Sinopse
Veneza, 1500. Rolando Candiano, filho do doge de Veneza, está de casamento marcado com a bela Leonor Dandolo. No dia da cerimônia, é traído por seu amigo, o capitão Altieri: apaixonado por Leonor, Altieri o denuncia à Inquisição como traidor. Também pesa contra Rolando o assassinato de João d’Ávila: apesar de sua inocência, ele é apontado como responsável pela morte do membro do Conselho de Dez. Rolando é condenado e preso na Ponte dos Suspiros. Seu pai, Lourenço Candiano, é deposto e condenado à máscara de ferro.
Com a prisão de Rolando, Altieri é promovido a capitão-general, enquanto seu cúmplice Foscari, é nomeado o novo doge. Altieri se aproxima de Leonor, mas ela não esconde o desprezo que sente por ele. Por imposição de seu pai, Dandolo, concorda em ficar noiva do capitão-general. A felicidade de Altieri, no entanto, dura pouco. Logo vem à tona a gravidez de sua esposa, que espera um filho de seu inimigo. A notícia o desestabiliza e Altieri ameaça a vida da criança, caso Leonor insista em criar o filho. Quando o menino nasce, é mantido na torre em companhia de uma ama.
Outra personagem importante na trama é Impéria, filha de uma família aristocrática de Florença. Apaixonada por Rolando Candiano, ela não mede esforços para conquistá-lo. No decorrer da trama, denuncia Leonor à Inquisição, alegando que ela é uma herege por compartilhar das ideias luteranas pregadas pelo Frei Vicente. Além disso, acusa a jovem de ser a responsável pelo assassinato de Silvia Candiano, mãe de Rolando. Leonor é presa, julgada pelo Santo Ofício e condenada à fogueira.
CARLOS ALBERTO – Rolando Candiano
YONÁ MAGALHÃES – Leonor Dandolo
JARDEL FILHO – Capitão Altieri
ARLETE SALLES – Impéria
MÁRIO LAGO – Foscari
ARY FONTOURA – Pedro Arentino
ZILKA SALABERRY – Clara
CARLOS VEREZA – Frei Vicente
EMILIANO QUEIROZ – Bembo
PAULO ARAÚJO – Scalabrino
MARIA HELENA DIAS – Joana
DARY REIS – Sandrigo
JOÃO PAULO ADOUR – Rafael D´Avila
DJENANE MACHADO – Bianca
PAULO GONÇALVES – Lourenço Candiano
IDA GOMES – Silvia Candiano
JORGE CHERQUES – João D´Avila
BEATRIZ LYRA – Beatriz D´Avila
PAULO PADILHA – Dandolo
LAJAR MUZURIS – Cônego Montini
JOÃO LOREDO
LÍCIA MAGNA
VINÍCIUS SALVATORI
ROBERTO ARGOLO – Bertini
GENI AMARAL – Sofia
URBANO LÓES – Guido Genaro
DIOGO VILELA – Nico
MARCO NANINI – auxiliar do Capitão Altieri
Sofia
Pseudônimo
Primeira novela de Dias Gomes. Para fugir da perseguição política, já que era persona non grata do Regime Militar, o autor assinou sob o pseudônimo de Stela Calderón, com grafia diferente da novelista mexicana homônima, Estella Calderón.
O pseudônimo foi uma sugestão de Walter Clark, então executivo da TV Globo, a Dias Gomes, “para evitar que ele fosse preso, militante comunista que era.” (“A Globo, Hegemonia: 1965-1984”, Ernesto Rodrigues)
Ao assinar com a Globo, Dias Gomes acrescentou ao contrato uma cláusula que Daniel Filho conhecia:
“O contrato do Dias Gomes, que já era famoso, dizia o seguinte: ‘Eu escrevo esta novela assinando Stela Calderón. Quando vocês quiserem que Dias Gomes assine, custará mais caro.’
E assim foi feito. Quando Dias Gomes assinou sua primeira novela, Verão Vermelho, ele passou a ganhar mais. Era o Dias Gomes fazendo novela.” (“A Globo, Hegemonia: 1965-1984”, Ernesto Rodrigues)
Censura
A Ponte dos Suspiros era uma sinopse de Glória Magadan, então supervisora de dramaturgia da Globo, baseada no folhetim do escritor francês Michel Zévaco, publicado em 1910, que já teve pelo menos quatro versões para o cinema.
Dias Gomes escrevia a novela sob a supervisão de La Magadan. Quando a cubana saiu da TV Globo, o autor mudou tudo e seguiu sua intuição. Foi quando a trama sofreu uma transformação quase radical e passou a discutir problemas políticos. Por causa disso, a censura paulista obrigou a Globo a mudar o horário de exibição para as 22 horas, a partir de 01/09/1969, inaugurando essa faixa de novelas na emissora.
