Sinopse
Nice é uma moça pobre com cara de anjo, mas de atitudes nada corretas, inconformada com o destino previsível: casar-se com um namorado suburbano e ter muitos filhos. Ela emprega-se como babá na mansão dos Medeiros, onde já trabalha seu pai, o motorista Augusto, e se apaixona por Rodrigo, irmão de sua patroa, Stela. A babá usa de todas as armas para conquistar o rapaz visando o dia em que se tornará dona daquele casarão.
Nice aproveita as descobertas que faz na mansão para fomentar intrigas e tentar se aproximar de Rodrigo. Ele está prestes a se casar com Paula quando descobre – por meio de uma armação da babá – que a noiva o trai com seu próprio irmão, o playboy Ricardo. Desiludido com os dois e disposto a desafiar a família e a soberba da sociedade que o rodeia, Rodrigo começa a aparecer na noite em companhia de Nice.
Porém, o caminho ainda não está totalmente aberto para a babá. Rodrigo se encanta com a doce Léa, apaixonada por ele, e Nice usa seu próprio irmão, Luís, para separar os dois. Enquanto luta para conquistar Rodrigo na mansão dos Medeiros, Nice vive um inferno em sua casa. Ela é a filha adotiva de Augusto e Alzira. O pai a trata com carinho, mas Alzira nutre um estranho desprezo por ela e esconde um segredo do passado.
SUSANA VIEIRA – Nice (Berenice)
JOSÉ WILKER – Rodrigo Medeiros
RENÉE DE VIELMOND – Léa
LUIS GUSTAVO – Ricardo Medeiros
PEPITA RODRIGUES – Stela Medeiros Ribeiro
OSMAR PRADO – Getúlio Ribeiro
JOSÉ LEWGOY – Augusto
VANDA LACERDA – Alzira
ZANONI FERRITE – Júlio Roberval da Silva
NEILA TAVARES – Tereza
MÁRIO GOMES – Luís
ILKA SOARES – Marilu
SÉRGIO BRITTO – Téo (Teófilo)
VERA GIMENEZ – Paula
JAIME BARCELOS – Rui
ROSITA TOMAZ LOPES – Odete
REYNALDO GONZAGA – Fernando
KÁTIA D’ANGELO – Toninha (Maria Antônia)
ÁTILA IÓRIO – Onias
HENRIQUETA BRIEBA – Vovó Carolina
HORTÊNCIA TAYER – Lígia
CLARISSE ABUJAMRA – Flávia
GILDA SARMENTO – Carmem
LÍDIA VANI – Catarina
JOSÉ DIAS – Zelão
o bebê ERIC GOMES BARBOSA – Edinho (Edmundo Medeiros Neto)
e
ANTÔNIO PEDRO – Melequinha (penetra inconveniente na festa de noivado de Rodrigo e Léa)
ARY FONTOURA – homem que assedia Nice na rua
CARMEM FIGUEIRA – uma das mulheres na toalete da boate falando mal de Nice
CLÁUDIO TOVAR como ele mesmo, cantando no conjunto de Osmar Milito, na boate 706
DÉBORA DUARTE – Sônia (nova babá de Edinho, no último capítulo)
DJAVAN como ele mesmo, cantando no conjunto de Osmar Milito, na boate 706
ED HEATH – par de Lígia na boate / Marcos (funcionário da empresa dos Medeiros, colega de trabalho de Tereza)
FERNANDO VILAR – Seu Moraes (patrão de Tereza na loja)
FERREIRA LEITE – escrivão do cartório onde Rodrigo pretendia se casar com Léa
FRANCISCO MORENO – Edmundo Medeiros (patriarca dos Medeiros, morre no início)
GUARACY VALENTE – Zé Márcio (pretendente de Léa)
HELOÍSA RASO – Zizi (garota em quem Júlio passa uma cantada sem lembrar que ela já trabalhara com Tereza)
JÚLIO CÉSAR – sobrinho de Paquita, para quem Onias pergunta sobre Alzira
LUIZ RICARDO
MARLO BORGES DE AGUIAR
MIRA PALHETA – uma das mulheres na toalete da boate falando mal de Nice
OSMAR MILITO E SEU CONJUNTO como eles mesmos, cantando na boate 706
ROBERTO LOPES – colega de trabalho de Júlio na oficina
ROSANA PENNA – Karen (funcionária da empresa dos Medeiros, convidada na festa de noivado de Rodrigo e Léa)
SAMIR DE MONTEMOR – Seu Saad (um dos patrões de Tereza que a demite logo depois de contratada)
SELMA LOPES – Paquita (também chamada de “Comadre”, vizinha de Alzira)
SYLVIA MASSARI – convidada na festa de noivado de Rodrigo e Léa
TATO GABUS MENDES – Chico Neto (um dos amigos que Rodrigo encontra na praia quando está com Nice)
