Sinopse

Luiza é designer de uma empresa de jóias. De férias em Londres, ela encontra Vera, uma amiga do colégio, e o marido Oswaldo. Os dois vivem na Suíça, mas estão na capital inglesa para assistir ao casamento do príncipe Charles e Lady Diana. Vera confidencia à amiga que está preocupada com o estado emocional do marido. Com a intenção de ajudá-la, Luiza tenta conversar com Oswaldo, mas ele tem uma crise nervosa, deixa-a sozinha e arranca com o carro em alta velocidade. Luiza, consternada, testemunha a morte de Oswaldo em um acidente. De volta ao Brasil, ela se surpreende ao ver o mesmo homem vivo, mas com outra identidade: Sidney.

Neste ínterim, Luiza entra em contato com a milionária família Newman, donos da joalheria onde trabalha. A matriarca é Chica, que se encanta com a jovem e vê a chance de aproximá-la de seu filho solteiro, Inácio. Chica é casada com Vitor Newman e tem outra filha, Maria Isabel. Em pouco tempo, Luiza percebe que Inácio é homossexual e decide conversar sobre o assunto com Chica, que, contrariada, passa a tratá-la com hostilidade. O problema é que Luiza se apaixona por Paulo César, marido de Maria Isabel, que vive um casamento em crise. Ele abandona a mulher e inicia um romance com Luiza, para a fúria de Chica.

Enquanto isso, Chica está obstinada em arrumar uma esposa para o filho. Ela encontra na carreirista Leonor uma aliada. A moça, filha da deslumbrada Edite, é vendedora em sua joalheria e concorda em abandonar o marido, o taxista Carlos, para casar-se com Inácio. Ele aceita a proposta apenas para se ver livre da opressão da mãe. Porém o casamento fracassa. Com a morte do pai, Vitor, Inácio assume as joalherias da família, disputando o poder com o primo Bruno, alto executivo da rede, casado com Regina, mas de caso com Leonor. Enquanto isso, Chica inicia um romance velado com seu novo motorista, Carlos, o ex de Leonor.

Globo – 20h
de 28 de setembro de 1981
a 27 de março de 1982
155 capítulos

novela de Gilberto Braga
colaboração de Euclydes Marinho e Leonor Basséres
concepção de Gilberto Braga e Daniel Filho
direção de Marcos Paulo, José Carlos Piéri e Ary Coslov
direção geral de Daniel Filho

Novela anterior no horário
Baila Comigo

Novela posterior
Sétimo Sentido

VERA FISCHER – Luiza
TARCÍSIO MEIRA – Paulo César
FERNANDA MONTENEGRO – Chica Newman
RENÉE DE VIELMOND – Maria Isabel
JOSÉ WILKER – Sidney / Oswaldo
DENIS CARVALHO – Inácio
RENATA SORRAH – Leonor
JARDEL FILHO – Bruno
CÉLIA HELENA – Regina
CLÁUDIO MARZO – Carlos
JOANA FOMM – Virgínia
RODOLFO MAYER – Ernani
LAURA CARDOSO – Alda
MÁRIO LAGO – Vitor Newman
ROSITA TOMAZ LOPES – Letícia
ELOÍSA MAFALDA – Edite
KADU MOLITERNO – Afonso
CARLA CAMURATTI – Sônia
CAÍQUE FERREIRA – Fred
FERNANDA TORRES – Marília
SÉRGIO MAMBERTI – Galeno
SUZANA FAINI – Renê
NÁDIA LIPPI – Wânia
ARTHUR MUHLEMBERG – Guto
NEUZA CARIBÉ – Cissa
LÍDIA MATTOS – Nilza
OSWALDO LOUZADA – Leonel
JOÃO PAULO ADOUR – Sérgio
PAULO PORTO – Guilherme
ANSELMO VASCONCELLOS – Detetive Tavares
RENATO PEDROSA – Ulisses
MARIA GLADYS – Dinalva
MAURÍCIO BARROSO – Serpa
MÁRCIA RODRIGUES – Yara
RÔMULO ARANTES – Osmar
LUCIANO SABINO – Rick
JANSER BARRETO – Lino
GRAZIELA DI LAURENTIS – Heloísa
ANDRÉA BELTRÃO – Neuza
AMELIN FIANI – Vitória
MARIA DE FÁTIMA CAMATTA – Jussara
ILMA SANTOS COSTA – Creuza
MAGDA REGINA CARVALHO – Vanda

