo de fumo, associados também a interferências mais pop, como cartazes de cinema e uma jukebox. A fachada do cinema de Francis (Francisgleydisson) foi construída à frente de um prédio, utilizando 14 toneladas de ferro, uma vez que não era possível alterar qualquer detalhe de construção original, tombada pelo patrimônio histórico.
As construções comerciais, mais populares, como o Cine Holliúdy, lançavam mão de frisos decorativos, cores vivas, materiais simples e cobogós. Já os prédios coloniais no interior do Ceará estavam sempre ligados a órgãos públicos ou casas de pessoas muito importantes.
“Embora as casas de Areias sejam coloridas, as fachadas no entorno da praça eram brancas. Pintamos todos os muros laterais da praça e das fachadas, fizemos revestimento, grudamos azulejo, colocamos ‘caquinhos’ de mentira”, contou a diretora de arte Juliana Ribeiro.
Para a realização de Cine Holliúdy em Areias, oito caminhões e duas vans repletos de equipamentos, cenários e elementos de produção de arte foram levados até a cidade.
A produção usou mão de obra local para ajudar na construção de Pitombas: pintores, pedreiros, marceneiros e cerca de 500 figurantes trabalharam durante todo o período de montagem e durante as filmagens.
Além dos dois meses de filmagens na região, a produção teve ainda quase duas semanas de gravações em São Paulo, onde foram produzidas as cenas internas do cinema, e quatro dias de trabalho em Quixadá, no Ceará, para a gravação de cenas em estradas.
Figurinos e caracterizações
Alinhada a esse conceito, coube à figurinista Lu Buarque trazer as referências setentistas para a composição dos personagens.
“O Francis usa bastante xadrez, calça boca de sino e camisas com gola de bico. Nós não podíamos colocá-lo com roupas muito típicas dos anos 1970 porque ele está fora do circuito da moda, mas ainda assim tem algumas marcas daquela época”, contou.
Para Olegário, Lu buscou fugir do estereótipo de políticos nordestinos sempre de ternos claros. “Adaptamos os ternos para cores mais escuras, com muitas correntes, anéis, uma coisa bem de malandro”, explicou.
Para as personagens que chegaram de São Paulo, o figurino pôde contar com mais referências de moda da época. Enquanto a mãe, Socorro, é uma perua que abusa das estampas, das cores vivas e das pantalonas, tendo como referências Sophia Loren e Claudia Cardinale, Marylin faz composições mais discretas e de bom gosto, com tons mais terrosos.
A TV E O CINEMA – Elba Ramalho e Falcão (tema de abertura)
CINE HOLLIÚDY – Elba Ramalho
EU, VOCÊ E A PRAÇA – Zeca Baleiro
JOÃO E MARIA – Anavitória
NÓS SOMOS DOIS SEM-VERGONHAS – Jonas Esticado
SORRIA SORRIA – Evaldo Braga
Tema de abertura: A TV E O CINEMA – Elba Ramalho e Falcão
Quero ver que é que sabe resolver esse dilema
Qual é a diferença da TV para o cinema?
Na TV passa de tudo, de novela a futebol
Tem programa todo dia, faça chuva ou faça sol
No cinema ganha fácil quem é herói cabra da peste
Tem ET, tem tubarão, filme de ação e faroeste
Na TV não tem porteira, todo mundo tem acesso
Quem quiser que se aprochegue pois não vai pagar ingresso
No cinema tem conforto, pipoqueiro e guaraná
E é aqui no escurinho que os casal vem namorar
Quero ver que é que sabe resolver esse dilema
Qual é a diferença da TV para o cinema?
Um é bom, outro é melhor
Chega de forrobodó
Um é bom, outro é melhor
Cada um tem seu xodó…
Bom demais tô ansioso pra vê a segunda temporada