Sinopse
Juba e Lula são amigos surfistas, amantes também de outros esportes radicais, como voo livre, caça submarina e motocross. A profissão da dupla é uma versão moderna do famoso “viver de bicos”: armações em geral. Eles tem uma empresa de prestação de serviços, a Armação Ilimitada. Com ela, realizam trabalhos em terra, céu e mar.
Os dois dividem um apartamento com Zelda Scott, jornalista que tem Ronalda Cristina como melhor amiga e um neurótico como chefe, o editor do jornal Correio do Crepúsculo, que a encarrega das mais mirabolantes reportagens. Zelda, filha de exilados políticos e tiete de Simone de Beauvoir, namora Juba e Lula ao mesmo tempo. Os rapazes são apaixonados por ela, que não consegue decidir com qual deles prefere ficar.
Para completar, chega ao apartamento o garoto Bacana, um menino órfão que passa a viver com eles. Bacana é o secretário da firma de armações dos surfistas e “a pessoa mais coerente” lá dentro. Juntos eles formam uma pequena família e se metem em uma série de confusões, lutando para resolver seus problemas financeiros e de relacionamento.
KADU MOLITERNO – Juba
ANDRÉ DE BIASI – Lula
ANDRÉA BELTRÃO – Zelda Scott
JONAS TORRES – Bacana
CATARINA ABDALLA – Ronalda Cristina
FRANCISCO MILANI – Chefe
NARA GIL – Black Boy
1988
PALOMA DUARTE
CAIO JUNQUEIRA
MARCELO DOS SANTOS
CARLOS BODIM
1985
– um triângulo de bermudas – com Paulo José, Jorge Fernando e Cláudia Jimenez
– vida de tiete – com Miguel Falabella, Scarleth Moon, Mônica Torres e Rosita Tomaz Lopes
– se a canoa não virar – com Maurício Mattar, Paulo José e Paulo César Pereio
– o prefeitável – com Luiz Fernando Guimarães, Chico Anysio e Oswaldo Loureiro
– o corcel malhadão – com Gracindo Jr., Pedro Cardoso, Ângela Figueiredo e Antônio Pedro
– nas malhas da rede – com Carla Camuratti, Patrícia Travassos, Tânia Bôscoli, Bia Nunnes e Os Trapalhões
– o caso júnior filho – com Mário Lago, Jorge Fernando, André Valli, Zezé Macedo e Wilson Grey
– o melhor de todos – com Lucélia Santos e Luiz Fernando Guimarães
1986
– o surfista e o milionário – com Paulo Villaça
– a bruxa – com Patrícia Travassos
– uma dupla do peru – com Luiz Fernando Guimarães e Evandro Mesquita
– os olhos de zelda scott – com Louise Cardoso, Diogo Vilela e Denise Bandeira
– jambo para matar – com Marcelo Ibrahim
– o canto da sereia – com Bianca Byington, Jacqueline Laurence e Cláudia Raia
– meu amigo mignum – com Sérgio Mamberti
– é o fim do mundo – com Felipe Pinheiro
– a outra (26/09) – com Tânia Alves e Chico Diaz
– muito além da armação (17/10) – com Luís Carlos Arutin
– contatos imediatos do 4º grau (14/11) – com Christiane Torloni e Sandra Sá
– o fantasma do rock (28/11) – com Miguel Falabella e Regina Casé
– jararaca, o cabra (05/12) – com Zezé Motta e Maurício do Valle
– perdidos na selva (19/12) – com Evandro Mesquita e Débora Bloch
1987
– verão 87 – com Selma Egrei, Paulo César Grande, Patrícia Pillar e Raul Gazola
– a dama de couro – com Débora Bloch, Paulo César Pereio e Lúcio Mauro
– sua majestade, o neném – com Thereza Mascarenhas, Miguel Magno e Magda Cotrofe
– drácula não morreu – com Paulo Villaça, Luiza Tomé, Analu Prestes e Henriqueta Brieba
– um programa de índio – com Paulo José e Jorge Dória
– o homem invisível – com Vicente Pereira, Jorge Dória e Domingos de Oliveira
