Sinopse
A pequena órfã Maria Helena sente-se amedrontada e insegura com a iminência de ser transferida para outro orfanato. A única amiga, Sueli, descobre o paradeiro de seu pai, Nelson, que desconhecia a existência da filha. Ele é um playboy que vive de renda, amante do mar, irmão do famoso cirurgião plástico Miguel Fragonard, com quem tem uma relação conturbada. A princípio, Nelson rejeita Maria Helena, mas a menina acaba conquistando-o no momento em que sua vida passa por uma grande reviravolta: enganado por um falso amigo, perde toda sua fortuna.
É neste ponto que Nelson se envolve com Lígia, mulher de fibra, racional e ambiciosa. Separada e com dois filhos pequenos, ela luta para manter o status de classe alta. Lígia acaba apaixonada por Nelson, mas ele é o oposto do tipo de homem que sempre sonhou: vive com a cabeça nas nuvens e está falido. Ao fugir do amor, Lígia se envolve com o milionário viúvo Miguel Fragonard, sem saber que ele e Nelson são irmãos e que se detestam. Diante de tantos conflitos, Lígia opta por casar-se com Miguel, mas ele acaba assassinado. Naturalmente, ela e Nelson tornam-se suspeitos pelo crime.
Sandra, filha de Miguel, rejeita a segunda mulher do pai. Ela já foi apaixonada pelo médico Marcos, que trabalha na clínica de Miguel, mas o rapaz só tem olhos para Janete, moça forte e de ideias firmes, o oposto de Sandra. Por causa de sua origem humilde, Janete é rechaçada pela arrogante Lourdes Mesquita, mãe de Marcos, que faz o que pode para separar os dois. Lourdes consegue provas de que Evaldo, pai de Janete, estava envolvido em contrabando e a chantageia. Porém, a jovem recusa-se a abandonar Marcos e seu pai acaba denunciado e preso.
Apesar de não ser rica, Lourdes Mesquita é bem relacionada na sociedade carioca. Organizadora de festas, vive de aparências, mesmo com o sufoco para pagar as contas todo mês. Tem uma relação difícil com o filho Marcos, que não aprova seus métodos, e se apoia na filha Márcia, sócia em sua empresa. Márcia é casada com Edir, professor de cursinho, idealista e de fortes convicções, que vive batendo de frente com a sogra por incompatibilidade de ideias. Márcia vive no fogo cruzado entre a mãe e o marido, o que acaba por minar o seu casamento.
Em meio aos dramas de Maria Helena, Nelson, Lígia, Sueli, Janete e Lourdes, está a excêntrica milionária Stella Fraga Simpson, uma socialite divertida, moderna e liberada. Amiga de Lourdes e dos irmãos Fragonard, ela é mãe do fotógrafo Bruno e descasada do milionário Kleber, de quem ainda é próxima. Cinquentona bela e charmosa, Stella coleciona namorados, sempre rapagões, mas sem se apegar por muito tempo a nenhum deles. Ao final, entediada com o vazio de festas e compromissos sociais, repensa a vida e tenta realizar um sonho da juventude: tornar-se atriz.
REGINALDO FARIA – Nelson Fragonard
BETTY FARIA – Lígia Prado
RAUL CORTEZ – Miguel Fragonard
TÔNIA CARRERO – Stella Fraga Simpson
ÂNGELA LEAL – Sueli Bandeira
LUCÉLIA SANTOS – Janete Maia Neves
FÁBIO JÚNIOR – Marcos Mesquita
BEATRIZ SEGALL – Lourdes Mesquita
CLÁUDIO CAVALCANTI – Edir da Cunha Santos
NATÁLIA DO VALLE – Márcia Mesquita Santos
GLÓRIA PIRES – Sandra Fragonard
KADU MOLITERNO – Bruno Fraga Simpson
JOSÉ LEWGOY – Kleber Fraga Simpson
MAURO MENDONÇA – Evaldo Maia Neves (também chamado de Souza Neves e Fragoso Neves)
ELOÍSA MAFALDA – Irene Souza Matos (também chamada de Fragoso Neves)
ARLETE SALLES – Celeste
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Heitor Sampaio
TAMARA TAXMAN – Selma Rocha
FERNANDO EIRAS – Alfredo Santana
JORGE FERNANDO – Jader Bandeira
MARIA PADILHA GONÇALVES – Beth
ARACY CARDOSO – Vilma Maia Neves
JACQUELINE LAURENCE – Clarice
MARIA HELENA PADER – Mary
TEREZINHA SODRÉ – Marinete
FRANCISCO DANTAS – Marciano Laranjeira
MARIA ZILDA – Gilda
EDSON SILVA – Lafaiete
ILVA NIÑO – Antônia
TICIANA STUDART – Lia
as crianças
ISABELA GARCIA – Maria Helena Pedrosa
JOÃO CLÁUDIO MELO – Paulo Roberto Prado Lima
WALESCA SOUTO MAIOR – Patrícia Prado Sampaio
e
ANA MARIA SAGRES – senhora na praia que repreende Beth, depois Stella, pelo topless
ANGELITO MELO – amigo de Tinhorão na Marina da Glória
ANTÔNIO PATIÑO – delegado que investiga a denúncia de contrabando contra Evaldo e Nelson
AROLDO MACEDO – Poti (um dos namorados de Stella)
AS FRENÉTICAS como elas mesmas, apresentando-se na festa de aniversário de Kleber, no início
BEKI KLABIN como ela mesma, em uma recepção no apartamento de Stella
CARLA MARINS – entre as crianças na festa de aniversário de Paulo Roberto
CÉSAR AUGUSTO – Siqueira (porteiro do prédio onde moram Edir e Márcia)
CLEMENTINO KELÉ – Tinhorão (marinheiro que cuida dos barcos de Nelson)
CLEYDE BLOTA – Marlene (diretora da fundação da qual Janete ganha uma bolsa para estudar na Alemanha)
DANTON JARDIM – Edson Santana (médico da clínica de Miguel, um dos namorados de Stella)
DANUSA LEÃO como ela mesma, na festa de aniversário de Kleber, no início
DARY REIS – Joel, depois chamado de Tomé (marinheiro que cuida dos barcos de Miguel, assume seu assassinato)
DAVID PINHEIRO – ator que ensaia a peça com Stella, no final
DENNY PERRIER – um dos clientes franceses de Lourdes que ela acompanha ao show de Maria Bethânia
EDGAR MOURA BRASIL como ele mesmo, na festa de aniversário de Kleber, no casamento de Alfredo e na estreia da peça com Stella
ÊNIO SANTOS – Delegado Rômulo Siqueira (investiga o assassinato de Miguel)
ENOCK BATISTA – Batista (policial na delegacia após a briga de Bruno e Marcos no apartamento de Stella)
ÉRICA KUPPER – Roberta Maria (filha de Marciano que mora nos Estados Unidos, visita o pai no Rio)
FERNANDO AMARAL – Serpa (detetive contratado por Lourdes para investigar a família de Janete)
GABRIELA BICALHO – amiguinha de Maria Helena no orfanato
GIOVANNI MAGDALENA – marinheiro que trabalhava para Nelson, cúmplice na armação de Técio
GILBERTO BRAGA como ele mesmo, na estreia da peça com Stella, no último capítulo
GRANDE OTELO – Canivete (comparsa de Evaldo no “golpe do monsenhor”, no final)
