Sinopse
No passado, Helena, uma adolescente de origem humilde, amou Quim, de quem engravidou. Porém, ele era casado com Marta, herdeira de uma grande fortuna, e, ambicioso, não aceitou separar-se para voltar a ficar pobre. Helena deu à luz gêmeos e Quim fez um trato com ela. Enquanto Helena ficou com um menino e recebeu uma quantia em dinheiro para começar a vida, o outro bebê seguiu com Quim para Portugal, onde o empresário foi viver com a esposa.
João Victor foi criado por Quim e Marta. Ela nunca desconfiou que o garoto adotado por eles era na verdade filho biológico de Quim com outra mulher. Um tempo depois, Quim e Marta tiveram uma filha, Débora. Enquanto isso, Helena foi amparada por Plínio, um médico bem mais velho que a amava. Ele aceitou assumir o filho de Quim, Quinzinho, e o criou como se fosse seu. O casal também teve uma filha, Lia.
Crescidos separados, Quinzinho e João Victor nunca se conheceram e sempre acreditaram serem filhos legítimos dos respectivos casais que os criaram. João Victor, moço sério, tímido e responsável, dedicou-se aos negócios da família. Quinzinho, rapaz expansivo, de temperamento oposto ao do irmão, é bancário e leva uma vida simples ao lado da mãe Helena, mulher sofrida e batalhadora, e do suposto pai, Plínio, agora médico aposentado.
Quim ainda esconde um segredo do casal Helena e Plínio. O velho médico foi funcionário de confiança do pai de Marta, um homem muito rico que lhe deixou bens antes de morrer. Contudo, Quim, responsável por repassar a parte da herança que cabia a Plínio, se apossou dela. Ao partir para Portugal, Quim instituiu seu procurador Caio, advogado e sócio em uma empresa de táxi aéreo. Porém, Caio enriqueceu ilicitamente com a fortuna de Quim e passou seus bens para o nome de sua então mulher, a atriz Silvia Toledo.
O trunfo de Caio contra Quim é o documento do pai de Marta, em seu poder, que comprova que Quim roubou Plínio. Hoje, o advogado vive bem, sua filha, Lúcia, formou-se médica e ele é dono de uma das melhores academias de dança e ginástica do Rio de Janeiro. Também Silvia, que, apesar de separada de Caio, ainda está ligada a ele: largou a carreira de atriz em troca de uma polpuda mesada. Caio não sabe da existência dos gêmeos, porém fica encafifado quando Lúcia lhe apresenta seu novo namorado, Quinzinho: de onde o conhece?
A saúde de Quim obriga a sua família a retornar ao Brasil e faz com que o empresário se interesse pelo paradeiro de seu outro filho – para o desespero de Helena, que se sente culpada por ter abandonado João Victor e por nunca ter revelado a Quinzinho a identidade do seu verdadeiro pai biológico e que ele tinha um irmão gêmeo. Enquanto mentiras impossibilitam a aproximação de João Victor e Quinzinho, algumas confusões ocorrem devido à semelhança entre os dois.
TONY RAMOS – Quinzinho (Joaquim Seixas Miranda) / João Victor Gama
LÍLIAN LEMMERTZ – Helena Seixas
FERNANDO TORRES – Plínio Miranda
RAUL CORTEZ – Quim (Joaquim Gama)
TEREZA RACHEL – Marta Tereza Frey Gama
CARLOS ZARA – Caio Fernandes
FERNANDA MONTENEGRO – Silvia Toledo
NATÁLIA DO VALLE – Lúcia Fernandes
LÍDIA BRONDI – Mira Maia (Semíramis Maia)
BETTY FARIA – Joana Lobato
REGINALDO FARIA – Saulo Martins
CHRISTIANE TORLONI – Lia Seixas Miranda
ARLETE SALLES – Dolores Moreira
LAURO CORONA – Caê (Carlos Eduardo Maia)
BETH GOULART – Débora Gama
MILTON GONÇALVES – Otto Rodrigues
BEATRIZ LYRA – Letícia
CLÁUDIO CAVALCANTI – Guilherme Fonseca
SUSANA VIEIRA – Paula Vargas Leme
OTÁVIO AUGUSTO – Mauro Leme
CLÁUDIA COSTA – Leiloca (Ivete Andrade)
LADY FRANCISCO – Ondina
SUZANA QUEIRÓZ – Bebel
MARIA HELENA PADER – Zu (Zuleide)
MARIA ALVES – Conceição
TEREZINHA SODRÉ – Corina
CARLOS GREGÓRIO – Sandro Moreira
JONAS MELLO – Álvaro França
SUELY FRANCO – Rosa França
MÍRIAN PIRES – Cândida Martins
GILBERTO MARTINHO – Antenor Gomide
ALCIONE MAZZEO – Laurinha
MARCOS ALVISI – Oscar
TONY FERREIRA – Edmundo
LEINA KRESPI – Carmem Carmim (Carmela Coelho)
MARGA ABI RAMIA – Margô
NARJARA TURETTA – Flora França
FERNANDA TORRES – Fauna França
HAYLTON FARIAS – Miguel
CHRIS COUTO – Soninha
ANA MARIA SAGRES – Mercedes
a menina MONIQUE CURI – Cris (Cristina Moreira Gomide)
e
ADA CHASELIOV – paciente de Saulo, grávida, conversa com Dolores
ADELAIDE PALETTE (ADELAIDE CONCEIÇÃO) – Ruth (atendente na cantina da academia de Caio)
ALFREDO MARTINS – do casal que atropela Plínio
ANA LUIZA FOLLY – cliente da livraria atendida por Leiloca
ANA MARIA MARTINS – Sandra (recepcionista no apart-hotel onde moram João Victor e Joana)
CARLOS KROEBER – gerente do Banco Nacional, no qual Caê trabalha e Quinzinho trabalhou
CARLOTA PORTELLA como ela mesma, dirige o espetáculo de dança estrelado por Joana
CARMEM SILVA – Dona Carolina (paciente de Saulo com quem ele conversa na praça em Porto Alegre)
CAUBY PEIXOTO como ele mesmo, canta a música-tema de Mauro na boate frequentada por ele
CHAGUINHA – Kamikaze (empregado na empresa de táxi aéreo de Quim e Caio)
CLEMENTINO KELÉ – recepcionista no hotel no qual Plínio se hospeda quando sai de casa
DENISE DUMONT – Xuxa Mendes (colega de Caê no curso de rally em São Paulo, dá em cima dele)
DINA FLORES – Fátima (empregada de Paula)
