
Sinopse
Para os outros, Clóvis di Lorenzo é o maior maestro do país, um gênio da música. Para si mesmo, é um fracasso, pois não consegue compor uma obra-prima à altura de seu talento. Até então, só escrevera quatro peças que o deixaram frustrado. O sucesso vem da televisão, que transmite seus concertos. Porém, o maestro não suporta a contradição em que vive.
Temperamental como devem ser os gênios, intolerante com as pessoas e insatisfeito consigo mesmo, Clóvis andava cansado das bajulações da popularidade, que atribuía mais à influência de sua rica família do que ao próprio talento. O maestro era, inclusive, desestimulado por Fabiana, sua irmã possessiva, que cultuava a imagem de sua falecida mulher, Branca.
Clóvis conhece Cristina, moça humilde que viera do interior para trabalhar em uma editora. Ingênua e desinformada, ela o toma por um escritor fracassado e, por piedade, começa a relacionar-se com ele. O maestro, que pela primeira vez não é tratado como gênio, apaixona-se por Cristina. Apesar do susto dela ao conhecer sua verdadeira identidade, os dois acabam se casando.
O casamento, entretanto, não resolve a profunda insegurança do maestro. Ante as dificuldades da relação, ele separa-se de Cristina e simplesmente desaparece. Passa um tempo escondido sob nome falso, exercendo outras atividades e tentando compor a sinfonia que julga ser sua única chance de autoafirmar-se.
A luta anônima pelo sustento acaba dando ao maestro a autoconfiança que a música não lhe proporcionava. Reencontrando Cristina, com um filho pequeno, e já convencido de que sua fama anterior não era fruto exclusivo da influência da família, Clóvis di Lorenzo retoma sua brilhante carreira de maestro, agora renovado.
CARLOS ALBERTO – Clóvis di Lorenzo
ARACY BALABANIAN – Cristina Lemos
NEUZA AMARAL – Fabiana di Lorenzo
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Edu Ribas
ARLETE SALLES – Miriam Serpa (Mimi)
BETE MENDES – Lia di Lorenzo
CLÁUDIO CAVALCANTI – Maurício Prado
GRANDE OTELO – Malaquias
LUÍS DE LIMA – Nelson Bávaro
ÍTALO ROSSI – Paes Duarte
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Sebastião Vitorino / Rudy (Ronaldo)
REYNALDO GONZAGA – Jorge Lima Santos
BIBI VOGEL – Alice Rangel
MARCELO PICCHI – Rick
TEREZA CRISTINA ARNAUD – Sheyla
DAISY LÚCIDI – Lolô
HELOÍSA HELENA – Eugênia
ANTÔNIO PATIÑO – Salgado
BRANDÃO FILHO – Santiago
JORGE CHAIA – Guido di Lorenzo
LÍCIA MAGNA – Marta di Lorenzo
FERNANDO JOSÉ – Josué
NORMA BLUM – Elvira
LUPE GIGLIOTTE – Dalva
SUZY ARRUDA – Beth Bochecha / Lady Mildred
ROBERTO MAYA – Dr. Sérgio
MONIQUE LAFOND – Betinha
o menino SÉRGIO EDUARDO VALENTE DE CASTRO – Rubinho (filho de Clóvis e Cristina)
e
ABEL PÊRA – Frederico Vieira (novo empresário de Clóvis)
ACELINO BOEIRO – Guilherme
ADA CHASELIOV – Ângela (irmã de Elvira)
APOLO CORRÊA – Detetive Paquito
ARNALDO COHEN como ele mesmo, pianista amigo de Clóvis
ARNALDO HAUEN – Lourival
CAUÊ FILHO – Ernesto (tio de Cristina)
CRISTINA ORTIZ como ela mesma, pianista amiga de Clóvis
CUSSY DE ALMEIDA como ele mesmo, maestro amigo de Clóvis
DURVAL PEREIRA – maestro aposentado, amigo de Clóvis
ÉLCIO ROMAR – Detetive Sampaio
ELISA FERNANDES
FRANKLYN DIAS – advogado da família Di Lorenzo
GEYR MACEDO SOARES – Henry
GOI DANINCHI como ele mesmo, maestro amigo de Clóvis
HUGO SANDES – Frederico Vieira Jr. (filho de Frederico Vieira, substitui o pai como o novo empresário de Clóvis)