o menino FÁBIO VILLA VERDE – Silvinho

e
AGUINALDO ROCHA
ARACY BALABANIAN – Vera (amiga de Luiza que ela encontra por acaso em Londres)
BEATRIZ LYRA – Carmem
BUZA FERRAZ – Cláudio (namorado de Inácio, no final)
CARLOS NOBRE
EDUARDO CONDE – Eduardo
FRANCISCO MILANI – Vanderlei (pai de Guto e Cissa, morre na explosão de um avião, no início)
HILEANA MENEZES
ÍTALO ROSSI – delegado
JOSÉ MARIA PASSOS – Amauri (colega de trabalho de Luiza)
MARIA CLARA MACHADO – Mariazinha (diretora do colégio onde Luiza vai lecionar)
MARIA SAMPAIO – Matilde (tia de Oswaldo)
MAURO MENDONÇA – Fernando (interesse romântico de Chica, no final)
PASCHOAL VILABOIM
RENATO COUTINHO – Clóvis (gerente da joalheria Newman onde trabalha Leonor)
THELMA RESTON
Dr. Antunes (médico de Chica)
Dr. Flaksman (médico de Vitor)
Francisco (inspetor da jazida de esmeraldas no Mato Grosso)
Getúlio
Kyra
Mariazinha (diretora do colégio)
Detetive Paiva (contratado por Chica para investigar Luiza)
Rafael (filho de Luiza e Paulo César)
Zé Carlos (funcionário do Clubinho)

– núcleo de LUIZA (Vera Fischer), de família de classe média-baixa, solteira, inteligente e bonita. Mora com os pais, aos quais é muito grata por ter conseguido se formar em desenho industrial. Apesar de sua gratidão, tem conflitos naturais com eles: seu estilo mais liberal contrasta com a moral conservadora deles. É designer de uma grande empresa de joias. Busca equilíbrio emocional, afetivo e uma carreira estável e gratificante:
os pais ERNANI (Rodolfo Mayer), alfaiate, tinha uma boa clientela, mas com o passar do tempo, sua profissão perdeu a importância. É um homem nostálgico e aceita as modificações com alguma dificuldade,
e ALDA (Laura Cardoso), dona de casa, seu mundo é a casa, o marido, os filhos e a televisão, especialmente as novelas, que adora comentar
os irmãos GALENO (Sérgio Mamberti), casado, e VIRGÍNIA (Joana Fomm), mulher independente e solteira por opção. Está num impasse profissional: descobriu, um pouco tardiamente, que fez uma escolha errada ao se formar em psicologia. Tem um consultório e trabalha também num colégio. Afetivamente, chega a uma idade em que começa a duvidar também da opção feita pelo não casamento, mas não consegue manter uma relação estável com os homens
a empregada JUSSARA (Maria de Fátima Camatta)
o DETETIVE TAVARES (Anselmo Vasconcellos), investiga o roubo de um brilhante. Interessa-se por Jussara.

– núcleo de GALENO (Sérgio Mamberti), filho de Ernani e Alda, irmão de Luiza e Virgínia. Vive em função da mulher e do filho. Formou-se em Direito, por influência dos pais, mas nunca teve interesse real pela profissão e está desempregado. Honesto, organizado e detalhista é síndico do edifício onde também mora a sua família:
a mulher RENÊ (Suzana Faini), funcionária do coro do Teatro Municipal. Tem grande afeto pelo marido e conflitos com o filho. Acha que o marido é um homem injustiçado, maravilhoso, que o mundo não sabe compreender
o filho FRED (Caíque Ferreira), criado num ambiente de repressão, reage à extrema caretice do pai e à relativa ausência da mãe. Insubordina-se de maneira velada, correndo o risco de se transformar num marginal, embora os pais não desconfiem disso. Inteligente, mas preguiçoso, não é bom aluno no colégio bem conceituado em que estuda graças a uma bolsa de estudos conseguida por sua tia Virgínia, que lá trabalha
os amigos de Fred, RICK (Luciano Sabino) e LINO (Janser Barreto)
a empregada CREUZA (Ilma da Costa Santos).