ED HEATH – médico homônimo de Plínio Miranda que João Victor encontra em Porto Alegre, no início
ERIC RZEPECKI como ele mesmo, maquiador no estúdio fotográfico de Wanderley
FÁBIO PILLAR – Marcelo (médico, colega de trabalho de Lúcia, foi seu namorado)
GABRIELA BICALHO – Mariana, depois chamada de Gabriela (menina que levou sua boneca para Otto consertar)
GERMANO FILHO – gerente do hotel que expulsa Álvaro
GLÓRIA ALVES – Isolda (secretária no escritório de Quim e João Victor)
GUEL ARRAES – a mando de Quim, possibilita a entrada de Caê no navio para ele encontrar Débora, em Atenas
HEMÍLCIO FRÓES – homem que atropela Quinzinho no final do primeiro capítulo
HENRI PAGNONCELLI – Henrique (médico que cuida de Quim quando ele tem um ataque cardíaco)
IVAN SIMÕES – Pedrão (capanga de Caio que surrou João Victor pensando tratar-se de Quinzinho)
JALUSA BARCELOS – amiga de Silvia, em uma reunião em sua casa
JAYME PERIARD – aluno da academia de Caio (figuração)
JOANA FOMM – mulher com quem Mauro dança em uma boate
JORGE BOTELHO – Wanderley (publicitário e fotógrafo, faz uma campanha para a academia, clica Leiloca e lança Lia como modelo)
JORGE FERNANDO – Jorginho (ator e diretor de teatro, amigo de Silvia)
LAFAYETTE GALVÃO – Castro (gerente da joalheria na qual Dolores vai trabalhar quando se muda para o Rio)
LENNIE DALE como ele mesmo, com Joana no enterro de Caio
LUCY MAFRA – Rita (secretária na clínica de Saulo)
MANOEL ELIZIÁRIO – Geraldo (copeiro de Caio)
MARCELO FARIA – garoto no parquinho que joga uma bola acidentalmente em Saulo
MARIA DO CARMO VELOSO – Dona Leonor, depois chamada de Dona Dolores na mesma cena (paciente do Dr. Plínio)
MÁRIO LAGO – senhor que paquera Helena na praça
MÁRIO POLIMENO – chefe de Caê no Banco Nacional
MAURÍCIO NABUCO – Oswaldo (chefe de Helena e Corina na Caderneta de Poupança Delfin)
MÔNICA SCHIMIDT – Célia (secretária de Lúcia em seu consultório)
NARDEL RAMOS – policial que ajuda o gerente a expulsar Álvaro do hotel
NOIRA MELLO – amiga de Marta que vai à sua casa buscá-la para sair e ela está recebendo Otto
NORMA GERALDY – Dona Eufêmia (primeira paciente de Saulo no Rio)
ORION XIMENES – detetive contratado por Marta para descobrir o paradeiro dos verdadeiros pais de João Victor
PAULETTE (PAULO BACELLAR) – Felipe (amigo de Lia, com quem ela trabalhou no laboratório de análises clínicas)
PEDRO CASSADOR – Afonso (motorista de Silvia)
ROSAMARIA MURTINHO – Alice (paciente de Lúcia, morre após o parto)
VERA BRITO – leva sua filhinha para Lúcia examinar
VICTOR LOPES – dublê de Tony Ramos quando os gêmeos contracenam
WALDIR AMÂNCIO – recepcionista do prédio onde Sandro morou, no início
WALDIR SANTANNA – Ernesto (namorado e, depois, marido de Conceição)
YAÇANÃ MARTINS – Ana (agente de viagens que João Victor providencia para a viagem de Caê à Europa)
Alceu (recepcionista na academia de Caio)
Dona Berenice (enfermeira que cuida de Plínio em casa, depois que ele é atropelado)
Chico (garçom na lanchonete/pizzaria onde os jovens se encontram)
Clélia (secretária no escritório de Quim em Brasília, recebe Quinzinho quando ele vai à cidade)
Elizângela (bebê de Conceição e Ernesto)
João (marido de Alice, que morreu no parto, convida Lúcia para batizar sua filha)
Maria Emília (vizinha de Dolores, a socorre quando ela se sente mal)
Dr. Moretti (médico que vai ao escritório de Quim medir a sua pressão)
Rose (mulher do publicitário Wanderley)
Saulinho (bebê de Dolores e Saulo)
Tânia (médica amiga de Lúcia, informa que o marido de Joana faleceu)
Vicente (pai de Soninha, dono da banca de jornais e revistas próxima à casa de Otto e Letícia)
– núcleo de HELENA (Lílian Lemmertz), mulher sofrida, teve gêmeos no passado mas, por força das circunstâncias, viu-se obrigada a entregar um dos meninos para o pai criar. Ele o levou para fora do país e Helena nunca mais teve notícias do menino. Os irmãos cresceram sem que um soubesse da existência do outro. Sente-se culpada por ter permitido que um filho fosse levado e por não revelar a verdade ao outro. Trabalha em uma agência de caderneta de poupança, para complementar a renda de casa:
o atual marido PLÍNIO MIRANDA (Fernando Torres), médico hoje aposentado. No passado, fez o parto dos gêmeos e, apaixonado por Helena, casou-se com ela e criou o menino como se fosse seu. É conivente com esse segredo do passado
o filho QUINZINHO (Tony Ramos), um dos gêmeos, rapaz simpático, expansivo, sonhador, de bem com a vida. Não sabe da existência do irmão gêmeo. Bancário, mora com os pais, mas almeja a independência. Quer ser piloto de avião
a filha com Plínio, LIA (Christiane Torloni), bonita, batalha pela independência. Trabalha em um laboratório de análises clínicas, mas logo perde o emprego. É lançada como modelo, no final da trama
a colega de trabalho CORINA (Terezinha Sodré), que aluga um quarto em sua casa. Solteira, namoradeira, um tanto sonsa
a empregada CONCEIÇÃO (Maria Alves), adora os patrões, a quem trata como pais
o namorado de Conceição, ERNESTO (Waldir Santanna), com quem se casa e, ao final, tem uma filha
o chefe na caderneta de poupança OSWALDO (Maurício Nabuco)
o colega de trabalho de Lia, FELIPE (Paulette).
