Sinopse
Gêmeas, sósias ou uma mulher com dupla personalidade? Durante o dia, ela é uma freira convicta, Irmã Estela. À noite, aparece dançando em um acampamento na pele da cigana Esmeralda.
O Capitão Fernando está entre as duas mulheres tentando desvendar o mistério. Ao final, descobre-se que eram gêmeas, que foram separadas na infância.
ANA ROSA – Estela / Esmeralda
HENRIQUE MARTINS – Fernando
SUELY FRANCO – Carlota
CASTRO GONZAGA – Don Rafael
NERI VITOR – Diego
JAIME BARCELOS – Pablo
DIRCE MIGLIACCIO – Lola
CHICO MARTINS – Dr. Vilares
ISABEL RIBEIRO – Madre Superiora
SILVANA LOPES – Irmã Tereza
CARLOS KOPPA
FELIPE LEVY
OSVALDO ÁVILA
JUDITH DA SILVA BRITO
Remake da novela Alma Cigana, que Ivani Ribeiro escrevera em 1964 (baseada no original latino de Manuel Muñoz Rico).
Ana Rosa voltava a interpretar as mesmas personagens protagonistas: a cigana Esmeralda e a freira Estela.
Geraldo Vietri, que estava preparando o lançamento da novela A Fábrica, foi pego de surpresa quando a emissora o convocou para reeditar Alma Cigana. (*)
Segundo Wálter Forster, diretor da TV Tupi na época, A Selvagem seria o primeiro passo de uma arrancada em 1971, para se recuperar dos insucessos do ano de 1970. (*)
No rastro do sucesso da Globo
Uma trama curta, exibida apenas entre os meses de janeiro e fevereiro de 1971, que aproveitou boa parte do elenco da novela anterior no horário, Toninho On The Rocks. Esta, por sua vez, teve seu término antecipado devido ao fraco desempenho que vinha obtendo na audiência. (*)
Na época, a Globo fazia sucesso com a novela Irmãos Coragem, em que Glória Menezes confundia o público com as personagens Lara e Diana: seriam elas a mesma pessoa ou mulheres diferentes? Esta trama era baseada no romance “As Três Faces de Eva”, de Corbertt H. Thigpen e Hervey M. Cleckley.
A novela Alma Cigana apresentara uma história semelhante: a trama deixava a dúvida se Estela e Esmeralda eram mulheres diferentes ou a mesma mulher. A Tupi embarcou então no sucesso da novela da Globo para reapresentar a sua história.
(*) “De Noite Tem… Um Show de Teledramaturgia na TV Pioneira”, Mauro Gianfrancesco e Eurico Neiva.
Elenco pequeno e do jeito que foi concebida, talvez uma história um pouco sem força para o horário das 20h da época, ainda mais enfretando a concorrente.
Assisti um vídeo em que Esmeralda personagem da Ana Rosa revela ser uma cigana. A atriz também esteve boa em cena com Dirce Migliaccio e Jaime Barcelos.
Foi engraçado e prazeroso ver o texto impostado, com verbos no futuro simples, e principalmente elevações de narizes e cabeças, closes reveladores ( amo) e trilha sonora com flamenco cigano ao fundo.
No geral honrou o DNA do seu país de origem, mesmo sendo uma adaptação brasileira, talvez a proposta fosse essa mesma. A cena com as freiras interpretadas por Isabel Ribeiro e Silvana Lopes ( boas atrizes que estavam adequadamente chorosas como o texto sugeria) é um bom exemplo disso.
A novela parecia ultrapassada para o início dos anos 70, pode-se perceber aqui alguns vícios que as novelas mexicanas mantém até hoje mesmo em tramas de enredos mais modernos. Geraldo Vietri parecia bem experimental. É marcante a abertura em plano-sequência com Ana Rosa deliciosamente mexicanizada.
Transpareceu-me também uma aura de improviso. Notei que há poucos cortes. A câmera ( talvez a única) treme um pouco assim como em “Simplesmente Maria” . Em “Os Apóstolos de Judas” alguns anos depois a direção de Geraldo já parece mais apurada.
Entretanto, apesar de revelar uma produção bem artesanal o vídeo de 5 minutos me prendeu a atenção só com o texto e a expressão dos atores. É como se fosse o SBT dos anos 2000 ou anos 80 só que com melhores atuações e direção.
Em “A Selvagem” mesmo parecendo saturada para os dias de hoje, há o que falta em muitas tramas hodiernas: enredo central e emoção, que quando bem administrados são capazes de fazer com que produções mais artesanais sejam levadas em conta.