Justificativa oficial: “Para os menores, a novela criaria o espírito de que os governantes são maus, desumanos, indiferentes ao sofrimento do povo, etc.” (“A Globo, Hegemonia: 1965-1984”, Ernesto Rodrigues)
Embora a trama fosse ambientada no século 16, Dias Gomes inseriu diversas referências à história do Brasil, inclusive criticando a deposição do presidente João Goulart. (Site Memória Globo)
O pesquisador Cláudio Ferreira reproduziu no livro “Beijo Amordaçado – A Censura às Telenovelas Durante a Ditadura Militar” a alegação dos censores para a alteração do horário da novela:
“Pelo conteúdo dos textos, as paixões intransigentes, boas e más, são de molde a levar os espectadores a emoções extremas, mesmo sendo adultos, o que, logicamente não recomenda a novela para horários inferiores: calculamos que, em horário mais avançado evitaríamos incidência maior de menores entre os telespectadores.”
Ferreira continua em seu livro:
“Já no oitavo capítulo, a censora Sônia C. Braga havia feito algumas ressalvas para que a novela continuasse no horário livre. Ela listou as exigências: “sonoplastia menos tensa e dramática, cenas amorosas poéticas, torturas e assassinatos sugeridos e cenas rápidas”. Foi menos otimista ainda sobre o valor educativo da trama: “Nenhum propriamente. Para os menores cria o espírito de que os governantes são maus, desumanos, indiferentes ao sofrimento do povo, etc.” Porém, a definição do horário de A Ponte dos Suspiros, ao que parece, não era consenso: quase dois meses depois de estrear, ela chegou a ser liberada para o público maior de dez anos, dias antes de a emissora decidir pelo horário das 22 horas, que durou até o último capítulo”.
Elenco
A volta da dupla romântica Carlos Alberto e Yoná Magalhães, que esteve separada em Passo dos Ventos (com ele) e A Gata de Vison (com ela), seus últimos trabalhos.
Esta foi também a última novela do casal (juntos) na Globo. Após uma passagem pela TV Tupi (na novela Simplesmente Maria, em 1970-1971), separaram-se profissionalmente.
Primeira novela dos atores Diogo Vilela (com 13 anos na época), Lajar Muzuris e Beatriz Lyra (em uma participação).
Primeira novela na Globo dos atores Jardel Filho, Carlos Vereza, João Paulo Adour e Vinícius Salvatori.
Antes de ter sua chance na TV, o ator Marco Nanini fez “pontas” em novelas. Em A Ponte dos Suspiros, foi figurante em cenas de capa e espada. O ator garantiu que chegou a “morrer” mais de dez vezes durante a novela. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)
Locações e cenografia
A novela teve na abertura algumas cenas gravadas em Veneza.
As externas foram feitas no terraço da TV Globo, no Rio de Janeiro, onde foi construído o cenário. Um canal de Veneza foi reproduzido na cobertura da emissora, no bairro do Jardim Botânico. O canal tinha dez metros de extensão e cinquenta centímetros de profundidade. Outras imagens externas foram gravadas no Parque Lage. (Site Memória Globo)
E mais
Lamentavelmente não existem mais registros dessa novela, apagados porque as fitas foram reutilizadas (prática comum na época) ou porque perderam-se em um dos incêndios na TV Globo (1971 e 1976).
LP Panicali e as Novelas
01. PONTE DOS SUSPIROS – Lyrio Panicali
02. A ÚLTIMA VALSA – Lyrio Panicali
03. A GRANDE MENTIRA – Lyrio Panicali
04. A GATA DE VISON – Lyrio Panicali
05. O HOMEM PROIBIDO – Lyrio Panicali (tema de Demian)
06. TEMA DE AMOR EM FORMA DE PRELÚDIUO – Manuel Marques (da novela Antônio Maria)
07. A RAINHA LOUCA – Lyrio Panicali
08. O PASSO DOS VENTOS – Lyrio Panicali
09. CABANA DO PAI TOMÁS – Lyrio Panicali
10. A ROSA REBELDE – Lyrio Panicali
11. A SOMBRA DE REBECA – Lyrio Panicali
12. UM DIA SABERÁS (SOMEDAY YOU´LL KNOW) – Erlon Chaves (da novela O Sheik de Agadir)
13. SANGUE E AREIA – Lyrio Panicali
14. MAGIA – Lyrio Panicali e Raymundo Lopes
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