HELÔ AMADO como ela mesma, socialite na festa de aniversário de Kleber, no início
HELÔ PINHERO como ela mesma, fotografada por Bruno, depois na festa de aniversário de Kleber, no início
HEMÍLCIO FRÓES – Mauro (para quem Nelson tenta vender sua arma, no início)
HENRIETTE MORINEAU – Jojô Besançon (Josephine Besançon, francesa rica, amiga de Stella, leva Sueli para Paris)
ISABELA BICALHO – Francisquinha (amiguinha de Maria Helena no orfanato)
ÍSIS KOSCHDOSKI – Cíntia (uma paquera de Nelson, no início)
IVAN CÂNDIDO – Técio (amigo de Nelson dado como morto, aplica um golpe que o deixa na miséria)
IVAN MESQUITA – Detetive Milton Sarpo (descobre para Miguel as falcatruas de Kleber, acaba assassinado)
JARDEL MELLO – Carlos (advogado consultado por Lígia sobre a partilha dos bens de Sérgio, recém-falecido)
JOANA ROCHA – Paula (empregada no apartamento de Stella)
JOÃO LUIZ – Galdino (office-boy na agência de turismo de Nelson)
JOÃO VIEITAS – entre os repórteres na clínica de Miguel cobrindo o escândalo envolvendo Stella e Marcos
JOHN HERBERT – Jaime Alves Cardoso / André (ladrão de joias que envolve-se com Stella, depois com Lourdes)
JOSÉ CARLOS SANCHES – Lúcio (funcionário da loja de Lígia)
LAURA VASCONCELOS (ou MÁRCIA VASCONCELOS) – Cláudia Villaverde (rica com quem Alfredo se casa, no final)
LEONARDO JOSÉ – entrevista Edir na televisão, quando ele vence um concurso literário
LÍCIA MAGNA – Edite (empregada no apartamento de Nelson, no início)
LUCINHA ARAÚJO como ela mesma, na festa de aniversário de Kleber, no início
LUCY MAFRA – Rosa (fisioterapeuta de Kleber)
LULU SANTOS como ele mesmo, com Scarlet Moon na festa de aniversário de Kleber, no início
MANOEL ELIZIÁRIO – Sidnei (copeiro no apartamento de Lígia, no início)
MARCELO FARIA – entre as crianças na festa de aniversário de Maria Helena
MÁRCIA VELOSO – Amélia (empregada no apartamento da família de Janete)
MARCO MIRANDA – José (porteiro que chama um táxi para Stella, quando ela está vestida de palhaço)
MARIA ALICE MANSUR – Cristina (babá dos filhos de Lígia)
MARIA BETHÂNIA como ela mesma, apresentando-se em um show no Canecão
MARIA HELENA DIAS – Clara (assistente social no orfanato onde Maria Helena vivia)
MILTON MORAES – Sérgio Lima (ex-marido de Lígia, pai de Paulo Roberto, casado com Celeste, morre no início)
MOACIR PRINA – Geraldo (copeiro na casa de Kleber)
NILDO PARENTE – Fonseca (advogado dos Fraga Simpson, orienta Nelson quando ele é roubado por Técio)
ORION XIMENES – Valtinho (repórter amigo de Evaldo que publica fotos comprometedoras de Stella e Marcos)
PASCHOAL VILLABOIM – titular na delegacia após a briga de Bruno e Marcos no apartamento de Stella
PAULO PINHEIRO – Barbosa (amigo de Kleber a quem Nelson pede emprego de economista, no início)
PAULO RAMOS – Rodrigo Stromboli (namorado de Stella por quem ela pede a Miguel um trabalho em sua clínica)
PAULO UBIRATAN – garçom na recepção após a estreia da peça com Stella, no último capítulo
PETER TOSH como ele mesmo, cantando em uma recepção no apartamento de Stella
RICARDO PETRÁGLIA – Max (diretor de teatro que lança Stella como atriz, no final)
ROBERTO TALMA – transeunte que cruza com Jader no primeiro capítulo
SCARLET MOON como ela mesma, com Lulu Santos na festa de aniversário de Kleber, no início
SILVIA CHAMECKI – comissária de trem que trabalhava com Sueli, no início
SILVINHO como ele mesmo, cabeleireiro atendendo Lígia na passagem de tempo da trama
TÂNIA LOUREIRO – Luciana (aluna de Edir, de quem Márcia sente ciúmes)
TETÊ MEDINA – Lucy Fragonard (primeira mulher de Miguel, mãe de Sandra, morre no início)
THEREZA CASTRO – visita o orfanato com a intenção de adotar uma criança, no início
TONY FERREIRA – Valdir Carrazedo (funcionário da agência de turismo de Nelson)
VERA MANCINI – Celina (secretária de Márcia)
WALDIR SANTANNA – jornaleiro da banca próxima ao prédio onde mora Janete
ZDENEK HAMPL – Yan (assistente de fotografia que trabalha com Bruno em seu estúdio)
Bia (uma paquera de Alfredo)
Marta (secretária na clínica de Miguel Fragonard)
Mateus Silveira (cliente que desfaz uma promessa de negócio com Lourdes após ela ser denunciada por Janete)
Mauro (amiguinho de Maria Helena do orfanato, adotado por Sueli no final)
Petrônio (motorista de Stella)
Ruth (funcionária da agência de turismo de Nelson)
Sandoval (motorista de Lígia, no início)
Silvio (copeiro na casa dos Fragonard)
Suzana (funcionária do orfanato que implica com Maria Helena)
– núcleo de NELSON FRAGONARD (Reginaldo Faria), um tipo playboy que sempre viveu de renda e nunca precisou trabalhar. Bonito e charmoso, vive cercado de belas mulheres e amigos. Amante do mar, é campeão de pesca marítima e dono de barcos e lanchas. Vive brigado com o irmão mais velho, seu único parente vivo. Apesar de rico, é um sujeito desapegado das coisas materiais, pois só usa o dinheiro para se divertir e nunca precisou se preocupar com o futuro. A vida lhe dá uma rasteira ao ser enganado por um falso amigo, que rouba-lhe toda a sua fortuna. É quando descobre que tem uma filha pequena, de uma noite com uma moça no passado. A menina mora em um orfanato e ele, a princípio, reluta em conhecê-la. Aos poucos, vai se aproximando dela. Nelson recomeça a vida do zero, abrindo uma agência de turismo, e vai ganhar dinheiro com o próprio trabalho:
a filha MARIA HELENA (Isabela Garcia), menina doce, esperta e carente. Cresceu em um orfanato sem conhecer suas origens. Ao completar oito anos, está prestes a ser transferida para outra instituição. Com a ajuda de amigos, é descoberto o paradeiro de Nelson, seu pai biológico, mas ele está impossibilitado de adotá-la, por estar falido
o amigo TÉCIO (Ivan Cândido, participação), que morre no início, após ter transferido os negócios de Nelson para o seu nome, deixando-o na miséria. Mais tarde, descobriu-se o golpe: Técio não havia morrido, lhe roubara e estava vivendo em Miami, nos Estados Unidos. Acaba assassinado
o marinheiro TINHORÃO (Clementino Kelé), que tomava conta de seus barcos.