VALÉRIA AMAR – vizinha fofoqueira de Alzira e Carmem, que elas chamam de “Comadre”
WALTER BREDA – colega de trabalho de Júlio na oficina
Cremilda (empregada na casa de Odete)
Dona Elvira (faxineira da empresa dos Medeiros, apaixonada por Getúlio)
Dona Vitória (dona da pensão onde mora Flávia)
Jandira (funcionária da loja de Seu Moraes)
– núcleo da babá NICE (Susana Vieira), moça ambiciosa, inconformada com sua condição humilde. Por trás de um semblante angelical, esconde um caráter dúbio. Não consegue ficar muito tempo em nenhum emprego. Quando surge a oportunidade de trabalhar em uma casa rica, não pensa duas vezes, acreditando ser este o trampolim para mudar de vida. Muito esperta, consegue facilmente envolver as pessoas, manipulá-las e influenciá-las. Para alcançar seus objetivos, não tem pudores em fomentar intrigas quando acha necessário:
os pais adotivos: AUGUSTO (José Lewgoy), homem simples, de princípios rígidos, tenta compreender a filha e apoiá-la sempre que possível. Motorista de uma rica família, arruma para Nice o emprego de babá na mansão onde trabalha,
e ALZIRA (Vanda Lacerda), abnegada dona de casa, sofrida e amargurada. Acha que a filha não presta e tenta inutilmente advertir os que se aproximam dela sobre sua má índole. Esconde um segredo do passado envolvendo Nice
os irmãos: LUÍS (Mário Gomes), que a apoia sempre, apesar de não compreender muito bem seus objetivos. Rapaz sem muitas ambições, no início desempregado e sem rumo na vida, depois emprega-se em uma galeria de arte
e TONINHA (Kátia D´Angelo), a caçula, moça introspectiva e ingênua. Todos acham que ela tem a idade mental de uma criança
o pai biológico ONIAS (Átila Iório), ex-presidiário que ela desconhecia. Aparece cobrando Alzira, já que deseja se aproximar de Nice. Emprega-se como jardineiro na mesma mansão onde trabalham Augusto e Nice. Morre no decorrer da trama, quando é revelado a Nice que ele e Alzira são seus pais biológicos
o pretendente de Toninha, ZELÃO (José Dias), vive seguindo-a e não abre a boca, mas ela não lhe dá bola.
– núcleo da família Medeiros, para quem trabalham Augusto e Nice, comandada pelo rico empresário EDMUNDO MEDEIROS (Francisco Moreno), o patriarca, viúvo. Homem rígido e austero, sabe que não tem muito tempo de vida e se preocupa com o futuro dos negócios, pois não considera os filhos em condições de assumir o seu lugar. Morre no início da trama:
os filhos: RODRIGO (José Wilker), tenta ajudar o pai nos negócios, mas não consegue conquistar sua confiança total, pois ele o considera um fraco, manipulável. De casamento marcado, é o alvo do amor de Nice, que consegue separá-lo de sua noiva,
RICARDO (Luis Gustavo), playboy inconsequente, sempre foge do escritório para se divertir. Tem um caso velado com a noiva do irmão,
e STELA (Pepita Rodrigues), patroa de Nice, aos poucos se afeiçoa a ela. Dondoca impaciente e de personalidade forte, domina o marido e tem crises de ciúmes por motivos bobos
o genro GETÚLIO (Osmar Prado), marido de Stela. Casou para dar o golpe do baú, mas acabou se apaixonando pela mulher, por quem é dominado e faz todas as vontades. Considerado sem personalidade pelo sogro, trabalha em seu escritório
o neto EDINHO (Eric Gomes Barbosa), bebê de Stela e Getúlio, de quem Nice toma conta
a sogra CAROLINA (Henriqueta Brieba), avó de Rodrigo, Ricardo e Stela. Velhinha esclerosada, passa o dia andando pela casa e prestando atenção em todos. Não tem voz ativa na família, já que ninguém lhe dá atenção
a empregada CATARINA (Lídia Vani), fofoqueira, tem uma relação difícil com Nice.