– núcleo de VERA (Aracy Balabanian), amiga de Luiza dos tempos de colégio que ela não via há anos. As duas se reencontram por acaso numa viagem a Londres. Logo sai de cena:
o marido, OSWALDO (José Wilker), homem rico, inteligente e refinado. Os dois passam por uma crise no casamento. Luiza presencia sua morte em Londres e, mais tarde, de volta ao Rio, o confunde com um homem idêntico fisicamente, SIDNEY
o avô de Oswaldo, LEONEL (Oswaldo Louzada), velhinho simpático e um pouco esclerosado, mantido pelo neto numa casa geriátrica de classe alta.

– núcleo de PAULO CÉSAR (Tarcísio Meira), inteligente, bom caráter, dinâmico e com grande poder de decisão. Segundo homem na Joalheria Newman, de propriedade de seu sogro. Não tem segurança em partir para uma empresa concorrente e arriscar sua posição sólida, principalmente por causa de seu casamento, que está em crise. Apaixona-se por Luiza quando eles se conhecem e vão viver uma relação conturbada:
a mulher MARIA ISABEL (Renée de Vielmond), fina e educada, tem boa índole. De mentalidade aristocrática, criada no seio de uma influente família da alta sociedade carioca. Dependente da mãe, não consegue manter uma relação madura com o marido. Após separada, vai envolver-se com Sidney
os filhos MARÍLIA (Fernanda Torres), mimada e voluntariosa, é uma menina rebelde e prepotente. Mais ligada ao pai, tem conflitos constantes com a mãe e a avó. Envolve-se com Fred
e o garoto SILVINHO (Fábio Villa Verde)
as amigas de Marília, HELOÍSA (Graziela Di Laurentis) e NEUZA (Andréa Beltrão).

– núcleo da família Newman, donos das Jóias Newman, sogros de Paulo César:
VITOR (Mário Lago), o proprietário. Preocupa-se com a falta de capacidade de liderança de seu único filho homem para tocar os negócios da empresa. Mais ligado à filha Isabel, não expõe sua afetividade. Morre no decorrer da trama,
CHICA NEWMAN (Fernanda Montenegro), a grande matriarca, ligada ao marido Vitor. Nasceu rica e fica apavorada diante de qualquer tipo de perda de poder. Tem uma mentalidade ainda mais aristocrática do que a do marido. Profundamente dominadora, defende os valores familiares. Inteligente, não mede esforços para defender o que considera seus interesses e os da família. Culta, viajada e dotada de uma cultura europeia, considera-se superior aos seus amigos grã-finos
INÁCIO (Denis Carvalho), filho de Vitor e Chica, irmão de Isabel. Tem problemas de ordem existencial. Gostaria de ter sido mais firme e escolhido uma profissão independentemente do negócio dos pais. Nunca teve uma relação mais sólida com uma mulher e se espanta com a obsessão da mãe em vê-lo casado. Na realidade, esconde sua homossexualidade. Chica quer que Luiza se case com ele, chegando a oferecê-la benefícios, mas ela recusa sua oferta
os rapazes com quem Inácio se envolve ao longo da trama, primeiro SÉRGIO (João Paulo Adour), depois CLÁUDIO (Buza Ferraz)
o mordomo SERPA (Maurício Barroso), homem de inteira confiança de Chica
a secretária de Vitor, YARA (Márcia Rodrigues).

– núcleo de BRUNO NEWMAN (Jardel Filho), sobrinho de Vitor, executivo na joalheria da família. Inteligente e dinâmico, é um homem severo e intransigente às vezes. Casado, mas mulherengo:
a mulher REGINA (Célia Helena), mulher fina e abnegada à família, sofre com as traições do marido, a quem adora. Apesar de amargar uma certa carga de insatisfação, sufoca suas angústias para manter o casamento
a filha SÔNIA (Carla Camuratti), inteligente, quer independência, mas ainda usufrui do patrimônio dos pais. Feminista, acha que os pais deveriam se separar, por acreditar que a mãe se anulou por completo para manter o casamento. Vive em atrito com o pai
a empregada VANDA (Magda Regina de Carvalho).