– jeca tatu, cotia não – com Evandro Mesquita, Ary Fontoura, Fernanda Abreu e Jorge Fernando
– o menino que virou lama – com Rúbens Araújo, Caio Junqueira e Jacqueline Laurence
– o pai do bacana – com Daniel Filho, Marieta Severo e Selma Egrei
– uma armação nas estrelas – com Zezé Motta e Léo Jaime
– quando as máquinas piram – com Wilson Grey, Carlos Takeshi e Zezé Macedo
– o poderoso sultão – com Pedro Paulo Rangel, Marco Nanini e Stela Freitas
1988
– 007 contra dr. fantástico – com Ítalo Rossi e Carla Camuratti
– o cavalo branco de napoleão – com Antônio Pedro
– bacana a alegria do povo – com Patrícia Travassos
– hoje é dia de rock – com Maria Gladys, Paralamas do Sucesso, Ultraje à Rigor e Fundo de Quintal
– totalmente demais – com Paulo César Pereio, Evandro Mesquita e Luiza Tomé
– a maior onda
Programa jovem
Série de grande sucesso que marcou a televisão brasileira. O público alvo era o jovem, retratando histórias ao estilo videoclipe, com cenas rápidas e soltas em tramas de aventura em um ritmo frenético e bem-humorado. Uma fórmula que misturava música, videoclipe, ação e esporte, já era usada em publicidade na televisão.
A ideia era fazer um programa jovem, com a fórmula “surfe, gatinhas e aventura”, já aprovada no cinema em filmes como Menino do Rio (1982) e Garota Dourada (1984), ambos de Antônio Calmon. Este participou da criação e roteirização de Armação Ilimitada, juntamente com Nelson Motta, Euclydes Marinho e Patrícia Travassos. Foi o primeiro trabalho de Calmon na televisão.
O humor, a anarquia e as gags já eram uma tendência explorada pelo diretor Guel Arraes nas novelas Guerra dos Sexos (1983) e Vereda Tropical (1984). A comédia nonsense de Armação Ilimitada foi o embrião do humorístico TV Pirata, lançado por Guel em 1988.
No primeiro ano de produção, a série ganhou o Prêmio Ondas, concedido pela Sociedade Espanhola de Rádio e Televisão de Barcelona. Armação Ilimitada foi considerado “o programa jovem mais estimulante” da mostra.
Criação, roteirização e direção
Daniel Filho mencionou em seu livro “O Circo Eletrônico”:
“Numa conversa para decidir o título, com o Euclydes (Marinho) e o Nelsinho (Motta), comentei que a história falava de ar, de mar e de ação, além de apontar para a gíria da época: era uma grande armação – e uma armação absolutamente ilimitada, arrematou Nelsinho. Estava batizado o Armação Ilimitada.”
Sobre a criação da Armação Ilimitada, o roteirista Euclydes Marinho revelou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:
“Há várias versões, eu vou dar a minha. A origem foi o chamado Projeto Surfe, que o Kadu Moliterno e o André de Biasi, os atores surfistas, apresentaram ao Boni. Os dois queriam ser heróis, queriam ser meio James Bond, surfistas que solucionavam problemas e crimes. O Boni comprou a ideia deles e mandou o Daniel Filho desenvolvê-la. Daniel então montou uma equipe (…) Mas o Daniel não gostou muito do resultado e mandou me chamar (…) me deu carta branca para montar uma outra equipe e eu chamei o Antônio Calmon, que entrou na Globo nesse momento, a Patrícia Travassos e o Nelson Motta. (…) Só que criamos uma outra coisa que ia muito além do universo dos surfistas. O André e o Kadu, inclusive, não gostaram muito no início, não acharam graça, porque havia muita brincadeira, muita piada, muitas inovações na linguagem narrativa.”