– núcleo de JOAQUIM GAMA, o QUIM (Raul Cortez), enriqueceu por meio de um casamento de interesse, mesmo tendo amado Helena no passado. Com ela, teve os filhos gêmeos, mas apenas um foi reconhecido por si. Convenceu a atual mulher a adotá-lo ainda pequeno, escondendo que era o pai verdadeiro da criança. Apropriou-se de bens deixados pelo pai da esposa ao Dr. Plínio, que nunca soube de sua parte na herança do velho. Morou em Portugal durante muitos anos e, após um enfarte, volta ao Brasil com a família e faz um balanço de sua vida. Está disposto e procurar o gêmeo criado por Helena, para o desespero dela, que teme por sua volta e que segredos do passado venham à tona:
o filho JOÃO VICTOR (Tony Ramos), o outro gêmeo, filho com Helena, criado por ele e sua esposa. O oposto de Quinzinho, é um rapaz sisudo, tímido, formal e responsável. Advogado, trabalha na empresa da família. Logo no início, fica sabendo pela mãe de criação que é adotado. No Brasil, vai buscar suas origens e descobre que tem um irmão gêmeo. É envolvido em várias confusões por causa da semelhança física com o irmão
a mulher MARTA (Tereza Rachel), de família abastada, é fútil, esnobe, arrogante e orgulhosa, porém esconde um lado muito carente. Ama o marido e não perdoa suas infidelidades conjugais. A princípio, desconhece a origem de João Victor: pensa que ele foi abandonado pelos pais verdadeiros antes de ser adotado. Ao descobrir a verdade, revela ao rapaz que ele é adotado
a filha com Marta, DÉBORA (Beth Goulart), moça tímida e introspectiva. No início, não gosta da ideia de deixar Portugal para ir morar no Rio de Janeiro. No Brasil, vai se apaixonar, mas a mãe será contra o namoro porque o rapaz é pobre
o braço-direito nos negócios GUILHERME FONSECA (Cláudio Cavalcanti), homem prático e objetivo, defende seus interesses
o motorista EDMUNDO (Tony Ferreira), eficiente. Ajuda no namoro escondido de Débora, com a conivência do patrão
a empregada MERCEDES (Ana Maria Sagres), também ajuda no namoro de Débora
a secretária em seu escritório ISOLDA (Glória Alves)
a recepcionista SANDRA (Ana Maria Martins), no apart-hotel onde mora João Victor.
– núcleo de LÚCIA (Natália do Valle), jovem médica pediatra. Conhece Quinzinho logo no início, por quem se apaixona, para a desaprovação do pai ciumento. Descobre a verdade sobre os gêmeos, mas ajuda a esconder a farsa. Após a morte do pai, vai lutar contra Quim pela posse dos bens dele:
o pai CAIO FERNANDES (Carlos Zara), mau-caráter, enriqueceu enganando Quim, seu sócio em uma empresa de táxi aéreo. Procurador de Quim enquanto ele viveu em Portugal, tem em suas mãos o documento que comprova que Quim roubou o Dr. Plínio, o qual usa para chantageá-lo. Bon vivant, esportista, vaidoso e mulherengo. Também é dono de uma academia de dança e ginástica. Adora a filha, a quem vigia com certo exagero. Acaba assassinado por um marido traído. Após sua morte, Quim cobra de Lúcia os bens que Caio lhe roubou
o colega de trabalho e ex-namorado MARCELO (Fábio Pillar), tem ciúmes de Quinzinho no início, por ainda ser apaixonado por ela
o copeiro em sua casa GERALDO (Manoel Eliziário)
a secretária em seu consultório CÉLIA (Mônica Schmidt)
JOÃO, marido de uma falecida paciente que morreu no parto. Convida Lúcia para ser madrinha de sua filha recém-nascida.
– núcleo de SILVIA (Fernanda Montenegro), ex-mulher de Caio, mãe de Lúcia. Foi uma atriz de teatro de sucesso, mas aceitou abandonar a carreira em troca de uma boa mesada do ex-marido. Para não ter problemas com Quim, Caio passou todos os seus bens para o nome dela. Mesmo assim, Silvia tem um romance com Quim:
a amiga CARMELA COELHO (Leina Krespi), ex-atriz de teatro de revista, conhecida como CARMEM CARMIM, seu nome artístico. Trabalhou com Sílvia, de quem é a maior admiradora
a secretária e governanta MARGÔ (Marga Abi Ramia), foi sua antiga camareira. Amiga e fiel
o namorado, no início, MIGUEL (Haylton Farias), mais jovem que ela, um tipo folgado e metido a conquistador
o motorista AFONSO (Pedro Cassador).
– núcleo de MIRA (Lídia Brondi), jornalista independente, batalhadora, audaciosa, mas petulante, temperamental, sem papas na língua e com faro para confusão. Amiga de Quinzinho, com quem teve um namoro no passado, vive provocando ciúmes em Lúcia de propósito. Na verdade, ainda é apaixonada por Quinzinho. Descobre o segredo sobre os gêmeos e ameaça publicar a verdade dos fatos, provocando uma briga com Helena, até então amiga de sua família. João Victor apaixona-se por ela e a conquista:
o irmão CAÊ (Lauro Corona), melhor amigo de Quinzinho, com quem trabalha no banco. Apaixonado por velocidade, carros e fortes emoções. Apaixona-se por Débora, mas o namoro é proibido por Marta, que é contra o envolvimento por ele ser pobre
a mãe LETÍCIA (Beatriz Lyra), doceira, mulher simples, abnegada e trabalhadora
o padrasto OTTO (Milton Gonçalves), artesão, mantém uma oficina de consertos de brinquedos e eletrodomésticos para ajudar no orçamento de casa. Homem simples, porém sábio
a vizinha SONINHA (Chris Couto), cuida da banca de revistas do pai. Tem uma queda por Caê e vive brigando com Mira.