– núcleo de MIGUEL FRAGONARD (Raul Cortez), irmão mais velho de Nelson, por parte de pai, com quem nunca se deu por discordar de sua forma de vida. Diferente dele, Miguel é um homem responsável, que estudou e multiplicou a herança deixada pelos pais com o trabalho, tornando-se um cirurgião plástico reconhecido internacionalmente. Ama a família e vive feliz e tranquilamente com a mulher e a filha, até que a morte da mulher o abala. Próximo do fim da trama, é misteriosamente assassinado:
a mulher LUCY (Tetê Medina), fina e culta, dedicada à família e às Artes. Parceira do marido e amiga da filha. Morre no início da trama, vítima da explosão de uma lancha
a filha SANDRA (Glória Pires), adolescente insegura e carente. Sofre por uma paixão não correspondida. Tem dificuldades para superar a morte da mãe
o novo motorista MARCIANO (Francisco Dantas), homem já idoso, confiável e boa-praça, mas solitário.
– núcleo de LÍGIA PRADO (Betty Faria), mulher bonita e charmosa. De origem humilde, é batalhadora, racional e ambiciosa. Alcançou uma boa posição social com o segundo casamento, mas a relação ficou desgastada. Separa-se e vai à luta para manter o status que adquiriu e dar uma boa vida para os filhos pequenos. Monta uma loja de jeans em uma galeria na Zona Sul carioca. Conhece Nelson e os dois iniciam um romance, mas a incompatibilidade de visões de mundo os afastam. Envolve-se com Miguel sem saber que ele é irmão de Nelson e que vivem brigados, o que gera uma série de conflitos. Opta então por casar-se com Miguel:
o primeiro marido SÉRGIO (Milton Moraes, participação), advogado em um banco, pai de seu filho mais velho. Homem sem ambição, o que a levou a separar-se dele. Morre inesperadamente no início da trama
o segundo marido HEITOR (Carlos Eduardo Dolabella), executivo de uma companhia aérea, pai de sua filha caçula. Com ele, Lígia melhorou seu status social. O casamento vai mal, pelo desgaste da relação, apesar de ela lutar para mantê-lo, já que não lhe seria vantajosa a separação. Logo, ele deixa Lígia e a troca por outra mulher
os filhos pequenos: PAULO ROBERTO (João Cláudio Melo), filho com Sérgio, e PATRÍCIA (Waleska Souto Maior), filha com Heitor
a amiga SELMA (Tamara Taxman), que vivia no exterior com um marido rico. Separada, volta ao Brasil e hospeda-se em sua casa. Com a separação de Lígia e Heitor, inicia um romance com ele. Lígia, ao descobrir que o ex-marido a trocou por sua melhor amiga, dá uma surra em Selma
a mulher de Sérgio, CELESTE (Arlete Salles), que sempre a criticou por sua sede de ambição. As duas se detestavam até a morte de Sérgio, o que fez com que se unissem. Acabam grandes amigas. Vai trabalhar como secretária de Miguel Fragonard
a babá de seus filhos CRISTINA (Maria Alice Mansur)
o empregado em sua loja LÚCIO (José Carlos Sanches).
– núcleo de JANETE (Lucélia Santos), estudante batalhadora, bom caráter, contestadora e de ideias firmes. Pobre, luta por sua independência, quer estudar e crescer na vida. Discorda dos pais, principalmente por eles serem dependentes financeiramente de sua tia. Vive criticando o pai relapso, com quem tem uma relação conflituosa:
os pais: EVALDO (Mauro Mendonça), homem de caráter duvidoso, metido em trambiques. Não para em emprego, sempre dependeu da irmã mais velha, que praticamente sustenta sua casa,
e VILMA (Aracy Cardoso), complacente com o marido, vive fora da realidade. Acha que a filha implica demais com o pai
a tia IRENE (Eloísa Mafalda), irmã mais velha de Evaldo, mora com a família dele. Solteirona trabalhadora, honesta e pudica. Há décadas trabalha como secretária na clínica de Miguel Fragonard. Anulou-se para cuidar do irmão quando ele era pequeno. Só que continua sustentando-o depois de adulto e faz vista grossa para a sua indolência. Ama a sobrinha e não gosta quando ela briga com o pai. Ao final, descobre o amor ao envolver-se com Marciano
a amiga LIA (Ticiana Studart)
a empregada AMÉLIA (Márcia Veloso).
– núcleo de LOURDES MESQUITA (Beatriz Segall), promotora e organizadora de festas da alta sociedade carioca. Mulher arrogante e orgulhosa. Apesar de bem relacionada, não é rica. Pelo contrário, vive no aperto, lutando para pagar as contas e manter as aparências. Viu a filha casar-se com um simples professor, de quem não gosta por incompatibilidade de gênios. Sonha ver o filho caçula casado com Sandra, filha de Miguel Fragonard. Porém, ele se apaixona por Janete e Lourdes faz tudo para separar o casal, por Janete ser pobre e afrontá-la:
os filhos: MARCOS (Fábio Jr.), o caçula. Vive criticando os métodos da mãe, que o sufoca com suas ambições e planos para o futuro. Recém-formado em Medicina, vai trabalhar na clínica de Miguel Fragonard. No início, é alvo da paixão de Sandra. Lourdes queria que ele se casasse com ela, que é rica, mas ele se apaixonou por Janete, contra a sua aprovação,
e MÁRCIA (Natália do Valle), a princípio, sócia em sua empresa. Aos poucos vai conquistando independência e clientela e monta a sua própria firma. Precisa lidar com a animosidade entre a mãe e seu marido, que se detestam, o que vai minando o seu casamento
o genro EDIR (Cláudio Cavalcanti), marido de Márcia. Professor de História em um curso pré-vestibular, é um idealista. Não tem nada a ver com a badalação da sogra, com quem não se dá bem, o que gera muitos conflitos em casa, inclusive interferindo em seu casamento com Márcia. A esposa esperava uma vida melhor, o que é incompatível com o seu salário de professor. O casal adota Maria Helena, mas as constantes brigas impossibilitam que a menina fique com eles
as vizinhas: CLARICE (Jacqueline Laurence), professora de Francês, trabalha com Edir. Mulher espirituosa, irônica e muito franca,
e MARY (Maria Helena Pader), mora com Clarice. Enfermeira na clínica de Miguel Fragonard, é amiga de Irene
a empregada ANTÔNIA (Ilva Niño), que, no decorrer da trama, vai trabalhar no apartamento de Márcia e Edir e, depois, no apartamento de Nelson.