ILKA SOARES – Selma (pianista, amiga de Clóvis)
IRMA ALVAREZ – Suzy
ISAAC KARABTCHEVSKY como ele mesmo, maestro amigo de Clóvis
JACQUES KLEIN como ele mesmo, pianista amigo de Clóvis
JOTA BARROSO – Vitório
JOYCE DE OLIVEIRA – Alcinda
LUIZ FELIPE – Tiquinho (cuida da casa de campo de Clóvis)
MAGNUS MEDEIROS – Walter
MARALISI TARTARINI – Nina
MARIA DA GLÓRIA – Jandira
MARIA TERESA BARROSO – Isaura (empregada na casa de Edu)
MÁRIO POLIMENO – conversa com Malaquias na festa de Edu, no primeiro capítulo
MARY DANIEL – Noêmia (mãe de Alice)
MAYSA como ela mesma
PAULO BARBOSA como ele mesmo, cirurgião plástico que opera Fabiana
PEPA RUIZ – Dona Maria da Penha
RODOLFO SICILIANO – Orlando
SAMIR DE MONTEMOR – Abud
SÉRGIO FONTA – Carlinhos
VALENTINA GODOY – Cora (amiga de Fabiana)
YARA CÔRTES – Dona Celina (mãe de Jorge, sogra de Clóvis)
Zulmira (empregada na casa de Cristina e Clóvis)
– núcleo do maestro CLÓVIS DI LORENZO (Carlos Alberto), homem inseguro e solitário, atormentado pelas lembranças de sua falecida mulher, Branca, e pela busca de sua obra-prima. Apesar do reconhecimento da opinião pública, sofre de síndrome do impostor: acha seu trabalho medíocre e seu sucesso, uma farsa. Acredita que todos o bajulam por conta do dinheiro de sua família:
a amada CRISTINA LEMOS (Aracy Balabanaian), recém-chegada do interior do Paraná para tentar a vida no Rio de Janeiro. Encontra trabalho como secretária na Editora Tigre, onde conhece Clóvis. Apaixona-se por ele e os dois se casam. Contudo, a união encontra uma série de problemas, principalmente por causa das incertezas do maestro
os filhos: LIA (Bete Mendes), do primeiro casamento. Herdou do pai o gosto pelas artes, faz balé por vocação. Temperamental e voluntariosa, vive de forma intensa suas paixões, sempre fulminantes,
e RUBINHO (Sérgio Eduardo Valente de Castro), ainda criança, de seu casamento com Cristina
os pais: GUIDO (Jorge Chaia), de boa índole, rico, dono de uma fábrica de tecidos. Italiano, não consegue se desligar das lembranças de sua terra natal. Entregou a direção de sua empresa para a filha, em quem confia plenamente, para se dedicar aos prazeres da vida, entre eles a música, especialmente ópera,
e MARTA (Lícia Magna), mulher triste e infeliz. Sem voz ativa na família, participa pouco dos acontecimentos pois teme a reação da filha, que sempre a censura
a irmã FABIANA (Neuza Amaral), solteirona infeliz e neurótica, sente inveja de mulheres bonitas. Por carregar a frustração de não ter filhos, projeta em Clóvis esse papel em sua vida. Fabiana o vê como uma propriedade sua e evoca a imagem da falecida cunhada quando deseja exercer controle sobre ele
o empresário NELSON BÁVARO (Luís de Lima), homem arguto e um negociante interesseiro. Quase sempre consegue o que quer. Sabe que Fabiana é apaixonada por ele e usa isso a ser favor. É o único que consegue dominá-la
o mestre PAES DUARTE (Ítalo Rossi), foi seu professor de música
o cunhado JORGE (Reinaldo Gonzaga), rapaz reservado e sisudo. Seu maior objetivo é decifrar a morte da irmã Branca, que, de acordo com boatos, teria sido assassinada. Para isso, precisa enfrentar os obstáculos impostos por Fabiana, apaixonada por ele
a enfermeira ALICE (Bibi Vogel), ajudou e cuidou de si por um tempo. Apaixona-se pelo maestro
o mordomo e motorista JOSUÉ (Francisco José), absolutamente fiel à família Di Lorenzo
o advogado DR. SÉRGIO (Roberto Maya).