– núcleo de LÉA (Renée de Vielmond), moça doce e romântica, sempre amou Rodrigo em silêncio. É alvo da paixão de Luís, que, convencido por Nice, se une a ela para separar Léa de Rodrigo quando os dois se envolvem:
os pais: TÉO (Sérgio Britto), executivo na empresa dos Medeiros. Velho amigo de Edmundo, seu principal conselheiro, e de seus filhos. No início da trama, perdeu uma vultosa soma em jogo,
e MARILU, (Ilka Soares), amiga de Stela. Preocupada com o futuro do marido na empresa dos Medeiros. Seu maior desejo é ver o casamento da filha com Rodrigo, o que lhe traria estabilidade financeira
a amiga LÍGIA (Hortência Tayler), mulher independente, envolve-se com Ricardo. Gerente da galeria de arte onde Luís vai trabalhar e onde ele conhece Léa, por quem se apaixona.
– núcleo de PAULA (Vera Gimenez), moça grã-fina, fútil e volúvel. No início, vive nervosa pois é noiva de Rodrigo, mas tem um caso com Ricardo, irmão dele, e não tem coragem de revelar a verdade. Os dois são desmascarados por meio de uma armação de Nice:
os pais: RUI (Jaime Barcelos), homem ardiloso que usa de meios ilícitos para se apoderar de bens dos Medeiros. Está muito interessado na união da filha com um herdeiro, Rodrigo ou Ricardo. Cobra dívidas de jogo de Téo e se aproveita disso para usá-lo em suas artimanhas contra os Medeiros,
e ODETE (Rosita Tomaz Lopes), mulher frívola, quase cômica. Também interessada no casamento da filha com um dos Medeiros. No início, é vítima de uma chantagem
o funcionário de Rui, FERNANDO (Reynaldo Gonzaga), sujeito arrivista e mau-caráter. Apaixonado por Paula, mas repudiado por ela e por Rui, faz tudo para tê-los nas mãos, inclusive usando de chantagens, pois conhece podres do patrão e de sua mulher.
– núcleo da família de Getúlio, vizinhos de Augusto e Alzira na vila. Getúlio os esconde dos Medeiros, por vergonha de sua origem humilde e por achar que isso escancara o seu golpe do baú. Mente para a família que mora em São Paulo, o que justifica não ter ainda apresentado a mulher e o filho aos familiares. Após algumas confusões, a farsa é descoberta:
a mãe CARMEM (Gilda Sarmento), tenta compreender as motivações do filho, mas é louca para conhecer o netinho
a irmã TEREZA (Neila Tavares), moça trabalhadora, de personalidade forte. Stela sente ciúmes porque acha que o marido tem um caso com ela, sem desconfiar que trata-se de sua irmã
o namorado de Tereza, JÚLIO (Zanoni Ferrite), mecânico de automóveis, amigo de Luís. Rapaz simplório, bronco e sem muitas ambições. No início, era apaixonado por Nice, mas ela o via apenas como amigo. Até que desperta para Tereza, mas os dois tem uma relação conturbada, pelo gênio esquentado de ambos e pela sombra de Nice, que ainda mexe com ele
a amiga de Tereza, FLÁVIA (Clarisse Abujamra), colega do curso supletivo. Moça direta, sem papas na língua. É alvo do interesse de Ricardo.
Modelo ideal para o horário
Primeira novela de Cassiano Gabus Mendes na Globo, criando um modelo ideal para o horário, além de lançar o seu estilo perpetuado nos trabalhos seguintes, sempre com sua marca indefectível: charme, beleza, diálogos espirituosos, leves requintes de comédia e folhetim.