Euclydes também falou sobre a entrada de Guel Arraes: “O projeto tinha um diretor escalado: Marcos Paulo. Quando fizemos a leitura do primeiro episódio, ele terminou com cara de quem não tinha gostado. O Marcos não havia achado a menor graça em nenhuma piada. (…) fui procurar o Daniel e ele perguntou se eu tinha algum nome para sugerir. Na época, o Guel Arraes dirigia novelas (…) Falei para o Daniel: ‘Li um roteiro do Guel que parece com o que vamos fazer’. Quando o Daniel chamou o Guel, ele não quis participar, falou que faria apenas o primeiro episódio. Ele foi quebrar um galho, mas acabou ficando, e Armação virou um programa de Guel Arraes. Foi em Armação que, de diretor de novelas, ele se transformou no Guel Arraes que conhecemos. Foi depois dali que desenvolveu seus projetos. (…) Apesar da má vontade inicial, quando o Guel percebeu que ali ele poderia dar vazão à sua criatividade, ele contribuiu muito para o sucesso de Armação.”
Guel Arraes trouxe para o programa alguns elementos do cinema europeu: elenco e equipe pequenas, um grupo fixo de criação e uma saudável discussão entre autores, produtores e atores. Guel também foi responsável por algo então inédito na Globo: Armação Ilimitada era gravada com apenas uma câmera. Além disso, o diretor era apaixonado por trucagens, como balões de histórias em quadrinho que eventualmente apareciam na telinha:
“A televisão sempre teve um pouco de pudor de usar os truques que o cinema usa há muito tempo. Armação tem um pouco do cinema mudo; muita ação e pouca psicologia. O programa tem um pouco de tudo. E isso assusta, porque as pessoas não estão acostumadas a essa mistura de gêneros”, explicou Guel.
E Antônio Calmon: “Armação desmonta a linguagem na TV. A própria ação é criticada. O que é uma velha tendência de escracho que começou com a chanchada. Armação não tem nenhum dogma, é um programa que a gente faz ludicamente.”
Patrícia Travassos, da equipe de criação, comentou:
“Nós temos a preocupação de nunca deixar ninguém sentar no sofá. Colocamos ação o tempo todo (…) O programa não tem o blá-blá-blá das novelas.”
E ainda: “Tínhamos medo que ficasse um programito”. Ela explicou que a Armação Ilimitada descobriu o new-cliché:
“A gente pega o clichezão e faz o contrário. O jovem é o clichê dele mesmo. O jovem é vendido como a facção da sociedade mais legal. Isso não é a realidade das pessoas.”
Antônio Calmon narrou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”:
“Também era responsável pela sonorização e pela edição, junto com o João Paulo Carvalho, o melhor editor da Globo. Além do texto, a sonorização foi a contribuição mais importante que dei ao programa. Nunca houve na televisão brasileira uma trilha sonora tão inventiva como a da Armação. Eu tinha experiência de mixagem de cinema e, com todas as limitações de som que a TV tinha na época, fazia miséria. Com dois únicos canais, punha todas as músicas de que gostava. Como eu também escrevia o texto, criava em cima das músicas.”
Ainda: “O programa também tinha gags. Por exemplo, se o chefe estava despachando, mostrávamos o Francisco Milani, que interpretava o personagem, fazendo um despacho de umbanda. Fazíamos o mesmo quando imaginávamos certas cenas com expressões pitorescas. Eu usei essa mesma ideia anos depois, na novela O Beijo do Vampiro, com o personagem Juninho, um menino de oito anos. Quando alguém falava que era melhor ele tirar o cavalinho da chuva, ele se imaginava puxando um potro debaixo da chuva.”
O investimento em Armação Ilimitada foi grande, porque a ideia sempre foi entregar um produto diferenciado e de qualidade. Kadu Moliterno narrou a Flávio Ricco e José Armando Vannucci para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”:
“As cenas eram gravadas como no cinema e, por isso, chegavam a consumir quase quatro horas para serem finalizadas. Era cansativo, mas o resultado final compensava.”
Elenco
As histórias eram narradas pela Black Boy (Nara Gil), uma DJ que comandava uma mistura de música negra nacional e internacional, ao mesmo tempo em que narrava e comentava – em um estúdio de cenário radiofônico – os acontecimentos.
Os personagens de Kadu Moliterno e André de Biasi foram criados sob encomenda para eles. A dupla havia trabalhado junta um ano antes da série iniciar, na novela Partido Alto.