– núcleo de MIRIAM SERPA, a MIMI (Arlete Salles), amiga de infância de Cristina com quem ela vai morar no Rio. Miriam arruma a Cristina um emprego de secretária na editora onde já trabalha como secretária. A educação precária que recebera na infância se reflete em seu comportamento espalhafatoso. Com o objetivo de vencer na vida, casou-se com um homem rico. A morte do marido, no entanto, deixou-a desamparada, obrigando-a a entregar a filha ainda pequena para os avós paternos a fim de garantir a educação dela
a filha SHEYLA (Tereza Cristina Arnaud), vive com os avós paternos. Sente vergonha do comportamento extravagante da mãe, por isso não se incomoda de só encontrá-la uma vez por mês
os sogros: SALGADO (Antônio Patiño), executivo da Editora Tigre,
e EUGÊNIA (Heloísa Helena), rica, arrogante e prepotente. Não suporta a nora, por isso vive querendo dominá-la por meio da neta, Sheyla.
– núcleo de EDU RIBAS (Carlos Eduardo Dolabella), amigo de infância de Clóvis, dono da Editora Tigre, onde Miriam e Cristina trabalham. Playboy excêntrico e hedonista, cercado de belas mulheres e amigos interessados em seu dinheiro. Esbanja a fortuna que herdou nas festas que promove em sua casa, levando quase à falência sua empresa. É alvo do amor de Miriam, mas apaixona-se por Cristina:
o motorista MALAQUIAS (Grande Otelo), seu amigo e confidente que o trata como um filho, pois ajudou a criá-lo. Enquanto assistia a Edu esbanjar a fortuna que herdara, fez suas economias. Quase sempre é ele quem salva o patrão nas situações mais graves
o tio SANTIAGO (Brandão Filho), velho rico e sovina. Apaixona-se por Miriam, com quem acaba se casando
o suposto filho RICK (Marcelo Picchi), líder de uma banda de rock, cursa o último ano do ensino médio e sonha ser astrônomo. Tenta de todas as formas provar que é seu filho, pois fora abandonado em sua porta. Para isso, procura construir sua árvore genealógica. Começa a namorar Sheyla
a mãe de Rick, LOLÔ (Daisy Lúcidi), disputa as atenções de Edu com Miriam
a pretendente BETINHA (Monique Lafond), apaixonada, vive perseguindo-o.
– núcleo de MAURÍCIO (Cláudio Cavalcanti), pianista inseguro, tem pavor de palco. Aos oito anos foi reconhecido como garoto prodígio, empolgando as mais exigentes plateias. O passado brilhante, no entanto, passou a ser um fardo, uma vez que crescera e se tornara apenas um bom pianista. Sua mãe ainda vive do tempo em que o filho era considerado um gênio, por isso o martiriza constantemente. Fica amigo de Clóvis, que o ajuda a se livrar do jugo materno e a se transformar em um grande concertista. Apaixona-se por Lia, mas a relação é cheia de altos e baixos:
a mãe DALVA (Lupe Gigliotti), opressora, vive atormentando o filho por ter crescido e deixado de ser um garoto prodígio
a musicista ELVIRA (Norma Blum), jovem com quem se envolve.
– núcleo de SEBASTIÃO VITORINO (José Augusto Branco), um golpista mau-caráter que usa muitos nomes diferentes. Apresenta-se a Clóvis e sua família como RUDY. Tenta extorquir dinheiro do maestro. Envolve-se por interesse com Lia:
a amiga BETH BOCHECHA (Suzy Arruda), comparsa em seus golpes.
Antecedentes
Em 1975 – ano em que a TV Globo completava seu décimo aniversário -, a emissora traçou como meta modernizar suas novelas. Sentia-se naquele momento que a fórmula melodramática e fantasiosa da novela das oito da noite, liderada por Janete Clair, estava saturada.
Dias Gomes, que escrevia para o núcleo das 22 horas (com tramas mais realistas), foi incumbido dessa reformulação. Roque Santeiro, do autor, a nova produção das 20 horas, estava sendo lançada com grande alarde, marcando a comemoração dos dez anos da emissora, enquanto Janete Clair descia um horário: foi deslocada para as 19 horas e começou a trabalhar em Bravo!
Porém, a Censura Federal proibiu Roque Santeiro de ir ao ar na noite de sua estreia (em 27/08/1975) – dez anos depois, com o fim da Ditadura Militar, a novela foi finalmente exibida, em nova produção.