Uma babá quase perfeita
Como a babá imperfeita Nice, Susana Vieira viveu sua primeira protagonista na Globo, presente pelo sucesso de sua personagem anterior, a Cândida da novela Escalada (1975).
Era também a primeira parceria de Susana com José Wilker, com quem a atriz mais contracenou em novelas. Os dois voltaram a viver pares românticos em Fera Ferida (1993-1994), A Próxima Vítima (1995), Senhora do Destino (2004-2005), Duas Caras (2007-2008) e, ainda, na minissérie Cinquentinha (2009).
Sucesso de público, a novela conquistou, nos últimos capítulos, recorde de audiência para a TV Globo no horário da sete da noite.
No penúltimo capítulo, Nice, que estava grávida de Rodrigo (José Wilker), morre ao dar à luz. Há controvérsias (o próprio Cassiano teria negado), mas especula-se que a morte de Nice teria sido uma imposição da censura do Regime Militar, que alertava que a protagonista era um mau exemplo e não via com bons olhos os métodos nada ortodoxos da babá para conquistar ascensão social.
O público torcia por Nice, mas setores conservadores da sociedade eram contra uma empregada doméstica se dar bem com o irmão do patrão, principalmente porque ela não se arrependia de tudo o que havia feito por amor. Com sua morte, a babá foi condenada por ser ambiciosa, mas o que parecia atender os preconceituosos abriu as portas para o questionador autor. O personagem de José Wilker acaba encantado com uma nova funcionária da casa, uma babá que chega com um olhar dúbio (participação de Débora Duarte), sinalizando para o telespectador que toda história pode voltar ao seu começo. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)
A morte da babá contrariou a audiência. E (coisa muito rara à época), Cassiano foi à TV – ao programa Moacyr TV, de Moacyr Franco, domingo à tarde – para agradecer à enorme aceitação da novela e dizer “Matei a babá porque as pessoas morrem!” (“Gabus Mendes, Grandes Mestres do Rádio e Televisão”, de Elmo Francfort)
Beto Rockfeller na Globo
Cassiano trouxe para a Globo o amigo e cunhado Luis Gustavo, que, com esta novela, estreava na emissora carioca. O ator ainda tinha o seu nome e imagem fortemente ligados à novela Beto Rockfeller, da TV Tupi (1968-1969) – idealizada por Cassiano Gabus Mendes -, que marcou sua carreira e a História da TV. Talvez, por isso, não tenha sido o protagonista masculino de Anjo Mau.
José Wilker, um ator que já era da casa, ficou com o papel de Rodrigo Medeiros, o interesse amoroso da babá Nice. Luis Gustavo era um coadjuvante: Ricardo, o irmão boa-vida de Rodrigo – na verdade, um personagem mais interessante que o mocinho da história.
Elenco
Pepita Rodrigues – estreando na Globo – viveu seu maior sucesso até então: Stela, uma personagem feita sob medida para a atriz. Com o fim de Anjo Mau, Pepita passou a apresentar com Moacyr Franco o programa que ele tinha na Globo nos domingos à tarde, o Moacyr TV. Destaque também para Getúlio, o marido de Stela, interpretado por Osmar Prado. A dupla viveu um casal que divertiu os telespectadores.
Por seu trabalho, Pepita Rodrigues foi premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a revelação de 1976 na televisão (juntamente com Kate Hansen, por sua atuação na novela Os Apóstolos de Judas, da TV Tupi). Pepita também levou o Troféu Imprensa de destaque feminino da TV em 1976.
Além de Susana Vieira, o diretor Régis Cardoso trouxe do elenco de Escalada (seu último trabalho) os atores Renée de Vielmond, Zanoni Ferrite, Sérgio Britto, Vera Gimenez, Rosita Tomaz Lopes, Henriqueta Brieba, Kátia D´Ângelo, Gilda Sarmento, Francisco Moreno e Fernando Vilar.
Descontentamento
José Wilker e Renée de Vielmond viveram o par Rodrigo e Léa, que não ficou junto no final da novela, mas que uniu os atores na vida real: casaram-se em 1976. Porém, Anjo Mau não é uma boa lembrança para o casal, que se indispôs com a emissora na época.