– núcleo de SAULO (Reginaldo Faria), médico homeopata, um tipo sossegado, acomodado e sem maiores ambições. Acata o domínio da mãe viúva. Morava em Porto Alegre, mas muda-se para o Rio de Janeiro quando conhece Lia, com quem inicia um romance, a princípio, ameaçado por uma ex-namorada:
a mãe CÂNDIDA (Mírian Pires), mulher exigente, antipática, desagradável e dominadora. Superprotetora, não aprova as suas escolhas amorosas, nem a forma indolente com que leva a vida
a secretária em seu consultório RITA (Lucy Mafra).
– núcleo de DOLORES (Arlete Salles), foi namorada de Saulo em Porto Alegre. Inconstante, tem altos e baixos. Vive às turras com Dona Cândida, que não a suporta. Não aceita ser trocada por Lia. Descobre-se grávida de Saulo e decide morar no Rio de Janeiro para ficar perto dele. Logo muda de personalidade, tornando-se uma mulher mais dócil e tolerante. O sentimento de maternidade a faz aceitar que Saulo não a ama mais:
o ex-marido ANTENOR GOMIDE (Gilberto Martinho), com quem tem uma relação difícil, já que ele a odeia e não facilita a relação dela com a filha dos dois. Recusa-se a dar-lhe o divórcio. Passa por um problema de saúde, o que permite uma aproximação entre ela e sua filha
a filha pré-adolescente CRIS (Monique Curi), a princípio, ignora a mãe por influência do pai. Quando fica com a mãe, torna-se amigável
o irmão SANDRO (Carlos Gregório), sujeito introspectivo, hipocondríaco e depressivo, aluga um quarto na casa de Helena e Plínio. Envolve-se com Corina, mais por insistência dela, porém, a relação não vai longe.
– núcleo de PAULA (Susana Vieira), amiga de Dolores, de Porto Alegre. Deslumbrada, ambiciosa e leviana, seu maior desejo é subir na vida e ter status. Também muda-se para o Rio de Janeiro, para trabalhar na empresa de Quim. Envolve-se com Caio, infiltrada por Guilherme a fim de conseguir provas das tramoias dele. Separa-se do marido e tem um romance com Guilherme
o marido MAURO (Otávio Augusto), alcoólatra, tem ciúme doentio da mulher. Ela se cansa dele e se separa, apesar de morarem no mesmo apartamento, o que o faz beber mais. Cris tem pena dele e fica sua amiga. Trabalha na empresa aérea de Quim, como piloto. No meio da trama, enlouquecido de ciúmes de Caio, joga o seu avião em cima dele e os dois morrem
a empregada FÁTIMA (Dina Flores), simpática e prestativa.
– núcleo da academia de Caio:
a professora de dança JOANA (Betty Faria), ama seu ofício acima de tudo. Bonita e atraente, é alvo das atenções de Caio e Quim. Não consegue se apegar emocionalmente a nenhum homem, já que preza sua independência, inclusive afetiva. Mesmo assim, acaba namorando João Victor, seu vizinho no apart-hotel onde mora. Esconde um segredo revelado no final: paga o tratamento do ex-marido, internado em uma clínica com uma doença grave. Ele acaba morrendo
a administradora ZU (Maria Helena Pader), que faz tudo para agradar Caio e conseguir uma promoção. Mulher firme, mas amarga, não muito feminina, antipatizada por todos na academia
a zeladora ONDINA (Lady Francisco), cuida também da lanchonete onde os alunos se reúnem. Mora com a filha adolescente em um pequeno aposento nos fundos da academia. Expansiva, romântica e sonhadora, envolve-se com Edmundo
a filha de Ondina, BEBEL (Suzana Queiroz), ajuda a mãe na cantina. Garota meio inconsequente. No início, tem uma paixonite por Caê, causando algumas confusões
a aluna LAURINHA (Alcione Mazzeo), amiga de Lúcia, vive com problemas financeiros, já que gasta mais do que tem. Vai trabalhar como atendente na recepção da academia
o professor OSCAR (Marcos Alvisi), por quem Laurinha nutre uma forte antipatia. Um tipo metido e autoritário
o publicitário WANDERLEY (Jorge Botelho), faz uma campanha para a academia. Fotógrafo, lança Lia como modelo, no final
a atendente na cantina RUTH (Adelaide Conceição)
o recepcionista ALCEU.
– núcleo de IVETE (Cláudia Costa), ou melhor, LEILOCA, seu apelido, em referência a uma das integrantes do conjunto musical As Frenéticas. A mais gorda das alunas da academia. Simpática, falastrona, de bem com a vida e amiga de todos. É convidada por Wanderley a posar para um ensaio fotográfico:
os tios: ÁLVARO (Jonas Mello), adepto da alimentação natural, abre um restaurante do gênero, em sociedade com Caio. Intransigente com os maus hábitos de saúde dos que o cercam,
e ROSA (Suely Franco), luta contra o controle e os exageros do marido. Fuma escondida dele
as primas FAUNA (Fernanda Torres) e FLORA (Narjara Turetta), surgem no meio da trama, vão morar com os pais quando eles já estão estabelecidos no Rio. Ajudam no restaurante dos pais. Amigas do pessoal da academia.
Crônica de costumes
A primeira novela solo de Manoel Carlos no horário nobre da Globo. O autor vinha de dois sucessos às 18 horas, Maria Maria e A Sucessora (entre 1978 e 1979), e da colaboração a Gilberto Braga em Água Viva (em 1980). Também fez parte da equipe de roteiristas do seriado Malu Mulher (entre 1979 e 1980).
Depois da soturna e melodramática Coração Alado, a Globo apostava novamente na estética e estilo de Água Viva, com uma atração solar, realista, propondo uma crônica de costumes do início dos anos 1980. Com o texto sofisticado de Manoel Carlos, Baila Comigo tornou-se um dos maiores sucessos da televisão em 1981.
O roteiro inicial pressupunha que viria pela frente um impiedoso folhetim. Um engano! A novela surpreendeu a todos com o requintado e belo discurso de Manoel Carlos sobre o relacionamento das pessoas em diversos níveis. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
Encontro dos gêmeos
Um grande momento na trama de Baila Comigo aconteceu quando Helena (Lílian Lemmertz) revelou toda a verdade ao filho Quinzinho (Tony Ramos): que Plínio (Fernando Torres) era o seu pai de criação, que Quim (Raul Cortez) era o seu pai biológico e que João Victor (Tony Ramos) era seu irmão gêmeo. A sequência, de grande carga dramática, foi exibida entre os capítulos 141 e 142, no ar na segunda e terça-feira dos dias 31/08 e 01/09/1981.