Para substituir a novela censurada, foi providenciado um compacto de Selva de Pedra (1972), enquanto Janete Clair se prontificou para preparar às pressas uma nova trama para o horário das oito. Janete escreveu então Pecado Capital, um de seus melhores trabalhos.
Substituição da autora
Coube ao novato Gilberto Braga a missão de concluir Bravo! A novela estava no ar havia quase três meses e Janete Clair já tinha escrito até o capítulo 105, o que deixava a produção em uma situação confortável. Foi ela própria que indicou Gilberto, a quem já enxergava como pupilo, para continuar a sua novela. A autora explicou à revista Amiga:
“A recomendação do Boni é que a novela não sofra mudanças em relação ao que estava previsto. Desse modo, Gilberto manterá todas as características elaboradas para os personagens e respeitará as situações que imaginei até o fim da novela.” (**)
Gilberto Braga não tinha como recusar o convite, nem podia contar para Janete que não estava assistindo à novela – pediu a alguém que lhe relatasse resumidamente a trama. (**)
O novo roteirista passou a trabalhar sozinho. Gilberto assumiu a novela em setembro de 1975, a partir do capítulo 106. (revista Amiga, 11/02/1976 *)
Mesmo assim, o novo autor teve a assessoria da mestra Janete Clair, em encontros semanais nos quais ela lia e supervisionava os textos escritos pelo pupilo.
“Ela se encontrava com Gilberto Braga para fazer a escaleta da semana e ler os capítulos dele”, afirmou Daniel Filho em seu livro “O Circo Eletrônico”. (**)
A novela teve 198 capítulos: Janete Clair escreveu 105, enquanto Gilberto Braga ficou responsável por 92. (revista Amiga, 11/02/1976 *)
Melodrama barato
Assim Ismael Fernandes se referiu a Bravo! em seu livro “Memória da Telenovela Brasileira”: “Nem Janete, nem Gilberto conseguiram escapar do melodrama barato.”
Quarenta e cinco anos depois de Bravo!, Gilberto Braga revelou ao seu biógrafo Artur Xexéo que “detestava” a novela, mas não teve coragem de dizer isso a Janete Clair: “Porque ela ia sofrer muito e eu gostava dela.” (**)
Janete nunca se conformou em ter de largar o horário no qual se consagrou (o das oito da noite) para escrever em outro, considerado menor (o das sete). “Ela ficou magoada. Achou que tinha sido rebaixada e nunca engoliu essa mudança”, revelou o próprio Dias Gomes. (“Janete Clair, a Usineira de Sonhos”, Artur Xexéo)
A autora queixou-se à revista Amiga (de 01/10/1975): “Não gosto de escrever para as 19 horas. Sou obrigada a sair completamente da minha linha. As novelas deste horário não se definem. Nem são infantis, nem podem ser de maior peso para os adultos. Bravo!, se fosse às 20 horas, renderia muito mais. Neste horário estive me autocensurando e não existe nada pior que a autocensura. (…) Acho uma violência muito grande todos os dias ter que se conscientizar sobre o que deve ou não escrever.”
Apesar do desabafo, Janete não nega que Bravo! lhe agradou: “No todo está um trabalho muito bonito.” (*)
Janete Clair declarou em 1980, ao fazer um balanço de sua carreira: “Bravo! também não teve o sucesso que eu esperava. No entanto, até hoje lembro dessa novela com muita saudade, porque eu lidava com música, que é algo que eu adoro.”
Promoção da música clássica
O título incialmente pensado para a novela foi Sinfonia nº 2, depois alterado para Sinfonia nº 5, depois, finalmente, para Bravo!. (O Globo, 26/04/1975 *)
Em entrevista na época, Janete Clair explicou que um dos objetivos de Bravo! era ajudar a promover a música clássica. A autora inspirou-se em vários projetos que tinham o mesmo objetivo, como o Aquarius, criado pelo jornal O Globo, e o programa Concertos para a Juventude, da TV Globo (1965-1984). (Site Memória Globo)
O amor do casal protagonista – Clóvis (Carlos Alberto) e Cristina (Aracy Balabanian) – estava ligado à obra musical que o maestro Clóvis compunha ao longo de três anos. Como um concerto, a trama dividiu-se em cinco partes, correspondentes aos movimentos da sinfonia criada pelo protagonista: Romanza, Adagio, Allegro, Fuga e Gran Finale. A mudança de um movimento para outro se fazia com o aparecimento de uma nova partitura no vídeo.