– núcleo de STELLA FRAGA SIMPSON (Tônia Carrero), socialite excêntrica, liberada, moderna e divertida. Amiga de Miguel, Nelson e Lourdes. Bela, charmosa e vaidosa, gosta de aparentar menos idade do que tem. Coleciona namorados, sempre rapagões, mas sem se apegar por muito tempo a nenhum deles. Ao final, entediada com o vazio de festas e compromissos sociais, repensa a vida e decide realizar um sonho da juventude: tornar-se atriz:
o ex-marido KLEBER (José Lewgoy), a quem trata como amigo. Homem rico, bem relacionado na sociedade, um bon vivant. Foi tutor de Miguel e Nelson após a morte dos pais deles, até que atingissem a maioridade. Ao final, descobre-se que é o assassino de Miguel, que, por sua vez, descobriu que ele roubava Nelson, já que administrava os bens dele
o filho BRUNO (Kadu Moliterno), fotógrafo de moda, melhor amigo de Nelson. Herdeiro e bonito, é considerado um “bom partido”. Apaixona-se por Janete e a disputa com Marcos, o que gera uma forte antipatia entre ambos. Na reta final, acaba envolvendo-se com Sandra
a amiga GILDA (Maria Zilda), envolve-se com Kleber
a manicure MARINETE (Terezinha Sodré), expansiva, divertida, faladeira e fofoqueira. Como tem muitas clientes da alta roda, sabe tudo o que acontece na sociedade
o fiel mordomo LAFAIETE (Edson Silva), seu fã.
– núcleo de SUELI (Ângela Leal), mulher honesta, sem vaidades, um tanto ingênua e simplória. No início, trabalhava na Central do Brasil como comissária de trem. Vizinha do orfanato na Ilha do Governador onde vivia Maria Helena, compadece-se do drama da menina e se empenha em descobrir a identidade e o paradeiro de seus pais. Encontrou o pai, Nelson, por quem acabou apaixonada, mas sofre com a indiferença dele. Ao longo da trama, larga o emprego, muda-se com o irmão para a Zona Sul e vai trabalhar no estúdio de Bruno. Acaba dando o grito de independência incentivada por uma amiga rica de Stella, a francesa JOJÔ BESANÇON (Henriette Morineau, participação), que a levou para Paris, de onde volta totalmente transformada:
o irmão mais novo JADER (Jorge Fernando), mecânico boa-praça e trabalhador. Fica amigo de Sandra, apaixona-se por ela, mas não é correspondido. Os irmãos vão morar na Zona Sul, dividindo um apartamento com amigos
os amigos com quem divide apartamento com o irmão (entre eles, Marcos): BETH (Maria Padilha), melhor amiga de Sandra,
e ALFREDO (Fernando Eiras), engenheiro em início de carreira. Ambicioso, muda-se para o apartamento de Lourdes e acaba envolvendo-se com ela. Ao final, troca-a por uma jovem rica
a assistente social CLARA (Maria Helena Dias), responsável pelas crianças no orfanato onde Maria Helena vivia.
Registro da época
Gilberto Braga tinha uma árdua missão pela frente: levantar o moral do horário das oito da Globo combalido pelo fracasso da novela anterior, Os Gigantes, de Lauro César Muniz. A emissora não teve dúvida e acionou seu queridinho entre os autores de novelas daquele momento, festejado pelo sucesso de Dancin’ Days. E Gilberto cumpriu sua missão a contento: em pouco tempo, Água Viva já era um grande sucesso popular.
A ordem era fazer o oposto de Os Gigantes. Com direção moderna, Água Viva foi uma novela de charme e envolvimento, solar, urbana, com muitas gravações externas, embalada por uma trilha sonora vibrante.
Desta vez, Gilberto abordou a vida da classe rica carioca à beira-mar. Com sua trama folhetinesca, o autor traçou um interessante painel dos costumes do Rio de Janeiro da passagem da década de 1970 para 1980. Mais que uma crônica do cotidiano, o registro de uma época.
A tentativa de ascensão social de Lígia (Betty Faria), as excentricidades da milionária Stella Simpson (Tônia Carrero), a decadência da “posuda” Lourdes Mesquita (Beatriz Segall), a dura luta de Edir (Cláudio Cavalcanti) e Márcia (Natália do Valle), o misterioso assassinato de Miguel Fragonard (Raul Cortez) e a história de amor entre Marcos (Fábio Jr.) e Janete (Lucélia Santos) conseguiram criar o clima exato para manter a atenção do espectador ao longo dos seis meses de novela.
Sucesso de audiência e repercussão, Água Viva foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor novela de 1980.
Inspirações
A primeira inspiração para o autor foi o musical americano “Annie”, que estreou na Broadway em 1977, sobre a história de uma pequena órfã – na novela, Maria Helena, menina de 8 anos vivida por Isabela Garcia (então com 12 anos).
Maria Helena, que no início da novela era o centro das atenções, foi perdendo espaço ao longo da trama. No final de Água Viva, ao fazer um balanço, Gilberto Braga explicou: “Eu precisava de um apelo para atingir o grande público. E uma órfã me pareceu perfeito. Mas colocar uma criança foi bobagem, pois não sou muito chegado a crianças menores de dez anos. Mesmo assim saíram cenas bonitas.” (revista Contigo, agosto de 1980, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Para a trama da arrivista Lígia Prado (Betty Faria), Gilberto Braga inspirou-se no romance “Um Estranho no Espelho”, de Sidney Sheldon, publicado em 1976.
O cinema foi outra fonte para o autor. Sueli (Ângela Leal) remetia à personagem de Shirley MacLaine no filme Deus Sabe o Quanto Amei (1958), enquanto Stella Simpson (Tônia Carrero) tinha referências na personagem de Rosalind Russell em A Mulher do Século (1958). (“Gilberto Braga, o Balzac da Globo”, Artur Xexéo e Maurício Stycer)
Outra inspiração para Stella foi a socialite Beki Klabin, figura badalada na época da novela, tendo inclusive participado em Água Viva, como ela mesma, em uma recepção no apartamento de Stella (nos capítulos 71 e 72, em 26 e 28/04/1980).
Título
O primeiro nome pensado para a novela foi Vento Norte.
Já o título Água Viva, além da relação direta com o mar, era uma metáfora com Lígia (Betty Faria), uma das protagonistas, mulher bela, mas ambiciosa e arrivista, capaz de “queimar ao mais leve toque”. (revista Isto É, 12/03/1980)
O nome definitivo foi sugerido por Gilberto Braga, fã do disco “Água Viva”, de Gal Costa, lançado em 1978. (“Gilberto Braga, o Balzac da Globo”, Artur Xexéo e Maurício Stycer)
Pedido de colaborador
No decorrer da escrita, Gilberto Braga, estressado com o acúmulo de trabalho, sentiu a necessidade de ajuda na roteirização dos capítulos. Pediu à direção da Globo um colaborador e, a partir do capítulo 60, passou a contar com o auxílio de Manoel Carlos, que vinha de duas novelas do horário das seis (Maria Maria e A Sucessora) e da série Malu Mulher.