Em seguida, ocorreu o momento mais aguardado da novela: o encontro dos gêmeos Quinzinho e João Victor, que não se conheciam, depois de vários desencontros durante toda a trama. Os irmãos se viram pela primeira vez no final (como gancho) do capítulo 146 (a 17 do término da novela), exibido em 05/09/1981. O desenrolar do encontro, que ocorreu no capítulo seguinte (o 147), foi ao ar na segunda-feira do feriado de Sete de Setembro.
Para gravar a sequência, o vídeo foi dividido em duas partes, metade para as cenas de Quinzinho e metade para as de João Victor. Enquanto o primeiro falava, com o suporte de um dublê (Victor Lopes), só a sua metade ficava descoberta. A outra parte só se abria quando era a vez de João Victor. Gravada a sequência, juntavam-se as partes e o público assistia à interação entre os irmãos. (*)
Tony Ramos recebeu aplausos da crítica pelo desafio de fazer o duplo papel dos gêmeos, recorrendo apenas à caracterização e a recursos técnicos de voz, postura corporal e respiração para viver personalidades tão diversas. Sobre sua interpretação, o ator comentou em entrevista ao jornal O Globo, publicada em 05/04/1981 (TV Pesquisa PUC-Rio):
“Quando vou interpretar o Quinzinho, me preparo fazendo ginástica, dando uma corrida. Procuro me exercitar ao nível físico, até transpirar um pouco. Busco seu clima caloroso conversando com os colegas, contando piadas, essas coisas. Na hora do João Victor, faço o exercício de forma inversa. Procuro ficar sozinho num canto, me recolho. Busco uma postura mais reservada, um temperamento mais fechado, contido.”
A APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) elegeu Tony Ramos e Fernando Torres os melhores atores da televisão em 1981 (juntamente a Rubens de Falco, pela novela Os Imigrantes, da TV Bandeirantes).
Lílian Lemmertz foi eleita a melhor atriz (juntamente com Fernanda Montenegro, por seu trabalho em Brilhante, Yoná Magalhães, por Os Imigrantes, e Kate Hansen, por sua atuação nos telerromances da TV Cultura).
Tony Ramos foi ainda premiado com o Troféu Imprensa de melhor ator de 1981.
Elenco
Estreia na Globo da atriz Lílian Lemmertz.
Primeira novela na Globo de Fernanda Montenegro, que havia atuado uma única vez na emissora, no Caso Especial Medeia, em 1973.
Primeira novela na Globo, como ator, de Fernando Torres, que já havia trabalhado na emissora como diretor, no início da década de 1970.
Primeira novela dos atores Fernanda Torres, Cláudia Costa, Marcus Alvisi e Fábio Pillar.
Destaque também para o casal Plínio e Helena, interpretado com sensibilidade por Fernando Torres e Lílian Lemmertz.
A atriz viveu a primeira da série de Helenas perpetuadas por Manoel Carlos em seus trabalhos posteriores. Curiosamente, a última das Helenas de Maneco foi vivida por Júlia Lemmertz, filha de Lílian, 33 anos depois, na novela Em Família (2014).
Fernanda Montenegro fora inicialmente convidada pelo autor para viver o papel de Helena. Contudo, a direção preferiu escalar Lílian Lemmertz para interpretar a personagem. Em função disso, Manoel Carlos criou uma personagem especial para Fernanda: a atriz Silvia Toledo.
Manoel Carlos tem uma outra versão dessa história. Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” (de André Bernardo e Cíntia Lopes), ele afirmou que a personagem Silvia Toledo já existia e que Fernanda preferiu abrir mão da protagonista para viver a coadjuvante, e que, só depois, Lílian Lemmertz foi convidada.
De qualquer maneira, Fernanda Montenegro saiu pouco antes do término de Baila Comigo, pois fora escalada para a novela substituta no horário, Brilhante, de Gilberto Braga, na qual interpretou a vilã Chica Newman.
Primeira novela de Fernanda Torres, ainda que sua participação tenha sido pequena. A atriz não contracenou com seus pais – Fernando Torres e Fernanda Montenegro -, que atuavam em núcleos diferentes. Fernanda Torres também saiu antes do fim porque fora escalada para Brilhante, na qual viveu Marília, neta de Chica Newman (sua mãe Fernanda Montenegro).
Assim como o autor lançou em Baila Comigo a sua primeira Helena, também deu início com esta novela a um perfil de personagem recorrente em sua obra: a garota sem papas na língua, inconveniente, inconsequente, voluntariosa, mimada ou egoísta. Mira Maia, vivida por Lídia Brondi, é a precursora de Joice (Carla Marins) de História de Amor, Laura (Vivianne Pasmanter) de Por Amor, Íris (Deborah Secco) de Laços de Família, Dóris (Regiane Alves) de Mulheres Apaixonadas e Isabel (Adriana Birolli) de Viver a Vida.
A princípio, Christiane Torloni interpretaria Mira Maia. Na visão de Manoel Carlos, a atriz tinha charme e personalidade para a personagem. No meio do caminho aconteceu a troca: Torloni ficou com Lia, irmã de Quinzinho, enquanto a atrevida Mira Maia foi repassada a Lídia Brondi. (O Globo, 08/01/1981, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Reginaldo Faria, intérprete do médico homeopata Saulo Martins, lembra que buscou a assessoria de uma médica para viver seu personagem. O ator passou a fazer tratamento homeopático por causa do papel. (*)
Da mesma forma, a procura pela Medicina Homeopática cresceu entre o público com a divulgação na novela.
No entanto, o personagem Saulo, sem maiores funções na trama de Baila Comigo, se esvaía a cada leva de capítulos e aborreceu seu intérprete. Em entrevista à revista Sétimo Céu, em maio de 1982, Reginaldo Faria desabafou:
“Não tive uma boa atuação nem o reconhecimento esperado pelo meu trabalho e minha capacidade como ator. E, para mim, acima do dinheiro, está a minha satisfação com o trabalho. Não é interessante fazer um trabalho com má vontade, mas sim vibrar dentro dele.”