O maestro Júlio Medaglia prestou uma enorme contribuição a Bravo!. A trilha sonora incidental da novela, que incluía trechos de concertos consagrados, teve arranjos de Medaglia, responsável também pela pesquisa musical.
Para conseguir o máximo de verossimilhança no texto, os autores Janete Clair e Gilberto Braga contaram com o auxílio do maestro, que supervisionava os diálogos que continham referências teóricas ou termos técnicos sobre música. (Site Memória Globo)
Para dar maior veracidade às cenas musicais, o ator Carlos Alberto – como o maestro protagonista da trama -, estudou com Júlio Medaglia todas as marcações das obras tocadas, dispensando o auxílio de dublê.
O diretor Reynaldo Boury destacou a participação de grandes nomes da música erudita, como Cristina Ortiz, Arnaldo Cohen, Jacques Klein, Isaac Karabtchevsky e Cussy de Almeida. (revista Amiga, 11/02/1976 *)
Ao longo da novela foram realizados concertos em algumas cidades brasileiras, regidos por Carlos Alberto (como o maestro da ficção) e exibidos na novela. Importante papel tiveram também as universidades (UFRJ e PUC de Porto Alegre), os teatros (Municipal do Rio e Guaíra de Curitiba) e os clubes e salas de espetáculos (como o Harmonia Lira, de Joinville, e a Casa Cecília Meireles, no Rio), onde os concertos foram gravados. (revista Amiga, 11/02/1976 *)
O diretor Reynaldo Boury, o produtor Luís Nardine, uma equipe técnica e o ator Carlos Alberto (eventualmente também alguns outros atores) estiveram em Porto Alegre, Curitiba, Joinville, Nova Friburgo e Recife (duas vezes). A última cena da novela, gravada no dia 24/01/1976, foi um grande concerto no Recife, para o qual o maestro Cussy de Almeida compôs, especialmente, uma “Ave Maria”, executada pela Orquestra Armorial. (revista Amiga, 11/02/1976 *)
O maestro Goi Daninchi, regente da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, amigo de Júlio Medaglia, convidou-o para uma gravação da novela na cidade, em comemoração ao centenário da imigração italiana no Rio Grande do Sul. Assim, Carlos Alberto – como Clóvis di Lorenzo – regeu a sinfonia gaúcha nos capítulos 57 e 58. (O Globo, 17/07/1975 *)
No Rio de Janeiro, os concertos do maestro da novela foram gravados no Teatro Municipal, alguns com a participação de 88 músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira. (revista Ilusão, nº 217, julho de 1975 *)
Elenco
Carlos Alberto revelou por que foi convidado para o papel do protagonista: “Eu estava fora da TV há dois anos, mas, como tinha conhecimento de música clássica, a Janete me fez o convite e resolvi voltar.”
Intérprete de Cristina, protagonista feminina da novela, Aracy Balabanian chegou a brigar com o público ao sair de um aeroporto. A atriz teve de se defender do ataque de três telespectadoras furiosas com o comportamento da mocinha na novela.
“Enquanto me batiam, elas gritavam que eu tinha que perder o maestro porque uma pessoa que não sabe perdoar não vale nada!”, relembrou a atriz em entrevista, em 1979.
Janete Clair revelou que escreveu a personagem Lia (Bete Mendes) baseada em sua filha Denise: “As duas têm o mesmo comportamento, os mesmos problemas. Escrevia Lia pensando em Denise. A maioria das vezes, meus personagens são assim. Nascem à minha volta.” (revista Amiga, 01/10/1975 *)
A personagem Fabiana teria que se submeter a uma delicada cirurgia. Como, na época, a atriz Neuza Amaral queria fazer uma plástica para rejuvenescimento facial e das pálpebras, a produção aproveitou para gravar e exibir algumas tomadas da operação da vida real. A cirurgia ocorreu no dia 06/10/1975, na Casa da Mãe Pobre (no Rio), efetuada pelo cirurgião Paulo Barbosa. Fábio Sabag dirigiu a cena que foi ao ar no capítulo 115, em 27/10/1975. Os capítulos acompanharam todo o processo operatório e pós-operatório, sendo que, na última fase, as cenas foram feitas em estúdio, já que, três dias depois de operada, Neuza Amaral recebeu alta. (revista Amiga, 29/10/1975 *)
Durante a novela, Luís de Lima passou por uma cirurgia renal. Ao retornar às gravações, o ator, ainda sob cuidados médicos, passou a ser focalizado sentado ou com uma bengala. (O Globo, 23/11/1975 *)
O ator Abel Pêra (tio de Marília Pêra), fazendo uma participação em Bravo!, faleceu em 27/09/1975. Sua saída da novela não implicou na eliminação do personagem Frederico Vieira, novo empresário do maestro protagonista. Abel havia gravado algumas cenas e a TV Globo decidiu dar prosseguimento ao personagem por meio de seu filho, interpretado por Hugo Sandes. (O Globo, 01/10/1975 *)
Monique Lafond deixou Bravo! quando a novela estava pela metade e foi escalada para a próxima produção das 18 horas: A Moreninha.