O diretor Régis Cardoso teve problemas com José Wilker, que, a princípio, estava descontente com os rumos de seu personagem. Em seu livro “No Princípio Era o Som”, Régis relatou exemplos de mau comportamento do ator, além de uma briga em uma festa, em que Wilker, bêbado, teria dado um tapa na atriz Vanda Lacerda por causa de Régis. Wilker só retornou à televisão quatro anos depois, ironicamente para viver outro personagem de Cassiano Gabus Mendes: Renato de Plumas e Paetês (1980-1981) – mas já sem Régis Cardoso na direção. O fato é que ator e diretor nunca mais voltaram a trabalhar juntos.
Renée de Vielmond criticou publicamente a condução de sua personagem pelo autor. À Revista Amiga (de 07/07/1976) afirmou: “Eu fiz essa novela por obrigação do meu contrato. Mas acho um desperdício de carreira. (…) Quando chego em casa, à noite, me sinto frustrada, sabendo que milhões de pessoas estão me assistindo e ouvindo todas as besteiras que estou dizendo.”
Cassiano Gabus Mendes não mediu palavras quando rebateu a atriz em depoimento à Revista Amiga (de 08/09/1976), após o término da novela: “Renée de Vielmond teria todo o direito de criticar a novela e sua personagem imediatamente após a exibição do último capítulo no ar. Mas ela não esperou e o que fez foi antiprofissional. Também é evidente que Anjo Mau não poderia agradar a essa jovem: ela é a antítese da novela, é fossenta e intelectualóide, enquanto Anjo Mau foi leve, divertida, de bom gosto, sem qualquer compromisso com mensagens mais profundas…” (pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Renée de Vielmond retornou à TV dois anos depois, em Pecado Rasgado (de Silvio de Abreu), mas nunca mais foi vista em novelas de Cassiano Gabus Mendes.
Susana Vieira, questionada sobre os problemas nos bastidores da novela, preferiu se omitir dos comentários maldosos, declarando ao final em entrevista: “A morte de Nice deu 90% de audiência!” (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
Mais problemas: demissão, acidente e incêndio
A atriz Hortência Tayer sumiu da novela a 14 capítulos do final e não mais retornou. Hortência estava descontente com o seu trabalho e acabou demitida por faltas e atrasos. Nem foi a primeira vez: no ano anterior, a atriz havia sido dispensada no início de Pecado Capital. Sua última aparição em Anjo Mau foi no capítulo 158 (em 06/08/1976). Sua personagem, Lígia, continuou sendo citada, mas não apareceu mais. Hortência Tayer nunca mais atuou na televisão. (Revista Fatos e Fotos Gente, agosto de 1976)
Por causa de um acidente de automóvel, a atriz Vera Gimenez ficou afastada da novela na reta final. Cogitou-se até a possibilidade de sua personagem, Paula, não retornar à trama. O sinistro ocorreu em julho de 1976, no Rio de Janeiro. (Revista Manchete, 17/07/1976)
A última aparição da atriz, antes do acidente, foi no capítulo 146, exibido em 22/07/1976. Um mês depois, Vera estava de volta: retornou no capítulo 164, em 13/08 (a nove do final). Sua ausência foi explicada na trama com uma viagem da personagem.
Em 04/06/1976, quatro meses após a estreia de Anjo Mau, um incêndio no prédio da TV Globo, na rua Von Martius, no Jardim Botânico (Zona Sul do Rio), danificou máquinas de VT e telecine, além de algumas dependências do edifício. As novelas exibidas na época passaram a ser gravadas em estúdios fora da emissora. As gravações de Anjo Mau foram transferidas para os estúdios da Cinédia, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade. (Site Memória Globo)
Locações e figurinos
Anjo Mau foi ambientada no Rio de Janeiro. As externas fixas foram realizadas em uma casa no Joá – cenário da mansão da família Medeiros – e em uma vila no Jardim Botânico – para os núcleos dos personagens pobres -, ambos bairros da Zona Sul carioca. (Site Memória Globo)
Algumas cenas foram gravadas na boate 706, no Leblon. Em várias delas, o então iniciante cantor Djavan aparece cantando. Além dele, também o “dzi croquette” Cláudio Tovar dá uma palhinha na 706.