– núcleo de LEONOR (Renata Sorrah), bonita, ambiciosa e carreirista, é vizinha e amiga de Luiza, com quem trabalha na mesma empresa de joias, mas como vendedora. Luta para ascender socialmente. Apesar de namorar um motorista de táxi, tem um flerte rápido com Bruno e acaba se envolvendo com Inácio, por intermédio de Chica, que quer ver o filho casado:
o namorado no início, CARLOS (Cláudio Marzo), motorista de táxi. Boa índole, simpático, sem grandes ambições, o que gera um conflito em sua relação com ela. Vai trabalhar como motorista particular dos Newman. Após a morte de Vitor, Chica passa a vê-lo com outros olhos. Os dois acabam se envolvendo
a mãe EDITE (Eloísa Mafalda), deslumbrada, faladeira e fofoqueira, mas muito simpática. É dona de uma agência de figurantes. Educou os filhos para que ascendessem socialmente. Fica rica ao longo da trama
o irmão AFONSO (Kadu Moliterno), bonitão, com pouco estudo, apostou tudo na natação e tornou-se campeão internacional, mas o esporte não lhe trouxe vantagens financeiras. Como a irmã, sonha com ascensão social. Aproxima-se de Sônia com a intenção de casar-se com uma moça rica e mudar de vida. Os dois acabam apaixonados de verdade
GUILHERME (Paulo Porto), tio de Sidney, homem muito rico, encanta-se com Edite quando a conhece, acabam casados
a empregada na casa de Edite, DINALVA (Maria Gladys)
o vizinho e amigo de Edite, ULISSES (Renato Pedrosa), músico da orquestra do Teatro Municipal
o amigo de Afonso, OSMAR (Rômulo Arantes), nadador atleta como ele.

– núcleo de LETÍCIA (Rosita Tomaz Lopes), amiga de Chica. Grã-fina sem dinheiro, conhece todos na alta roda carioca. Inteligente e dinâmica, está sempre inventando artifícios para não perder a pose:
a filha WÂNIA (Nádia Lippi), atleta, disputa Afonso com Sônia.

– núcleo de VANDERLEI (Francisco Milani, numa participação), pequeno fazendeiro no Pantanal. Morre no início em decorrência de um desastre de avião, deixando dois filhos menores para serem criados pela irmã no Rio de Janeiro:
os filhos GUTO (Arthur Muhlemberg), rapaz inteligente, tem forte tendência para o ramo da eletrônica. Estudioso, fez cursos por correspondência
e CISSA (Neuza Caribé), passiva e dócil, gostava da vida no interior, mas acaba se adaptando bem à cidade
a irmã NILZA (Lídia Mattos), viúva, simpática e alegre, de boa índole, tem uma vida simples. Torna-se responsável pela educação dos sobrinhos após a morte do irmão.

Parceria

O autor Gilberto Braga e o diretor Daniel Filho trabalharam juntos na criação da novela, na elaboração da sinopse, na escolha e formação do elenco. Tanto que – inédito em novelas – essa parceria foi creditada na abertura de Brilhante: “Concepção de Daniel Filho e Gilberto Braga”.

Chamada de estreia da novela: “Uma história de poder, fascínio, mistério, sedução, brilho, mulher… Brilhante!”

Fracasso retumbante

Brilhante não conseguiu cativar o telespectador. O principal problema foi o roteiro. Plágios da cultura literária e cinematográfica americana comprometeram a história, e um cansativo discurso sobre casais em crise acentuou os desníveis. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

Gilberto Braga narrou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:
Brilhante foi um fracasso retumbante. Entrou no ar e foi um susto. Foi uma novela muito mal bolada, com uma história impossível de contar. Não sei como caí nessa esparrela, porque era uma época de censura rigorosa. (…) Ficou uma salada que pouca gente entendia. (…) Aos poucos, fiz umas modificações e acabaram gostando (…) A partir daí, a novela se saiu bem, com prestígio. Mas, no início, foi um tremendo fracasso.”