Primeira novela na Globo dos atores Marcelo Picchi, Brandão Filho e Roberto Maya.
Walmor Chagas foi o nome inicialmente cotado para interpretar o protagonista Clóvis di Lorenzo. O papel acabou ficando com Carlos Alberto. (O Globo, 15/04/1975 *)
Glória Menezes foi convidada para viver Cristina, a protagonista feminina, mas alegou compromissos com teatro. Foi substituída por Aracy Balabanian. (O Globo, 26/04/1975 *)
Jardel Filho chegou a ser escalado para o papel de Edu Ribas, mas um princípio de estafa e impossibilidade de conciliar as gravações da novela com compromissos com teatro o tiraram de Bravo!. Carlos Eduardo Dolabella entrou em seu lugar. (O Globo, 15/05/1975 *)
Outras escalações que não se concretizaram foram Maria Fernanda, para Fabiana di Lorenzo (o papel ficou com Neuza Amaral) (O Globo, 01/05/1975 *);
Nathalia Timberg para Alice (Bibi Vogel) (O Globo, 11/08/1975 *);
e Renata Fronzi para Dalva (Lupe Gigliotte) (O Globo, 08/05/1975 *).
O diretor Reynaldo Boury substituiu Fábio Sabag a partir do capítulo 64. (Revista Amiga, 11/02/1976 *)
Lição de Janete (**)
Uma lição de Janete Clair a Gilberto Braga durante o trabalho em Bravo! virou até bordão. Muitos críticos viram na trama uma semelhança, ou plágio, com Rebeca, a Mulher Inesquecível, o famoso filme de Alfred Hitchcock, de 1940.
Clóvis Di Lorenzo, o maestro protagonista da novela, não conseguia se esquecer de sua primeira mulher, Branca, representada por um quadro pendurado na parede da sala. Uma pesquisa mostrou que, além dos críticos, os espectadores também não gostavam de Branca.
Janete solucionou o problema de forma lapidar: “Gilberto, tira o retrato de Branca da parede!”
A partir de um determinado capítulo, o retrato foi substituído por outro, do próprio maestro.
A lição que se tornou lenda entre autores é: se uma coisa não está dando certo na novela, tira, e não se fala mais nisso.
Locações
A equipe de produção pôs à prova sua agilidade realizando gravações externas em doze locais diferentes do Rio de Janeiro, apenas para o primeiro capítulo.
Entre as locações, estavam as praias de Itacuruçá e da Barra, uma mansão em Jacarepaguá, o aeroporto Santos Dumont, a Casa Rui Barbosa, o Parque Lage, o Jardim Botânico, a Barra da Tijuca e ruas de Copacabana. (O Globo, 01/06/1975 *)
Alguns recursos cinematográficos, como o travelling, foram pela primeira vez utilizados nessas gravações. (O Globo, 01/06/1975 *)
Trilha sonora e abertura
A novela teve dois LPs com a trilha sonora lançados comercialmente, como já era praxe. Porém, além da trilha nacional, com sucessos populares, em vez de uma trilha internacional de música pop, foi lançado um disco de música clássica.
A coletânea de música clássica de Bravo! vendeu mais de 200 mil cópias, um número considerável, em se tratando de música erudita, surpreendendo os executivos da gravadora Som Livre. Ao longo dos anos, outros três volumes intitulados “Bravo!” foram lançados no mercado pela Som Livre (em 1977, 1979 e 1985), mas já não tinham nada a ver com a trilha da novela.
O maestro Júlio Medaglia, produtor da trilha incidental de Bravo!, foi o compositor da música instrumental que embalava a abertura, que levou o nome da novela.