Curiosamente, Maneco foi creditado na novela em apenas duas ocasiões: na abertura do capítulo 144 (“Uma novela de Gilberto Braga e Manoel Carlos”) e no encerramento do último capítulo (“A partir do capítulo 60, a novela Água Viva foi escrita por Gilberto Braga e Manoel Carlos”).
Água Viva foi, portanto, a primeira novela com a figura do colaborador, a auxiliar o autor principal. E a estreia de Maneco no horário mais nobre da Globo, ainda que como colaborador de Gilberto Braga. No ano seguinte, ele escreveu sua primeira novela solo na faixa das oito da noite: Baila Comigo.
Elenco
Stella Simpson foi para Tônia Carrero o seu melhor papel em TV. A atriz foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor da televisão em 1980 (juntamente com Dercy Gonçalves, pela novela Cavalo Amarelo, e Regina Duarte, pela série Malu Mulher).
Curiosamente, Stella Simpson não era a personagem que inicialmente estava destinada a Tônia. Ela viveria a megera Lourdes Mesquita, mas Boni (diretor artístico da Globo na época) e Paulo Ubiratan (um dos diretores da novela) solicitaram a troca, pois Stella precisava de mais charme.
Não foi a única vez em que Tônia Carrero ficou sem o papel de vilã em uma novela de Gilberto Braga: aconteceu também em Louco Amor (1983), em que perdeu o papel de Renata Dumont para Tereza Rachel.
Graças à troca em Água Viva, Beatriz Segall viveu sua primeira megera na TV: a promotora de eventos Lourdes Mesquita. Gilberto havia matado a personagem da atriz em Dancin’ Days (1978) no primeiro terço da novela, por falta de função na história. Desde então, o novelista quis escrever um grande papel para ela.
Odete Roitman, personagem de Beatriz em Vale Tudo (1988), por ocasião dos preparativos para o casamento do filho, comentou que essa era uma tarefa tão importante que não a confiaria nem a Lourdes Mesquita!
Destaque também para a personagem de Lucélia Santos, Janete, uma jovem de ideias muito firmes, discordando profundamente dos pais, que viveram toda vida na dependência da tia solteirona, Irene (Eloísa Mafalda).
O nome da personagem era uma homenagem à amiga e mestra de Gilberto, Janete Clair.
Primeira novela das atrizes Tetê Medina e Maria Padilha e do ator José Carlos Sanches.
Estreia na Globo dos atores Raul Cortez e John Herbert (este, em uma participação), vindos das novelas da TV Tupi. Primeira novela na Globo de Ricardo Petráglia (em uma participação).
Tetê Medina participou de Água Viva nos primeiros 21 capítulos, como Lucy Fragonard, mulher de Miguel (Raul Cortez), mãe de Sandra (Glória Pires). Antes de a emissora chegar ao seu nome, duas atrizes foram convidadas para interpretar a personagem: Glória Menezes não aceitou o papel porque o considerou pequeno e inexpressivo, enquanto Pepita Rodrigues recusou porque não se achava com idade para ser mãe de Glória Pires. (jornal O Globo, 01/03/1980)
Sônia Braga foi a escolha de Gilberto Braga para viver a protagonista Lígia, mas a atriz não acertou-se com a Globo na questão de valores. Betty Faria foi então escalada. (O Globo, 01/01/1980)
Outras escalações divulgadas pela imprensa, mas que não se concretizaram foram Aracy Balabanian para Celeste (que acabou nas mãos de Arlete Salles), Moacyr Deriquém para Técio (Ivan Cândido) e Lourdes de Moraes para Clara (Maria Helena Dias). (revista Amiga)
Gilberto Braga contou com a participação especial na novela da atriz francesa (naturalizada brasileira) Henriette Morineau (entre os capítulos 123 e 128 e no último capítulo), grande dama do teatro de quem era fã. Era a segunda e última vez que Morineau participava de uma telenovela. Em 1976, a atriz surgiu em Escrava Isaura, também de Gilberto, como a fictícia atriz francesa Madeleine Besançon. Em Água Viva, Gilberto repetiu o sobrenome da personagem: Jojô Besançon, uma ricaça francesa.
O próprio Gilberto Braga participou da novela, aparecendo no último capítulo, na estreia da peça em que Stella atuou. Também seu companheiro, Edgar Moura Brasil, em três momentos: na festa de aniversário de Kleber, no casamento de Alfredo e na estreia da peça com Stella.
A futura atriz Carla Marins, com 11 anos na época, teve uma rápida aparição na novela, na festa de aniversário do filho de Lígia.
Da mesma forma, Marcelo Faria (filho de Reginaldo Faria), então com 8 anos, apareceu entre as crianças na festa de aniversário de Maria Helena.
Cenas marcantes
Uma das sequências mais marcantes da novela foi a surra que Lígia (Betty Faria) deu em Selma (Tamara Taxman) no banheiro de uma casa de shows (o Canecão, no Rio de Janeiro), exibida no capítulo 19, em 25/02/1980.
Gilberto Braga reescreveu essa cena em 2004, para a novela Celebridade, na qual, da mesma forma, Maria Clara Diniz (Malu Mader) surrou a antagonista Laura (Cláudia Abreu) no banheiro de uma casa de shows.
Outras cenas marcantes:
– a explosão da lancha que matou Lucy, ao final do capítulo 21, exibido em 27/02/1980;
– o topless de Stella na praia, acompanhada de Gilda, Beth e Sandra (capítulo 32, em 11/03/1980);
– a chantagem de Lourdes sobre Janete, ameaçando entregar o seu pai à polícia caso ela não se afastasse de Marcos (capítulo 44, em 25/03/1980);
– Nelson descobre que o homem com quem Lígia estava saindo era seu irmão Miguel (capítulo 72, em 28/04/1980);
– Bruno descobre em Miami que Técio estava vivo (capítulo 78, em 05/05/1980);
– O casamento de Lígia e Miguel (capítulo 96, em 27/05/1980);
– Nelson revela a Maria Helena que é seu pai (capítulo 107, em 09/06/1980);
– O misterioso assassinato de Miguel, que gerou um “Quem matou?” (no capítulo 138, em 16/07/1980) e a elucidação do crime (no capítulo 155, em 05/08/1980)
– a estreia da peça com Stella, seguida de uma festa e o encerramento da novela, no último capítulo.
Quem matou?
A 21 capítulos do final de Água Viva, o cirurgião plástico Miguel Fragonard (Raul Cortez) foi assassinado, o que rendeu um novo fôlego à trama e movimentou o público, ávido por saber a identidade do assassino. Este foi o primeiro dos “Quem matou?” em novelas de Gilberto Braga. Curiosamente, o autor confidenciou a André Bernardo e Cíntia Lopes, para o livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, que achava essa sua primeira incursão no gênero policial “bem precária”.