Daniel Filho se justificou em seu livro “Antes que me Esqueçam”:
“Penso que fomos por caminhos seguros, já percorridos (…) Sei que estava fazendo uma coisa automática, ligando chaves que eu sabia que dariam certo, sem motivação, sem emoção, sem paixão (…) Em Brilhante eu quis deixar claro que não estava envolvido emocionalmente com a história. Tanto quis que acabei fazendo uma exibição técnica. Tenho certeza que o desastre de avião do primeiro capítulo é bem-feito (…) Mas não é um desastre bem-feito que faz com que uma novela deixe de ser um desastre nas telas.”

Sobre o desastre de avião do primeiro capítulo da novela, Daniel revelou no livro “O Circo Eletrônico”:
“Para fazer a cena botaram o avião sobre um trilho para ele descer sozinho. (…) Não sei porque, na hora que o monomotor estava descendo a rampa, fez uma curva e foi de encontro ao praticável onde estava o câmera. Tive a sensação de que Lula Araújo, o câmera, havia morrido, porque vi o avião atropelando ele. Mas, na verdade, o avião ficou, feito filme de James Bond, a um centímetro do seu peito, preso pelo cabo de aço que o segurava. Esses acidentes aconteciam e davam uma perturbada na gravação, mas ainda bem que nada de grave se passou. Tivemos um dia para descansar e, no dia seguinte, estávamos lá outra vez como se nada tivesse acontecido.”

O gay proibido

A censura do Governo Federal não autorizava o uso da palavra “homossexual” nos diálogos da novela. Segundo Gilberto Braga, isso dificultava muito o andamento da trama, porque um dos eixos centrais envolvia Inácio (Denis Carvalho), um homossexual.

O autor contou que, certa vez, Fernanda Montenegro (que vivia a mãe de Inácio na trama) queria que ele autorizasse o emprego da palavra, mas Gilberto sabia que a censura iria cortar a cena. Porém, a pressão da atriz funcionou. Luiza (Vera Fischer), em um diálogo com Chica Newman (Fernanda Montenegro), mencionou “os problemas sexuais de seu filho” e a frase não foi censurada.

34 anos depois, na novela Babilônia, outro fracasso de Gilberto Braga, o autor e o diretor Denis Carvalho refizeram a situação de mãe e filho, com Fernanda Montenegro, mas em papeis invertidos: o filho (Denis) é quem não aceitava a mãe (Fernanda) homossexual.

Problemas com a audiência e pressões da censura levaram Gilberto Braga a reformular a trama de Brilhante. O romance entre Luiza (Vera Fischer) e Paulo César (Tarcísio Meira) não agradou o público e o caso do misterioso Sidney (José Wilker), inicialmente fio condutor da história, não foi aprofundado. Uma nova fase iniciou-se então com a morte do patriarca dos Newman, Vitor (Mário Lago). Após a morte do pai, Inácio (Denis Carvalho) decide assumir a direção da empresa e se casar com Leonor (Renata Sorrah). Ele passa então a disputar o cargo com Bruno (Jardel Filho), um dos antigos diretores da firma.

Rejeição

Brilhante, que sofreu forte rejeição em seu início e demorou para engrenar, entrou no lugar de Baila Comigo, de Manoel Carlos, um sucesso popular. Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” (de André Bernardo e Cíntia Lopes), Gilberto Braga contou uma passagem curiosa do início de sua novela, quando resolveu um dia ir à praia para espairecer:

“Eu estava na praia, deprimido de chorar, quando encontrei uma amiga minha que me disse assim: ‘Ah Gilberto, a sua novela foi maravilhosa!’
Não satisfeita, ainda me apresentou à amiga: ‘Fulana, esse é o Gilberto Braga, meu amigo. É ele quem escreve as melhores novelas da Globo.’
‘Gilberto,’
ela continuou, ‘nessa última você se superou hein!’
Quando ela falou isso, pensei: Caramba! Ela está pensando que eu fiz Baila Comigo.
Daí a pouco, ela dispara: ‘Já essa que estreou agora, francamente… Nós até desligamos!'”