Embora Reginaldo Faria tivesse seu nome creditado por primeiro na abertura da novela, seu personagem não passava de um mero coadjuvante. Incomodava o ator seu nome abrir os créditos em vez de Tony Ramos, o legítimo merecedor da primazia, cujo nome vinha em segundo lugar. Reginaldo chegou a reclamar diretamente com Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, superintendente da Globo na época), sugerindo inclusive que seu nome fosse para um setor dos créditos como “participações especiais” ou coisa do tipo, se a intenção da emissora era destacá-lo. Mas nada feito. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)
No capítulo 41, Reginaldo Faria contracenou rapidamente com seu filho Marcelo (então com 9 anos), que futuramente se tornou ator. Na cena, o garoto jogava futebol no parquinho com amigos quando o personagem de Reginaldo leva acidentalmente uma bolada.
O personagem Guilherme Fonseca foi desenvolvido de maneira bastante diferente do que previa a sinopse original da novela e do que foi proposto ao ator Cláudio Cavalcanti, seu intérprete. Conforme o inicialmente planejado, Guilherme se aliaria à vilã Marta (Tereza Rachel) em uma vingança pessoal contra Quim (Raul Cortez), já que este abandonaria a mulher para unir-se a Helena (Lílian Lemmertz), que ficaria viúva de Plínio (Fernando Torres). Porém, o público não gostou de saber da morte de Plínio, um dos personagens mais queridos da novela, e a reação fez com que o autor o mantivesse vivo durante toda a trama. Isso desviou a rota do personagem Guilherme, que ficou sem função na história, desagradando Cláudio Cavalcanti. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)
A relação entre o negro Otto (Milton Gonçalves) e a branca Letícia (Beatriz Lyra) chamou a atenção para o problema do preconceito racial. Após a exibição da cena de um beijo entre os dois personagens, a atriz chegou a ser hostilizada na rua. (*)
Troca-troca de atores
Houve um impasse para a escalação do ator que viveria Joaquim Gama, o Quim, pai dos gêmeos protagonistas. A princípio, o papel esteve na mira de Juca de Oliveira e Lima Duarte (O Globo, 08/01/1981), mas optou-se por Ivan Mesquita.
Na mesma época da escalação de Baila Comigo, entrou em produção a próxima novela das sete, O Amor é Nosso! Aconteceu então um troca-troca entre as novelas.
Ivan Mesquita, da novela das oito, foi trocado com Carlos Zara, da novela das sete. Raul Cortez, inicialmente escalado para o personagem Caio Fernandes em Baila Comigo, ficou com Quim, enquanto Zara entrou em seu lugar no papel de Caio. Mais adiante, com a morte de Caio na trama, Carlos Zara voltou a O Amor é Nosso!, não como ator, mas como diretor. (O Globo, 27/02/1981)
Apesar de Ivan Mesquita não ter ficado com Quim, uma foto do ator, caracterizado como o personagem, apareceu em uma chamada de estreia de Baila Comigo. A cena, em que João Victor tira um retrato de seu pai da parede, foi refeita, com a foto de Raul Cortez, e exibida no primeiro capítulo da novela. (Pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Censura
A censura do Governo Federal prejudicou o bom andamento da novela. Várias foram as intervenções de Manoel Carlos para adequar o texto ao gosto do pessoal de Brasília.
Um dos bons temas inicialmente abordados na trama sumiu sem mais nem menos: os problemas ligados ao sexo na maturidade, discutidos pelo casal Helena e Plínio (Lílian Lemmertz e Fernando Torres).
Em entrevista, o autor queixou-se citando outras interferências dos censores:
“O maior problema com a novela é a censura, que cortou todo o relacionamento dos personagens interpretados por Raul Cortez e Fernanda Montenegro, absolutamente necessários ao seguimento da história. Também impediu o tiro levado pelo personagem do Carlos Zara. Deixa que um marido seja enganado durante 60 capítulos mas corta sua vingança obrigando um salto no enredo que se tomou quase incompreensível para o público.” (Jornal do Brasil, 05/07/1981, TV Pesquisa PUC-Rio)
A cena em que Mauro (Otávio Augusto) atira em Caio (Carlos Zara) e atinge sua mão foi gravada, mas não foi exibida. No ar (no capítulo 70, exibido em 06/06/1981), a sequência ficou truncada e quase incompreensível.
Os personagens Mauro e Caio protagonizaram em Baila Comigo uma das sequências mais originais de nossa Teledramaturgia: louco de ciúme, o piloto Mauro comete suicídio ao lançar seu avião sobre Caio, liquidando assim seu desafeto (capítulo 107).
Primeiro capítulo reeditado
Por pouco, Baila Comigo não estreou no dia previsto (16/03/1981), apesar das chamadas no ar. Na noite anterior (domingo), como habitualmente acontecia em todos os lançamentos, Boni foi assistir ao primeiro capítulo editado e finalizado. Era o que ia ao ar. Tinha ao seu lado, na ilha de edição, Mário Lúcio Vaz e os diretores da novela Roberto Talma e Paulo Ubiratan. Logo ao apertar o play, Boni foi se transformando. Ficou em silêncio, sem nenhuma reação, até o momento em que explodiu: “Isto aqui está uma merda! Sem ritmo nenhum. Tem que editar tudo de novo.”
Mário Lúcio ainda tentou argumentar, mas não houve jeito. Talma e Ubiratan se trancaram na ilha de edição, viraram a noite e só no fim da tarde conseguiram ir embora. No dia seguinte ao da estreia, os dois receberam em casa flores, vinhos da melhor qualidade e bombons. E um bilhetinho curto e objetivo: “Obrigado. Boni.”
(“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)
Academia de dança
A produção exigiu a montagem de uma academia completa – a academia de dança e ginástica de Caio (Carlos Zara) – cenário que ocupou 300 metros quadrados, a maior parte dos estúdios da novela.
A personagem Joana Lobato, vivida pela atriz e bailarina Betty Faria, não tinha maior função em Baila Comigo a não ser divulgar a dança moderna.
A novela vinha no rastro da onda fitness, que espalhou academias de ginástica mundo afora, e do sucesso no Brasil do filme Fama, de Alan Parker (1980). Daí se justificava a academia de dança como pano de fundo e cenário de Baila Comigo.
Em consequência, a moda dos bailarinos do filme se popularizou no Brasil por meio da novela, com as polainas de lã e collants usados por Betty Faria e os dançarinos na trama.