Na trama, o crime foi cometido durante um fim de semana na casa de Miguel em Angra dos Reis, quando se celebrava o aniversário de Sandra (Glória Pires), filha dele. A princípio, parecia um latrocínio, já que a vítima foi encontrada baleada próxima ao cofre, que estava aberto e vazio. Antes disso, o autor criou situações para levar o público a suspeitar que alguns personagens pudessem ter cometido o assassinato. Os suspeitos mais óbvios eram Nelson (Reginaldo Faria), irmão de Miguel que o detestava, e Lígia (Betty Faria), que casara-se com Miguel amando Nelson.
Contudo, surgiram também como suspeitos: Stella (Tônia Carrero) e Heitor (Carlos Eduardo Dolabella), que haviam se desentendido com Miguel horas antes do crime; Marcos (Fábio Jr.), que Miguel havia beneficiado em seu testamento; a mãe de Marcos, Lourdes (Beatriz Segall), que ficara sabendo desse testamento; e Evaldo (Mauro Mendonça), que apareceu na casa sorrateiramente à procura de Irene (Eloísa Mafalda) a fim de pedir-lhe dinheiro para saldar uma dívida.
O mistério manteve-se até o capítulo 155 (exibido em 05/08/1980, a última segunda-feira da novela), quando foi revelado que o criminoso era o bon vivant Kleber Fraga Simpson (José Lewgoy), amigo da família que, no passado, havia sido tutor dos irmãos Miguel e Nelson Fragonard. Por meio de um detetive, Miguel descobrira que Kleber, que administrava os bens de Nelson, era o responsável pela sua derrocada financeira. Kleber roubou Nelson porque estava falido e ele era a vítima perfeita para seu golpe: desligadão e filho da mulher que o tinha desprezado no passado.
Primeiro Kleber providenciou a morte do seu testa-de-ferro Técio (Ivan Cândido), anteriormente dado como morto, mas que estava vivendo em Miami e fora encontrado por Bruno (Kadu Moliterno). Descoberto pelo detetive de Miguel, Kleber liquidou os outros que poderiam incriminá-lo. Com a ajuda de um funcionário de Miguel, mandou matar o detetive e ele próprio matou Miguel, usando o funcionário como bode expiatório.
Topless
No capítulo 20 (exibido em 26/02/1980), a personagem Beth (Maria Padilha) fez topless na praia, mas foi obrigada a vestir a parte de cima do biquíni ante as reclamações de um frequentador do local. Os personagens da novela começaram a discutir a questão, em voga na época. Beth voltou a fazer topless no capítulo 31 (em 10/03/1980), sendo novamente repreendida.
Paralelamente à trama da novela, a vida imitou a arte. Tendo como cenário o Posto 9, em Ipanema, as atrizes Tônia Carrero, Maria Zilda, Maria Padilha e Glória Pires gravariam uma cena em que simulariam topless, utilizando apenas um par de adesivos para cobrir os seios.
A reação dos curiosos ao topless foi repreender as atrizes. “Quando os curiosos perceberam que faríamos topless, nos expulsaram da praia jogando latas e areia”, lembrou Maria Padilha.
As cenas tiveram de ser gravadas em outro local, São Conrado, e foram exibidas no capítulo 32, em 11/03/1980.
Maconha
No capítulo 39 (exibido em 19/03/1980), foi ao ar o primeiro baseado da TV brasileira. O personagem Alfredo (Fernando Eiras) enrolava tranquilamente seu cigarrinho de maconha enquanto papeava com Beth (Maria Padilha) e Sandra (Glória Pires). De acordo com o “Almanaque da TV” (de Bia Braune e Rixa), o autor Gilberto Braga indicou no roteiro apenas a rubrica “Alfredo arrumando alguma coisa”.
Os personagens do núcleo jovem voltaram a preparar um baseado no capítulo 47. A novela, no entanto, nunca os mostrou fumando maconha. No capítulo 58, a menina Maria Helena (Isabela Garcia) perguntou a Stella (Tônia Carrero) o que era a gíria “alface” (maconha), mas Stella demonstrou não conhecer o significado.
Apesar de não constar na trilha da novela, o cantor jamaicano Peter Tosh (de passagem pelo Brasil para o 2º Festival Internacional de Jazz, em São Paulo) gravou uma participação especial para o capítulo 89, exibido em 19/05/1980. Em uma recepção no apartamento de Stella, Tosh cantou ao violão as músicas “Creation”, “Don’t Look Back” e “Bush Doctor”, cujos versos defendiam abertamente a legalização da maconha e denunciavam a violência policial.
Tubarões!
Reginaldo Faria, Kadu Moliterno, dois câmeras e dois mergulhadores estavam gravando cenas submarinas, a 60 milhas da costa, quando ouviu-se o grito desesperado do diretor Roberto Talma: “Tubarões!” Todos correram para o barco onde estava o resto da equipe. Na fuga, um dos câmeras cortou-se.
Os peixes estavam a poucos metros quando, mesmo carregando uma pesada câmera, Kadu Moliterno conseguiu subir na lancha, salvando também Reginaldo Faria, que já estava sem fôlego. (Revista Contigo nº 229, 1980, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Caracterizações
A partir do capítulo 51, a trama da novela entrou em uma nova fase com uma passagem de tempo de um ano. Aproveitou-se para atualizar os cortes de cabelo e penteados dos atores. A passagem de tempo foi mostrada justamente em um salão de beleza.
Glória Pires foi quem passou por uma mudança mais radical, adotando o cabelo curtinho desfiado, muito moderno na época, com maquiagem, quando antes sua personagem aparecia praticamente de “cara lavada” com cabelo curto, mas volumoso, ao natural.
Lucélia Santos abandonou o cabelo preso no alto, todo desgrenhado, aparecendo com o cabelo solto, comprido com franja, enquanto Arlete Salles adotou um corte chanel com franja. No final da novela, foi a vez de Ângela Leal aparecer de cabelo mais curto, em novo penteado, já que sua personagem, Sueli, voltava repaginada de uma temporada na Europa.
Locações
Na cidade do Rio de Janeiro, a novela teve sequências gravadas em praias como Ipanema e Leblon, e locações como a Marina da Glória e o Iate Clube. A equipe também foi gravar em Angra dos Reis.
As cenas do orfanato onde a pequena órfã Maria Helena morava foram feitas na antiga Fundação Romão Duarte, no bairro do Flamengo, instituição que acolhia crianças em situação de vulnerabilidade. (Jornal do Brasil, 13/04/1996)
Para a fachada do prédio de Stella (Tônia Carrero), foi usado o edifício de quatro andares (a personagem morava na cobertura) situado na Av. Delfim Moreira 250, na esquina com a Rua Almirante Guilhem, no Leblon.