A moda dos vestidos longuetes – compridos, balonados, tomara-que-caia ou de alça nos ombros -, usados na novela pelas personagens, chegou às ruas em 1976.
Trilha sonora
O grande destaque da trilha sonora foi “Meu Mundo e Nada Mais”, tema de Rodrigo (José Wilker), a segunda música mais tocada nas rádios brasileiras em 1976. Para sempre ficou associada à novela, tendo revelado o então iniciante músico, cantor e compositor Guilherme Arantes no cenário musical brasileiro.
O tema de abertura, “Papaya”, foi a primeira música estrangeira cantada na abertura de uma novela da Globo. Até a década de 1960, os temas eram basicamente instrumentais.
“Papaya” foi gravada pela cantora polonesa Urszula Dudziak, que notabilizou-se pelo scat singing, técnica que consiste em cantar vocalizando tanto sem palavras, quanto com palavras sem sentido e sílabas. A música em questão foi escolhida para a abertura de Anjo Mau por possuir trechos que remetem a “conversa de bebê”.
Exibição e repetecos
Devido ao calendário dos Jogos Olímpicos de 1976 (de Montreal), a TV Globo teve de alterar os capítulos finais de Anjo Mau, sendo que o último foi exibido em uma terça-feira (24/08/1976), sem reprise, empurrando a estreia da novela substituta, Estúpido Cupido, para o dia seguinte, quarta-feira.
A novela foi reapresentada entre 09/03 e 18/09/1981, pelas manhãs (às 11 horas), dentro do programa TV Mulher. Como, na época, a programação nacional não era unificada, essa reprise não ocorreu para todo o Brasil.
A TV Globo editou Anjo Mau para uma exibição única, de uma hora e meia de duração, na noite do dia 14/03/1980, como parte do Festival 15 Anos da emissora (apresentação de José Lewgoy).
O texto de Anjo Mau foi exportado para o Chile e lá a novela foi produzida com o título Angel Malo.
Anjo Mau foi lançada posteriormente em versões romanceadas, em duas ocasiões. Em 1985, pela Rio Gráfica Editora, na coleção “As Grandes Telenovelas”, 12 livretos adaptados de novelas de sucesso, distribuídos nos supermercados com o sabão-em-pó Omo. Em 1987, a Editora Globo lançou a série de livros “Campeões de Audiência”, também 12 adaptações de novelas, à venda nas bancas.
Disponibilizada no Globoplay em 24/10/2022, Anjo Mau foi a primeira novela em preto e branco na plataforma streaming do Grupo Globo.
Remake
Mais de vinte anos depois de sua exibição original, Maria Adelaide Amaral reescreveu a novela de Cassiano. A nova versão de Anjo Mau foi exibida com sucesso no horário das seis, entre 1997 e 1998, com Glória Pires como a babá Nice.
O ator Átila Iório esteve presente nas duas versões da novela, vivendo o mesmo personagem, o pai biológico de Nice – em 1976, ele chamava-se Onias, e, em 1997-1998, Josias.
Também José Lewgoy participou das duas novelas: como Augusto na primeira versão e como Eduardo Medeiros na segunda.
Aceitando um convite, Susana Vieira gravou uma participação especial para o último capítulo do remake, como a nova babá contratada pelos Medeiros (Débora Duarte na versão original). Concomitantemente, a atriz atuava na novela das oito, Por Amor, na qual vivia a vilã Branca Letícia de Barros Motta.
A nova babá em 1976 (Débora Duarte) recebeu o nome Sônia em referência a Susana Vieira, cujo nome de batismo é Sônia Maria Vieira Gonçalves.