Também caíram no gosto do público as faixas ou lenços torcidos na testa, como os usados por jogadores de tênis – para elas e para eles, pois tanto Betty quanto Lauro Corona usaram o acessório na novela.
Locações e cenografia
Os primeiros capítulos tiveram cenas gravadas no Rio Grande do Sul, já que em Porto Alegre ficava um dos núcleos da trama.
Uma equipe foi a Portugal rodar sequências com os atores Tony Ramos, Raul Cortez, Beth Goulart, Cláudio Cavalcanti, Susana Vieira e Otávio Augusto. Durante quatro dias, foram realizadas gravações em lugares como a Alameda D. Afonso Henriques, as imediações do Castelo de São Jorge e o Hotel Ritz, próximo à Praça Marquês de Pombal, em Lisboa, e o Cassino Estoril e o Mosteiro da Batalha. (Site Brinca Brincando)
Perto do fim da novela, uma equipe foi a Veneza, na Itália, e Atenas, na Grécia, gravar cenas da viagem de Quim (Raul Cortez), Débora (Beth Goulart) e Caê (Lauro Corona).
Manoel Carlos criou duas personagens — as irmãs Fauna e Flora — que deveriam aparecer, no máximo, a partir do trigésimo capítulo da novela. Os nomes de suas intérpretes, Fernanda Torres e Narjara Turetta, foram creditados na abertura desde o início. No entanto, só foram aparecer em Baila Comigo no capítulo 92. A razão: a Globo não tinha meios de realizar mais cenários para a novela (a casa e o restaurante de comida natural da família França) e o autor teve que aguardar até que isso pudesse acontecer. (Revista Cláudia ou Revista Nova, agosto de 1981, extrato do blog “Porcos, Elefantes e Doninhas”)
Abertura e trilha sonora
O primeiro título pensado por Manoel Carlos para sua novela foi Quadrilha, uma referência ao famoso poema de Carlos Drummond de Andrade que canta o amor em cadeia: “João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim…”. O poema chegou a ser citado na novela pelo personagem Plínio (Fernando Torres).
Para o título definitivo foi escolhida a música “Baila Comigo”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho, do disco de 1980. Porém, a gravação suave de Rita não serviu para ilustrar a abertura, na qual o bailarino Lennie Dale (um dos fundadores do Dzi Croquettes) comandava uma ágil coreografia. A solução para manter a música (e, consequentemente o título) foi encomendar aos arranjadores Robson Jorge e Lincoln Olivetti uma versão instrumental mais frenética, com base eletrônica, a qual embalou a abertura. (“Teletema, a História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”, Guilherme Bryan e Vicent Villari)
Além de aparecer na abertura, Lennie Dale também gravou uma pequena participação, no cortejo fúnebre do personagem Caio, ao lado de Betty Faria, sua amiga na vida real. Do grupo Dzi Croquettes, o bailarino Paulo Bacellar, o Paulette, participou da novela como ator, em um pequeno papel, Felipe, colega de trabalho de Lia (Christiane Torloni), que invariavelmente aparecia dançando na academia de dança.
O cantor Cauby Peixoto gravou uma participação em Baila Comigo, cantando a música “Loucura” – da trilha da novela, tema do personagem Mauro (Otávio Augusto) – em uma boate, quando Mauro afoga suas mágoas e dança com uma desconhecida (participação de Joana Fomm).
O LP com a trilha nacional (com a foto de Betty Faria na capa) trazia de brinde um pôster do ator Tony Ramos, que, na novela, vivia os gêmeos protagonistas.
Em 2001, a Som Livre relançou a trilha sonora nacional de Baila Comigo, em CD, na coleção “Campeões de Audiência”, 20 trilhas nacionais de novelas campeãs de vendagem nunca antes lançadas em CD (títulos até 1988, pois no ano seguinte foram lançados os primeiros CDs de novelas).
Capa capciosa
A capa do LP internacional de Baila Comigo foi ilustrada com uma foto romântica de Reginaldo Faria e Natália do Valle, abraçados, de roupa branca sobre um fundo branco – foto claramente inspirada na contracapa do álbum “Guilty“, de Barbra Streisand, lançado em 1980, com uma foto da artista abraçada ao cantor Barry Gibb (dos Bee Gees).
Sobre Reginaldo e Natália na capa do disco, estava inicialmente previsto que seus personagens Saulo e Lúcia formassem um par romântico na trama, o que acabou não acontecendo por causa das várias mudanças de rumo que o autor Manoel Carlos se viu obrigado a administrar. Soou estranho a foto do disco confrontada com o que se viu na novela, uma vez que Saulo apenas demonstrou um leve interesse sobre Lúcia, que, por sua vez, nunca correspondeu a ele.
Para justificar a capa do LP, o autor, no final da novela, escreveu uma cena em que Saulo se declara a Lúcia. E ficou por isso mesmo, já que ela amava Quinzinho (Tony Ramos).
Sucedida por um fracasso
Baila Comigo, um sucesso popular, foi sucedida por Brilhante, de Gilberto Braga, que sofreu forte rejeição em seu início e demorou para engrenar. Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” (de André Bernardo e Cíntia Lopes), Gilberto contou uma passagem curiosa dessa fase de Brilhante, quando resolveu um dia ir à praia para espairecer:
“Eu estava na praia, deprimido de chorar, quando encontrei uma amiga minha que me disse assim: ‘Ah Gilberto, a sua novela foi maravilhosa!’
Não satisfeita, ainda me apresentou à amiga: ‘Fulana, esse é o Gilberto Braga, meu amigo. É ele quem escreve as melhores novelas da Globo.’
‘Gilberto,’ ela continuou, ‘nessa última você se superou hein!’
Quando ela falou isso, pensei: ‘Caramba! Ela está pensando que eu fiz Baila Comigo.’
Daí a pouco, ela dispara: ‘Já essa que estreou agora, francamente… Nós até desligamos!'” – referindo-se a Brilhante.
Exibições
Baila Comigo foi a primeira novela brasileira apresentada na França (com o título Danse Avec Moi). Compactada em 55 capítulos, lá estreou em outubro de 1984, no canal TF-1, com boa audiência. Além disso foi vendida para mais de 30 países.
No Brasil, Baila Comigo foi reprisada uma única vez, 37 anos depois de sua exibição original: no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo), entre 20/08/2018 e 27/02/2019, às 14h30 (com reprise à 0h45).