Os protagonistas estavam envolvidos sempre em sequências com muita ação e, como consequência, passíveis de imprevistos e acidentes.
“Uma vez, caí de um carro em movimento e fui atropelado por um Opala que vinha logo atrás”, relembrou Kadu, que quebrou dois dentes, três costelas e levou treze pontos na perna.
“Chegou uma hora que a direção da Globo proibiu que os atores fizessem as cenas mais perigosas, contratando especialistas para esses momentos”, completou o ator. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)
Em junho de 1989, já após o fim da Armação, Kadu Moliterno e André de Biasi retornaram no programa de variedades Juba & Lula, revivendo os personagens em historinhas seriadas e comandando disputas, reportagens e atrações musicais para jovens.
A temporada de 1988 trouxe novos personagens, os amiguinhos de Bacana (Jonas Torres). Entre eles, os futuro atores Caio Junqueira (filho do ator Fábio Junqueira e irmão de Jonas Torres) e Paloma Duarte (filha de Débora Duarte).
O ator Marcelo Ibrahim gravou o episódio “Jambo para Matar” e faleceu (em 03/07/1986) antes de sua exibição. Vítima de infecção generalizada, ele estava prestes a completar 24 anos de idade. O episódio, exibido logo após a sua morte, foi dedicado à sua memória.
Exibição
Inicialmente, Armação Ilimitada era apresentada às sextas-feiras, uma vez por mês, integrando a Sexta Super, faixa de programação noturna da emissora. O sucesso no primeiro ano foi tanto que, no ano seguinte, o programa passou de mensal para quinzenal.
Armação Ilimitada foi reapresentada na faixa vespertina Sessão Aventura (das 16h30 às 17h30) em outubro de 1988. Também no Festival 25 Anos da TV Globo, de julho a agosto de 1990.
Reprisado ainda no Multishow (canal de TV paga pertencente à Rede Globo) de janeiro a abril de 2005, em comemoração aos 45 anos da emissora. E no Viva (outro canal de TV paga da Rede Globo).
E mais
A introdução do tema de abertura de Armação Ilimitada é idêntica à da música “Say What You Will”, da banda Fastway, no álbum de mesmo nome, de 1983. No entanto, na trilha sonora do programa, o crédito aparece (sem nenhuma ressalva) ao músico Ari Mendes.
Trilha sonora volume 1 (1985)
01. NO MEIO DA RUA – Kiko Zambianchi
02. NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA – Ultraje a Rigor
03. RAPTAR VOCÊ – Txã!
04. FOREVER GONE – Sérgio Mendes & Zod
05. DON’T TAKE MY COCONUTS – King Creole and The Coconuts
06. TICKET TO THE TROPICS – The Coconuts
07. RAP ARREPIADO – Sandra Sá
08. CAI FORA (MO’BASTA) – Sandra Sá
09. POR QUERER – Marina
10. NEVER GONNA DIE – Rough Cutt
11. ROSAS & TIGRES – Gang 90
12. ROMANCE INTERNACIONAL – Fred Nascimento
13. JOVENS DO MEU TEMPO – Celso Fonseca
14. JAMES DREAM – Herbert Richers Jr.
15. VÊ SE SOME – Adriana Dolabella
Produção: Nelson Motta e Alexandre Agra
Trilha sonora volume 2 (1988)
01. TEMA DE ARMAÇÃO ILIMITADA – Ari Mendes
02. QUE PAÍS É ESTE? – Legião Urbana
03. QUADRINHOS – Picassos Falsos
04. TERCEIRO – Ultraje a Rigor
05. ANDAR NO CÉU – Evandro Mesquita
06. OS OLHOS DE ZELDA SCOTT – Joe Euthanázia
07. GATINHA MANHOSA – Léo Jaime
08. INFINITA HIGHWAY – Engenheiros do Hawaii
09. PROVA – Capital Inicial
10. PROS QUE ESTÃO EM CASA – Hojerizah
11. QUIMERAS – Zero
12. CHUVA DE MEL – Rosa Púrpura
Produção: Alexandre Agra e Sérgio Motta
Ainda
MAIOR ABANDONADO – Cazuza
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