Trilha sonora nacional
01. NÃO ESQUENTE A CABEÇA – Golden Boys (tema de Júlio)
02. AMIGOS NOVOS E ANTIGOS – Vanusa (tema de Tereza)
03. BOCA DE ESPERA – The Fevers (tema de Toninha)
04. QUEM NEGA A LUZ NA SOMBRA VAI MORRER – José Augusto (tema de Nice)
05. MEU MUNDO E NADA MAIS – Guilherme Arantes (tema de Rodrigo)
06. PAPAYA – Urszula Dudziak (tema de abertura)
07. MARIDO IDEAL – Evinha (tema de Stela e Getúlio)
08. UMA PEQUENA CANÇÃO DE AMOR – Grande Orquestra Stradivarius (tema de Léa e Rodrigo)
09. A QUALQUER PREÇO – Ana Braga (tema de Nice)
10. O QUE É AMAR – Johnny Alf (tema de Ricardo)
11. BOLA FORA – Daniella (tema de Augusto)
12. VELHO ARVOREDO – Cláudia Versiani (tema de Alzira)
13. O TREM – Orquestra Som Livre
Sonoplastia: Nestor de Almeida
Coordenação geral: João Araújo
Direção de produção: Guto Graça Mello
Arranjos: Waltel Branco e Chiquinho de Moraes
Trilha sonora internacional
01. LOVE TO LOVE YOU BABY – Donna Summer
02. WINNER AND LOSERS – Hamilton, Joe Frank and Reynolds
03. SHE’S MY GIRL – Morris Albert (tema de Ricardo)
04. LIFE IS FASCINATION – The Ritchie Family
05. RAINBOW – Blow Up
06. TU T’EN VAS – Alain Barrière & Noelle Cordier (tema de Júlio e Tereza)
07. CRY TO ME – Lolleatta Holloway
08. THIS TIME I’LL BE SWEETER – Linda Lewis (tema de Léa)
09. GIVE ME A SECOND CHANCE – Junior (tema de Stela e Getúlio)
10. IO CHE AMO SOLO TE – Rita Pavone
11. I’M FALLING IN LOVE – Jimmy Norman
12. BLUE DOLPHIN – Steven Schalks (tema de Nice)
13. DO YOU KNOW WHERE YOU’RE GOING TO (THEME FROM MAHOGANY) – Diana Ross (tema de Paula)
14. PLEASE DON’T GO AWAY – New Station
Coordenação geral: João Araújo
Seleção de repertório: Toninho Paladino
Ainda
CONDOR! (THEME FROM ‘THREE DAYS OF THE CONDOR’) – Dave Grusin (tema das tramoias de Nice e tema geral *)
DEFENSE DE STATIONNER (THEME FROM ‘THE NIGHT CALLER’) – Ennio Morricone (*)
EXPRESS – B. T. Express
PHILADELPHIA FREEDOM – Elton John (*)
FLIGHT OF THE CONDOR (THEME FROM ‘THREE DAYS OF THE CONDOR’) – Dave Grusin (tema geral *)
FLY ROBIN, FLY – Silver Convention
GOODBYE FOR KATHY (THEME FROM ‘THREE DAYS OF THE CONDOR’) – Dave Grusin (tema de Nice e Rodrigo *)
ISLAND GIRL – Elton John
MORNING LOVE – Nat Adams & Orchestra
PHILADELPHIA FREEDOM – Elton John (*)
RUBY LEE – Bill Whiters
SPIES OF A FEATHER, FLOCKING TOGETHER (THEME FROM ‘THREE DAYS OF THE CONDOR’) – Dave Grusin (tema romântico geral *)
SWEET MELODY – Nat Adams & Orchestra
TRUE LOVE – Steve McLean
WE CAN´T HIDE ANYMORE – Larry Santos
WE´LL BRING YOU HOME (FROM ‘THREE DAYS OF THE CONDOR’) – Dave Grusin (tema geral *)
YELLOW PANIC (THEME FROM ‘THREE DAYS OF THE CONDOR’) – Dave Grusin (tema de tensão ou suspense *)
* Daniel Couri em seu blog Porcos, Elefantes e Doninhas
Amo novelas antigas nasci no final dos anos 70. Adorei assistir Anjo Mau primeira versão. Não gosto de remakes. Fiquei com pena da Nice ter morrido no final, apesar das maldades ela pediu perdão pra algumas pessoas. Mas o aterrorizante foi ela falar no leito de morte que faria tudo outra vez e que não se arrependia de nada. Adorei todos os personagens principalmente no final o Júlio ajudando o Zelão a conquistar a Toninha kkk. Procurei a história do ator que fez o Zelão não achei nada. Suzana Vieira e José Wilker um show de interpretação. Adorei também o Mário Gomes. O José Lewgoy muito engraçado kkkk amei todos, tinham atores que eu nunca tinha visto como a Gilda Sarmento e a Vanda Lacerda. Agora entendi a revolta do povo da época pela protagonista ter morrido no final. Estou vendo agora no globo play Pai Herói também inédita pra mim. Queria ver Feijão Maravilha.