A produção foi a Miami, na Flórida (EUA), gravar as cenas em que Bruno (Kadu Moliterno) descobria que Técio (Ivan Cândido) estava vivo, exibidas a partir do capítulo 78, em 05/05/1980.
Por meio da agência de turismo de Nelson (Reginaldo Faria), Água Viva promoveu a Bahia, com cartazes nos cenários e várias falas dos personagens elogiando o estado. No fim da novela, Irene (Eloísa Mafalda) e Marciano (Francisco Dantas) visitaram a capital Salvador, com cenas gravadas na cidade. A novela também divulgou o município de Guarapari, no litoral do Espírito Santo, para onde o fotógrafo Bruno (Kadu Moliterno) dirigiu-se para fotografar as praias da região.
Merchandising
Com o sucesso, ações de merchandising fizeram a novela faturar. Anunciaram em Água Viva, entre outros: Joias Natan, cerveja Antárctica, refrigerantes Coca Cola, bicicletas Caloi, motos Honda, câmeras Yashica, brinquedos Estrela, esmaltes Risqué, tecidos Santista, calçados Azaleia e jeans Ustop (Lígia abriu uma loja da marca).
Abertura
Pesca marítima, esqui aquático e windsurf foram esportes náuticos divulgados pela novela. O windsurf já aparecia na abertura, que mostrava velas coloridas no mar.
Por alguns capítulos, Betty Faria foi creditada na abertura por primeiro, antes de Reginaldo Faria (a partir do capítulo 19, em 25/02/1980) – quando, na maioria das vezes, era Reginaldo quem abria a abertura, com Betty na sequência.
Sobre a abertura da novela, revelou Hans Donner a Flávio Ricco e José Armando Vannucci, para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”:
“Poderia ter ficado muito melhor, porque no dia em que gravamos, não fazia sol e fomos obrigados a usar planos mais fechados. Mas a música ‘Menino do Rio’ era maravilhosa e escondeu essa imperfeição. O sucesso de um trabalho como esse é metade do áudio e metade da imagem.”
Trilha sonora
As trilhas sonoras – tanto a nacional quanto a internacional, repletas de sucessos das FMs da época – venderam muito. O tema da abertura – a bela canção “Menino do Rio”, de Caetano Veloso, interpretada por Baby Consuelo – tornou-se um hit instantâneo e até hoje remete à novela. Impossível não ouvir a música e não lembrar de Água Viva.
A trilha nacional foi tão marcante que a maioria das músicas ficaram associadas à novela. Além da canção da abertura: “Grito de Alerta” (Maria Bethânia), “Desesperar Jamais” (Simone), “Vinte e Poucos Anos” (Fábio Jr.), “Noites Cariocas” (Gal Costa), “Realce” (Gilberto Gil), “Amor Meu Grande Amor” (Ângela Ro Ro), “Wave” (João Gilberto) e “Cais” (Milton Nascimento).
Gilberto Braga comentou sobre a esmerada seleção musical dessa trilha, com a qual colaborou:
“Bethânia, Simone, Elis, Gal, Gil, Elizeth [Cardoso], João [Gilberto], Milton [Nascimento]… Para mim, é a melhor trilha de novela já feita!” (“Teletema – A História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”, Guilherme Bryan e Vincent Villari)
Em 2001, a Som Livre relançou a trilha sonora nacional de Água Viva, em CD, na coleção “Campeões de Audiência”, 20 trilhas nacionais de novelas campeãs de vendagem nunca antes lançadas em CD (títulos até 1988, pois no ano seguinte foram lançados os primeiros CDs de novelas).
A trilha internacional de Água Viva foi um grande sucesso, tendo vendido quase 1 milhão de exemplares (entre LPs e K7s). Começou a tocar no capítulo 58 (em 10/04/1980), com um instrumental da música “Ships” em uma cena de jantar de Miguel (Raul Cortez) e Lígia (Betty Faria) – apesar da música instrumental “Memories” tocar desde o início para a órfã Maria Helena (Isabela Garcia), porém, tratava-se de uma gravação nacional que constava no disco internacional.
Nas “cenas do próximo capítulo”, a trilha internacional começou a tocar no capítulo 77 (em 03/05/1980), com a música “Never (Gonna Let You Go)”.
A gravadora Continental, por ocasião do lançamento do disco da novela, lançou também uma coletânea com os mesmos temas internacionais, porém em gravações não originais. A capa do disco também era semelhante. Ficou evidente para a Som Livre o oportunismo da Continental.
A Som Livre reagiu e ameaçou excluir os artistas da Continental dos programas da Globo caso o disco não fosse retirado do mercado. Assustada, a Continental suspendeu as vendas de sua versão de Água Viva.
(“Pavões Misteriosos: 1974-1983, A Explosão da Música Pop no Brasil”, André Barcinski)
Além do cantor Peter Tosh (no capítulo 89, em 19/05/1980), apresentaram-se cantando em Água Viva: As Frenéticas (no capítulo 7, em 11/02/1980) e Maria Bethânia (no capítulo 19, em 25/02/1980).
Repetecos
Por volta do fim da novela, a jornalista e crítica literária Leonor Bassères, amiga de Gilberto Braga, lançou o livro “Água Viva”, pela Editora Record. Leonor transformou 3.200 laudas redigidas por Gilberto e Manoel Carlos em um romance de 388 páginas. (Jornal do Brasil, 30/07/1980)
Gilberto passou a contar com a colaboração de Leonor em suas novelas a partir de seu trabalho seguinte, Brilhante (1981-1982), em uma parceria que durou até a morte dela, em 2004, enquanto eles escreviam Celebridade.
Água Viva foi posteriormente lançada em mais duas versões romanceadas. Em 1985, pela Rio Gráfica Editora, na coleção “As Grandes Telenovelas”, 12 livretos adaptados de novelas de sucesso, distribuídos nos supermercados com o sabão-em-pó Omo. Em 1987, a Editora Globo lançou a série de livros “Campeões de Audiência”, também 12 adaptações de novelas, à venda nas bancas.
Reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo, de 13/02 a 31/08/1984, Água Viva foi a primeira novela das oito reprisada à tarde, quebrando um padrão de que apenas novelas das seis ou sete horas eram reapresentadas nesta faixa.
Curiosamente, a Globo decidiu pelo repeteco de Água Viva (ou conseguiu sua liberação) em cima da hora, depois de terem ido ao ar chamadas do retorno de Elas por Elas.
Água Viva foi reprisada também no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo), entre 30/09/2013 e 05/04/2014, à meia-noite (com reprise ao meio-dia do dia seguinte).
Em 2015, a Globo Marcas lançou o box de DVD da novela, com onze discos.
Água Viva foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 17/06/2024.