A cantora Maysa, então em um relacionamento com o ator Carlos Alberto, foi convidada a colocar letra no tema de abertura. Sua interpretação da canção “Bravo!” teve uma apresentação no Fantástico do dia 28/09/1975, com a participação do pianista Arnaldo Cohen sob regência do maestro Isaac Karabtchevsky. (*)
A abertura – com uma edição de cenas do maestro protagonista conduzindo sua orquestra – foi um dos primeiros trabalhos na Globo do artista gráfico alemão (crescido na Áustria) Hans Donner, recém-chegado ao Brasil. O alfabeto do logotipo da novela é de sua autoria.
Exibição
Bravo foi esticada em 18 capítulos, totalizando 198, para que a novela substituta, Anjo Mau, pudesse estrear com folga. (O Globo, 02/11/1975 *)
Bravo! foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 09/06/2025, dentro do Projeto Fragmentos, com os seis capítulos que restaram nos arquivos da Globo: o primeiro, o segundo, os capítulos 99 e 100, o penúltimo (197) e o último (198) capítulos.
Texto narrado na apresentação das cenas do próximo capítulo da novela (prática comum na época):
“Ontem, o amor passava. Hoje, o amor esperança. Amanhã, o amor medo. A vida nascendo do amor. O amor está de volta!”
* Pesquisa: Sebastião Uellington Pereira.
** “Gilberto Braga, o Balzac da Globo”, Artur Xexéo e Maurício Stycer.
Trilha sonora nacional
01. ESSE TAL DE ROQUE ENROW – Rita Lee (tema de Lia)
02. SEMPRE CANTANDO – Moraes Moreira (tema de Malaquias)
03. O AMOR CONTRA O TEMPO – Denise Emmer (tema de Maurício)
04. BALADA – Luigi Paolo (tema de Cristina e Clóvis)
05. UM RESTO DE SOL – Gerson Conrad e Zezé Motta
06. BRAVO! – Orquestra Som Livre (tema de abertura)
07. INTEIRA – Luli e Lucinha
08. AGORA SÓ FALTA VOCÊ – Rita Lee (tema de Lia)
09. NOSOTROS – Joyce
10. MONTANHÊS – Denise Emmer (tema de Lia e Maurício)
11. DENTRO DE MIM MORA UM ANJO – Sueli Costa (tema de Míriam)
12. VALSA BRANCA – Orquestra Som Livre
13. PICCADILLY ROCK – Eduardo Dussek (tema de Edu Ribas)
Sonoplastia: Nestor de Almeida
Coordenação geral: João Araújo
Direção de produção: Guto Graça Mello
Coordenação artística: Nelson Motta
Assistente de produção: João Mello
Trilha sonora clássica
01. HISTÓRIA DE TRÊS AMORES – Rachmaninoff (tema de Clóvis e Cristina)
02. ADÁGIO DA SONATA AO LUAR – Beethoven (tema de Clóvis)
03. TERCEIRA SINFONIA EM FÁ MAIOR (3º MOVIMENTO) – Brahms (tema de Fabiana)
04. MINUETO Nº 9 – Paderewsky
05. NOTURNO EM MI BEMOL MAIOR (OPUS 9 Nº 2) – Chopin (tema de Cristina)
06. CONCERTO PARA PIANO EM SI BEMOL MAIOR – Tchaikovsky (tema de Lia e Maurício)
07. ÁRIA (DA SUÍTE EM RÉ MAIOR) – Bach
08. VALSA DAS FLORES – Tchaikovsky (tema de Clóvis)
09. POMPA E CIRCUNSTÂNCIA – Elgar
10. CANTO DO CISNE NEGRO – Villa-Lobos (tema de Alice)
Coordenação geral: João Araújo
Planificação e repertório: Toninho Paladino
Ao longo dos anos, outros três volumes de música clássica intitulados Bravo! foram lançados no mercado pela Som Livre (em 1977, 1979 e 1985), mas já não tinham nada a ver com a trilha da novela.