Colaborador de saco cheio

Brilhante foi a primeira experiência do roteirista Euclydes Marinho em novelas, trabalhando como colaborador de Gilberto Braga. Porém, ele não foi até o final. Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, confidenciou:
“Não aguentei, saí na metade da novela, por volta do capítulo 80. (…) Saí batendo porta: ‘Gilberto, estou de saco cheio desse negócio. Não estou aguentando nem achando a menor graça.'”

Euclydes, que até então só havia roteirizado seriados, não acostumou-se, naquele momento, à “estiva” da telenovela e ao fato de estar subordinado a um autor principal. Com sua saída, a jornalista e crítica literária Leonor Bassères, amiga de Gilberto Braga, foi chamada para auxiliar em Brilhante. Foi o primeiro trabalho dela como colaboradora de Gilberto, em uma parceria que durou até o fim de sua vida, em 2004 – enquanto eles escreviam a novela Celebridade.

Elenco

A personagem Chica Newman, de Fernanda Montenegro, foi o grande destaque da trama. A atriz deixou antecipadamente a novela anterior no horário, Baila Comigo, para viver a grande megera de Brilhante. Chica não teve o final infeliz tradicional para uma vilã de novela. Nos últimos capítulos, a esnobe e aristocrática Dona Chica passou por uma redenção e acabou assumindo o romance com seu motorista, Carlos (Cláudio Marzo), um homem mais novo e de classe social inferior. O público torcia pelo romance dos dois.

Fernanda Montenegro foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz da televisão em 1981 (juntamente com Lílian Lemmertz, por Baila Comigo, Yoná Magalhães, por Os Imigrantes, e Kate Hansen, por sua atuação nos telerromances da TV Cultura).
Fernanda também foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor atriz de 1981.

Além de Fernanda Montenegro, sua filha Fernanda Torres também deixou antecipadamente a novela anterior, Baila Comigo, para atuar em Brilhante, como Marília, neta da personagem de sua mãe, Chica Newman.

A Globo reeditava o par romântico Tarcísio Meira e Vera Fischer, da novela Coração Alado, finalizada seis meses antes, e do filme Eu Te Amo, de Arnaldo Jabor (1981). Os atores voltaram a contracenar no filme Amor Estranho Amor, de Walter Hugo Khouri (1982), na minissérie Desejo (1990) e na novela Pátria Minha (1994).

Primeira novela dos atores Caíque Ferreira, Carla Camuratti, Rômulo Arantes, Neuza Caribé e Fábio Villa Verde (este, com 11 anos na época). Brilhante também marcou a primeira aparição na TV de Andréa Beltrão, mas em um pequeno papel.
Ainda, a primeira novela na Globo das atrizes Laura Cardoso e Célia Helena, e dos atores Rodolfo Mayer e Sérgio Mamberti.

A então iniciante atriz Débora Bloch – que faria sua estreia na televisão – fez testes para Brilhante mas foi reprovada por Daniel Filho. Os papéis nos quais ela se encaixaria foram dados a Fernanda Torres e Neuza Caribé. Débora acabou escalada para a próxima novela das 19 horas, Jogo da Vida, de Silvio de Abreu.

Carla Camuratti revelou no livro “Carla Camuratti, Luz Natural” (de Carlos Alberto Mattos) que foi reprovada neste mesmo teste por Daniel Filho e que só entrou na novela porque substituiu Nádia Lippi no papel de Sônia. Nádia estava incialmente escalada, foi substituída por Carla e acabou entrando na novela mais tarde, para viver outra personagem, Wânia.

Rasteira em Tom Jobim

No mesmo ano (1981), Vera Fischer concluíra seu trabalho na novela Coração Alado, na qual aparecia de cabelos lisos e louros até o ombro. Para dar um ar mais simplista à sua nova personagem em Brilhante, e também para diferenciar do look da novela anterior, Vera passou por uma mudança radical nos cabelos, agora curtinhos, encaracolados e mais escuros.

O diretor Daniel Filho havia encomendado a Tom Jobim a música da abertura da novela, que citava a personagem de Vera. Ele comentou no livro “O Circo Eletrônico”:
“Tom Jobim compôs ‘Luiza’ para ser o tema de abertura da novela Brilhante, e depois me acusou de ter dado uma rasteira nele. É o seguinte: na música, ele se refere aos cabelos de Vera Fischer [‘e um raio de sol nos teus cabelos’]. Ainda sem saber disso, mandei cortar o cabelo dela para dar um ar mais simples. Ele sempre me cobrou essa ‘traição’.”