Novelinha gostosa de acompanhar!
Depois de maratonar e terminar toda a novela, posso dizer que só faltou esta novela ter sido produzida em cores para ser a melhor da década de 70, no horário. O texto foi muito bom, as situações foram coerentes, e para mim, o mais gratificante foi que as personagens tiveram finais sem clichês ou casamentos de encaixe. E o mais surpreendente, a protagonista quebra o paradigma e morre…
Ricardo teve um final coerente, como bon vivant e termina solteiro e incorrigível. Cheguei a ter frustração de achar que iria terminar com Toninha, mas o bom senso prevaleceu. Não tinha nada a ver os dois ficarem juntos.Tenho impressão de que Tereza ia ficar com o colega de trabalho , e Flávia entrou na novela só para formar par com Júlio, pois a personagem não tinha função alguma. E finalmente não teve um casamento sequer na novela, com cenas de igreja e tudo, uma coisa meio fora do padrão para as novelas daquela época. Foi uma excelente estreia do talentoso Cassiano Gabus Mendes. Definitivamente o remake teve só a ideia central, nada mais. A original foi com elenco enxuto e bem encaixado. Gostei muito da sensibilidade das personagens de Vanda Lacerda, como Alzira e Gilda Sarmento, Dona Carmem, mãe de Tereza. Nota 10 para a novela, apesar da falta de cor…..
Novela maravilhosa, a Suzana Vieira, deu show!!! Gosto muito dos costumes, das falas, tanta gente boa que já partiu!! Realmente Vale muito a pena ver de novo!!!☺️
Estou achando uma delícia acompanhar. No momento deste comentário estou no capítulo 80. Realmente tem muito mais diálogo do que ação, mas o texto sensível e leve deixa a novela bastante agradável. Drama, romance e comédia são muito bem dosados, mas tenho para mim que o que prevalece mesmo é a comédia. Alguns personagens são bem chatinhos a meu ver, como a Léa e o Rodrigo, mas de resto curto todos. Sou de 87, mas adoro comentar com meus pais, que viveram os anos 70, os costumes, as roupas, os carros, as marcas da época. Apesar de ser toda em PB, o que em 1976 já devia soar defasado, Anjo Mau é um registro e tanto para as novas gerações!
Já tinha meus dezoito anos quando a novela original foi exibida em 76. Comecei assistir agora no globoplay, muito em função da trilha sonora internacional marcante. Mas não há inserção das musicas internacionais. Somente após o 50º capítulo é que pude ouvir Morris Albert. Meio frustrante.
Finalizei no Globoplay e me surpreendi que ela é mais voltada a comédia que ao drama. A novela usa mais o diálogo que a ação, muitas situações são apenas citadas pelos personagens e a gente não vê acontecendo porém isso não a torna maçante como Brega & Chique, por exemplo. Rodrigo acho que é o mocinho mais insuportável de todas as novelas brasileiras, talvez por isso José Wilker não gostou de fazer, já Nice é muito mais vítima do que vilã pois é usada por Rodrigo e não é vista como ameaça pelos demais personagens por ser uma simples babá. A adaptação dos anos 90 tem alguns entrechos e até cenas que são bem fiéis a original.
Vendo agora e me deliciando! Comparando com o remake, os núcleos secundários da versão mais atual são mais interessantes, porém queria saber o porquê de não manterem a vovó, que personagem engraçado!!!! Suzana Vieira deslumbrante!
Me confundi quanto ao horário de Anjo Mau original com o remake, o original foi das 19h.
Comparar uma novela das 18h com uma novela das 20h é meio sem sentido. Acho que o pessoal esquece que tinha censura pesada por conta da ditadura na época. E outra, não da para assistir uma novela anos 70 esperando agilidade a todo momento, tanto porque era o ritmo da época. Sou da década de 70, mas nasci depois da novela e estou adorando conhecer o original de Anjo Mau.