Bravo Volume II (lançado em 1977)
01. EINE KLEINE NACHTMUSIK (1º MOVIMENTO) – Mozart
02. TEMA DO CISNE (SCENE MODERATO, DE ‘O LAGO DOS CISNES’) – Tchaikovsky
03. TRITSCH, TRATSCH POLKA (OPUS 214) – Strauss
04. CANÇÃO DA PRIMAVERA – Mendelssohn
05. VALSA EM DÓ MENOR (OPUS 64 Nº 2) – Chopin
06. SINFONIA Nº 5 EM DÓ MENOR (OPUS 67 – ALEGGRO CON BRIO) – Beethoven
07. COPPELIA WALTZ – Delibes
08. HUMORESQUE – (OPUS 101 Nº 7) – Dvorak
09. ANITRA’S DANCE – Grieg
10. RAPSÓDIA SUECA (TEMA) – Charles Wildman
Bravo Volume III (lançado em 1979)
01. WALTZ: SERENADE FOR STRINGS – Tchaikovsky
02. PEER GYNT (SUITE Nº 1: MORNING) – Grieg
03. WATER MUSIC (ALLEGRO DECISO) – Handel
04. PATÉTICA (2º MOVIMENTO) – Beethoven
05. ESPAÑA (RHAPSODY) – Chabrier
06. MEDITATION (THAIS) – Massenet
07. MARCHA HÚNGARA – Berlioz
08. BARCAROLLE (OS CONTOS DE HOFFMAN) – Offenbach
09. RONDO ALLA TURKA – Mozart
10. A CAVALGADA DAS VALQUÍRIAS – Wagner
Bravo Especial (lançado em 1985)
01. BOLERO – Ravel
02. WATER MUSIC (ALLEGRO DECISO) – Handel
03. CONCERTO PARA PIANO EN SI BEMOL MENOR – Tchaikovsky
04. A CAVALGADA DAS VALQUÍRIAS – Wagner
05. HOOKED ON CLASSICS 1 E 2:
PIANO CONCERTO Nº 1 – Tchaikovsky
FLIGHT OF THE BUMBLE BEE – Rimsky-Korsakov
SINFONIA Nº 40 – Mozart
RHAPSODY IN BLUE – Gershwin
KARELIA SUITE – Sibelius
SINFONIA Nº 5 – Beethoven
TOCATA – Bach
EINE KLEINE NACHTMUSIK (1º MOVIMENTO) – Mozart
SINFONIA Nº 9 – Beethoven
WILLIAM TELL OVERTURE – Rossini
ARIA DE “O CASAMENTO DE FÍGARO” – Mozart
ROMEU E JULIETA – Tchaikovsky
TRUMPET VOLUNTARY – J. Clarke
ALELUIA – Handel
PIANO CONCERTO EM A MENOR – Grieg
MARCHA DOS TOUREADORES – Bizet
1812 OVERTURE – Tchaikovsky
06. HISTÓRIA DE TRÊS AMORES – Rachmaninoff
07. DANÇA HÚNGARA Nº 1 EM G MENOR – Brahms
08. PRINCE IGOR / POLOWETZER DANCE – Borodin
09. GAITA PARISIENSE (CAN-CAN) – Offenbach
10. TOCATA E FUGA EM D-MOLL BMW-565 – Bach
Ainda
CORRUZIONE – Pino Donaggio
EXPRESS – B.T. Express
HOT DAWGIT – Ramsey Lewis
HUNG UP ON MY BABY – Isaac Hayes
LUCINDA RIVER / TWO PEOPLE – Marvin Hamlisch
ON THE STREETS – Mikis Theodorakis
PARTY PEOPLE – Herbie Hancock
ROMEO Y JULIETA – Waldo de los Rios
SAVE ME – Silver Convention
SHEBA BABY – Monk Higgins & Alex Brown
Lembro vagamente qdo passou, era criança, mas nao tinha o menor interesse. Chata demais para uma criança.
Lembro de encontrar as trilhas clássicas em sebos
Se um remake de uma novela de sucesso é uma incógnita, imagina de uma novela esquecida, apagada, que nem a própria emissora faz questão de lembrar! hahahahahah Esse povo viaja!
Acho tão sem propósito as pessoas falarem de remakes de novelas tão apagadas…….parece um automatismo….mesmo remakes de obras primas a gente já tem que ver com desconfiança, que dizer de novelas sem sucesso algum…..Não consigo entender, sinceramente. Na minha casa se assistia Um dia O Amor, na Tupi…..
Também gostaria de ver um remake, mas acho difícil. Nem reprisada foi.
Acho o tema muito interessante. Raramente abordado em novelas. Valeria a pena um remake.
Boa novela, as personagens de Arlete Salles e Daisy Lucidi eram inimigas e estavam sempre brigando, era divertido.