A figurinista Marília Carneiro contou que o corte de cabelo de Luiza foi inspirado em Ingrid Bergman no filme Por Quem os Sinos Dobram (1943). O penteado não agradou também ao telespectador. A solução encontrada por Marília para disfarçar o corte foi amarrar uma bandana ao pescoço da atriz, que virou moda entre o público feminino. (Site Memória Globo)

À medida que o cabelo de Vera foi crescendo, o penteado foi abandonado. Ao fim da novela, Luiza já estava com o cabelo liso, mais claro e mais cheio, ainda que curto, em um corte mais moderno e adequado ao seu rosto.

Elis

Elis Regina, então amiga de Gilberto Braga, gravou “Me Deixas Louca” especialmente para a novela. Era o tema do casal romântico central, Luiza e Paulo César (Vera Fischer e Tarcísio Meira). Gilberto narrou ao livro “Teletema, a História da Música Popular através da Teledramaturgia Brasileira”, de Guilherme Bryan e Vincent Villari:
“Pensei em Armando Mazanero, mostrei a ela, que adorou, e eu disse: ‘Podemos pedir uma letra e você grava a versão’. E ela ‘Sem problema!’ Acabou sendo a última música que ela gravou na vida.”

Elis veio a falecer em janeiro de 1982, aos 36 anos, enquanto a novela estava no ar. O responsável pela versão em português de ‘Me Vuelves Loco’, Paulo Coelho, impressionado com a morte de Elis, tomou isso como um sinal pessoal e parou de viver de música, encerrando sua carreira de compositor. Já o autor da novela homenageou a cantora na sequência final, em que Luiza ouve ‘Me Deixas Louca’:

– ‘Você se lembra que este disco foi o primeiro que ouvimos juntos?’, diz ela a Paulo César.
– ‘Eu nunca vou me esquecer dessa música’, ele responde.
– ‘Ela estava viva ainda. Fiquei aqui, me lembrando. Uma morte tão triste. Ela era uma artista maravilhosa. Tão jovem. A morte…’, diz ela, abraçando-o.
– ‘Morte. Vida. É assim mesmo. Tudo bem, melhor é tentar viver’, ele conclui.

Eles se beijam. Corta para o casal caminhando no Jardim Botânico (do Rio de Janeiro) ao som da canção e surge a palavra FIM. “Quando caminho pela rua lado a lado com você… me deixas louca!”

Locações

Os primeiros capítulos de Brilhante tiveram cenas gravadas em Londres, onde a personagem Luiza (Vera Fischer), de passeio pela cidade, reencontra sua antiga amiga Vera (Aracy Balabanian, em uma participação) e o marido Oswaldo (José Wilker).

Uma das principais locações de Brilhante era a mansão da família Newman, uma imponente residência com vasto jardim situada na Estrada da Gávea Pequena, 1077, no Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro.
Essa mansão ficou famosa por ter servido de fachada ou locação para várias outras novelas ao longo dos anos: foi a casa de Renato Villar em Roda de Fogo (1986-1987), da família Abdalla em Sassaricando (1987-1988), da família de Isabela Garcia em O Sexo dos Anjos (1989-1990), dos Torremolinos em Perigosas Peruas (1992), da clínica de José Mayer em História de Amor (1995-1996), da família de Zazá em Zazá (1997) e dos San Marino em Andando nas Nuvens (1999). Também foi vista nas novelas Perdidos de Amor (1996-1997), Brida (1998), Como uma Onda (2004-2005), Boogie Oogie (2014-2015), Volta por Cima (2024) e outras.

Trilha sonora

Guilherme Bryan e Vincent Villari narraram no livro uma curiosidade envolvendo a trilha internacional de Brilhante:
“Na primeira impressão do álbum, consta a faixa ‘Good Time Tonight’, gravada pela banda Kool & The Gang. Devido a uma questão de direitos, na edição seguinte, essa música foi suprimida e substituída por uma gravação nacional, ‘Queen of Hearts’, com Linda Kooly. Nenhuma das duas músicas obteve repercussão expressiva.”