Na apresentação original, em 1981, a novela ficou sem exibição de capítulo inédito em duas ocasiões. O capítulo 108, que deveria ter ido ao ar no dia 21/07/1981, uma terça-feira, foi exibido no dia seguinte, quarta – provavelmente porque a Globo decidiu reprisar na terça o capítulo de segunda, o 107, no qual o personagem Caio (Carlos Zara) é morto, dando início a um nova fase da trama.
E o capítulo 138, que deveria ter ido ao ar no dia 26/08/1981, uma quarta-feira, foi exibido no dia seguinte, quinta, porque na quarta a Globo exibiu no horário uma partida de futebol entre as seleções do Brasil e Chile.
Por causa desses dois dias sem a exibição da novela (em 1981), a reprise de Baila Comigo no canal Viva terminou dois dias antes, em uma quarta-feira, em vez de sexta, como na apresentação original. (pesquisa: Rodrigo Nunes da Mota)
Baila Comigo foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 28/08/2023.
(*) Site Memória Globo.
Trilha sonora nacional
01. O LADO QUENTE DO SER – Maria Bethânia (tema de Lúcia)
02. DEIXA CHOVER – Guilherme Arantes (tema de Joana)
03. LUA E ESTRELA – Caetano Veloso (tema de Mira)
04. CORAÇÕES A MIL – Marina (tema de Caê)
05. LOUCURA – Cauby Peixoto (tema de Mauro)
06. PANO DE FUNDO – Fafá de Belém (tema de Silvia)
07. BAILA COMIGO – Robson Jorge e Lincoln Olivetti (tema de abertura)
08. VIAJANTE – Ney Matogrosso (tema de João Victor)
09. VIDA – Beth Goulart (tema de Helena)
10. BICHO NO CIO – Marcos Valle (tema de Saulo)
11. RIO SINAL VERDE – Júnior Mendes (tema de Quinzinho)
12. VIRA VIROU – Kleiton e Kledir (tema de João Victor)
13. RAPTE-ME CAMALEOA – Naila Skorpio (tema de Zu)
Sonoplastia: Antônio Faya e Guerra Peixe Filho
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider
Trilha sonora internacional
01. WITHOUT YOUR LOVE – Roger Daltrey (tema de Joana)
02. 9 TO 5 – Dolly Parton
03. LIVING INSIDE MYSELF – Gino Vannelli (tema de Débora e Caê)
04. CRYING – Don McLean (tema de Helena e Plínio)
05. EXPLOSION – I. C. Bell
06. ANGEL OF MINE – Frank Duval
07. AS TIME GOES BY – George Reagan Orchestra (tema de Silvia e Quim)
08. REALITY – Richard Sanderson (tema de João Victor, depois tema de João Victor e Mira)
09. SANTA MARIA – Newton Family
10. TIME – The Alan Parsons Project (tema de Mira pensando em Quinzinho, depois tema de Quinzinho e Lúcia)
11. LET’S HANG ON – Salazar
12. COME BACK TO ME – Leslie, Kelly & John Ford Coley (tema de Saulo com Lia e Dolores)
13. WHAT’S IN A KISS – Gilbert O’Sullivan
14. LOSING SLEEP OVER YOU – Patrick Hernandez
Ainda
ELEGIE – Jean-Pierre Posit (nos momentos de reflexão da Helena e Plínio)
FAME – Irene Cara (nas aulas da academia de dança)
MAGIE D´AMOUR – Jean Pierre Posit (tema do primeiro encontro dos gêmeos e das cenas mais emocionantes) – música da visita do Papa João Paulo II ao Brasil, em 1980
O CISNE – Saint-Saens (tema de Marta)
QUE C´EST TRISTE VENISE – Charles Aznavour (na viagem de Quim e Débora a Veneza)
SAY THAT YOU WILL – George Duke
THIS MASQUERADE – George Benson
Trilha sonora complementar: temas instrumentais de Robson Jorge e Lincoln Olivetti
01. BAILA COMIGO e FESTA BRABA
02. GINGA
03. ALELUIA
04. ALEGRIAS
Tema de abertura: BAILA COMIGO – Robson Jorge e Lincoln Olivetti
(versão instrumental da música de Rita Lee e Roberto de Carvalho)
Se Deus quiser
Um dia eu quero ser índio
Viver pelado, pintado de verde
Num eterno domingo
Ser um bicho preguiça
Espantar turista
E tomar banho de sol
Banho de sol! Banho de sol! Sol!…
Se Deus quiser
Um dia acabo voando
Tão banal assim como um pardal
Meio de contrabando
Desviar do estilingue
Deixar que me xingue
E tomar banho de sol
Banho de sol! Banho de sol! Banho de sol!…
Baila comigo!
Como se baila na tribo
Baila comigo!
Lá no meu esconderijo
Ai! Ai! Ai!
Baila comigo! (ah! ah! uh! uh!)
Como se baila na tribo
Oh! Oh! Baila ba, ba, baila comigo!
Lá no meu esconderijo…
Se Deus quiser
Um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim
Ah! Eu fico contente
E na primavera
Vou brotar na terra
E tomar banho de sol
Banho de sol! Banho de sol! Sol!…
Se Deus quiser
Um dia eu morro bem velha
Na hora “H” quando a bomba estourar
Quero ver da janela
E entrar no pacote
De camarote…
E tomar banho de sol
Banho de sol! Banho de sol! Sol!…
Baila comigo!
Como se baila na tribo
Uh! Uh! Uh! Baila ba, ba, baila comigo!
Lá no meu esconderijo
Ai! Ai! Ai!…
No capítulo 64 tem um diálogo de 20 minutos entre Lilian Lemertz e Tony Ramos que é chatíssimo. A novela enrola bastante lá pelos capítulos 60 e 80.Mas a trilha sonora internacional é uma coisa linda…
Pensa numa novela ruim! Viver a Vida e Em Família conseguem ser mais assistíveis que Baila Comigo. Cenas longas com diálogos banais, resumindo: uma enrolação total até o encontro dos gêmeos. Inúmeros atores desperdiçados como Betty Faria, Reginaldo Faria, Arlete Sales, Susana Vieira, Cláudio Cavalcanti, Otávio Augusto, entre outros.