Trilha sonora nacional
01. GRITO DE ALERTA – Maria Bethânia (tema de Lígia e Nelson)
02. DESESPERAR JAMAIS – Simone (tema de Sueli)
03. ALTOS E BAIXOS – Elis Regina (tema de Lígia)
04. VINTE E POUCOS ANOS – Fábio Jr. (tema de Marcos e Janete)
05. NOITES CARIOCAS – Gal Costa (tema de Stella)
06. MENINO DO RIO – Baby Consuelo (tema de abertura)
07. REALCE – Gilberto Gil (tema dos ensaios fotográficos de Bruno)
08. AMOR, MEU GRANDE AMOR – Ângela Ro Ro (tema de Sandra)
09. NO TEMPO DOS QUINTAIS – Elizeth Cardoso
10. PEITO VAZIO – Lúcia Araújo (tema de Sueli)
11. WAVE – João Gilberto (tema de Nelson)
12. CAIS – Milton Nascimento (tema de Nelson)
Sonoplastia: Antônio Faya e Guerra Peixe Filho
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Lulu Santos e Arnaldo Schneider
Trilha sonora internacional
01. LEAD ME ON – Maxine Nigthingale (tema de Sueli)
02. LOVE I NEED – Jimmy Cliff
03. DO THAT TO ME ONE MORE TIME – Susan Case & Sound Around (tema de Lourdes)
04. SHIPS – Barry Manilow (tema de Nelson)
05. D.I.S.C.O. – Ottowan
06. JUST WHEN I NEEDED YOU MOST – Tony Wilson (tema de Lígia e Nelson)
07. MEMORIES – Bianchi (tema de Maria Helena)
08. BABE – Styx (tema de Edir)
09. JUST LIKE YOU DO – Carly Simon (tema de Lígia e Miguel)
10. I DON’T WANT TO FALL IN LOVE AGAIN – Voyage
11. CRUISIN’ – Smokey Robinson (tema de Marcos e Janete)
12. THE SECOND TIME AROUND – Shalamar
13. NEVER (GONNA LET YOU GO) – Charme (tema de Sandra)
14. MANDOLAY – La Flavour
Ainda
AFTER LOVE HAS GONE – Noon & Midnight *
ALL THE WAY – Frank Sinatra (Lígia e Miguel dançam a música em casa)
ANOTHER BRICK IN THE WALL – Pink Floyd (Sandra coloca a música para Jader ouvir)
A SAD MESSAGEM (FROM THE OMEN) – Jerry Goldsmith, Lionel Newman & National Philharmonic Orchestra (tema de suspense e tensão)
BUSH DOCTOR – Peter Tosh (cantando no apartamento de Stella)
CLASSICAL DANCIN’ – Walter Murphy
CREATION – Peter Tosh (cantando no apartamento de Stella)
CHRISSIE’S DEATH (FROM JAWS) – John Williams (tema de suspense)
DISCONNECTED – New View featuring Ann Calvert *
FASCINATION – Florelle (Stella põe a música para Bruno ouvir no telefone)
FEERIE – Gheorghe Zamfir (tocada no velório de Miguel)
ILIA’S THEME (FROM STAR TREK) – Jerry Goldsmith (tema de Edir e Márcia)
LA VIE EN ROSE – Édith Piaf (Stella ouve a música no toca-discos)
LE SUD – Paul Mauriat
SHE – Charles Aznavour (Stella e Poti ouvem no fone de ouvido enquanto dançam na discoteca)
NE ME QUITTE PAS – Jacques Brel (Stella e Jaime dançam ao som da música)
SLEAZY – Village People *
SLIPPIN’ AWAY – Ben Moore *
STAR! (FROM STAR!) – Julie Andrews (ao fim da apresentação da peça com Stella)
SUPERNATURAL – Richard Orange *
SWEET´N SOUR – The Crusaders (tema das vinhetas de intervalo)
TRISTAN UND ISOLDE: ACT I, PRELUDE – Berlin Philarmonic & Herbert von Karajan (tema de Lucy e tema de Sandra nos momentos tristes)
TROCANDO EM MIÚDOS – Francis Hime (em uma cena com Lígia e Celeste)
(WHO WERE WITH YOU) IN THE MOONLIGHT – Dollar *
(YOU GOTTA WALK) DON’T LOOK BACK – Peter Tosh (cantando no apartamento de Stella)
* As músicas em questão fazem parte do LP Disco 80, uma coletânea lançada pela Som Livre no finalzinho de 1979 e que embalou festinhas em Água Viva quando sua trilha sonora internacional oficial ainda não havia sido lançada. (Daniel Couri no blog Porcos, Elefantes e Doninhas)
A gravadora Continental, por ocasião do lançamento da trilha sonora internacional de Água Viva, lançou também uma coletânea com os temas internacionais da novela, porém em gravações não originais. A capa do disco também era semelhante. Ficou evidente para a Som Livre o oportunismo da Continental.
A Som Livre reagiu e ameaçou excluir os artistas da Continental dos programas da Globo caso o disco não fosse retirado do mercado. Assustada, a Continental suspendeu as vendas de sua versão de Água Viva.
(“Pavões Misteriosos: 1974-1983, A Explosão da Música Pop no Brasil”, André Barcinski)
Tema de abertura: MENINO DO RIO – Baby Consuelo
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção, corpo aberto no espaço
Coração de eterno flerte
Adoro ver-te
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus proteger-te
O Havaí, seja aqui
O que tu sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Tome esta canção como um beijo…
Esperando ansiosamente esse clássico no globoplay
Após o sucesso estrondoso de Dancin Days, Água Viva foi a consagração de Gilberto Braga. O Texto Primoroso, a colaboração de Manoel Carlos, a direção precisa de dois monstros que viriam a se consagrar como uns dos maiores diretores da teledramaturgia: Roberto Talma e Paulo Ubiratan (a estréia de Paulo no horário nobre), o elenco de primeira qualidade: Reginaldo Faria se consagrando como um verdadeiro galã da TV, Raul Cortez em sua estréia na Rede Globo já mostrando ser um dos maiores atores da televisão, Betty Faria, Glória Pires, Isabela Garcia, Ângela Leal, Fábio Junior, Lucélia Santos com a intempestiva Janete, uma espécie de Solange Duprat do inicio dos anos 80, Cláudio Cavalcanti e Natalia do Vale vivendo um casal que mereceu a torcida do público, José Lewgoy dando um show com o vilão Kléber Simpsons, e no auge da carreira os destaques da trama ficou por conta das divas Tônia Carrero com a sua excêntrica socialite Stella Simpsons e Beatriz Segall com a megera aristocrata Lourdes Mesquita que foi um marco na carreira da atriz e ali começou a construção daquela que seria a sua personagem mais marcante da carreira: A Odete Roitman de Vale Tudo (1988) começou a ser construída ali em 1980 em Água Viva ao interpretar a Lourdes Mesquita, a Lourdes e a Odete tinham as mesmas características de mulheres arrogantes,prepotentes, que adoram manipular os outros e conseguirem o que querem, e que também tinham queda por homens mais jovens, a única diferença que tinham é que a Lourdes era uma mulher da classe alta porém falida que vivia de aparências e a Odete era milionária que sustentava toda a família, toda essa meritocracia se deve a Gilberto Braga, o criador dessas personagens. Um novelão que marcou o ano de 1980.