Por algumas ocasiões, nos créditos finais de Brilhante, em vez de seu tema de abertura na voz de Tom Jobim, eram apresentadas versões da música “Luiza”, com Cauby Peixoto, Edu Lobo, Chico Buarque, ou uma versão instrumental.

Abertura plagiada

A bela abertura da novela – criada por Hans Donner e sua equipe – mostrava a modelo Lilian Stavik em uma sala de espelhos com um gato siamês. Era imperceptível, mas a modelo estava grávida e sua roupa escondia a barriguinha.

Meses após a estreia, a Televisa do México plagiou descaradamente a abertura de Brilhante em sua novela Vanessa (uma adaptação da novela brasileira Ídolo de Pano, da TV Tupi): uma moça em uma sala de espelhos com um gato siamês, com praticamente os mesmos enquadramentos, ângulos e fontes dos créditos da abertura de Hans Donner, embalada por uma música que só repetia o nome da personagem: “Vanessa, Vanessa…”

Em 2011, a abertura da novela Fina Estampa, de Aguinaldo Silva, usou a mesma ideia da abertura de Brilhante: uma bela moça em uma sala de espelhos.

Trilha sonora nacional

01. ME DEIXAS LOUCA – Elis Regina (tema de Luiza e Paulo César)
02. DANS MON ILE – Caetano Veloso (tema de Leonor)
03. MEU BEM MEU MAL – Gal Costa (tema de Maria Isabel)
04. MISTÉRIO – Ângela Ro Ro
05. DECISÃO – Joanna
06. LUIZA – Tom Jobim (tema de abertura)
07. NAQUELA NOITE COM YOKO – Simone
08. ACONTECÊNCIAS – Cláudio Nucci (tema de locação: Pantanal)
09. DE LEVE – Lulu Santos (tema de Fred)
10. DOCE DE CÔCO – Elizeth Cardoso (tema de Ernani e Alda)
11. LUZES E ESTRELAS – Edson e Terezinha (tema de Cissa)
12. CANÇÃO DA MANHÃ FELIZ – Nana Caymmi

Sonoplastia: Guerra Peixe Filho e Antônio Faya
Seleção de repertório: Guto Graça Mello

Trilha sonora internacional

01. COMIN’ IN AND OUT OF YOUR LIFE – Barbra Streisand (tema de Maria Isabel)
02. DO YOU MISS ME – Morris Albert (tema de Edite)
03. HURT – Carly Simon (tema de Leonor)
04. GOOD TIME TONIGHT – Kool & The Gang *
04. QUEEN OF HEARTS – Linda Kooly *
05. IF LEAVING ME IS EASY – Phil Collins (tema de Fred e Marília)
06. LOVE GAMES – Ian and Christopher
07. SUGAR – Ronay
08. MURMURES – Richard Clayderman
09. YOU WEREN’T IN LOVE – Mike Fleetwood
10. OLD PHOTOGRAPHS – Jim Capaldi
11. LITTLE DARLING – Sheila
12. TAKE ME NOW – David Gates (tema de Luiza e Paulo César)
13. ANGELICA AND RAMONE – Secret Service (tema de Fred e Marília)
14. SONG OF LAURA – Sound Orchestra

Ainda
HOME COMPUTER – Kraftwerk (tema das vinhetas de intervalo)

* A trilha sonora internacional foi lançada com duas versões:
a primeira trazia a música “Good Time Tonight” com o grupo Kool & The Gang,
e a segunda, em substituição, trazia “Queen of Hearts” com a cantora Linda Kooly.

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Tema de abertura: LUIZA – Tom Jobim

Lua, espada nua
Boia no céu
Imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador cheio de estrelas

Escuta agora a canção que fiz
Pra te esquecer, Luiza
Eu sou apenas um pobre amador
Apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor
Eu sei que embaixo dessa neve mora um coração

Vem cá Luiza
Me dá a tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca vem me dar um beijo

E um raio de sol nos seus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente prá te dar, Luiza
Luiza…

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